Morri com o coração a bater dor; deixei-o bater dor no papel e ressuscitei; agora sou feita de palavras.
Sim, é isso que eu sou: uma frase selvagem completamente nua e descalça; eu não conheço os teus livros, não conheço os teus filmes, não vejo os teus noticiários, não conheço os sítios que viste ou sequer alguma vez consegui levantar raízes como saias e correr para fora da casa minha terra.
Sou uma selvagem nua e descalça que nem sequer te pode jurar que não usa esse perfume-disfarce porque nem bem sei de que falas. Sabes, a única roupa que gosto de vestir é a sintaxe porque me torna o corpo mais suave, mais melódico e traz harmonia à minha nudez que poderia ser rude de outra forma.
Não procures outra porque eu sou só esta que aqui está a ser e se continuas a procurar outra que não é acabas por nem me ler.
19 julho 2010
18 julho 2010
A história em prosa da puta poeta
Aqui jaz a história da puta que queria ser poeta. De mão no baixo ventre e mais abaixo tentou sempre em vão mas nunca, nem uma só vez, tocou um só coração; toda a gente sabe que puta romântica é mulher muito tonta.
E assim nem sequer tocou no do Manuel padeiro perneta, nem sequer ao gordo António taxista despertou paixão; morreu puta triste e velha sem despertar qualquer emoção; aos olhos dos homens que a tiveram foi eterna pateta.
E assim nem sequer tocou no do Manuel padeiro perneta, nem sequer ao gordo António taxista despertou paixão; morreu puta triste e velha sem despertar qualquer emoção; aos olhos dos homens que a tiveram foi eterna pateta.
17 julho 2010
Num beijo
Deixo-te num beijo
a sensualidade inesperada
da minha boca;
volto, sempre, a ti
como uma pétala
que se deslumbra na luz;
a atracção inevitável
pelo desconhecido
leva-nos muito longe:
tão longe quanto
o perto se perde de nós.
Poesia de Paula Raposo
a sensualidade inesperada
da minha boca;
volto, sempre, a ti
como uma pétala
que se deslumbra na luz;
a atracção inevitável
pelo desconhecido
leva-nos muito longe:
tão longe quanto
o perto se perde de nós.
Poesia de Paula Raposo
16 julho 2010
A noite chuvosa
Quando a mulher que se anunciava a si própria como Georgia lhe prometeu uma maravilhosa e inesquecível rainy night, trauteando ao telefone, enquanto acertavam o preço, a duração e os serviços incluídos no contrato, uma versão acústica e muito pessoal de “A Rainy Night in Georgia”, substituindo em voz languidamente rouca o in por with, ele primeiro estranhou a cantoria mas depois, enlevado e convencido, aceitou os termos do negócio e, risonho e já excitado, deixou as expectativas crescerem desmesuradamente, nunca imaginando, no entanto, que havia de acabar a tal rainy night sob os efeitos de um quente e dourado aguaceiro.
Helena Poema
Nas estradas do meu corpo, à luz de bocejos,
passeiam as memórias fracas de desejos
dos que se acendem sem as saber iluminar.
Beijos, meu amante, não me fales mais de beijos
não faças só das palavras cortejos
sozinhas elas não me conseguem beijar.
Nas estradas do meu corpo, à luz de bocejos,
passeiam as memórias por esconderijos
onde os teus beijos não souberam passear.
passeiam as memórias fracas de desejos
dos que se acendem sem as saber iluminar.
Beijos, meu amante, não me fales mais de beijos
não faças só das palavras cortejos
sozinhas elas não me conseguem beijar.
Nas estradas do meu corpo, à luz de bocejos,
passeiam as memórias por esconderijos
onde os teus beijos não souberam passear.
O Meu Frigo
Há por aí alguém interessado em presentear-me com as fotografias do vosso frigorífico?! Sejam originais e criativos.
O frigorífico da São Rosas é o número 155: vejam como ela tem o material sempre fresquinho...
Via IsoparaMetric
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