Este «casalinho de barro com uma perna dele em osso e outra em gesso» foi-me trazido do Algarve pelo Rafaelito. Obrigada!
06 agosto 2010
05 agosto 2010
Quem quer comprar um destes baralhos de cartas?
No final de 2009 disse-vos aqui que consegui encontrar um baralho de cartas que já procurava há muitos anos, com gravuras eróticas só visíveis contra uma luz forte.
É uma reprodução relativamente recente de um baralho de cartas originalmente produzido na Holanda no século XVIII. Conheço quem tenha desses baralhos originais, mas custam acima de 3 mil euros...
Pois agora o senhor holandês que me vendeu esse baralho informa-me que tem mais alguns disponíveis. Custa € 145 (com portes de envio desde a Holanda incluídos).
Se alguém quiser comprá-lo, envie-me um e-mail para funda@afundasao.com e eu posso tratar de tudo.
É uma reprodução relativamente recente de um baralho de cartas originalmente produzido na Holanda no século XVIII. Conheço quem tenha desses baralhos originais, mas custam acima de 3 mil euros...
Pois agora o senhor holandês que me vendeu esse baralho informa-me que tem mais alguns disponíveis. Custa € 145 (com portes de envio desde a Holanda incluídos).
Se alguém quiser comprá-lo, envie-me um e-mail para funda@afundasao.com e eu posso tratar de tudo.
Atmosferas Vermelhas
A noite meiga, adolescente, é uma crisálida, cujo perfume enebria as verdejantes planícies, transbordante nos meus beijos, ardentes e expansivos, que na tua boca funambulescamente deslizam, adejam, talham, aplacam-se, apaziguam-te como um laço íntimo que nos une. Que me une a ti, no aço das coisas feitas, trabalhadas no ferro quente.
Sinto-te, em cada um dos teus sorrisos, que me invade as entranhas, que crepita no meu coração agora grande, potente, freneticamente árduo, saudando o clarão do primeiro orgasmo, absorvido pelos derradeiros prazeres, húmidos e sudários, que nos descem pela nuca...
Oliências orvalhadas, escondem-se em ramarias do nosso montado, onde as esferas ogivais entoam trovas a um grande amor, o nosso, e os seus gorjeios, os seus trinados, acasalam meigamente na suavidade do que resta da nossa noite...
Amo-te na carne que é agora sangue, dentro da tua carne, onde bate o meu sangue, num anel vivo, onde me sinto devorada e onde te devoro, em mim, no meu sentir engolfado, abraçada aos lençóis que ainda tremem, nesta alvorada...
A frase é uma pálpebra, o teu rosto cerca-me estancado.
Queima-me as imagens nele refletidas, a luz recortada da janela, pungentes e selvagens...
[A Poetisa recolhe-se às atmosferas vermelhas, numa meditação carnal, onde imagina ver o fundo azul do amor]
[Blog Vermelho Canalha]
04 agosto 2010
O arcebispo defunto pouco católico
Num passeio pedestre pela cidade francesa de Besançon, fomos parar à Catedral de Saint-Jean. Lá dentro, encontrámos um cenário todo ele muito interessante mas, na retina e dos vários que por lá se encontravam, retivemos um túmulo em particular.
Tratava-se, vim a saber depois, do túmulo de Ferry Carondelet, arcebispo de Besançon epessoa influente junto do Papa Júlio II e da corte imperial austríaca nos séculos XV e XVI.
Em primeiro lugar, o que saltou à vista foi o estilo peculiar de um conceito inovador em termos de arquitectura tumular: o túmulo beliche. Assim, na "cama" de cima (aquela cama que toda a gente quer mas que só os fisicamente mais persuasivos conseguem), encontramos Ferry Carondelet, confortavelmente refastelado e, quiçá até, com um certo ar de aborrecimento como se estivesse algo enfadado pela demora da chegada do Dia do Juízo Final.
Por baixo, encontra-se uma figura masculina semi-desnudada, que não consegui identificar. Parece tratar-se de Jesus Cristo mas sem qualquer certezas. Num puro exercício de suposição, arrisco-me a dizer que, o seu estado de inércia, aparentemente inconsciente, poderá ter resultado da refrega ocorrida durante a disputa dos lugares no túmulo-beliche.
Contudo, um pormenor que mais me surpreendeu foi o que se encontra retratado no instantâneo que se segue...
A sua interpretação fica ao critério da imaginação de cada um...
À beira da estrada a preço de rua
Prostituta de sapatos amarelos e fita vermelha nos cabelos a perder passos à beira da estrada espera a madrugada parida da lua. "Sossega ventania, eu tenho medo de ti; quem é aquele que já me trazes ali?" Prostituta de estrada a preço de rua, termina-lhe o abismo o parto da lua. E eu aqui ao lado a olhar fascinada; também eu sou a prostituta à beira da estrada. E tu aí, atrás desta palavra, também tu és ela, também ela é tua e termina-nos o abismo o parto da lua.
03 agosto 2010
Qual a Melhor Legenda?
Palavras que nunca te hei-de dizer
As palavras que nunca te hei-de dizer, de todos os momentos que nunca tivemos, nesta lembrança que persiste, corre todas as cidades que nos separam e as rotinas que não tivemos.
Em silêncio profundo sufocam-me na distância desmedida que tivemos entre nós. Então faço esta carta, libertando-me desta aflição, escorraçando de mim tudo o que não te hei-de dizer. Hoje volto a escrever-te mesmo sabendo que nunca irás ler estas palavras.
Nunca te disse tanta coisa, que fica difícil saber por onde começar. O meu “amo-te, preciso de ti” foram tantas vezes pronunciados que caíram na banalidade afundados no abismo que existiu entre nós. O teu “amo-te” vinha sempre acompanhado pela tua ausência. Mas eu quis acreditar, eu acreditei em ti de todas as vezes que soubeste tocar a minha alma.
De todas as vezes que não me quiseste ao teu lado, eu chorei, mas perdoei-te. Em todas as vezes que me magoaste, eu sofri e chorei, mas perdoei-te. Em todas as horas longas de solidão, afastada de ti, eu chorei de amor e de saudade, mas aceitei-te e perdoei-te. Em todos os sonhos inventados em palavras que dissemos e não realizamos, pela distância, eu enchi-me de dor e calei em mim tantas palavras, simplesmente porque te perdoei e acreditei em ti.
Mas as cidades que nos separam, criaram uma profundeza tão grande que as palavras, já gastas, não querem dizer nada. Dentro de ti já não há nada que me peça água e o passado torna-se inútil como um trapo. As palavras tornam-se ineficazes de tão usadas que estão. Eu calo-me e choro. Porque te amava com todas as minhas forças, e sem ti o meu amor não se acalmava.
Nunca irei dizer que te odeio, direi antes que lamento não ter tido coragem antes, para me perdoar a mim mesma no meio de tanta dor e tanta ausência.
São tantas, mas tantas as palavras que nunca te disse… porque o meu mais profundo sentimento também não soubeste escutar.
Amei-te e amo-te. Mas hoje, já dorida com tanta dor e distância atiro estas palavras ao papel e peço ao vento que as leve para longe de mim.
Eu fui a sombra de um amor inventado por ti, mas perdoei-te e sobrevivi... porque as palavras atiro-as para longe, mas o amor fica em mim...
E tu aí também ficas sem mim.
Maria Escritos
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Insistir
Insistimos.
Tanto que insistimos
que o fim já deixou
de ter princípio.
Já não partimos daqui:
o mundo é diferente.
Não podemos insistir no vazio.
Só quando o vazio partir
talvez possamos insistir
numa hipótese remota:
acaso, sabes o que é?
Poesia de Paula Raposo
Tanto que insistimos
que o fim já deixou
de ter princípio.
Já não partimos daqui:
o mundo é diferente.
Não podemos insistir no vazio.
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