- Ó Cavalo das Brancas, porque é que a vossa Rainha não está no tabuleiro
- Ela engravidou, segundo consta, Bispo das Pretas.
- Então e isso é motivo para a afastar do jogo? Isso é uma injustiça.
- Talvez não, se tivermos em conta que se calhar levou demasiado à letra o espírito do jogo há nove meses, quando foi comida pelo vosso Cavalo e agora deu à luz um filho cinzento...
18 agosto 2010
17 agosto 2010
Aos mais cépticos
Atenção: o “G” não é uma utopia! Existe mesmo! Agora… não vale a pena acreditar que o dito vai, um dia, florescer naturalmente diante dos olhos como um “G”irassol, ou revelar-se, por estranho acaso, com a evidência de uma “G”irafa! Embora, com alguma boa vontade, se possa estabelecer algum paralelismo entre o “G” e o “G”rilo. Senão vejamos: estão ambos metidos num buraquinho; tanto para fazer sair o grilo, como para “apanhar” o “G”, é necessário alguma persistência e muita sensibilidade para afinar a “palhinha”; por último, nunca ninguém conseguiu obter resultados senão usando de muita paciência e nenhuma brutalidade. A diferença essencial consiste no resultado final: num caso, espera-se ver aparecer à porta do buraquinho um bicho preto com duas antenas e dois rabinhos (isto com sorte, porque se tiver três rabinhos, é “grila” e não canta); no outro, espera-se ver surgir à porta do buraquinho um derramamento esbranquiçado acompanhado de manifestações variadas, entre as quais: “canto” garantido!
(… se há coisa de que gosto é de natureza, mas, para quê ir para o campo chatear os bichinhos, quando há tanta coisa gira para se fazer em casa?)
(… se há coisa de que gosto é de natureza, mas, para quê ir para o campo chatear os bichinhos, quando há tanta coisa gira para se fazer em casa?)
[blog Libélula Purpurina]
Nunca
O meu tempo não é o teu;
o teu tempo não será meu.
Vulgaridades ditas
e reditas em mil
mensagens sem resposta.
Este tempo não é nosso;
sabes tão bem quanto eu:
a razão desmontada
nos anos que nos precederam.
Nunca - tenho que realçar -
o nosso tempo se cruzará.
Poesia de Paula Raposo
o teu tempo não será meu.
Vulgaridades ditas
e reditas em mil
mensagens sem resposta.
Este tempo não é nosso;
sabes tão bem quanto eu:
a razão desmontada
nos anos que nos precederam.
Nunca - tenho que realçar -
o nosso tempo se cruzará.
Poesia de Paula Raposo
16 agosto 2010
Deixa correr
Agora que te tenho em mim...
Os dentes roçando o meu pescoço…
As garras travando a minha pele…
Quem poderia quebrar este feitiço que eu por nada quereria ver quebrado?
Solta o teu peso inteiro sobre mim – meu leão!
Assim – pertinho – até que o coração me pare para ouvir o teu
E os olhos se me fechem no silêncio
Só um segundo.
Para quê o tudo de tudo?
Para quê o nada de nada?
Se é tão certo que me tens!
Se é tão certo que sou tua!
Para quê outros lugares que não agora?
Agora. Agora.
Agora que acabas de me lamber da boca este segundo…
E que o meu corpo parado ainda treme…
Abre a torneira do tempo... e deixa correr…
Publicado com o consentimento da autora que prefere não revelar a sua identidade.
_____________________________________
A Libelita despertou a veia poética do Bartolomeu:
"Agora, que se afunda no teu corpo
Este tesão abrasivo, ligeiramente torto
Este tesão que só em ti conhece porto
Agora, que em ti encontrei conforto,
Que me alimenta esse teu viçoso horto
No qual pratico ditoso desporto
Agora, que em teus beijos, me acho absorto
Mesmo se no espírito a dúvida transporto
É nos teus seios que os meus beijos recorto
Agora, enquanto este encanto não se quedar, morto."
Os dentes roçando o meu pescoço…
As garras travando a minha pele…
Quem poderia quebrar este feitiço que eu por nada quereria ver quebrado?
Solta o teu peso inteiro sobre mim – meu leão!
Assim – pertinho – até que o coração me pare para ouvir o teu
E os olhos se me fechem no silêncio
Só um segundo.
Para quê o tudo de tudo?
Para quê o nada de nada?
Se é tão certo que me tens!
Se é tão certo que sou tua!
Para quê outros lugares que não agora?
Agora. Agora.
Agora que acabas de me lamber da boca este segundo…
E que o meu corpo parado ainda treme…
Abre a torneira do tempo... e deixa correr…
Publicado com o consentimento da autora que prefere não revelar a sua identidade.
[blog Libélula Purpurina]
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A Libelita despertou a veia poética do Bartolomeu:
"Agora, que se afunda no teu corpo
Este tesão abrasivo, ligeiramente torto
Este tesão que só em ti conhece porto
Agora, que em ti encontrei conforto,
Que me alimenta esse teu viçoso horto
No qual pratico ditoso desporto
Agora, que em teus beijos, me acho absorto
Mesmo se no espírito a dúvida transporto
É nos teus seios que os meus beijos recorto
Agora, enquanto este encanto não se quedar, morto."
Finalmente já tenho uma pintura original da Lulu Amere
Em Maio, tinha comprado «voyage au jardin des ombres», um livro com ilustrações de uma artista de quem eu gosto muito: Lulu Amere. E escrevi nessa altura: "Eu bem gostava de ter um salário que não fosse português, para comprar um dos desenhos originais dela".
Na dedicatória dela, incluiu especialmente para mim um desenho de um olho como só ela sabe desenhar:
Pois vejam lá se esta moça, que a partir de agora está sempre comigo, não tem esse mesmo olhar:
«Nuit Blanche», Lulu Amere
Pintura sobre papel Arches
18 x 26 cm
Na dedicatória dela, incluiu especialmente para mim um desenho de um olho como só ela sabe desenhar:
Pois vejam lá se esta moça, que a partir de agora está sempre comigo, não tem esse mesmo olhar:
«Nuit Blanche», Lulu Amere
Pintura sobre papel Arches
18 x 26 cm
15 agosto 2010
Páginas soltas
Dizer adeus só demora palavras, meu amor,
mas as palavras demoram anos
marcadas nos corpos e o seu odor
cravado nas pernas que são memórias,
assim, desenhadas nas costas
e acetinadas pelo tédio;
a espera pesa nos braços da dor.
Depois? Já nem há remédio
que o tempo não passa
quando a hora nos amordaça
até se esgotar; meu amor,
quando um vazio espera por nada
a noite desiste da madrugada,
uma vida inteira e os dias
escreveram-me em folhas
que nos engavetaram por dó, por favor,
como versos imperfeitos,
como livros e brinquedos incompletos.
mas as palavras demoram anos
marcadas nos corpos e o seu odor
cravado nas pernas que são memórias,
assim, desenhadas nas costas
e acetinadas pelo tédio;
a espera pesa nos braços da dor.
Depois? Já nem há remédio
que o tempo não passa
quando a hora nos amordaça
até se esgotar; meu amor,
quando um vazio espera por nada
a noite desiste da madrugada,
uma vida inteira e os dias
escreveram-me em folhas
que nos engavetaram por dó, por favor,
como versos imperfeitos,
como livros e brinquedos incompletos.
14 agosto 2010
Evidente
Não gosto de não respostas.
As não respostas magoam
por que não se desfazem
no silêncio;
elas pairam sempre
e podem iludir
o complexo reatar
de um nada.
Não digas não respostas:
limita-te a não ignorar
as evidências.
É evidente que te detesto.
Poesia de Paula Raposo
As não respostas magoam
por que não se desfazem
no silêncio;
elas pairam sempre
e podem iludir
o complexo reatar
de um nada.
Não digas não respostas:
limita-te a não ignorar
as evidências.
É evidente que te detesto.
Poesia de Paula Raposo
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