Quando permiti que entrasses dentro de mim, eu a fingir que não ia dando pela coisa, tu a entrares devagarinho, quando te abri a porta de casa, quando desviei o lençol para que te enfiasses comigo na minha cama, quando te disse em que armário da cozinha guardava os copos, quando te mostrei o caminho mais directo para o meu orgasmo e quando te desenhei os atalhos para que te perdesses em voltas e reviravoltas dentro de mim, não podia adivinhar que me deixarias esta feia cicatriz no peito.Nua, perante ti, vi um dia o punhal na tua mão, esse punhal que era a mentira que me tinhas contado. Disseste que não devia preocupar-me. Guardarias o punhal, não o usarias em mim. Devagar, deixei o ar sair do peito, e baixei os braços, certa de que não precisaria de me defender.
A minha carne voltou a ser tua e os meus olhos iam deixando de espiar as tuas mãos, em busca do punhal. Acreditei, estava guardado, não o voltarias a empunhar.
Mentira, mentira, mentira. Mentiste-me quando mo prometeste e mentiste depois, quando eu estava distraída e fui surpreendida pela dor aguda, finíssima, profunda do teu golpe. Mentiste quando mascaraste as evidências, mentiste enquanto pudeste. Eu acreditei enquanto pude.
Mentira, mentira, mentira. Mentiste-me quando mo prometeste e mentiste depois, quando eu estava distraída e fui surpreendida pela dor aguda, finíssima, profunda do teu golpe. Mentiste quando mascaraste as evidências, mentiste enquanto pudeste. Eu acreditei enquanto pude.
Agora já não posso. Não posso acreditar-te mas, sei lá como, ainda consigo querer-te. Mas quero-te desta maneira magoada, quero-te zangada, vingativa, quero-te mesmo quando é debaixo de outros que me deito e que me venho.
Toma-me assim.
[Medeia - blog Infidelidades]




O Coronel Ramires, pai de Vasco Ramires que ganhou uma medalha no Concurso de Saltos Equestres dos Jogos Olímpicos de Munique em 1972,tinha uma quinta no Tramagal onde fazia criação de cavalos de raça lusitana e puros-sangue ingleses cruzados com árabes.
