Eu acho que os homens são todos mais novos que eu. Nuns dias deitam-se ao meu colo e noutros deitam-se no colo meu. Eu acho que os homens são todos mais novos do que eu. Contam-me da fome e têm sede, beijam-me exigentes mas na exigência de quem pede. E um seio é macio e é nuvem e é céu. E quando se entregam e se colam, ventre no ventre, devolvem-se ao ventre meu. Os de olhos perdidos das mãos, os de dias perdidos dos sonhos, os meus dedos lançados aos cabelos puxam-nos pelos braços, levo-os para terra pelos joelhos, aprendem-me desenhos de pequenos traços em pequenos, por vezes inseguros, passos. Eu acho que os homens são todos mais novos que eu; quando foram meninos, abri-lhes os braços e o meu peito cresceu e agora eu acho que os homens são todos mais novos do que eu.
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O Bartolomeu fez um comentário que tenho de transcrever aqui, pela Miss Joana Well... e por todos nós, que temos o privilégio de a ter como membrana deste blog:
"Miss, sabes o que te digo?
A autora deste texto, apesar de pequenino, merece receber, por aquilo que de verdade e de real ele encerra, o nóbel da literatura, acumulado com o nóbel da sabedoria e o nóbel da sensibilidade à essência humana.
Anda práí munta puta armada ao pingarelho, intituladas assistente sociais e mai'não sei quê, que não possuem um avo do teu saber, naquilo que diz respeito ao conhecimento do ser humano em toda a sua plenitude e genuinidade.
E penso que não tenho mai'nada para deixar escrito.
Ou por outra... muito mais haveria, para dizer escrevendo, mas não seriam mais que lugares comuns daquilo que já foi dito."
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