A compra mais recente da minha colecção é esta taça para provar vinho, que o escanção usa tradicionalmente num colar ao pescoço.
É uma taça metálica banhada a prata. E, claro, tem uma imagem em relevo que é um miminho.
O Bartolomeu dá-lhe o devido valor: "É balioza... Tem contraste e tudo! Seu tibesse uma taça assim... já tinha onde labar os cuolhões... depuois probaba a aguínha, estalaba a língua, bexexaba, cuspuía e declaraba solenemiente: colheita de mil nobecientos e cinquenta e cinco, acentuados aromas a cuona cum intermitências de cúe e generuosos taninos bucais, carnúodos e silbestres intrebalados de nuances espanholadas cum banhos florais e outras cenas que tale..."
26 outubro 2010
25 outubro 2010
De pernas para o ar
É estonteante a quantidade de gente que para aí anda a tentar fazer ultrapassagens a cento e oitenta sem carta de condução sexual! Para complicar, só mesmo os cavalos, carros de bois e triciclos a pedais que volta e meia se aventuram por essas auto-estradas afora! Isto com uma operação stop, era meio mundo de “cana”! É que era certinho!
[blog Libélula Purpurina]
Júlia - O Bloquear dos Sentidos
O quarto estava escuro. Apenas os sentidos mais apurados podiam tomar conta de uma situação que por si toldava a realidade. A pequena janela iluminava dois corpos puros de sentimento, levemente afastados das almas que em uníssono gritavam de prazer. As paredes contavam histórias, e escreviam-nas com tal poesia que os próprios teriam dificuldade em reproduzir. Júlia tem sensualidade a correr nas veias e desperta emoções que apenas existiam no domínio da imaginação. Os cinco sentidos estão bloqueados. O envolvimento só deixa margem a que se ligue o interruptor do apocalipse do racional. Os dedos percorrem a pele suave com delicadeza, os lábios tocam-se em ritmos alternados, a sombra dos corpos imprime pinturas no quadro de ilusões. A Lua e as estrelas cantam a paixão à plateia de dois seres que esqueceram o imediato, o importante, o real. Júlia observa o resultado da sua experiência. E gosta. Sente-se realizada e envolvida. Sente o hoje, o ontem e o amanhã, fundidos nas horas de magia que acabou de sentir e proporcionar. Panos que caem do tecto que já não servem para esconder as ilusões, mas para não permitir que olhares indiscretos irrompam pelo teatro de sentidos e emoções que decorre naquele quarto. É magia. É Luar. É Paixão.
O mordomo saca-rolhas
Ainda podemos ter algumas mordomias.
Este saca-rolhas veio de Inglaterra (mas, como é hábito, «made in China») para a minha colecção.
Este saca-rolhas veio de Inglaterra (mas, como é hábito, «made in China») para a minha colecção.
24 outubro 2010
Pulsação
Os olhos escondidos na gaveta dos pensamentos, eles passeiam imagens das ruas e de guardar a mão na tua, apertar-te com força um dedo, tu já não estás aqui, contavas-me de ficar e dos beijos e das estrelas e dos milagres no entardecer, os passos quase ofendidos com saudades do chão, o silêncio que os dedos podiam tocar, novos pianistas, a tua barba por fazer, o cheiro de seres tu, tu já não estás aqui, os retratos do teu mundo largados no meu colo, querias ouvir-me o que mais ninguém te soube dizer, instantâneos desfocados, pouca cor à tua volta via eu lá fora, agarrava-te ali e tudo, tudo, tudo era, foi, tu já não estás aqui, rias-te e eu podia viver, o teu olhar acordava as lágrimas bonitas, sentias-me quase tudo e eu a tua roupa, e o teu cansaço na minha cama, caías para eu o combater, arrasta-o até mim que eu mato-o com os lençóis, abraço-te e posso morrer assim, assim, aqui, tu já não estás aqui, dou-te as faces rosadas, o banho tomado, os pés tão pequenos, dou-te o vibrato, o vento e a vida do meu sonho, quando falo mordo nas palavras entre espaços, se calhar magoei-as, cuidavas de mim e afinal eu não cuidei de ti, abraça-me, abraça-me, abraça-me só mais uma vez, tu já não estás aqui. Eu também não.
«O ponto G (assim designado em homenagem ao ginecologista alemão Dr. Grafenberg, que o localizou)» - por Rui Felício
Deitada de lado, de costas para o marido, preparando-se para adormecer, a Sandra fingia não sentir o leve deslizar da ponta do dedo dele nas suas costas nuas, quase sem lhe tocar, descendo devagar desde o pescoço até à cintura e voltando a subir até perto dos ombros.
Gradualmente a pressão do dedo ia aumentando. A pouco e pouco, já não era só um dedo mas toda a mão. Sempre em silêncio...
Ouvia a respiração do marido aumentar de cadência. Ela própria abafava os gemidos que lhe começavam a querer sair da garganta. Já não conseguia controlar as contracções do seu corpo que procurava disfarçar para prolongar o prazer daqueles momentos de fingimento.
Arrepiou-se quando sentiu o sexo do marido latejar, já encostado às suas nádegas. Passou disfarçadamente a mão pelos mamilos endurecidos, prolongando a imobilidade, o fingimento.
Mas não resistiu muito mais, empurrou o corpo contra o do marido, encaixou-se nele, passou o braço esquerdo para trás e encheu a mão com o pénis duro que a enlouquecia. Ele abraçou-a por trás, acariciou-lhe as mamas, beijou-lhe a nuca, a orelha, sussurrou-lhe o nome...
Soltou um gemido quando sentiu os dedos dele penetrarem nela e explorarem a vagina inchada e molhada. Voltou-se, flectiu e abriu as pernas, puxando a cabeça do marido para o seu tesouro.
Gritou de prazer quando lhe sentiu a língua, primeiro a lamber, depois a invadir-lhe as entranhas, ao mesmo tempo que ela enchia a boca com aquele pénis levantado, tumefacto, que chupava em movimentos cada vez mais rápidos, num crescente frenesim.
Ele sabia onde devia tocar-lhe para a levar à loucura, ao descontrole total... O orgasmo que a fazia alcançar o céu surgia quando ele lhe tocava com os dedos no Ponto G.
O que ele não sabia era que a Sandra, sua mulher, obtinha um orgasmo ainda mais intenso quando explorava e tocava naquilo a que ela própria, de forma imodesta, baptizou de Ponto S, em homenagem ao seu próprio nome.
O Ponto S era o cartão de crédito do marido, cujo PIN ela um dia descobrira sem ele desconfiar...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações do Bairro Norton de Matos»
Gradualmente a pressão do dedo ia aumentando. A pouco e pouco, já não era só um dedo mas toda a mão. Sempre em silêncio...
Ouvia a respiração do marido aumentar de cadência. Ela própria abafava os gemidos que lhe começavam a querer sair da garganta. Já não conseguia controlar as contracções do seu corpo que procurava disfarçar para prolongar o prazer daqueles momentos de fingimento.
Arrepiou-se quando sentiu o sexo do marido latejar, já encostado às suas nádegas. Passou disfarçadamente a mão pelos mamilos endurecidos, prolongando a imobilidade, o fingimento.
Mas não resistiu muito mais, empurrou o corpo contra o do marido, encaixou-se nele, passou o braço esquerdo para trás e encheu a mão com o pénis duro que a enlouquecia. Ele abraçou-a por trás, acariciou-lhe as mamas, beijou-lhe a nuca, a orelha, sussurrou-lhe o nome...
Soltou um gemido quando sentiu os dedos dele penetrarem nela e explorarem a vagina inchada e molhada. Voltou-se, flectiu e abriu as pernas, puxando a cabeça do marido para o seu tesouro.
Gritou de prazer quando lhe sentiu a língua, primeiro a lamber, depois a invadir-lhe as entranhas, ao mesmo tempo que ela enchia a boca com aquele pénis levantado, tumefacto, que chupava em movimentos cada vez mais rápidos, num crescente frenesim.
Ele sabia onde devia tocar-lhe para a levar à loucura, ao descontrole total... O orgasmo que a fazia alcançar o céu surgia quando ele lhe tocava com os dedos no Ponto G.
O que ele não sabia era que a Sandra, sua mulher, obtinha um orgasmo ainda mais intenso quando explorava e tocava naquilo a que ela própria, de forma imodesta, baptizou de Ponto S, em homenagem ao seu próprio nome.
O Ponto S era o cartão de crédito do marido, cujo PIN ela um dia descobrira sem ele desconfiar...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações do Bairro Norton de Matos»
Talibanismo, falta de respeito, vacas sagradas, protecção dos animais ?
"Um cartoon que mostra a família real dinamarquesa a participar numa orgia levou ao cancelamento da exposição dos seus autores, o duo composto por Jan Egesborg e Pia Bertelsen, do colectivo de artistas dinamarqueses Surrend."
O gajo mais contente é o da ovelha. Acho que foi isso que irritou toda a gente pois não é lá muito abonatório para as dinamarquesas.
O gajo mais contente é o da ovelha. Acho que foi isso que irritou toda a gente pois não é lá muito abonatório para as dinamarquesas.
23 outubro 2010
O Quarto do Vazio - Memória da Paixão de Júlia
JÚLIA: Olha... Lembras-te de mim? A Júlia que passeia letras...
Ele: Como poderia não lembrar? Sublinhaste o desenho...
JÚLIA: Eu só pinto. No inesgotável quadro que cresce de ilusões...
Ele: ...beijando, olhando extasiada... arrebatada...
JÚLIA: És um amante...
Ele: ... és sensual, doce...
JÚLIA: ... um amante terno...
Ele: Deixaste aqui uma sombra viva...
JÚLIA: Eu gosto da sombra... e do movimento do corpo... e do ritmo...
Ele: ... a silhueta que criaste naquele espaço. O anoitecer... a lua a aparecer... o uivo dos nossos corpos enroscados...
JÚLIA: ... e as palavras a sobrevoar...
Ele: ... metade ouvidas, metade sentidas...
JÚLIA: ... e outras que nem damos por serem nossas...
Ele: ... e os nossos corpos a libertarem as almas que nos observavam...
JÚLIA: O corpo sem entender, chamou-lhes fantasmas...
Ele: ... ao som daquela música... ouvias a música?
JÚLIA: Na verdade estava completamente surda...
Ele: Eu só ouvia a música... eram os meus olhos que só olhavam para interiores...
JÚLIA: ... sombras das cores...
Ele: ... cores do vento ao brilho da Lua...
JÚLIA: ... lua lanterna que brilha e ilumina corpos celestes...
Ele: ... corpos que pairavam...
JÚLIA: ... pairavam nas estrelas. Lembras-te das estrelas?
Ele: Lembro-me da estrela interior que os meus olhos cegos conseguiam ver.
JÚLIA: Os teus olhos não estavam cegos... Olhavam para os meus...
Ele: Mas não viam... apenas sentiam...
JÚLIA: Como eu não te ouvia... só te sentia em mim.
Ele: Como poderia não lembrar? Sublinhaste o desenho...
JÚLIA: Eu só pinto. No inesgotável quadro que cresce de ilusões...
Ele: ...beijando, olhando extasiada... arrebatada...
JÚLIA: És um amante...
Ele: ... és sensual, doce...
JÚLIA: ... um amante terno...
Ele: Deixaste aqui uma sombra viva...
JÚLIA: Eu gosto da sombra... e do movimento do corpo... e do ritmo...
Ele: ... a silhueta que criaste naquele espaço. O anoitecer... a lua a aparecer... o uivo dos nossos corpos enroscados...
JÚLIA: ... e as palavras a sobrevoar...
Ele: ... metade ouvidas, metade sentidas...
JÚLIA: ... e outras que nem damos por serem nossas...
Ele: ... e os nossos corpos a libertarem as almas que nos observavam...
JÚLIA: O corpo sem entender, chamou-lhes fantasmas...
Ele: ... ao som daquela música... ouvias a música?
JÚLIA: Na verdade estava completamente surda...
Ele: Eu só ouvia a música... eram os meus olhos que só olhavam para interiores...
JÚLIA: ... sombras das cores...
Ele: ... cores do vento ao brilho da Lua...
JÚLIA: ... lua lanterna que brilha e ilumina corpos celestes...
Ele: ... corpos que pairavam...
JÚLIA: ... pairavam nas estrelas. Lembras-te das estrelas?
Ele: Lembro-me da estrela interior que os meus olhos cegos conseguiam ver.
JÚLIA: Os teus olhos não estavam cegos... Olhavam para os meus...
Ele: Mas não viam... apenas sentiam...
JÚLIA: Como eu não te ouvia... só te sentia em mim.
Descoberta viva
Podemos encher páginas
e páginas em branco
e alimentar uma ideia
- pequena -
como se fosse
uma descoberta viva.
As pequenas ideias
e as páginas em branco
flutuam em sintonia,
no silêncio - desmascarado -
de uma viva descoberta:
este é o lado errado de nós.
Poesia de Paula Raposo
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