29 outubro 2010

Notícias de trás da Serra!

O nosso repórter Carlos Car(v)alho traz-nos a notícia que a PJ de Coimbra deteve um suspeito de ser o alegado autor da morte de «Jaime Ovelha», indivíduo de Proença-a-Velha (concelho de Idanha-a-Nova) que era conhecido na região por, presumivelmente, violar galinhas, ovelhas e outros animais.
O suspeito do crime, ocorrido no dia 19 de setembro, segundo a mesma fonte, será o dono de um burro, que no início do mês tinha sido sodomizado com um pau por «Jaime Ovelha».
O Car(v)alho pede para se "avisar o Bartolomeu que já pode ir a Idanha! Só quando li a reportagem no interior é que descansei: o morto não era o Bartolomeu mas sim esse tal «Jaime das Ovelhas», também ex-praticante de afagos sexuais em galinhas e não só. Desta feita exagerou e foi assassinado pelo dono de um burro que também tinha sido «afagado» (o burro, presumo), para não dizer «fodido», pelo tal «Jaime Ovelheiro». O que é certo é que haverá agora, por aquelas bandas, muita ovelhita carente... (aqui fica o aviso, caso interesse, ao Bartolonosso)."

(fotos também do repórter Carlos Car(v)alho, em Inzell)

Casimiro de Brito apresenta-nos Francisco de Quevedo

"Aqui têm um poema de um dos maiores poetas de língua espanhola de sempre (talvez o maior).
E que me parece adaptar-se perfeitamente ao vosso projecto.
Abraço do
Casimiro"

Desengaño de las mujeres
Puto es el hombre que de putas fía,
y puto el que sus gustos apetece,
puto es el estipendio que se ofrece
en pago de su puta compañía.

Puto es el gusto y puta la alegría
que el rato puteril nos encarece;
y yo diré que es puto a quien parece
que no sois puta vos, señora mía.

Francisco de Quevedo

1580 - 1645
Biografia e alguns poemas aqui

Quase nada

As palavras amarradas graves aos poemas agudos. Esquecer. Deixar entrar. Ouvir o que dizes e mais do que dizes e, para que tudo fales, não ouvir. Mas ouvir. Olhar pessoas que fazem coisas. Despir tudo. Vestir a pele. Ficar pequena, tão pequena, tão pequena que me deito na ponta dos teus dedos. Deixar-te ser grande. Ver-te grande. A noite com lua e a noite sem lua. Os carros passam e as horas também, parecem carros, aviões, navios, comboios, não as apanhamos mas embarcamos. Fugir antes que a manhã escorra o Sol pelos raios. Ser eu como não me sabem nem pensam. Pedir tu. Mais nada. O beco dos gatos. Falar demais, não ser demais. Espaço na nuvem. As coisas estranhas.As coisas pequenas, pequenos eus. A mão. Coca-cola. Cócegas. Ternura. Explicar o medo de todas as coisas. Querer saber. Perguntar-te tu. Café. Tudo isto te dei, de tudo isto te falei. Coisa pouca. Quase nada.


Casalinho japonês entretido em aulas práticas de anatomia

Não dá para apreciar em fotografias todos os excelentes detalhes destas três peças em marfinite.
Pode ser que um dia as possam ver ao vivo... quando houver um espaço aberto ao público com a minha colecção de arte erótica...


O tamanho importa


Timothy Scott Clarke., habitante de Toowoomba (terra com nome de queca ), lá no pub da terra e depois de uns canecos, baixou as calças e cuecas. A animação é pouco por aquelas bandas e os presentes tiraram fotografias. Levado a tribunal argumentou em sua defesa não ter feito nenhuma indecência por ter um bilau tão pequenino que não ofendia ninguém.
Saiu apenas com uma multa e a solidariedade do colectivo.

Previsão do tempo para o fim de semana
















Uma tempestade do caralho!

28 outubro 2010

Arraçada de gajo

Há inúmeros factos que ilustrariam este título.
Em termos de personalidade, creio ser bastante mais masculina do que feminina, pelo menos na acepção que socialmente se dá aos conceitos, independentemente do género. E, normalmente, tudo bem, estou habituada ao contraste entre o aspecto (que, embora sem curvas alucinantes, não engana) e o feitiozinho. O que me lixa, o que me põe pior do que peste, é esta minha "masculinidade" ser tão evidente aquando da manifestação de qualquer doença. Se, por um lado, e fazendo jus à mulher que sou, não evidencio qualquer sinal de hipocondria, por outro, basta que tenha meio grau de febre, como agora, para ficar prostrada, agoniada, dorida, fabricante de ranho, com uma cara que mete medo e um humor que ninguém inveja.
Para ser gajo, mesmo gajo, só me falta ligar para meio mundo e esperar que alguém me venha trazer canja e ter muita pena de mim. Felizmente, é nesse momento (que antecede a pura humilhação) que a mulher que há em mim se sobrepõe.

Que pedazo de tetas


Rotulador sobre papel y photoshop
Inédito
Clic sobre las imágenes para ampliar

Un saludo a los amigos y amigas de a fundasao

Os boneCus do Nelo

Entregue

27 outubro 2010

«Teddy Bear Dicknic»

As coisas que o Fin descobre...

Da evaporação gozosa

Fernando Savater, filósofo espanhol, escrevendo acerca da coragem de escolher, diz-nos a certo momento «que o prazer não é um meio instrumental para conseguir nada, nem sequer um fim em si mesmo, mas a evaporação gozosa da distinção entre fins e meios, sem antes nem depois» (Savater, 2003, p.104). É um interessante ponto de partida, e uma das frases que mais me segura a atenção à medida que passo as linhas. Também me parece assaz interessante uma outra ideia, a de que «o momento do gozo é antitemporal, porque imuniza peremptoriamente contra as recompensas ou castigos do porvir enquanto nos identifica com o que sempre foi, com algo pretérito que se actualiza impecavelmente» (op.cit., p105).

***
Sentou-se no banco ao lado do condutor para mudar de roupa. Não tinha vindo já preparada para a praia, e precisava despir o seu corpo das roupas citadinas, da melhor nata da moda, para vestir um bikini algo reduzido. Ele esperava lá fora, evitando olhar para dentro da viatura, num exercício de pudor e respeito por ela. Imaginava, nos seus segredos, o momento em que o banco daquele carro era tocado pelo mais íntimo pedaço de pele dela. E isso excitava-o. Mas não só a ele. Mesmo para ela, aquele gesto era algo mais do que um aspecto prático, era uma pequena transgressão, o receio de ser apanhada desnudada, a distenção daqueles pequenos segundos em que efectivamente estaria despida num tempo que, para os seus sentidos e percepção do tempo, seriam longos minutos. Os longos minutos dela que contrastavam com os curtos dele, para quem aquele momento era demasiado curto. Sem oferecer um vislumbre, sem poder tocar, sem a poder sentir na ponta dos seus dedos.

***
Por muito interessante que considere a afirmação de Savater, e asseguro-vos que a acho deveras interessante, apenas me parece possível concordar parcialmente: com a evaporação gozosa da distinção entre fins e meios. E discordar do nem antes nem depois. Há um antes do prazer e um depois do prazer, ainda que o momento do prazer nos retire a noção disso.

***
Quando o puxou para perto de si, a erecção dele tocava despudorada a genitália dela, com ténues fronteiras de tecido a marcar uma linha que não se ultrapassaria. Mordia ela os lábios, semi-cerrava os olhos, parecia querer senti-lo dentro dela, e as pernas fechavam-se atrás das costas, os pés trancavam o corpo dele contra o dela. O mundo encolhia e formava-se uma bolha que os isolava de tudo o mais. E depois, depois quando partiram, sentados lado a lado, perguntou-se o que faria aquela mão. Disse que se fosse noutro momento, noutra altura, teria pegado na mão dele. E pegou. Pegou e colocou-a entre as pernas dela. Era um calor húmido, aquele que ali se sentia. O mundo acabava ali. Não havia antes nem depois. Havia aquele magnífico par de coxas que abraçava a mão dele contra uma vulva convidativa. E a mão dela, que fechava o universo, que forçava o contacto. Que dizia que eu quero prazer e tu vais dar-mo. E por mais que se apertassem as moléculas não se fundiam. Agarravam-se o mais que podiam, querendo fundir corpos sem realmente os fundir. Sempre com as ténues fronteiras de tecido a marcar linhas ondulantes ao vento. Mordia ela os lábios e ele mordia o que podia. Ombros, orelhas, dedos.

***
O antes do prazer é um antes de crescendo. Do desejo porventura desmedido, inconsciente, motivador de todas as coisas. Desejo último que arranca forças ao mais esbatido. O depois do prazer é um delta de um grande rio. Dá para qualquer lado num conjunto de fios de água. Navega-se pelo delta de acordo com o talento. Navega-se à vista. Pode ser um depois sereno, que respeita o durante e tudo deixa em paz, ou revolto, nos salpicos de uma luta.

Referência bibliográfica: Savater, F. (2003) – A coragem de escolher, Ed. D. Quixote, Lisboa