Diz-me, quando estás ausente, nos longos fins de semana que não te sinto as palavras, também não me sentes? Não recordas? Terás a vontade de guardar em memórias presentes aquilo que nos sinto?
A tina de água com bolhas que ilustra o código do nosso estar, o champanhe que alude àquela música de quem já cá não mora, o cigarro atrevido e isolado à porta do palácio do prazer, ou até as expressões que me mostras, iluminam-te no teu seguir viagem diário, ou apenas nos é familiar quando trocamos sensações escritas vertidas pela memória do que foi?
E foi?
Ou apenas aconteceu, sem acontecer-te? As marcas que me sentes nas palavras codificadas ainda que públicas, reflectem a paixão de um coração inabordável que dura mas não perdura.
E a ti?
A intensidade dessa paixão é proporcional às paredes que são erigidas - eventualmente por mim.
01 novembro 2010
31 outubro 2010
Carta de Sophia a Kant
O que não existe dentro de mim não existe, para mim, fora de mim. É por isso que não preciso de um tempo e um espaço ou sequer de um nome que me defina quando me toca o amor. Preciso de ser; mais nada. Porque, quando ele existe dentro de mim, existe fora de mim, em todos os momentos e em todos os lugares, por si mesmo, como o tempo e o espaço para os humanos. Ainda bem que o tempo e o espaço não existem aqui dentro, eles estragam o amor.
«Lídia e Beatriz» por Rui Felício
A Lídia vive sozinha.
Era quase meia-noite quando chegou a casa, no meio de uma tempestade de chuva e vento. Veio de boleia no carro da sua colega Beatriz a quem convidou a entrar para tomarem uma bebida quente. Há muito que a Lídia esperava a ocasião propícia, que parecesse casual, para a levar até sua casa. Agora que a Beatriz andava zangada com o seu namorado, esta era a altura ideal que não podia desperdiçar.
Não conseguia desviar o olhar guloso do corpo sensual da Beatriz, ali na intimidade do seu lar.
Precisava de lhe tocar, de explorar todos os recantos do seu corpo debaixo das roupas que ainda o cobriam. Precisava de encontrar nos seus olhos algo mais que não fosse pudor. Aproximou-se, desapertou-lhe dois botões da blusa, roçou-lhe os lábios em volta dos olhos, passou-os pelo seu rosto e contornou com eles a boca bem desenhada da Beatriz. Sentia que o intenso desejo que a consumia era a pouco e pouco partilhado também por ela. Despiram-se... Não sentiam já vergonha, apenas a ânsia de encostarem os corpos nus, de se acariciarem.
A espera tornava-se agonizante. A Lídia não resistiu mais tempo, tomou a iniciativa, encheu as mãos com os seios da Beatriz, beijou-a sofregamente e arrastou-a para a cama. A Beatriz quase não se mexia, mas os seus suspiros, a sua respiração ofegante revelavam o prazer que lhe retesava o corpo. Abandonou-se às carícias da Lidia. Meteu-lhe os dedos entre os cabelos e agarrou-lhe a cabeça que conduziu pelo seu peito, pelo ventre, pelas coxas. Electrizada, sentiu a língua experiente da Lídia a explorá-la, a penetrá-la.
Quase no auge do prazer a Beatriz queria ir até ao fim. Pedia-lhe mais e mais...
Pedia-lhe aquilo que a Lídia, afinal, não lhe podia dar...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações do Bairro Norton de Matos»
Era quase meia-noite quando chegou a casa, no meio de uma tempestade de chuva e vento. Veio de boleia no carro da sua colega Beatriz a quem convidou a entrar para tomarem uma bebida quente. Há muito que a Lídia esperava a ocasião propícia, que parecesse casual, para a levar até sua casa. Agora que a Beatriz andava zangada com o seu namorado, esta era a altura ideal que não podia desperdiçar.
Não conseguia desviar o olhar guloso do corpo sensual da Beatriz, ali na intimidade do seu lar.
Precisava de lhe tocar, de explorar todos os recantos do seu corpo debaixo das roupas que ainda o cobriam. Precisava de encontrar nos seus olhos algo mais que não fosse pudor. Aproximou-se, desapertou-lhe dois botões da blusa, roçou-lhe os lábios em volta dos olhos, passou-os pelo seu rosto e contornou com eles a boca bem desenhada da Beatriz. Sentia que o intenso desejo que a consumia era a pouco e pouco partilhado também por ela. Despiram-se... Não sentiam já vergonha, apenas a ânsia de encostarem os corpos nus, de se acariciarem.
A espera tornava-se agonizante. A Lídia não resistiu mais tempo, tomou a iniciativa, encheu as mãos com os seios da Beatriz, beijou-a sofregamente e arrastou-a para a cama. A Beatriz quase não se mexia, mas os seus suspiros, a sua respiração ofegante revelavam o prazer que lhe retesava o corpo. Abandonou-se às carícias da Lidia. Meteu-lhe os dedos entre os cabelos e agarrou-lhe a cabeça que conduziu pelo seu peito, pelo ventre, pelas coxas. Electrizada, sentiu a língua experiente da Lídia a explorá-la, a penetrá-la.
Quase no auge do prazer a Beatriz queria ir até ao fim. Pedia-lhe mais e mais...
Pedia-lhe aquilo que a Lídia, afinal, não lhe podia dar...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações do Bairro Norton de Matos»
30 outubro 2010
Menina II
Amadurecer e morrer são quase sinónimos naquela estrada. Pugna mas não alcances e continua a tentar. Menina sim, mas já não tão dura nem amarga, sentimentos agora ausentes porque lhe foi mostrado o caminho por quem com ela priva, porque já não há lugar à probidade pelo desconhecido, ou porque encontrou um ser de armadura mas permeável.
Na realidade não interessa muito conhecer a pedra de toque, mas sim a doçura que de súbito se apoderou daquele ser lindo e de discurso inebriante.
Continua menina, continua ligeiramente adormecida, mas encontrou o trilho que a levará a sentir. Menina.
Na realidade não interessa muito conhecer a pedra de toque, mas sim a doçura que de súbito se apoderou daquele ser lindo e de discurso inebriante.
Continua menina, continua ligeiramente adormecida, mas encontrou o trilho que a levará a sentir. Menina.
Quem tem boas ideias, quem é, quem é?
Fui dar uma voltinha há umas semanas pelo Leroy Merlin de Albufeira.
Despertaram-me a atenção, na secção de almofadas, estas em imitação de pêlo de ovelha. Havia em branco e em negro. Comprei a de pêlo de ovelha negra...
E para quê, perguntais vós? Para pedir à Celestita, mágica destas artes, que me cortasse e cosesse a almofada em forma de triângulo. Et voilà, uma ratola gigante e, como diz a malta por aqui, com muito farfalho:
Despertaram-me a atenção, na secção de almofadas, estas em imitação de pêlo de ovelha. Havia em branco e em negro. Comprei a de pêlo de ovelha negra...
E para quê, perguntais vós? Para pedir à Celestita, mágica destas artes, que me cortasse e cosesse a almofada em forma de triângulo. Et voilà, uma ratola gigante e, como diz a malta por aqui, com muito farfalho:
Surpresa
O tempo não se detém:
passa rápido e só nos apercebemos
quando o momento já passou.
Vou descobrir uma fórmula milagrosa
de deter o tempo
- o momento de -
e a magia da luz
manter-se-á intacta
ao longo dos tempos.
Vou escrever um poema
que não fale de tempo;
que se decline lentamente
- em mim -
entre duas fantasias,
alguns verbos
e a surpresa prenhe.
Poesia de Paula Raposo
29 outubro 2010
Notícias de trás da Serra!
O nosso repórter Carlos Car(v)alho traz-nos a notícia que a PJ de Coimbra deteve um suspeito de ser o alegado autor da morte de «Jaime Ovelha», indivíduo de Proença-a-Velha (concelho de Idanha-a-Nova) que era conhecido na região por, presumivelmente, violar galinhas, ovelhas e outros animais.
O suspeito do crime, ocorrido no dia 19 de setembro, segundo a mesma fonte, será o dono de um burro, que no início do mês tinha sido sodomizado com um pau por «Jaime Ovelha».
O Car(v)alho pede para se "avisar o Bartolomeu que já pode ir a Idanha! Só quando li a reportagem no interior é que descansei: o morto não era o Bartolomeu mas sim esse tal «Jaime das Ovelhas», também ex-praticante de afagos sexuais em galinhas e não só. Desta feita exagerou e foi assassinado pelo dono de um burro que também tinha sido «afagado» (o burro, presumo), para não dizer «fodido», pelo tal «Jaime Ovelheiro». O que é certo é que haverá agora, por aquelas bandas, muita ovelhita carente... (aqui fica o aviso, caso interesse, ao Bartolonosso)."
O suspeito do crime, ocorrido no dia 19 de setembro, segundo a mesma fonte, será o dono de um burro, que no início do mês tinha sido sodomizado com um pau por «Jaime Ovelha».
O Car(v)alho pede para se "avisar o Bartolomeu que já pode ir a Idanha! Só quando li a reportagem no interior é que descansei: o morto não era o Bartolomeu mas sim esse tal «Jaime das Ovelhas», também ex-praticante de afagos sexuais em galinhas e não só. Desta feita exagerou e foi assassinado pelo dono de um burro que também tinha sido «afagado» (o burro, presumo), para não dizer «fodido», pelo tal «Jaime Ovelheiro». O que é certo é que haverá agora, por aquelas bandas, muita ovelhita carente... (aqui fica o aviso, caso interesse, ao Bartolonosso)."
(fotos também do repórter Carlos Car(v)alho, em Inzell)
Casimiro de Brito apresenta-nos Francisco de Quevedo
"Aqui têm um poema de um dos maiores poetas de língua espanhola de sempre (talvez o maior).
E que me parece adaptar-se perfeitamente ao vosso projecto.
Abraço do
Casimiro"
Desengaño de las mujeres
Puto es el hombre que de putas fía,
y puto el que sus gustos apetece,
puto es el estipendio que se ofrece
en pago de su puta compañía.
Puto es el gusto y puta la alegría
que el rato puteril nos encarece;
y yo diré que es puto a quien parece
que no sois puta vos, señora mía.
Francisco de Quevedo
1580 - 1645
Biografia e alguns poemas aqui
E que me parece adaptar-se perfeitamente ao vosso projecto.
Abraço do
Casimiro"
Puto es el hombre que de putas fía,
y puto el que sus gustos apetece,
puto es el estipendio que se ofrece
en pago de su puta compañía.
Puto es el gusto y puta la alegría
que el rato puteril nos encarece;
y yo diré que es puto a quien parece
que no sois puta vos, señora mía.
Francisco de Quevedo
1580 - 1645
Biografia e alguns poemas aqui
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