16 novembro 2010

A data é esta



A data é esta, ela lembra-se. Lembra-se tanto que parece agora. Tem um diário. O seu diário tem páginas, lágrimas, socos nas paredes, sangue, cuspo. Não, não a corrijamos, não é saliva, é cuspo. Pois, nós não percebemos.
No seu diário também tem datas. E foi reler aquelas. Aquelas desta data e dos dias seguintes e dos dias anteriores. Foi reler para tentar perceber. Ele tinha dito: precisamos de um tempo. Não esperou resposta, evidentemente, não era uma proposta, a decisão era unilateral. Beijou-lhe a testa e foi viver o seu tempo. Nesse tempo em que ele foi viver e ela ficou a morrer, o homem foi-lhe dando conta de beijos. Hoje um beijo etilizado. Ontem um beijo límpido. Antes tinha sido um beijo de saudades. Depois foi um beijo sereno. Os que ele quis. A mulher não conseguiu perceber em que dia, em que beijo, ele entendeu que já não estavam juntos e se deitou noutra cama.
Escreveu o Oscar Wilde: Há sempre qualquer coisa de ridículo nas emoções das pessoas que deixámos de amar. Sim. Mas ainda assim ele mandava beijos. Etilizados, límpidos, serenos, saudosos. Beijos. Beijos como os dantes, como os de agora. Os de agora. Desta data.


Medeia [Infidelidades]

Casais

A propósito de ver um casal junto
até me inspirou:
de onde vêm esses movimentos
apaixonados
e essa tanta languidez
nas palavras sussurradas?!
Exclamo! Pergunto?
De onde chegam tantas inverdades
e tão belas cálidas imagens?
Deve ser Amor.
Digo eu - pensando -
sem saber se é ou não.
De Amor desconheço;
de casais juntos,
muito menos!

Poesia de Paula Raposo

Já tínhamos saudades do Webcedário




O nosso amigo ABC Dário está de regresso... agora no Facebook

Serviço público



HenriCartoon

15 novembro 2010

O problema do livre arbítrio

Não, não tenho qualquer intenção de empreender uma qualquer (pseudo-)dissertação filosófica sobre o tema. Já muitos o fizeram e bem melhor do que eu jamais almejaria.
Mas, caraças, a chatice da liberdade, o peso da liberdade (a expressão não é minha, já se sabe, que eu nunca invento nada de brilhante) é a correlativa necessidade de tomar decisões. De optar. De escolher um caminho em vez de outro, sejam quais forem os motivos que subjazem à escolha. Como nunca sabemos o que nos espera (embora, por vezes, calculemos), tentamos ser previdentes ou audazes, cautelosos ou destemperados, conforme as consequências que nos sintamos com capacidade para acarretar.
E às vezes, só às vezes, uma ansiedade traçada de náusea vem lembrar-nos que talvez tenhamos dado um passo maior do que a perna.
Merda!

Cavaco sabe do que está a falar

"Portugal não está de mão estendida."

O Shark está em condições de provar que o Presidente da República tem razão, pelo menos em parte:



Foto: Shark

Poética sexual

Vigília

Um dia dormes. Nesse dia sonharás. Até agora tudo foi vigília que até à Estrela d'Alva te mostrou o que havia a ser mostrado. Nesse dia notarás a diferença e também tu libertarás asas negras, querida filha do Rei. Se hoje acordas sem saber que acordas, é porque em vigília terás que permanecer até que o sonho distinga a realidade. Nesse dia dormirás, e até à Estrela d'Alva irás repousar. Um dia dormes e quando souberes acordar, a Luz da Janela brilhará de felicidade como até agora não te foi deixado observar. Um dia ajudar-te-ei a dormir.

As legítimas havaianas


Alexandre Affonso - nadaver.com

14 novembro 2010

Poema não eu não meu

O meu poema não é meu,
foi uma musa quem lhe deu
parte musa, parte olhos, parte eu,
para ele poder ser fora de mim
coisas que pensam e nem sou.
O meu poema nem tem fim,
em cada peito que lhe tocou
o poema foi outro, renasceu;
o meu poema não é meu,
é pó de mim, areia de quem leu,
na musa aninham-se e eu assim
já nem sei de que forma estou.
O meu poema não é meu
viaja por tantas mãos que, enfim,
eu já nem sei onde é que vou.
O meu poema não é meu,
é vosso e da musa que mo devolveu
bem mais que eu, bem mais que o meu.


«O lenço bordado» - por Rui Felício

Como tantas vezes sucedia, fomos uns quantos a um baile no Clube de Vendas do Ceira que os organizava com relativa frequência. Lembro-me do Munhoz e, salvo erro, do Eloi que comigo e outros ali se deslocaram palmilhando o alcatrão da Estrada da Beira desde o bairro até Ceira.
Os Ases do Ritmo abrilhantavam a festa e era ao som das suas músicas que os pares rodopiavam, que os corpos roçagavam, que as mentes sonhavam...
Ao ritmo do tango, música sensual por excelência, os sonhos aproximavam-se do auge, as pálpebras semicerravam-se, todos imaginando serem transportados para longínquas e idílicas paragens, onde os inconfessados desejos se consumassem.
Foi neste ambiente tépido e sonhador que caiu, como um balde de água fria, a voz tonitruante de um director do Clube que mandou interromper a música, proclamando em voz bem alta:
- Meus Senhores e minhas Senhoras! Foi incontrado na retrete das Damas um lenço vordado que entregarásse a quem lhe probar pertencer!
De imediato uma moçoila, do meio da sala, gritou:
- Deve ser o meu. Fui eu co perdi!
E o director do Clube:
- Diga lá como é que é o lenço.
E ela:
- O lenço é branco, tem um pesponto omarelado à bolta, e tamém tem um passarinho e as letras do meu nome bordadas.
Nova pergunta do director:
- Como é ca menina se chama? E que letras são essas?
A moça desfez todas as dúvidas:
- Chamo-me Orora Obuquerque. As letras bordadas no lenço são O.O.
- Confere! , rematou o director, entregando-lhe o lenço e fazendo sinal aos músicos para retomarem a sua actuação.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

Fuckmachines

Via Mr Steed, cheguei à surpreendente descoberta de que na época vitoriana era comum oferecer vibradores, fossem eles eléctricos ou até a vapor.
Eram também recomendados medicamente para vários problemas de saúde.

Vem aí o Natal, encham esses sapatinhos de piçalhos e alegrem as damas da família, da filha à sogra, passando pela mulher e pela tia Gertrudes.

Médica de família

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