20 novembro 2010

Um sorriso

Um sorriso é um emblema
que nos revolve as entranhas,
não é?
Pelo sorriso nos erguemos
e talvez (quem saberá?)
nos mortificamos.
Hoje posso sorrir-te,
beijar-te e deixar-te
ao vento quente
do princípio da tarde.
Um sorriso faz parte
do presente - saudade -
e pelo presente
nos acarinha. Duvidas?
Pergunto: que sorriso é esse?

Poesia de Paula Raposo

Se não consegues vencê-la...


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oglaf.com

19 novembro 2010

Da palavra amante


Penso-te com cuidado, para não te desvirtuar, tão perfeita, nesse ou noutro lugar que não a minha cabeça que te pensa como uma peça frágil, de porcelana, para não te quebrar, tão intacta.
Toco-te de raspão, apenas com os dedos sensíveis da imaginação que te alberga, tão perfeita, nesse ou noutro tempo que não este sagrado momento em que me ocupas por completo, me cegas a tudo o resto, tão importante, a tua presença constante em mim que te penso com cuidado para jamais desperdiçar no meio de raciocínios levianos o milagre de te amar há tantos anos como os que tenho de percepção do que sou.
Mimo-te como posso, o pouco que dou em troca, nunca o bastante para merecer cada instante em que te ofereces ao pensamento e corres como o vento, veloz, da nascente até à foz onde desaguas, tão certa do caminho que te cumpre percorrer, em mim ou noutra cabeça que te acolha e se renda ao poder que cresce em ti, que jorra sobre os olhares interiores daqueles que tentam ser melhores quando te pensam com a delicadeza de quem afirma sem medos a certeza,a convicção, de que igualmente te mereceu, capaz de te amar tanto como eu.
Digo que sim ou digo que talvez, aquilo que se faz, aquilo que se fez, não conta no momento em que és minha, aí, nesse ou noutro lugar, na cabeça que tenta imaginar a forma que acredita melhor para te servir, que igualmente te dás a sentir, tão indefesa, por detrás dessa natureza indomável que escondes até ao momento de partir, tão volúvel, para o mundo que te descubra, com cuidado, para não te negligenciar com a ignorância que combates, tão feroz, desde a nascente até à foz onde te transformas numa imensidão que preenche por completo a imaginação que te receba, que te decifre e te perceba como tento, sem sucesso, quiçá, neste momento em que disponho da tua presença para o lograr.
Acredita que me esforço por te pensar tão perfeita como uma deusa, senhora da agonia e da tristeza, dona da alegria e da beleza, rainha do céu na boca que beijas ao sair quando por fim te deixo partir para o mundo, que não és minha, que te descubra o sentido que não quero, de todo, perdido ao longo do caminho que te cumpre, neste ou noutro tempo, percorrer.
Desde que te penso até ao momento sagrado de te escrever.

olfactivamente

quando por ti me resvalo
nalguma urgência de cio
se no ardor sou cavalo
meu relincho é balbucio

e se fragrância fatal
vem do monte que venero
fico eu bem pior que mal
do desespero que espero

seja o teu matagal denso
ou despida a curvatura
quero dele que seja intenso
mais fino do que a cintura

que bem me sabes então
que bem me matas a fome
dando ao olfacto razão
ao dizer que também come.

O que é um comportamento de risco?

Do amor

Não, eu não posso mais escrever-te
que as emoções podem ferir o papel, as palavras
bem podem agredir as páginas e as tuas marcas
podem rasgar, as folhas tornam-se pele.

Mas não posso mentir-te,
ainda estás aqui, como um demónio
que eu não consigo expulsar,
como uma peça sem nenhum acto,
e o meu olhar, assim, vazio de ódio,
sem ponta de nada que te possa apagar,
vê o que o amor é: belo sem sequer ser bonito.

As coisas parecem diferentes quando vemos muito porno



Via 10 minutes à perdre

18 novembro 2010

O segredo

Quando ele terminou e lhe perguntou, sem abrir a boca, o que tinha a dizer sobre aquilo, sentiu-se a acordar de um transe. Lembra-se de lhe ter sido dito que ia ouvir algo muito especial e reservado, um segredo que muito poucos partilhavam. E que ele lhe queria contar. A ela.
E sabe que ouviu cada pormenor daquele bocado dele, a que nunca teria acesso, se ele não lho contasse. E tem noção de que a sua expressão (que lhe é independente, não vale a pena, e revela cada um dos seus pensamentos mais imediatos) foi acompanhando a surpresa do que lhe era dado a conhecer.
Mas lá dentro, naquela parte dela que nem a fisionomia revelava, não evitava questionar-se sobre o porquê de tudo aquilo. Para quê? O que quereria ele em troca daquela dádiva? Seria uma dádiva? Porquê ela, porquê agora?

Sentiu-se mais próxima dele e, ainda assim, não sabia o que fazer com isso.

Isto não devia ser chamado moliceiro...

... e sim duriceiro.
Artesanato de Aveiro, aproveitando as deliciosas figuras pintadas na proa desses barcos típicos da ria de Aveiro.
Uma prenda do Lourencinho para a minha colecção.

O monstro das bolachas... é mais bolos!

Matreiro

17 novembro 2010

Arma branca... ou preta


Carolee Bildsten, de 56 anos, é dada à borracheira e esquece-se de pagar as contas dos restaurantes. Mais uma vez fez isso, a Polícia veio e ela argumentou ter dinheiro em casa, tendo sido acompanhada pelo polícia para o ir buscar.
Aí chegada, enquanto procurava na gaveta o dinheiro sacou de "clear, rigid feminine pleasure device" tendo "approached the officer in a threatening manner".
Acho que lhe gritou "Eu fodo-te todo" . Quem se fodeu foi ela pois foi para a cadeia.

Ausência

Neste momento sinto uma ausência de mar que recua ao som Lua. As ondas que em sobressaltos iniciaram a sua travessia descendente já não envolvem e enrolam, como antes o faziam noutra qualquer fase Lunar. E hoje é Ocaso. Desígnios humanos inventados.
É um sublime afastamento. Um dormente momento prolongado na Divina forma de estar. Um pacto com o Arquitecto que começa no Inferno, leva-me ao Purgatório e termina no Paraíso.
Cenário Dantesco. Formas e cores obscuras dispostas em 7 pecados capitais que o mar não soube apagar e teimosamente insiste em recuar.
Mas creio, no Arquitecto, no Paraíso, no regresso.
Neste momento sinto uma ausência...