Não faço ideia do que queres.
Se queres que te diga, não posso fazer.
Ou (já) não quero, vai dar no mesmo.
Insistes nem sabes bem em quê.
Muito de vez em quando, como quem pretende matar uma pulga que lhe reside por detrás da orelha.
E não me chegas a maçar, ainda que também não me massages o ego.
Vivo à margem de ti, entendes?
Não fazes parte de coisa alguma que me diga respeito.
E é isso, deixa-me adivinhar(-te), que te move, não é?
Desisti antes de me dares licença.
Disse "não" antes de ti.
E agora, em jeito de vingança sem plano, queres manter-me até que sejas tu a poder pontuar algo que me atrevi a decidir sem o teu aval. Mea culpa.
Não há nada a fazer, darling.
Mas uma coisa admito: sempre tiveste excelente gosto musical.
O que não é nada mau.
21 dezembro 2010
Câmara
O quadro em tons vermelhos
na parede em frente.
Do outro lado um espelho enorme
que reflectia os movimentos
de quem os podia ver.
A câmara filmava
o nosso ritual.
Na invisibilidade anónima,
só actuámos mais uma vez:
o resto ficou por dizer.
Poesia de Paula Raposo
20 dezembro 2010
Edito Estrelas
É estranho chamarem-lhes tomates, mesmo evocando uma salada com uma cenoura ou um pepino que, em termos práticos e na maioria dos casos, até nem passam de pequenas salsichas que nem bastariam para um cachorro quente moderno.
A malta não se cala:
Joana Well: "Eu gosto de lhes chamar bolinhas."
shark: "Se chamares isso aos meus eles não respondem..."
Rui: "Pois, essa faz-me lembrar uma acontecida na parada de instrução, em Mafra. Um soldado, atingido pela coronha de uma Mauser, começou aos ais... o furriel perguntou o que é que se passava e o soldado respondeu: «Ai, meu furriel, estão-me a doer os testículos!». «Testículos, seu filho da puta?!» - responde-lhe o furriel - «Testículos tem o nosso general, o nosso capitão tem tomates e você, sua bosta, tem é colhões!»... Bons tempos..."
kikas: "Eu gosto de lhes chamar «tintins». Anatomicamente, é a coisa mais fofa que os homens têm e este nome não choca nem causa pruridos sobre a geometria ou tamanho dos ditos cujos."
shark: "Tintins?! Tintins?! Isso é mesmo coisa de gaja, ó fáxavôre... Lucky Lukes ainda vá. Até Astérix, enfim... Mas Tintins?! E Spirous, não? Tintins... uns coisos tão másculos...
São Rosas: "Ainda por cima quando, em vez de chatos, têm... a Milu! Eu só me lembro da anedota do menino Zezinho, quando a professora começou um jogo, que era cada aluno dizer uma palavra começada pela letra que ela indicasse:
- Menina Aninhas, diga uma palavra começada por «C».
O menino Zezinho sussurrava para a Aninhas:
- Diz «Caralho»... Diz «Cona»... Diz «cabrão»... Diz...
- Casa! - diz a Aninhas.
- Muito bem, Aninhas. Menino Filipe, diga uma palavra começada por... «P».
O menino Zezinho já gritava mais do que sussurrava:
- Diz «Paneleiro»... Diz «Puta»... Diz...
- Pentecostes! - diz o menino Filipe, orgulhoso da palavra cara que aprendeu na missa do domingo passado.
- Muito bem, Filipinho. Menino Zezinho, está aí com tanta vontade de responder, diga uma palavra começada por... «A».
O menino Zezinho começa a pensar... a pensar... mas não lhe ocorre nenhuma asneira começada por «A». Já se torcia todo na cadeira, deitava fumo pelas orelhas, arrancava cabelos... e a professora insistiu:
- Então, menino Zezinho? Uma palavra começada por «A»...
Fez-se luz ao Zezinho:
- Já sei, senhora professora!
- Diga, Zezinho.
- Anão...
- Muito bem, Zezinho!
- ... mas com uns colhões enoooormes!
São Rosas (de novo): "Testículos não são testes em fascículos?"
shark: "Também podem ser ventríloquos com a boca na testa, bem vistas as coisas numa perspectiva estritamente homófona..."
São Rosas: "Ou gajos com colhões pendurados nos cus, numa perspectiva estritamente homófoba."
corto: "Testículos ainda pode dar a ideia de que têm dois dedos de testa, o que iria estragar definitivamente a ideia que as tias têm do mal que vem por pensarmos mais abaixo. Mas Tintins, francamente, nem Lucky Luke, nem nada disso... talvez Corto... ainda vá. Tomates está muito bem! Rima com grelo, o que é muito bom!"
São Rosas: "Concordo. Tomates e grelos ao poder... digo, foder!"
Nelo: "Éu tameim goshto muinto de isfragar, cria dezer, iscrever uns testículos..."
Laura: "Aqui o je de vez em quando chama-lhes um figo! E, segundo a época ou estação, vai variando. Agora, por exemplo, chama-lhes nozes! Toujours très tendance!"
Rui: "Mas tintins é o nome apropriado... é assim uma coisa muito mignone e deve ser nome adoptado pelas senhoras. Que me lembre, as que conheço dão-lhe esse nome e gostam deles como dos Ferrero Rocher... demoram é mais tempo a saboreá-los..."
kikas: "Às vezes até costumo dizer: «Ó Ambrósio, passa-me os tintins pela boca que eu estou carente de chocolate»."
Rui: "Com a vantagem deste ser chocolate de leite..."
São Rosas: "Não sei. A Kikas não preferirá chocolate... negro?"
Contudo, se a alternativa das bolas (convém começarem a ver em braille) peca por desajustada na forma, a dos berlindes acarreta o mesmo engulho geométrico e ainda lhe acrescenta um pecar por defeito na dimensão que só pode ultrapassar-se se os aceitarmos, no mínimo, como abafadores.
Claro que o termo colhões, específico para os acessórios em causa por contraponto aos anteriores (mais generalistas), pouco ou nada nos diz acerca do tamanho, da forma ou mesmo da função dessa dupla famosa que tanta tinta faz correr na literatura erótica e sua busca incessante por recursos estilísticos ou absurdos propriamente ditos para a respectiva designação.
Ainda assim, não é preciso amar a língua (é mais preciso usá-la) para sentir um pequeno desconforto (não necessariamente na zona das virilhas) perante a pancada da palavra testículos quando aplicada a tão sensível (no corpo como na mente) sector da anatomia masculina.
_______________________________________________A malta não se cala:
Joana Well: "Eu gosto de lhes chamar bolinhas."
shark: "Se chamares isso aos meus eles não respondem..."
Rui: "Pois, essa faz-me lembrar uma acontecida na parada de instrução, em Mafra. Um soldado, atingido pela coronha de uma Mauser, começou aos ais... o furriel perguntou o que é que se passava e o soldado respondeu: «Ai, meu furriel, estão-me a doer os testículos!». «Testículos, seu filho da puta?!» - responde-lhe o furriel - «Testículos tem o nosso general, o nosso capitão tem tomates e você, sua bosta, tem é colhões!»... Bons tempos..."
kikas: "Eu gosto de lhes chamar «tintins». Anatomicamente, é a coisa mais fofa que os homens têm e este nome não choca nem causa pruridos sobre a geometria ou tamanho dos ditos cujos."
shark: "Tintins?! Tintins?! Isso é mesmo coisa de gaja, ó fáxavôre... Lucky Lukes ainda vá. Até Astérix, enfim... Mas Tintins?! E Spirous, não? Tintins... uns coisos tão másculos...
São Rosas: "Ainda por cima quando, em vez de chatos, têm... a Milu! Eu só me lembro da anedota do menino Zezinho, quando a professora começou um jogo, que era cada aluno dizer uma palavra começada pela letra que ela indicasse:
- Menina Aninhas, diga uma palavra começada por «C».
O menino Zezinho sussurrava para a Aninhas:
- Diz «Caralho»... Diz «Cona»... Diz «cabrão»... Diz...
- Casa! - diz a Aninhas.
- Muito bem, Aninhas. Menino Filipe, diga uma palavra começada por... «P».
O menino Zezinho já gritava mais do que sussurrava:
- Diz «Paneleiro»... Diz «Puta»... Diz...
- Pentecostes! - diz o menino Filipe, orgulhoso da palavra cara que aprendeu na missa do domingo passado.
- Muito bem, Filipinho. Menino Zezinho, está aí com tanta vontade de responder, diga uma palavra começada por... «A».
O menino Zezinho começa a pensar... a pensar... mas não lhe ocorre nenhuma asneira começada por «A». Já se torcia todo na cadeira, deitava fumo pelas orelhas, arrancava cabelos... e a professora insistiu:
- Então, menino Zezinho? Uma palavra começada por «A»...
Fez-se luz ao Zezinho:
- Já sei, senhora professora!
- Diga, Zezinho.
- Anão...
- Muito bem, Zezinho!
- ... mas com uns colhões enoooormes!
São Rosas (de novo): "Testículos não são testes em fascículos?"
shark: "Também podem ser ventríloquos com a boca na testa, bem vistas as coisas numa perspectiva estritamente homófona..."
São Rosas: "Ou gajos com colhões pendurados nos cus, numa perspectiva estritamente homófoba."
corto: "Testículos ainda pode dar a ideia de que têm dois dedos de testa, o que iria estragar definitivamente a ideia que as tias têm do mal que vem por pensarmos mais abaixo. Mas Tintins, francamente, nem Lucky Luke, nem nada disso... talvez Corto... ainda vá. Tomates está muito bem! Rima com grelo, o que é muito bom!"
São Rosas: "Concordo. Tomates e grelos ao poder... digo, foder!"
Nelo: "Éu tameim goshto muinto de isfragar, cria dezer, iscrever uns testículos..."
Laura: "Aqui o je de vez em quando chama-lhes um figo! E, segundo a época ou estação, vai variando. Agora, por exemplo, chama-lhes nozes! Toujours très tendance!"
Rui: "Mas tintins é o nome apropriado... é assim uma coisa muito mignone e deve ser nome adoptado pelas senhoras. Que me lembre, as que conheço dão-lhe esse nome e gostam deles como dos Ferrero Rocher... demoram é mais tempo a saboreá-los..."
kikas: "Às vezes até costumo dizer: «Ó Ambrósio, passa-me os tintins pela boca que eu estou carente de chocolate»."
Rui: "Com a vantagem deste ser chocolate de leite..."
São Rosas: "Não sei. A Kikas não preferirá chocolate... negro?"
O Trilho do Caminhante
Ontem, no tempo, aproximei-me de ti;
Procurava um coração.
Encontrei-me um grande;
a cada hora nascia mais brilho e côr.
Deixei-te procurar o fundo;
Mostrei o trilho do caminhante;
Vês como vai ficando nítido?
Encontras o conforto dos prados,
o Sol reflectido nos riachos
e as estrelas a cercar a Lua?
Percebes a beleza de uma eternidade pintada
nessa tela tão cheia de tudo sem ilusão?
Poucas coisas ferem esta imagem sem mácula.
Poucas coisas ferem...
Procurava um coração.
Encontrei-me um grande;
a cada hora nascia mais brilho e côr.
Deixei-te procurar o fundo;
Mostrei o trilho do caminhante;
Vês como vai ficando nítido?
Encontras o conforto dos prados,
o Sol reflectido nos riachos
e as estrelas a cercar a Lua?
Percebes a beleza de uma eternidade pintada
nessa tela tão cheia de tudo sem ilusão?
Poucas coisas ferem esta imagem sem mácula.
Poucas coisas ferem...
Regime da prática de naturismo e da criação de espaços de naturismo
Lei aprovada em 29 de Outubro de 2010 pela Assembleia da República foi publicada hoje no «Diário da República»:
Lei n.º 53/2010. D.R. n.º 244, Série I de 2010-12-20
Lei n.º 53/2010. D.R. n.º 244, Série I de 2010-12-20
Feministas, cuspam nos dedos e mudem de página!
As mulheres são boas para 70 coisas:
Cozinhar e... 69!
(*1) Lésbicas como eu, salivem mas cuidado com os teclados!
(*2) Quem preferir ovos estrelados tem aqui a Alyssa Milano.
19 dezembro 2010
Paredes
As pessoas deviam ser como as duas paredes que se inclinam: só fazem tecto no sítio onde se tocam. Andam sempre demasiado direitas ou então inclinadas para o outro lado. Vinha de lá; como sempre, muito direito, a testa ao alto marcada pela Lua. Disse-lhe que hoje gostaria de brincar ao coração. Eu fingiria estar de pé mas estaria sentada e ele fingiria inclinar-se; por fingirmos acabaria por desequilibrar-se, eu fingiria agarrar de onde não estava e nós cairíamos a sério no chão. Vamos brincar ao coração.
«Oralidades» - por Rui Felício
Os exames eram um flagelo. Um mês antes, já a ansiedade tomava conta dele, perdia o apetite, dormia pouco, a capacidade de retenção dos conhecimentos quase batia no zero.
Passava noites em claro a estudar, a rever a matéria, embrenhado nos livros.
Porém, frequentemente, tinha que ler o mesmo parágrafo duas e três vezes seguidas, porque ao fim de cada leitura não recordava nada do que tinha acabado de ler.
Porque se desconcentrava, porque lia uma coisa mas, obcecado, só pensava nos exames e no pavor de não ser capaz de responder às perguntas que lhe fossem feitas, chegando ao fim sem saber o que tinha lido.
O Paulo era um bom aluno, com classificações acima da média, mas a aproximação dos exames dava-lhe volta ao estômago. Sentia-se inseguro, agoniado...
Não eram as provas escritas que o amedrontavam. Nessas tinha confiança no seu saber. O seu feitio tímido e a sua insegurança, assustavam-no, era nas provas orais. Tinha, portanto, que estudar mais e mais para poder garantir que obteria boas notas nas provas escritas que o dispensassem das orais.
Já na vida amorosa, era um homem seguro de si!
Todas as mulheres com quem namorou, o elogiavam pelo prazer que lhes proporcionava. Pela destreza e suavidade da sua língua que lhes tocava os mais recônditos e sensíveis lugares do corpo, levando-as à loucura, ao êxtase completo.
No sexo, ao contrário do que sucedia nos estudos, o Paulo era, reconhecidamente, um especialista nas orais...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»
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