09 janeiro 2011
«Timidez» por Rui Felício
Na Faculdade de Letras, o Chico era alcunhado pelos colegas de “bicho do mato”.
Educado, bem parecido, mas de uma atroz timidez, nas raras festas a que acedia comparecer, apenas por falta de pretexto para declinar o convite , refugiava-se num canto, de olhos baixos, pendurado num copo de whisky, tentando passar despercebido.
No meio da algaraviada dos dichotes e das estridentes gargalhadas dos colegas, das batidas rítmicas do “disco sound”, do tilintar dos copos, rezava intimamente para que não reparassem nele nem lhe dirigissem a palavra, contando os minutos para regressar a casa e encafuar-se na protectora solidão do seu quarto.
Andava loucamente apaixonado pela Carla, sua colega de turma, ao lado de quem se sentava durante as aulas, disfarçadamente, numa dissimulada casualidade. Inebriava-o a proximidade do seu corpo, do seu calor! Pelo canto do olho, admirava-lhe as curvas, a pele sedosa, os lábios carnudos, os longos cabelos negros. Um profundo arrepio percorria-lhe o corpo sempre que o braço roçava no dela. Mas era incapaz de lho confessar...
Aspirava, sôfrego, o cheiro perfumado que dela emanava, suspirava baixinho, mas desviava o olhar quando ela o fitava. Ciosamente, guardava o seu segredo, ocultava o intenso desejo de a abraçar, de a tocar. Fingia concentrar-se nos livros que tinha à frente, para esconder a sua perturbação. Chegava a ser carrancudo e ríspido com ela, para não denunciar o que sentia!
Por mero acaso, um dia descobriu na agenda que ela, casualmente, deixara aberta em cima da carteira, o endereço do “Messenger” da Carla.
Chegou a casa, ligou o computador, criou o seu próprio endereço, registou-se no “Messenger”, inventou um “nickname” e mandou-lhe uma mensagem pedindo-lhe que o aceitasse como amigo.
Desde então, todas as noites trocavam mensagens no “chat”, onde, sob o pseudónimo de “Solitário”, o tímido Chico se transformava num ser desinibido, viril, atiradiço até!
Falava-lhe nos íntimos desejos que ela lhe fazia experimentar e alvoroçava-se quando percebia que as palavras que digitava produziam na Carla, reciprocidade e igual reacção.
Numa dessas noites, descaiu-se e escreveu que as carícias e os beijos que ambos trocavam num descontrolado devaneio virtual, lhe faziam lembrar o aroma do perfume “Loewe” que ela usava, como se o estivesse a sentir no ambiente tépido do seu quarto, naquele mesmo momento.
No monitor do computador apareceu a inesperada e surpreendida pergunta da Carla:
- Como sabes? Que estranho! Não nos conhecemos pessoalmente e nem eu te disse nunca que uso “Loewe”!
O “Solitário” nunca mais a procurou no "Messenger"...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
08 janeiro 2011
Não saudade
Quando as palavras já não dizem nada
resta-te o nada das não palavras.
A partir daí
todos os sonhos são válidos
-sempre sendo-
e a voz da não saudade
traz-te as não palavras.
Nas não palavras, revês-te,
sonhas - ainda -
e eclipsas-te.
Não é um fim.
É só um sonho poético.
Poesia de Paula Raposo
07 janeiro 2011
A posta que vês melhor
Olha em frente tudo aquilo que será, abre a tua mente ao que o destino te trará e desmantela essa muralha que te isola de tudo aquilo que és quando jogas à defesa porque não tens a certeza de que vale a pena arriscar.
Olha em frente para poderes enfrentar de forma diferente o mundo que sentes hostil, perdido por cem, perdido por mil, e molda a consciência por forma a encontrares a resistência dos fortes pois é desses o que prevalecerá ao longo das voltas que a vida dá enquanto passeia diante dos nossos olhos a felicidade que por vezes rejeitamos por simples desleixo ou estupidez.
Olha em frente outra vez e prepara o caminho que falta, repara na tua alma que salta irrequieta e que te deixa tão inquieta a prudência que abraças como companheira numa solidão que não mereces conhecer porque sabes existir em ti tudo aquilo que fará, abre a tua mente ao que o destino te trará, as delícias de quem souber apreciar.
Liberta agora o teu olhar da desnecessária desconcentração que te provoca a visão periférica.
Olha em frente, abre a tua mente e envia esse amor como um sinal, como a luz de um farol.
Como uma mensagem telepática.
Em_Canto
Marioneta acorda, tens de acordar
mais um dia a dormir é mais um dia sem sonhar
marioneta acorda, nunca mais adormecer
se o dia for no escuro como pode a noite amanhecer?
Brinquedo de plástico sem vestido, sem perfume
mas os teus pés não estão nus, anda
que preso por um fio está aquele nome
que ainda não te deram, boneca; acorda!
Marioneta desperta, tens de despertar
no meio do sono para o sonho te olhar
marioneta desperta, nunca mais esquecer
se a Luz toca no escuro, espera agora o anoitecer.
mais um dia a dormir é mais um dia sem sonhar
marioneta acorda, nunca mais adormecer
se o dia for no escuro como pode a noite amanhecer?
Brinquedo de plástico sem vestido, sem perfume
mas os teus pés não estão nus, anda
que preso por um fio está aquele nome
que ainda não te deram, boneca; acorda!
Marioneta desperta, tens de despertar
no meio do sono para o sonho te olhar
marioneta desperta, nunca mais esquecer
se a Luz toca no escuro, espera agora o anoitecer.
Que bela surpresa no convento de Belmonte!
Eu já tinha as melhores referências da pousada do antigo convento da serra da Senhora da Esperança, em Belmonte. E da maravilha que é o restaurante gourmet da pousada, cujo chef é Valdir Lubave.
Só vos digo que comecei com um «Capuccino de cogumelos com espuma de ervas aromáticas do jardim do Convento»...
... mas a surpresa foi ver que os quartos, em vez da habitual numeração, têm os nomes de frades, como se fossem as suas antigas celas do convento. Cada frade tem a sua «especialidade». E à frente de cada quarto está uma imagem do frade respectivo. Fiquei na cela do frei Luís, o arquitecto. Mas na recepção da pousada há canecas e cinzeiros com cada um dos frades. E achei uma delícia, em especial, o frei Damião, o colhedor de fruta. O cinzeiro teve que vir para a minha colecção:
Só vos digo que comecei com um «Capuccino de cogumelos com espuma de ervas aromáticas do jardim do Convento»...
... mas a surpresa foi ver que os quartos, em vez da habitual numeração, têm os nomes de frades, como se fossem as suas antigas celas do convento. Cada frade tem a sua «especialidade». E à frente de cada quarto está uma imagem do frade respectivo. Fiquei na cela do frei Luís, o arquitecto. Mas na recepção da pousada há canecas e cinzeiros com cada um dos frades. E achei uma delícia, em especial, o frei Damião, o colhedor de fruta. O cinzeiro teve que vir para a minha colecção:
06 janeiro 2011
O João aprova #4
E como não? Como não aprovar isto? Não promove o contacto visual, que seguramente faz falta numa relação e que, provavelmente, é muito mais procurado pela mulher (sentimental) do que pelo homem (putativo dominador), no entanto é uma daquelas posições que nunca falha. Uma das minhas favoritas. Recomendo vivamente. Estou em crer que, para um homem, o que tem de primário, equivale-lhe em prazer. As mulheres que se pronunciem, p.f..
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