Via Sweetilicious
11 janeiro 2011
Romãs
Os desencontros
são como as romãs:
nunca os bagos estão
onde pensamos que
os deixámos.
Mas, as palavras,
essas vão ficando
por lugares incertos
onde não comemos.
Poesia de Paula Raposo
Mais um agasalho de pila para a minha colecção
Desta vez, é um galo. Que me parece ter um pescoço bem maior que qualquer encomenda, por mais que esteja a «cantar de galo».
Faz parte de um conjunto com mais duas variantes:
Faz parte de um conjunto com mais duas variantes:
10 janeiro 2011
Das Utopias
O medo da vontade, da dor, baptizou as utopias.
Perder o "só" não significa perdê-las, mas transformá-las.
As utopias existem, sim, mas apenas quando fechamos os olhos e as vemos, e aí passam a chamar-se de forma diferente. Passam a ser um manancial de sujeitos e predicados que apenas podem ser sentidos. Através dos sentidos. Dos outros sentidos e dos sentidos dos outros.
Poucos conhecerão o que deixou para esses de ser uma utopia, e apenas a esses está reservado o privilégio do uso de uma pedra angular que as decifre e sustente.
Perder o "só" não significa perdê-las, mas transformá-las.
As utopias existem, sim, mas apenas quando fechamos os olhos e as vemos, e aí passam a chamar-se de forma diferente. Passam a ser um manancial de sujeitos e predicados que apenas podem ser sentidos. Através dos sentidos. Dos outros sentidos e dos sentidos dos outros.
Poucos conhecerão o que deixou para esses de ser uma utopia, e apenas a esses está reservado o privilégio do uso de uma pedra angular que as decifre e sustente.
As 10 melhores pilas do mundo
O tema é polémico. Logo à partida porque não há consenso possível pela divisão entre géneros e logo à chegada porque, lamentavelmente, não há maneira de toda a gente experimentar todas as pilas e por isso ficamos reféns das apreciações subjectivas.
Mas o que faz afinal uma boa pila?
Para a maioria salta à vista o tamanho, embora não falte (sobretudo quem a tem pequena) quem defenda a tese de que tamanho não é documento. Ainda assim, é mais ou menos consensual a ideia de que uma boa pila deve ser bem documentada e ter uma dimensão apreciável, capaz de preencher todas as lacunas do imaginário colectivo.
Contudo, há também quem advogue a prontidão como argumento. Ou seja, uma boa pila será a que reúne em simultâneo uma boa capacidade de resposta em termos de aceleração dos zero aos dezasseis centímetros(*) e uma durabilidade duracell, nomeadamente depois do prego a fundo.
Temos assim esboçado um perfil para a pila ideal? Talvez não.
Muitos pensadores deste tema fascinante e complexo tendem a associar a pila propriamente dita à destreza de quem a utiliza (o que interessa não é o que se faz com ela mas como), arrastando para a avaliação global do membro viril todo um conjunto de factores tão aleatórios como, por exemplo, a pontaria (não apenas relativamente à abertura de uma sanita) ou a sincronização no disparo (demasiado rápidas no gatilho não parecem ser do agrado geral).
No entanto, esta versão tem sido alvo de imenso cepticismo por parte de quem olha a coisa (o coiso?) sem uma perspectiva militar e tem em conta inclusivamente o comportamento de uma pila em modo stand by (murcha, sim, ou tenho que vos explicar tudo?), nomeadamente aquilo que permitem adivinhar da respectiva extensão depois de activadas. Por outro lado, o género masculino exibe a enorme incoerência de quem aparentemente faz o culto da pila quando afinal mal lhe ligam quando, por exemplo, a utilizam para a sua função secundária (a mijinha da ordem). Esta contradição acaba por constituir fundamento para que seja o género feminino (lésbicas como a São não contam para este item) o mais habilitado a fornecer a mais correcta aferição do instrumento, mesmo quando este não é apenas de sopro mas alarga o espectro musical a ritmos como o do batuque.
Muito haverá ainda para dizer acerca desta questão, mas isso dá imenso trabalho.
E eu, por inerência, até já preenchi sozinho dez por cento da tabela que dá título a este post...
(*) De acordo com rigorosos estudos científicos, o tamanho médio de uma pila portuga é de 16 centímetros, superior à média europeia e três centímetros acima das congéneres asiáticas.)
Com preservativo ou sem preservativo?
Videos em que tu é que decides a sequência a seguir. Este é o início:
09 janeiro 2011
Sobre_voar
Se eu não conseguir derrubar
todo este cansaço,
vou chamar-te
às raízes da árvore; sei que estou a voar,
de cada asa se desfaz cada laço
que me ate
ao céu, agora quero alcançar
a porta dos anjos, teu espaço;
vou contar-te
a história última de encantar,
aquela em que ando e cada passo
me promete
pernas novas feitas de penas, o breve pousar
no teu sono é regaço;
eu chamei-te,
doem-me as penas onde nasces, parto a sonhar.
todo este cansaço,
vou chamar-te
às raízes da árvore; sei que estou a voar,
de cada asa se desfaz cada laço
que me ate
ao céu, agora quero alcançar
a porta dos anjos, teu espaço;
vou contar-te
a história última de encantar,
aquela em que ando e cada passo
me promete
pernas novas feitas de penas, o breve pousar
no teu sono é regaço;
eu chamei-te,
doem-me as penas onde nasces, parto a sonhar.
«Timidez» por Rui Felício
Na Faculdade de Letras, o Chico era alcunhado pelos colegas de “bicho do mato”.
Educado, bem parecido, mas de uma atroz timidez, nas raras festas a que acedia comparecer, apenas por falta de pretexto para declinar o convite , refugiava-se num canto, de olhos baixos, pendurado num copo de whisky, tentando passar despercebido.
No meio da algaraviada dos dichotes e das estridentes gargalhadas dos colegas, das batidas rítmicas do “disco sound”, do tilintar dos copos, rezava intimamente para que não reparassem nele nem lhe dirigissem a palavra, contando os minutos para regressar a casa e encafuar-se na protectora solidão do seu quarto.
Andava loucamente apaixonado pela Carla, sua colega de turma, ao lado de quem se sentava durante as aulas, disfarçadamente, numa dissimulada casualidade. Inebriava-o a proximidade do seu corpo, do seu calor! Pelo canto do olho, admirava-lhe as curvas, a pele sedosa, os lábios carnudos, os longos cabelos negros. Um profundo arrepio percorria-lhe o corpo sempre que o braço roçava no dela. Mas era incapaz de lho confessar...
Aspirava, sôfrego, o cheiro perfumado que dela emanava, suspirava baixinho, mas desviava o olhar quando ela o fitava. Ciosamente, guardava o seu segredo, ocultava o intenso desejo de a abraçar, de a tocar. Fingia concentrar-se nos livros que tinha à frente, para esconder a sua perturbação. Chegava a ser carrancudo e ríspido com ela, para não denunciar o que sentia!
Por mero acaso, um dia descobriu na agenda que ela, casualmente, deixara aberta em cima da carteira, o endereço do “Messenger” da Carla.
Chegou a casa, ligou o computador, criou o seu próprio endereço, registou-se no “Messenger”, inventou um “nickname” e mandou-lhe uma mensagem pedindo-lhe que o aceitasse como amigo.
Desde então, todas as noites trocavam mensagens no “chat”, onde, sob o pseudónimo de “Solitário”, o tímido Chico se transformava num ser desinibido, viril, atiradiço até!
Falava-lhe nos íntimos desejos que ela lhe fazia experimentar e alvoroçava-se quando percebia que as palavras que digitava produziam na Carla, reciprocidade e igual reacção.
Numa dessas noites, descaiu-se e escreveu que as carícias e os beijos que ambos trocavam num descontrolado devaneio virtual, lhe faziam lembrar o aroma do perfume “Loewe” que ela usava, como se o estivesse a sentir no ambiente tépido do seu quarto, naquele mesmo momento.
No monitor do computador apareceu a inesperada e surpreendida pergunta da Carla:
- Como sabes? Que estranho! Não nos conhecemos pessoalmente e nem eu te disse nunca que uso “Loewe”!
O “Solitário” nunca mais a procurou no "Messenger"...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
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