... quando me deparei com uma montra de uma loja da marca «Bimba & Lola» onde estavam uns sapatos que eu nem por encomenda faria melhor para a minha colecção! E já cá moram.
Que belo par fazem com as botas de palhaço de minha criação.
14 janeiro 2011
O medo é um apeadeiro sem linha ferroviária...
O medo é um apeadeiro sem linha ferroviária, ao longe passam os comboios onde ninguém se atreveu a embarcar e o som único do pouca-terra faz muito que acenou adeus. É por isso que para o Amor escrevo sempre linhas novas, pode ser que um daqueles comboios maravilhosos, dos antigos, dos que ainda sabem andar sem a velocidade desenfreada e param um pouco em cada estação para observar tudo, me veja aqui cheia de linhas para ele e me venha buscar; pode ser que eu embarque mesmo sem saber para onde vou, que importa o destino se a viagem é a vida e vou ver a fantasia?
ascensão
travessa
atravessas meu espaço
reptícia à distância do meu braço
estremeço
e adormeço o embaraço
de algum tempo nos ser assim tão escasso
suspiras
e aspiro-te a fragrância
impossível de conter a tal distância
e quando um olhar teu
poisa no meu
sem receio neste caminho do céu
eu apuro
com espanto e estupor
que no breve desatino
de um destino
um ressalto - nada mais
breve fulgor
já chegado sou ao velho sexto piso
e sem grito
sem reparo
sem aviso
estremece e estaca o ascensor…
atravessas meu espaço
reptícia à distância do meu braço
estremeço
e adormeço o embaraço
de algum tempo nos ser assim tão escasso
suspiras
e aspiro-te a fragrância
impossível de conter a tal distância
e quando um olhar teu
poisa no meu
sem receio neste caminho do céu
eu apuro
com espanto e estupor
que no breve desatino
de um destino
um ressalto - nada mais
breve fulgor
já chegado sou ao velho sexto piso
e sem grito
sem reparo
sem aviso
estremece e estaca o ascensor…
13 janeiro 2011
O órgão (social)
O gerente enleou-a pela cintura e murmurou-lhe ao ouvido:
– Estou pronto.
A mulher baixou os olhos, viu-lhe os braços nus sobre a sua blusa e, espreitando entre os seus próprios braços e corpo, viu-lhe o tornozelo, a canela e parte do joelho esquerdo. Engoliu em seco ante a perspectiva da completa nudez do gerente.
O gerente lambeu-lhe a orelha com a ponta da língua e emitiu um longo e grave grunhido, provavelmente com a melhor das intenções.
A mulher tornou a engolir em seco ao sentir um corpo cilíndrico estranho crescer e ajustar-se entre as suas nádegas.
O gerente beijou-lhe suavemente o pescoço, aproveitando o seu cabelo curto.
Sem saber o que dizer, a mulher repetiu-lhe a frase acrescentando um ponto de interrogação:
– Estás pronto?
– Estou – respondeu o gerente, lampeiro e lambareiro. – Muito pronto!
– Ahn… – A mulher hesitou e falhou propositadamente o som ou a frase que não emitiu.
O gerente percebeu a hesitação e, por um momento, duvidou da arrojada estratégia que seguira. Sentiu um arrepio de frio nas nádegas que logo explicou com o funcionamento do aparelho de ar condicionado e afastou as dúvidas: o caminho era aquele.
– Então, minha querida? – Sussurrou da forma mais sensual que conseguiu, que lhe soou como um patético, lancinante e desesperado pedido por sexo, que era, mas que não devia ser ou, pelo menos, não devia parecer. – Então? – encurtou, encostando-se mais.
A mulher repetiu o som e a hesitação, não se mexeu e sentiu que faltava algo no volume que se esfregava na sua saia.
– Hum… – mudou o som e prosseguiu: – Não sei.
– Eu estou pronto – insistiu ele, como se isso fosse uma novidade. – E acho que tu também estás muito pronta para levar com ele – opinou, com entoações maviosas como se declamasse um verso.
A mulher pousou o telemóvel em cima do balcão da cozinha, a que estava encostada e virou-se, encarando-o.
– Estás nu? – perguntou, fingindo-se surpreendida, ao mesmo tempo que percebia o que faltava no volume cilíndrico que se esfregara na sua saia: centímetros.
O gerente respondeu com um recital silencioso de sobrancelhas, concluído com um “tcharam!” manual em que lhe apresentava o órgão do órgão social que ele era.
– Mais do que nu: estou pronto! – publicitou. – Pronto para o amor!
– Estou a ver – disse ela, automaticamente, mas, na verdade, não estava, ou melhor estava e não estava: estava a ver uns doze ou treze centímetros e não estava a ver, pelo menos, mais uns quatro ou cinco que lhe pareciam essenciais. – Ah… – deixou escapar.
– Ficamos aqui, na cozinha? – perguntou ele, excitado, interpretando o “Ah” como um elogio.
Ela, avaliando a forma entusiástica e pouco contida como ele se comportava, temeu pelos soalhos e carpetes das restantes exposições, pois, entre os mosaicos do chão e a fórmica das mobílias a limpeza era muito mais fácil de fazer e a probabilidade de ficarem vestígios era significativamente menor. Acrescentando ainda a não despicienda limitação de posições possíveis para o acto, a mulher achou a exposição das cozinhas mais do que ideal: era a única possível. Sorriu, anuiu com a cabeça e reforçou:
– Sim, ficamos já aqui.
Ele sorriu e começou a desabotoar-lhe a blusa. Ela pôs as mãos atrás das costas, desabotoou a saia e deixou-a cair até aos pés. Os olhos dele percorreram-lhe o corpo, enquanto as mãos lhe cingiam o tronco, afastando a camisa aberta para a contemplar.
– Deixa-me apanhar a saia – pediu ela.
Como se estivesse hipnotizado, ele deu um passo atrás em contemplativo silêncio.
A mulher apanhou a saia, endireitou-a e pousou-a nas costas de uma cadeira.
– Está tudo fechado? – perguntou.
Ele, sem sair do transe, assentiu com a cabeça.
– E as câmaras? Desligaste?
O gerente, sem mexer a cabeça, desviou os olhos para a saia, mordeu o lábio inferior, tornou a olhar para a mulher e moveu ligeiramente a cabeça na horizontal. Os olhares cruzaram-se: o dele era de absoluto pavor. Ele desviou o olhar baixando a cabeça. Ela aproveitou e olhou para as virilhas dele, curiosa por saber até onde encolheria o pequeno órgão social.
– E agora? – balbuciou ele.
Ela fechou os botões da blusa, agarrou e vestiu a saia, pegou no telemóvel, mandou-o vestir, teve a certeza que chegava a chefe de loja sem ter de gramar com aquele minúsculo e ridículo pénis, ordenou-lhe em tom cordial para ficar ali até estar composto e avançou, sorridente, para tornar a ligar as câmaras à central.
– Estou pronto.
A mulher baixou os olhos, viu-lhe os braços nus sobre a sua blusa e, espreitando entre os seus próprios braços e corpo, viu-lhe o tornozelo, a canela e parte do joelho esquerdo. Engoliu em seco ante a perspectiva da completa nudez do gerente.
O gerente lambeu-lhe a orelha com a ponta da língua e emitiu um longo e grave grunhido, provavelmente com a melhor das intenções.
A mulher tornou a engolir em seco ao sentir um corpo cilíndrico estranho crescer e ajustar-se entre as suas nádegas.
O gerente beijou-lhe suavemente o pescoço, aproveitando o seu cabelo curto.
Sem saber o que dizer, a mulher repetiu-lhe a frase acrescentando um ponto de interrogação:
– Estás pronto?
– Estou – respondeu o gerente, lampeiro e lambareiro. – Muito pronto!
– Ahn… – A mulher hesitou e falhou propositadamente o som ou a frase que não emitiu.
O gerente percebeu a hesitação e, por um momento, duvidou da arrojada estratégia que seguira. Sentiu um arrepio de frio nas nádegas que logo explicou com o funcionamento do aparelho de ar condicionado e afastou as dúvidas: o caminho era aquele.
– Então, minha querida? – Sussurrou da forma mais sensual que conseguiu, que lhe soou como um patético, lancinante e desesperado pedido por sexo, que era, mas que não devia ser ou, pelo menos, não devia parecer. – Então? – encurtou, encostando-se mais.
A mulher repetiu o som e a hesitação, não se mexeu e sentiu que faltava algo no volume que se esfregava na sua saia.
– Hum… – mudou o som e prosseguiu: – Não sei.
– Eu estou pronto – insistiu ele, como se isso fosse uma novidade. – E acho que tu também estás muito pronta para levar com ele – opinou, com entoações maviosas como se declamasse um verso.
A mulher pousou o telemóvel em cima do balcão da cozinha, a que estava encostada e virou-se, encarando-o.
– Estás nu? – perguntou, fingindo-se surpreendida, ao mesmo tempo que percebia o que faltava no volume cilíndrico que se esfregara na sua saia: centímetros.
O gerente respondeu com um recital silencioso de sobrancelhas, concluído com um “tcharam!” manual em que lhe apresentava o órgão do órgão social que ele era.
– Mais do que nu: estou pronto! – publicitou. – Pronto para o amor!
– Estou a ver – disse ela, automaticamente, mas, na verdade, não estava, ou melhor estava e não estava: estava a ver uns doze ou treze centímetros e não estava a ver, pelo menos, mais uns quatro ou cinco que lhe pareciam essenciais. – Ah… – deixou escapar.
– Ficamos aqui, na cozinha? – perguntou ele, excitado, interpretando o “Ah” como um elogio.
Ela, avaliando a forma entusiástica e pouco contida como ele se comportava, temeu pelos soalhos e carpetes das restantes exposições, pois, entre os mosaicos do chão e a fórmica das mobílias a limpeza era muito mais fácil de fazer e a probabilidade de ficarem vestígios era significativamente menor. Acrescentando ainda a não despicienda limitação de posições possíveis para o acto, a mulher achou a exposição das cozinhas mais do que ideal: era a única possível. Sorriu, anuiu com a cabeça e reforçou:
– Sim, ficamos já aqui.
Ele sorriu e começou a desabotoar-lhe a blusa. Ela pôs as mãos atrás das costas, desabotoou a saia e deixou-a cair até aos pés. Os olhos dele percorreram-lhe o corpo, enquanto as mãos lhe cingiam o tronco, afastando a camisa aberta para a contemplar.
– Deixa-me apanhar a saia – pediu ela.
Como se estivesse hipnotizado, ele deu um passo atrás em contemplativo silêncio.
A mulher apanhou a saia, endireitou-a e pousou-a nas costas de uma cadeira.
– Está tudo fechado? – perguntou.
Ele, sem sair do transe, assentiu com a cabeça.
– E as câmaras? Desligaste?
O gerente, sem mexer a cabeça, desviou os olhos para a saia, mordeu o lábio inferior, tornou a olhar para a mulher e moveu ligeiramente a cabeça na horizontal. Os olhares cruzaram-se: o dele era de absoluto pavor. Ele desviou o olhar baixando a cabeça. Ela aproveitou e olhou para as virilhas dele, curiosa por saber até onde encolheria o pequeno órgão social.
– E agora? – balbuciou ele.
Ela fechou os botões da blusa, agarrou e vestiu a saia, pegou no telemóvel, mandou-o vestir, teve a certeza que chegava a chefe de loja sem ter de gramar com aquele minúsculo e ridículo pénis, ordenou-lhe em tom cordial para ficar ali até estar composto e avançou, sorridente, para tornar a ligar as câmaras à central.
Onde está o caralho do Wally?
(crica na imagem para ampliar)
Visto em Sweetlicious (obrigada, Raphael B.)
12 janeiro 2011
Edito Estrelas
Por muito que me custe assumi-lo, a castração química de um pedófilo não pode ser designada de pedicura.
Do cansaço
O sono fugiu-me da noite para o dia. A noite quer ser lida e o dia dita-me para o escrever. O cansaço espreita, constante, os olhos pequeninos brilham-lhe cerrados na agitação, querem uma pele que possam vestir. Quieta, muito quieta, só uns instantes para a serenidade se perceber convidada de honra nesta casa. Sei, quando estou assim pareço imóvel, não estou, nunca estou, escuto no peito o embalo mágico do coração.
Não vejo o fundo escuro da noite, não vejo o fundo escuro do mar, com nenhum deles lutarei, apenas com o fundo escuro do medo até lhes ver o fundo em claro.
Não tenhas cuidado, não tenhas medo do meu cansaço, acreditar é assim, um gesto completo do corpo inteiro, um mergulho contra a parede negra do lago, voar contra o cimento e atravessá-lo pela porta aberta entre os dedos da tua mão.
Aqui não há cinzentos, meios tons não existem; há branco ou preto, sim ou não no acreditar, tal verbo não existe com "ses", "talvez", "tentar", e cansaço é apenas o nome do vigilante que o vem conjugar.
Não vejo o fundo escuro da noite, não vejo o fundo escuro do mar, com nenhum deles lutarei, apenas com o fundo escuro do medo até lhes ver o fundo em claro.
Não tenhas cuidado, não tenhas medo do meu cansaço, acreditar é assim, um gesto completo do corpo inteiro, um mergulho contra a parede negra do lago, voar contra o cimento e atravessá-lo pela porta aberta entre os dedos da tua mão.
Aqui não há cinzentos, meios tons não existem; há branco ou preto, sim ou não no acreditar, tal verbo não existe com "ses", "talvez", "tentar", e cansaço é apenas o nome do vigilante que o vem conjugar.
Não Sei se Posso... Ou Sei?
Não sei se posso ser uma utopia, porque quando o for passarei então a ser um sentimento em ti.
Não sei se posso ser um pássaro porque não tenho asas. Preferi chamar-lhes tentáculos para tudo agarrar, aproximar, conter e melhor observar.
Não sei se posso ser a tua dor, apenas o renascer da ave de fogo que das cinzas dela te leva a voar.
Não sei se posso ser o teu paladino, mas asseguro-te sentar-me na Távola que partilha os mesmos ideais.
Não sei se posso ser o teu dragão, não tenho asas, mas as plumas e as magias poderão envolver-te.
Não sei se posso ser poeta, apenas tentar traduzir aquilo que alguém dentro de mim quiser falar-te.
Não sei se posso ser rei, apenas ajudar os meus cavaleiros a sentar na Távola e em mim confiarem.
Não sei se posso... ou sei?
Não sei se posso ser um pássaro porque não tenho asas. Preferi chamar-lhes tentáculos para tudo agarrar, aproximar, conter e melhor observar.
Não sei se posso ser a tua dor, apenas o renascer da ave de fogo que das cinzas dela te leva a voar.
Não sei se posso ser o teu paladino, mas asseguro-te sentar-me na Távola que partilha os mesmos ideais.
Não sei se posso ser o teu dragão, não tenho asas, mas as plumas e as magias poderão envolver-te.
Não sei se posso ser poeta, apenas tentar traduzir aquilo que alguém dentro de mim quiser falar-te.
Não sei se posso ser rei, apenas ajudar os meus cavaleiros a sentar na Távola e em mim confiarem.
Não sei se posso... ou sei?
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