26 janeiro 2011

Monitor de Estragos

Processamento de emoções discretas, cinto que aperta peitos por baixo da pele.
Supremo todo em corda vibrante paralela. Confusa falta do tronco onde fortes tentáculos envolvem a par do suspiro.
Sim!
Súplica. Maravilha abandonada em areia movediça. Morreu. Transformou-se.
Porta fechada em pranto de agonia fora do espectro da cumplicidade que ninguém entende.
Purgatório.
Processamento de emoções discretas... Torno sádico que aperta a par e passo o que a bigorna não esmagou.
Renascer.

Casa Pia: o volte-face



HenriCartoon

Postalinho do Rui Pato

"Painel publicitário à porta do Jumbo, em Coimbra.
Rui Pato"

Século passado



Webcedário no Facebook

25 janeiro 2011

Tranças de papel

Acho que foi ali que tudo começou. A escola era a primeira, as aulas acabavam e os adultos tardavam, esperava até que ficava sozinha naquele espaço cheio de utopias. Tinha tranças e vestidos de várias cores, a pasta encostada à parede, os minutos passavam e as histórias começavam a chegar, as histórias devem nascer sempre da imaginação e a imaginação deve nascer da distracção que surge do olhar perdido entre pedras e nuvens e dos cheiros bonitos que depois guardamos na memória; os cheiros bonitos da escola devem ser como papel daquele que forra as nossas gavetas com alguma doçura, mesmo que se tenha que ali guardar algo difícil, doloroso, aquele papel está sempre lá e suavizará as cores mais feias. Andava em círculos, o corpo imóvel era incapaz de conter a dimensão dos pensamentos, andava em círculos e os sonhos corriam a bom correr, escrevia histórias no ar que ninguém poderia ler. Gostava daquele tempo de espera, esperava sempre que os adultos se esquecessem de mim ali mais uma hora ou duas, queria muito aqueles momentos para construir os meus castelos. Achavam estranho que eu andasse em círculos, diziam que um dia ainda abria uma cova no chão; os adultos são estranhos quando determinam o que é estranheza, as suas vidas são absolutamente circulares e faz muito que já abriram covas no chão das quais nunca saem ou sequer espreitam para fora. Já não ando em círculos, sento-me para escrever mas sempre que escrevo é ali que tento voltar, à porta da escola, ao sonho guardado pelos minutos que passavam enquanto esperava a mão terna que só não me levava a casa porque eu tinha a casa em mim.

«toda esta tesão»? esta? esta? oh senhores!



a música tem a sua piada.
mas remeto A Caruma para o Priberam:

tesão

(latim tensio, -onis)

s. m. (substantivo masculino)
1. Rijeza.
2. Fig. Força, intensidade.
3. Ímpeto.
4. Embate violento.
5. Cal. Entusiasmo passageiro.
6. Cal. Desejo sexual masculino e feminino.
7. Cal. Erecção!Ereção do pénis.

Instinto

Não sei calar o que sinto.
Ligo-me ao teu corpo
e deslizamos suavemente
nesta aventura de sermos.
Amantes?

Certamente que o sinto;
as emoções não me largam
e eu prometo voltar
sem conseguir calar
qualquer palavra.
Voam as palavras
e os beijos são o instinto.

Poesia de Paula Raposo

Pranchas originais de banda desenhada erótica

Adoro estas duas pranchas originais (duas páginas seguidas da mesma história), que estão agora juntinhas a todas as outras da minha colecção.


24 janeiro 2011

«Estranged Sex» por Sandra Torralba





Estas são só algumas das imagens do trabalho «Estranged Sex», da fotógrafa Sandra Torralba.
Segundo a artista, com este trabalho propõe “uma reflexão sobre os tabus sexuais, a desconstrução da pornografia, a naturalização do que é humano e a normalização dos alienados, a legitimação da bondade da sexualidade feminina e da sua compreensão como algo amplo e completo. Eu estou a desafiar os limites estabelecidos na sexualidade e a desafiar a obsessão compulsiva da sociedade de controlar, condenar e restringir a natureza humana.”
Recomendo a visita.

Notícias fictícias da vida aos quadradinhos

Embora a causa de morte oficial do Super-Homem tivesse sido uma overdose de Viagra, a viúva meteu em tribunal um fabricante de roupa interior por este ter omitido na etiqueta a presença de kryptonite no tecido das cuecas que o defunto trazia vestidas quando se verificou o óbito.

Tatuagem

Um dia.
Quando a pungente concentração de vontade publicar a maravilha, as estrelas deixarão de comunicar em sentido único.
O dilacerar da garganta sem que por isso profira qualquer vocábulo, deixará de passar despercebido ao inexistente abraçar nocturno. Porque já não o é. Noutra realidade.
Eu acredito.
Acredito num dia em que as janelas serão desnecessárias porque se transformaram em portas.
Acredito no entendimento enamorado do "Sim", variável de quem importa valores incompreendidos.
Finito que alarga os limites. Ossos que quebram a alargar.
Código de barras que tatua o definitivo no culminar do derradeiro passo. Hoje! Porque confiou. Porque acreditou.
Este dia será assim.
A janela que espreitas será desenhada com traços de cama... no leito do conforto.
E a cumplicidade é completa.

le pauvre Fabien d'Évelyne Louvre-Blondeau



le blog d'Évelyne Louvre-Blondeau

23 janeiro 2011

(Pre)Visões (Era uma vez um dia)

Não vás. Não percebo onde foste
se adormeço e durante a noite
sei que prendes os braços em mim.
A que te poderás encostar assim
dividido em ti? Tão grande corte
é metade ser vida e metade ser morte,
um meio ser do princípio ao fim,
sem dedos, sem mãos, diz sim
e não vás. Não percebo onde vais
se cai a noite e sei que tu cais
sem braços que te contem de mim.
Em quem poderás cair assim
distante em ti? Não sonhes mais
se os dias podem ser iguais
ao sonho no princípio e sem fim,
tens dedos, tens mãos, diz sim
e (um dia) não vás, fica inteiro, caminhante.