Via Sweetlicious
28 fevereiro 2011
27 fevereiro 2011
Peça de teatro espanhola - «The Guarry Men»
"Bienvenidos al universo Guarry. Un mundo donde la reflexión, los buenos modales y la corrección política brillan por su ausencia. Aquí sólo interesa vivir el momento y celebrar cada noche, función tras función, la PARTYFIESTA FOREVER. Esta apasionante misión corre a cargo de los protagonistas de ‘The Guarry Men Show’: cuatro actores que se dejan la piel en escena para recrear situaciones desternillantes propias del día a día, y tres curiosos músicos que ejercen como la voz de la conciencia de todo este tinglado. El resultado son 15 gags independientes en los que se combinan situaciones llevadas al extremo con humor, una pequeña dosis de amargura, música y grandes dosis de diversión.
‘The Guarry Men Show’ estará en cartelera en el Teatre Poliorama de Barcelona a partir del 25 de febrero."
Para quando em Portugal? A malta da Tuna Meliches bem que poderia fazer algo do género para um Encontra-a-Funda...
«A vizinha do lado» - por Rui Felício
Empregada numa panificadora ali para os lados da Achada, perto de Mafra, a Sónia tem os horários trocados. Trabalha de noite, dorme de dia.
Por isso, raramente a vejo, excepto nalgumas tardes de fim de semana quando fico em casa. Quando calha, trocamos palavras de circunstância de quintal a quintal...
Simpática, bonita, boa conversadora, vive sozinha com a mãe e um filho pequeno, desde que se separou do marido.
O quintal dela confina com o meu, separados apenas por uma fiada de arbustos baixos que se podem galgar facilmente com um simples alçar da perna.
Naquele sábado frio e soalheiro, ela chamou-me e ofereceu-me uma caixa de bolos que trouxera da fábrica, como já o fizera de outras vezes. Agradeci-lhe e fiquei a observá-la, tentando afastar maus pensamentos, enquanto ela cirandava por entre as plantas e as flores, cortando aqui, regando ali, ajeitando acolá. Por vezes debruçava-se e a roupa colava-se-lhe mais ao corpo, deixando antever as curvas bem desenhadas das pernas, das ancas.
Quando se agachava para apanhar alguma coisa, a saia curta subia e destapava-lhe as coxas um pouco acima dos joelhos, As pernas assim descuidadamente entreabertas, faziam-me imaginar o tesouro quente ainda oculto, daquela mulher apetitosa.
Para afastar as tentações, eu fingia concentrar-me nas nuvens pesadas que se começavam a acantonar do lado do mar, e comentei: - vamos ter chuva, Sónia!
Pois vamos, concordou ela, tentando adivinhar quando começariam a cair os primeiros pingos.
De súbito, sem aviso, ela tirou o gorro e a bata branca. Esticou os braços para cima, como quem se espreguiça, deixando-me adivinhar os contornos dos seus seios firmes debaixo da blusa justa.
Sem parar e olhando-me de soslaio, tirou a saia, depois a blusa, logo a seguir o soutien, as meias e, por fim, o par de cuecas.
Durante esse tempo todo, não falei, não sabia o que dizer, a garganta secava-se-me...
Sorrindo, ela aproximou-se de mim, com aquelas peças de roupa, todas debaixo do braço, estranhando eu estar tão calado.
- É sempre tão falador e está há tanto tempo aí parado, sem dizer nada, atirou-me ela...
Arrepiei-me quando aquela bela mulher, a seguir, me agarrou suavemente no braço e me perguntou:
- Está frio não é? Podia ter aquecido um pouco se, como é alto, me tivesse ajudado a tirar toda esta roupa do estendal...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Tu...
Não desejo as estrelas,
nunca poderei ser delas;
não desejo o mar,
mesmo o quente é demasiado frio;
não desejo sequer um rio,
corre depressa, não se deixa amar;
não desejo nada
que só possa ser ímpar,
seja a manhã, seja a madrugada
o pôr-do-sol ou o ocaso lunar.
O que desejo não é senão
tão simples quanto apanhar uma flor,
a tua mão na minha mão,
o gesto em par do nosso amor.
nunca poderei ser delas;
não desejo o mar,
mesmo o quente é demasiado frio;
não desejo sequer um rio,
corre depressa, não se deixa amar;
não desejo nada
que só possa ser ímpar,
seja a manhã, seja a madrugada
o pôr-do-sol ou o ocaso lunar.
O que desejo não é senão
tão simples quanto apanhar uma flor,
a tua mão na minha mão,
o gesto em par do nosso amor.
26 fevereiro 2011
Divagar
Deito-me no teu olhar:
como se bastasse o querer,
querer-te;
deixar-te vir
e sermos - deste lado -
a enorme ilusão
de dormirmos juntos,
no sempre que nunca
julgamos...
Poesia de Paula Raposo
25 fevereiro 2011
As Despedidas
– Há regressos que nunca se devem fazer. As coisas nunca voltam a ser as mesmas. Nós já não somos os mesmos. Se voltamos é porque esquecemos o porquê da separação; as razões da separação. A própria separação. Fantasiamos sobre um idílio que acabou e a que queremos regressar como se fossemos menos os que nos separámos do que os que estiveram juntos. Não há retornos felizes. As peças não tornam a encaixar. As peças depois de separadas, partidas, doridas, nunca mais se tornam a encaixar. Os regressos nunca se devem concretizar.
– Assim, definitivamente?
– Assim.
– Então… – Os olhares cruzaram-se. Ele fez uma pausa e perguntou: – O que estamos nós aqui a fazer?
– A despedirmo-nos.
– Definitivamente?
– Sim. – Ela sorriu, primeiro com os lábios e com os olhos, depois com todo o rosto, e completou: – Sim, definitivamente ou até à próxima despedida – e beijou-o, primeiro com os lábios e com a língua, depois com todo o corpo.
– Assim, definitivamente?
– Assim.
– Então… – Os olhares cruzaram-se. Ele fez uma pausa e perguntou: – O que estamos nós aqui a fazer?
– A despedirmo-nos.
– Definitivamente?
– Sim. – Ela sorriu, primeiro com os lábios e com os olhos, depois com todo o rosto, e completou: – Sim, definitivamente ou até à próxima despedida – e beijou-o, primeiro com os lábios e com a língua, depois com todo o corpo.
Fui ver se a palavra «vagona» existe em Português...
... e a Infopédia confirmou-me que a cultura é uma coisa muito linda!
Do amor lento
E o corpo em cima do corpo, comboio em cima da linha, barco na linha do mar; a corrente e a direcção ajustam-se à rota pela cintura, fogem agora das rochas e ao longe, muito longe, perde-se o mundo e um porto e uma estação; e a pele do mar são as ondas, sempre foi assim; e o barco, veleiro soprado do peito ao ventre até à rosa dos ventos, a desenhar as linhas do mapa nos náufragos, a violar, incerto, determinado, a palidez da tempestade que ainda lhe sobra, entrega-se às ondas, inteiro; acertam o tempo e o rumo até se desfazerem em sal. Entretanto, um gato enorme tentava arranhar a pedra com as garras, uma mãe teve o filho, um homem gritava o nome da mulher, o autocarro passou, uma jarra espalhou os cacos pelo chão; o tempo deve ter passado por ali, na mesma, mesmo sem os encontrar e disse-os ausentes à solidão que, nesse dia, não lhes bateu à porta.
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