12 março 2011

Aquece

Não deixes arrefecer,
aproveita a imaginação
no vento frio,
(que nos gela)
aquece comigo a noite.

Deixa que a madrugada
regresse a casa,
o calor se faça sentir
como a memória
-agora ausente-
do que fomos;
nas entranhas
os únicos sobreviventes.

Este poema é de 2009 e está num dos meus blogs onde já não escrevo... http://porticomosmeusolhos.blogspot.com/

Poesia de Paula Raposo

WC...


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11 março 2011

A Lavagem

– E agora, José?
O nomeado olhou desconfiado a mulher que o nomeara e, sem se mexer, replicou:
– Agora o quê?
– Nada – respondeu a mulher, arqueando ligeiramente as sobrancelhas. – Queres mais alguma coisa? – perguntou, servil.
José flectiu e esticou os braços como se fizesse uma flexão, olhou para as mãos abertas espalmadas no lençol e para os ombros nus da mulher. Apreciou-lhe o contorno do pescoço, estudou-lhe o rosto vistoso, fixou-se nos olhos amendoados, tanto na forma como na cor e respondeu: – Não, porquê?
– Não queres mais nada? – insistiu a mulher.
– Não – repetiu José, enfastiado com a insistência.
– É que se saísses de cima de mim eu ia-me lavar – disse a mulher, com o tom mais suave e cordial que conseguiu.
– Ah… – Surpreendido mas sem se mexer, José soltou uma gargalhada e continuou a rir. – É que eu estou tão habituado a foder e a não sair de cima que até me esqueço – confessou com inusitada franqueza.
A mulher sorriu, um sorriso forçado mas bem disfarçado, e não respondeu: não sabia o quê. José flectiu o braço esquerdo, rodou o tronco e as pernas e caiu de costas na cama, ainda a rir.
Em silêncio, a mulher levantou-se e foi-se lavar. “É pena que o país não se lave assim, com esta facilidade”, suspirou para si sentindo a água quente escorrendo-lhe purificadora por todo o corpo.
No quarto, o homem ainda lançava gargalhadas e “porreiros” como se tivesse dito alguma coisa com graça e a mulher, ouvindo-o enquanto se esfregava com exagerada energia, decidiu ir no dia 12 à manifestação. “Que te lixes, José!... Vou e vou ser mais uma gota para ver se te lavamos de vez.”

A minha não podia ser mini

Eu palavra de honra que gostava de ter à minha frente o cabrão que entendeu espalhar a noção de que só as gajas ou os gajos com demasiadas costelas femininas podem vestir saias...

Eu sou a única criança que recusei tentar salvar...

Toda eu me adio, indetermino, guardo-me para amanhã ou mais tarde. Deixo-me de lado na gaveta dos pensamentos, digo que ainda falta muito para o futuro e prometo voltar a mim mais tarde. Mas o futuro é amanhã, lá chegarei sem dar por ele e sem dar por mim; lá chegarei nada. O tempo é, no meu mundo, um amante tão fiel quanto uma prostituta, a traição é evidente mas olhamos para o lado e sonhamos que somos os únicos a agradar-lhe. Isto, do tempo, é o que passo a vida a explicar-lhes, que um dia podem descobrir que o preço disto tudo é ter apenas um inequívoco tarde demais à laia de futuro. Mas nada me explico, quando me falo viro a cara para o lado e volto a ser a amante cega do tempo. Deve ser assim que os tolos se descobrem tolos, de repente acordam absurdos. E, de capa nos ombros e mão estendida para tentar salvar o mundo, toda sou absurda: eu sou a única criança que recusei tentar salvar. Há quem se procure no mundo e nos outros. Eu também. Mas, por vezes, acima de tudo, procuro-me aqui; só quando sei o que tenho, sei o que tenho para dar.

Vida de princesa é uma tristeza


Que seca!...


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oglaf.com

10 março 2011

Six Feet Under

Quando era pequeno (embora isto seja apenas força de expressão) e ainda não conhecia a gíria típica dos meandros em que me movimento apanhei um cagaço que nunca mais esqueci.
Pois estava eu numa das primeiras viagens exploratórias que o coiso agarrado a mim vai organizando, ainda cheio de medo de tudo e mais alguma coisa, a pensar no sentido da vida, quando ouvi uma voz distante que pedia: enterra-o todo, enterra-o todo!

Até hoje estou agradecido ao coiso agarrado a mim por não ter cedido à coveira...

Shooting Well #1




Suponho que muita gente esperava - muita, vá, duas ou três - que estas imagens viessem cá parar. Com a devida autorização, publicar-se-ão as poucas fotografias que resultaram da sessão com a Miss Joana Well. E porquê poucas? Porque é assim mesmo. Dispara-se muito, mas poucas são as que mais nos agradam. E isso acontece muito mais com a fotografia digital, em que fotografar é simples. Com película... o filme era outro. Literalmente.

Há um defeito muito óbvio neste enquadramento, que eu espero que alguém acuse nos comentários. ;-)

Os meus agradecimentos à MJW pela disponibilidade em aturar-me.

Estava a correr tão bem...

Ancilla Tilia, modelo fetiche, colunista da FHM e «vegetariana mais sexy de 2008» faz um strip-tease para a campanha contra maus tratos a animais da Wakker Dier.
Para compreenderem esta campanha, vejam os outros videos aqui... nada eróticos, aviso já.

Colinho

09 março 2011

Música de Intervenção

O OrCa descobriu estas pérolas de Vítor Rua (que foi guitarrista dos GNR): "Isto sim, parece-me um caso de «música alternativa», ainda não ouvida nos «merdia»... Aprecio particularmente a vestimenta intimista do artista".
São várias, mas deixo-vos aqui «Ide Pró Caralho!!!» e «Eu Quero Foder o Sistema!!!»



Resposta

O Amor, esse, leste nas linhas de mãos que procuravam mais do que tinham;
O Amor, esse, sentiste na história que o príncipe contou, e que a princesa encantou;
O mundo, criado na redoma própria da vida, romantizada pela utopia da vontade ambiciosa, tornou-se próprio; pessoal e único.
Tornou-se engenho completo; máquina do tempo e eternidade apaixonada.
As noites esperam-me para cumprir funções que transcendem os mortais;
Para cumprir aquilo que a vontade desconhecia.
O Amor é eterno desde que as almas nasceram;
Desde as primeiras vidas que viveram.
A solidão é passado por força da coragem.
Existiu antes do (re)encontro.
A arte não é do Amor;
Esse já existia antes, apenas desconhecia em que porta entrar.
A arte é da essência que deixou este Amor morar.

Bom proveito...


Foto: Shark