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14 outubro 2014

Eu dava-lhe o braço de ferro, dava...

Por muito que vos possa soar ridículo, nós pilas somos, à imagem e semelhança dos coisos agarrados a nós, susceptíveis a emoções tão contraproducentes como a inveja, o ciúme ou ambas em simultâneo.

Sim, os dias a fio ao pendurão de uma vida que não a nossa (ou foderiamos todos muito mais) dão-nos tempo de sobra para pensar. E não constitui segredo para ninguém que esse é sempre um exercício complicado porque pode à partida ser inquinado por um colhão de distorções.

Contudo, nem um pénis tem algum tipo controlo sobre a sua cabeça. Os pensamentos fluem e as conclusões esguicham e é assim que se complicam as relações entre as pessoas e os seus membros.

Na génese daquilo que, para mim, é um conflito interno do caralho está mais uma vez o que ouço da boca do palerma a que o destino me agarrou de forma aparentemente irreversível.

Eu sou um falo propriamente dito, mas os coisos é que falam demais.



Estava eu aqui há dias na habitual posição de descanso quando ouvi o coiso agarrado a mim referir-se a um problema qualquer nos seus membros superiores. Claro que fiquei logo à rasca, sobretudo por ele ter usado a expressão no plural, mas também porque não tinha conhecimento de problema algum no meu sector. Pensei então que o plural se aplicaria aos tomates, o que não deixaria de me afectar por tabela, mas fez-me confusão aquilo dos membros pois que eu saiba não formámos entretanto nenhum clube.

Pus-me então em sentido, qualquer pretexto é bom para fazer exercício, à escuta de detalhes que me permitissem perceber do que se tratava. E foi então, para meu choque, que o coiso agarrado a mim mencionou os braços. Os braços, vejam bem. “Membros superiores”.

Mas superiores porquê? Claro que isto tresanda à inveja tipicamente humana, ou mesmo ao cíúme se estiverem envolvidas outras emoções, mas nem eu sou sensível aos cheiros nem vocês foram convidados a emitirem opiniões.

É do senso comum que quando um coiso se refere ao membro toda a gente conclui que está a falar da sua piça. Não estou a inventar nada, é uma das designações de fuga das muitas que aplicam às pilas e que, invariavelmente, são conotadas com uma ordinarice que nunca entendi na essência. O membro é um caralho, mas numa espécie de sentido figurado, como se cobrissem nas palavras o pau com uma camisolinha de lã. Pudores que me transcendem mas que tolero para fomentar a harmonia que nos permite trabalhar em equipa em quecas como deve ser.

Aqui entramos na tal sensível questão do “superior”. Então mas agora a superioridade mede-se pelo andar em que os coisos moram? O do sexto A é superior ao do 3º C? O caralho é que é!

Um braço, coisa tão vulgar que até vêm aos pares, é um membro superior em quê? Onde é que um braço contribui como uma pila para uma existência saudável e feliz do coiso agarrado a ele?

São estas merdas que nos fodem, um pénis aqui sempre disponível para cumprir com esmero e dedicação e, dessa forma, envaidecer o coiso cujo mérito até é relativo e depois vê promover cenas com osso como se lhes assistisse alguma glória por serem rijos a tempo inteiro? Com osso também eu! Era ver os bracinhos, os superiores da treta, terem de levantar-se para bulir só com base na força de vontade e na caldeirada de motivações da carola dos coisos que, na maioria das vezes, só nos atrapalham o serviço que nem mijar em condições conseguem.

Agora vocês dizem: “ah, o pénis daquele coiso tem um mau feitio do... dele mesmo”. Pois, pois. Mas haviam de ver as coisas por este prisma, enfiados na toca o tempo quase todo, e aguentarem-se à bronca com as desconsiderações de que uma pila é alvo.

Um braço alguma vez é um membro superior? É superior mas é o caralho!

03 janeiro 2014

Beija-me como se o mundo acabasse uns minutos depois

Todas as pessoas, com ou sem uma pila como eu, apreciam beijos. Sim, eu vejo-os nessas marmeladas e até acabo sempre por tentar alinhar na festa. É algo que não podem negar, essa vossa apetência pelas bocas e pelo que elas são capazes em matéria de prazer.
Neste contexto, sinceramente não consigo perceber porque vos escandaliza tanto que um pénis aprecie tanto essa manifestação de carinho ou de desejo que encontram nuns lábios quentes e carnudos.
Nós, as pilas, também temos mecanismos emocionais e até são independentes da mixórdia, nessa matéria, dos coisos agarrados a nós. Não temos é boca para expressarmos aquilo que nos vai na alma e às tantas é por isso que, de forma instintiva, procuramos incessantemente uma.
No entanto, raramente os coisos agarrados a nós verbalizam a vontade que lhes dá, generosos, de conduzirem aquela boca linda e acolhedora até nós, de partilharem connosco essa fonte inesgotável de emoção e de prazer que parece cortar-vos a respiração.
Sim, nós invejamos a vossa emoção quando se beijam. E queremos sentir também essa aceleração, esse remoinho de sensações que vos deixa com um ar absolutamente deliciado e palerma quando cada beijo mais intenso chega ao fim.

E nós, pilas, também sabemos dar valor a uma história, ou apenas um momento especial, cuja acção conduza de forma inevitável a um final prazenteiro e, por isso mesmo, estupidamente feliz. 

28 setembro 2012

E se o tal peixe da pila na tola fosse uma pescadinha?

Desde a descoberta do peixe com o órgão sexual na carola as passarinhas não me têm largado a braguilha com a inevitável paródia. Não essa que estão a pensar mas a do humor propriamente dito, todas malukas com o potencial de uma localização alternativa para uma pila.
O tema é recorrente nos nossos papos entre genitais, até pela variedade de alternativas para meu aconchego nas coisas agarradas às passarinhas. Porém, sempre que tento imaginar-me noutros pontos da anatomia do coiso agarrado a mim a imagem soa-me ridícula.
Das várias ocasiões em que o assunto incidiu nas coordenadas ideais para uma pila, tentámos debater com seriedade e pragmatismo. Foi por isso consensual a eliminação à priori de qualquer ponto nas traseiras do coiso agarrado a nós, pois parece que o contacto visual pode ser importante para muitos deles.
De seguida deixámos de fora também os membros inferiores e superiores, pelo afastamento físico que implicavam, tal como eliminámos o tronco por manifesta falta de mobilidade e porque há coisos agarrados a nós com um peso tão elevado que tornava perigosa essa opção.
Claro, sobra a cabeça… (que o resto é pescoço).
A questão que aí se colocava era a mais pertinente: em que ponto da cabeça dos coisos se instalariam as pilas?
A esmagadora maioria apontou de imediato para a testa, era de caras. Outros, como eu, ficaram com cara de caralho, em silêncio, a matutar naquilo sem grandes certezas. De resto qualquer pila com alguma quilometragem percebe logo que as pencas dos coisos agarrados a nós iriam sempre constituir um problema, qualquer que fosse o ângulo da abordagem, pois se avançamos em rotação de 180º esborracham, no meio do entusiasmo, o nariz contra o clítoris e se formos no sentido convencional ficam com o bico entalado entre as nalgas, narinas emparelhadas com o olho do cu.
Teria que ser uma passarinha, lá está, a aplicar a sua visão prática e a avançar com a melhor argumentação possível na defesa dos interesses do seu género e do trabalho de equipa entre nós, instrumentos de prazer: o único sítio capaz de constituir uma alternativa viável e até muito apelativa para o penduricalho seria o queixo.
Espero não precisar de explicar a alguns de vocês o porquê…

24 agosto 2012

Kruzes, Kredo!


Pode parecer estúpido mas não é, sobretudo quando se está na minha pele.
Aqui há dias reparei num sms trocado entre dois jovens coisos agarrados a jovens pilas e para meu horror vi lá escrita por diversas vezes uma palavra nova e que, confesso, me custou a admitir que queira dizer o mesmo que a outra.
Cada coiso ou coisa agarrados a nós sente-se no direito ao respeito pela sua sensibilidade mas dificilmente encontram naquele monte de coisas estranhas uma zona mais sensível do que a nossa, a zona erógena. Por isso mesmo não me inibo de manifestar o meu desagrado pela forma como os coisos pequenos adulteram (isto soa bizarro, eu sei) a língua sem necessidade alguma e sem respeito pela forma como isso pode afectar uma piroca no âmago do seu ser.
A palavra que me chocou é kona. Até me custa olhar esta monstruosidade que associa à imagem de algo belo uma outra que a transforma num pesadelo e eu posso explicar porquê.

A palavra cona, a que os jovens coisos se referiam, não é um termo feliz, isso posso admitir, e só ganhou popularidade por apesar do estatuto de palavrão acabar por ser uma opção mais razoável do que o termo institucional vagina.
Porém, cona é uma palavra inspiradora até nas letras que a formam, nomeadamente aquele ó tão apetecível que nos permite uma ligação mental directa a um espaço paradisíaco e sem o qual nenhuma pila como eu conseguiria sobreviver, pelo menos com a mesma vitalidade que gosto de louvar. Sim, os coisos agarrados à nós convencionaram que cona não se pode dizer ou não se deve dizer embora ande na boca de muita gente e disso não falo por interposta piroca, sou testemunha.

Contudo, essa palavra para mim tão apelativa sofre uma mutação tão horrível como se de repente os coisos agarrados a nós passassem a ter lâminas de barbear entre as pernas em vez de pirocas magníficas como a que coube em sorte ao coiso agarrado a mim,
Kona parece ser a mesma coisa, soa parecido e tudo, mas há a tal questão de pormenor (e o diabo está sempre nos pormenores) que parece irrelevante para as coisas e os coisos mas para uma pila não é, pois transforma um espaço seguro e acolhedor numa guilhotina imaginária..
Bastam dois dedos de prepúcio para perceber que é um insulto associar à palavra mais bonita do Universo a letra mais insuportável do alfabeto! Qualquer pila percebe porquê.
E a de um tal de Lorenzo Bobbit pode explicar com maior detalhe...

25 maio 2012

Guerra dos sexos? Quero mesmo é que se foda!


Aqui há dias estive um bocado na palheta com uma passarinha que por acaso estava num dia difícil e por isso deixámo-nos entreter assim.
Percebi nesse diálogo que as passarinhas também podem ser feministas, o que só lhes fica bem, mas como sempre acontece nas convicções mais firmes por vezes exagera-se na dose e a causa murcha.
Não terá sido o caso, pois a passarinha em apreço não tolera a flacidez nas certezas.
Dizia ela que se sente muitas vezes discriminada por tabela, por causa da coisa agarrada a ela que afirma ser uma vítima de um sistema profundamente machista e que, alegadamente, priva as fêmeas de direitos que nos são reconhecidos. A nós pénis, bem entendido.
Confesso que nunca me apercebi desse fenómeno, embora ela tenha chamado a minha atenção para uma outra discriminação que até acontece entre as pilas (algumas ainda trazem agarrados coisos sem alma de coisas), nomeadamente as pilas pretas. Eu reagi de imediato, invocando a clara preferência de milhões de passarinhas por uma pila escura, mas ela contrapôs com o argumento de que residia aí o preconceito: pila preta tem que ser um pilão. E isso deixa logo à partida as pilas pretas mais pequenas num embaraço que nem consigo imaginar (fácil de perceberem porquê...).
Num momento mais acalorado da nossa troca de impressões ela até recorreu ao vernáculo de taberna para chamar a minha atenção para o facto de as coisas e os coisos se mandarem para o caralho, ponto, e em contrapartida mandarem-se sempre para a cona de alguém, seja da prima, da tia ou da mãe, mas invariavelmente para uma cona específica, apenas aquela, enquanto para o caralho pode ser qualquer um a vestir a pele de destinatário daquela encomenda.
Claro que eu tentei logo puxar a brasa ao meu sardão e argumentei, nessa altura já completamente fora de mim – estes desafios intelectuais arrebitam-me imenso, que isso só provava o apreço dedicado às passarinhas ao ponto de as associar sempre a uma cona da família, enquanto o caralho surge como um estranho, uma incógnita sem qualquer particularidade que a defina. Pode até ser para o caralho que te foda, um grau mais elevado do insulto, que mantém-se na mesma a indefinição, a identidade e paradeiro desconhecidos e por isso com boa hipótese de nunca se encontrar esse caralho em concreto e extraviar-se uma retumbante asneirada.
Mas a passarinha nem vacilou, apesar de eu ter chamado a atenção dela até para o calibre dos piropos dedicados às fêmeas da genitália, que lindo papo de cona, por exemplo, enquanto a nós o melhor que se pode ouvir é que somos grandes. Nem inteligentes nem bonitos, apenas grandes ou em alternativa o drama de um silêncio ou a tragédia de uma gargalhada.
Nem assim ficou convencida, o que até me serviu de pretexto para combinar na hora o segundo round daquele estimulante combate de ideias.
Se possível para um dia mais propício para aprofundá-las...

01 maio 2012

Desabafos de uma piroca trabalhadeira

A propósito do Dia do Trabalhador veio-me à memória um plenário das pilas no WC de uma cervejaria em Lisboa, anos atrás.
Em causa estavam as pilas do tempo do chora, sempre a queixarem-se por tudo e por nada e a reclamarem direitos que eu, por exemplo, mesmo sendo de esquerda (pelo menos tudo aponta nessa direcção) jamais incluiria no rol de exigências.
Vai daí uma assim mais para o robusto começou a falar mais alto (pois, mesmo entre nós pilas tamanho não é documento mas acaba por ter a sua influência…) acerca do gravíssimo problema das horas extraordinárias.
As horas extraordinárias? Como o próprio nome indica, e sobretudo no contexto das nossas funções fálicas, não podem ser um problema! Reparem, suas pilas murchas: a expressão “horas extraordinárias” contém uma pista importante para lá chegarem sem eu ter que fazer um desenho.
Então mas agora uma pila ia ter horário de trabalho? Das tantas às tantas isto e das tantas às tantas aquilo? Foi logo o que eu disse à tal pila grandalhona: és grande mas não deves ser grande coiso…
As horas a mais são mesmo extraordinárias e por isso não vejo onde está a razão de queixa, excepto para aquele tipo de pila que só cumpre calendário. Chegam ali, picam o ponto e acabou. Às vezes dá a sensação que só pegam ao serviço para tomarem o cafezinho e recolherem de imediato à casota logo a seguir.
Eu sei que pode-se ser chamado ao serviço a qualquer hora do dia e da noite e nessa matéria o coiso agarrado a mim já aprendeu que o meu estado de prontidão é permanente, pareço uma pila bombeira. E ele confia na mangueira sempre à mão para qualquer emergência, não há cá reivindicações.
Sim, reclamo quando há motivos concretos para o fazer. Mas não invento contrariedades onde eles não existem e são raras no cargo que nós pilas ocupamos, este papel na vida que compete a quem nasce ao pendurão mas afinal tem por missão arrastar para a felicidade umas criaturas esquisitas e complicadas que o destino nos impõe.
Por isso não alinho em grupos de pilas e acho que cada uma trata de si.
É que eu sou pau para toda a obra, não sirvo só para fazer chichi.

25 abril 2012

Eu, falo de esquerda


Como se aproximam as comemorações de mais um aniversário sobre a Revolução de Abril e porque nem as pirocas podem alhear-se dos benefícios que a efeméride representa vou nesta ocasião explicar exactamente isso: o que representam para uma pila os valores de Abril.
Bom, desde pequenina (que nunca fui) tenho uma inclinação para a esquerda que não me deixa mentir. Mas nem vou por esse caminho fácil da predestinação, pois é óbvio o meu apego à liberdade. É em liberdade que atinjo o meu apogeu! Livre de roupas, livre de constrangimentos, livre para exibir a melhor pila que sou.
Mas a essa liberdade estão associadas outras não menos relevantes (relevo é o meu apelido do meio), como é o caso da liberdade de expressão. Sim, a expressão do meu potencial deve ser livre e não constituir um embaraço na praia para o coiso agarrado a mim e que me enterra na areia para dissimular essa manifestação de apego à vida que ofereço ao mundo com toda a naturalidade de que vos falo. E sei sempre do que falo, por inerência.
Existe ainda a liberdade de escolha, tão reprimida no passado e que mergulhava as pilas na falta de alternativas ou as forçava à clandestinidade promíscua no interior de serviços públicos de satisfação, sempre em busca de uma variação que o Regime conservador proibia com a veemência que murchava a vontade a qualquer cravito mais arrebitado. Agora a oferta ainda abunda e a procura não cessa de evoluir, pois até a economia do país conheceu os inúmeros benefícios da maior abertura aos mercados! Isto, claro, até ao dia em que os malabaristas da finança  foderam o poder de compra ao pessoal.
Mas nem só em tempo de vacas gordas nós pilas apreciamos a liberdade que a Revolução nos ofereceu de forma directa (nudismo nas praias antes do 25 de Abril? Filmes porno em exibição nos cinemas antes do 25 de Abril? e por aí fora...) ou indirecta, pelo quanto influencia o estado de espírito dos coisos agarrados a nós.
Também eles funcionam melhor quanto mais livres se sentem para dar voz à felicidade como gostam de a experimentar que, falo por mim, é à fartazana.
Por isso voltarei a erguer a minha voz quando a juntar à do coiso agarrado a mim, enquanto ecoar pela vizinhança o Grândola Vila Morena bem alto, com a afirmação inequívoca da força na verga para lutar contra os que ameaçam, castradores, a liberdade de que nem as pilas algum dia abdicarão.

02 abril 2012

Fico melhor de perfil

Sempre achei discriminatória a aversão mais ou menos consensual ao nu integral na sua face masculina. Por algum motivo que me escapa as fotos de coisos agarrados connosco à mostra parecem chocar as (os?) mais sensíveis e eu, santa paciência, só vos digo que as pilas só chocam se ficarem destravadas. Ou se marrarem contra elas, o que me parece ser o caso e já justifica a reacção.
Mas sabemos bem que esta aparente indignação que vai mantendo em aberto uma forma de censura mais do que evidente não passa de (mais) um sacudir do capote a água benta da hipocrisia.
Nem se atrevam a presumir que estou aqui a fazer a apologia da multiplicação das pilas em fotografia, pois não me posso assumir uma pila fotogénica e não aprecio pilas, ponto. Aqui o que está em causa é a tendência irritante para proibir, para banir tudo quanto fuja a determinado padrão e por isso se torna de imediato numa ameaça potencial, num insulto virtual, numa enorme maçada.
Eu sou uma pila recatada, sem ilusões de vir a forrar as paredes de salões de cabeleireiro por esse mundo fora, quando o mundo cair em si e perceber que as pilas fazem parte do conjunto tanto quanto os dedos ou mesmo os seios que aqui e além se vão deixando a descoberto para vender uma mercadoria qualquer. Por isso não reclamo para mim essa liberdade de exposição ao olhar transeunte, até porque nem me acho elegante numa dinâmica badalo.
Contudo, acho que as pilas devem ter uma palavra a dizer quando a sua natureza é serem servidas ao natural, sem o condimento da opacidade a que estamos condenadas fora do circuito clandestino das imagens proibidas ou dos compartimentos fechados onde é permitida a respectiva exibição.
Eu ergo de imediato a voz da minha indignação, mesmo arriscando a que o coiso agarrado a mim não consiga interpretar o meu gesto como uma forma de luta e não como um estado de alerta. Porque é disso mesmo que se trata, de um estado de alerta perante a censura às imagens dos membros meus iguais (ou parecidos, mais pequenos na sua maioria, como é fácil de comprovar...).
Hoje cortam-nos da fotografia, amanhã sabe-se lá onde irão cortar!

13 março 2012

E damos tudo por uma boa vizinhança

Sempre achei que deve existir um elo de ligação forte entre nós, eu e o coiso agarrado a mim. De resto, ainda há dias numa troca de impressões com uma passarinha que frequento amiúde veio à baila a sua relação com a coisa agarrada a ela e, garanto-vos, se fosse de chorar tinha sido ali que me desfazia em lágrimas.
A prontidão com que a coisa agarrada a essa passarinha se predispunha a acolher-nos constituiu sempre uma grata constatação para mim. No entanto, nunca me deu para pensar acerca do que distinguia aquela coisa das outras apesar de achar recomendável todo aquele arejo que, toda a gente sabe, só dá saúde e boas cores.
Mas naquele dia a passarinha resolveu abrir-se ainda mais para mim e partilhou uma inconfidência, estava eu a louvar a atitude tão porreira da coisa que tantas vezes a libertava do tecido opressor quando fiquei a saber em segunda mão (a canhota tinha por lá passado um nadinha antes) que a passarinha era claustrofóbica. E a coisa agarrada a ela parecia sentir-lhe a aflição que tentava exprimir por todos os meios ao seu alcance, nomeadamente tentando até afogá-la (pelo que tenho visto até era bem capaz de conseguir…).
Felizmente nunca precisara de ir tão longe, tamanha a facilidade de comunicação, o tal elo de ligação que deve existir entre as partes e que tanta diferença faz na hora das decisões que só as coisas e os coisos podem tomar por nós e que permitia aquela maravilhosa sintonia, a passarinha a toda a hora fora da sua gaiola de pano e a coisa agarrada a ela sempre a irradiar alegria e boa disposição.
Quando me penso no contexto desta parceria forçada com o coiso tendo muitas vezes a negligenciar o culto de proximidade, os dias passam a correr e as noites ainda mais e uma pila acaba por não ter tempo nem cabeça (credo, que imagem horrível me aflorou a mente) para solidificar os tais laços que, bem vistas as coisas, facilitam a vida a toda a gente. Mas acabo por perceber que a nossa relação acabou por se moldar na mesma à semelhança da que a passarinha tanto louvou.
É que eu não sofro de claustrofobia mas não gosto nada de roupa e nunca soube manifestar esse desagrado sem ser à marrada. Todavia, a minha ligação com o coiso foi sendo construída sobre alicerces sólidos até se tornar num imponente edifício (sim, eu sempre fui o elevador…), chegando o dia em que a sua mais importante fracção mergulhou de cabeça na onda da propriedade horizontal e o coiso, que funciona como uma espécie de administração do condomínio, parece mesmo eu na forma como privilegia com entusiasmo o usufruto frequente e a liberdade inerente à partilha intensa de traseiras, de terraços e das outras partes comuns.  

28 fevereiro 2012

Piroca Colossal - O Regresso

É natural que nesta altura muitos (e muitas, e muitas) de vós já assumam um ligeiro desconforto próprio de quem já sente alguma falta de piroca.
Não serei hipócrita ao ponto de afirmar que entendo esse fenómeno, pois em matéria de piroca só sentiria falta de mim mesmo e isso parece-me tão lógico e razoável como uma rapidinha dada em cima do tapete de pregos de um faquir.

Feito este intróito e deixada no ar uma imagem tão sedutora começo por apresentar as minhas desculpas pelo intervalo de tempo tão prolongado (mas por isso mesmo coerente) desde a última que vos dei.
Como devem calcular, e a menos que permitam que me aproxime imenso da vossa genitália, estou dependente do coiso agarrado a mim para comunicar. Ou seja, só vos posso dar uma (ou mesmo duas) quando ele entende colaborar. Claro que isso é de uma injustiça flagrante, pois quando trocamos de posições neste raciocínio eu assumo de imediato a condição de porta voz(*) dos seus anseios e expectativas e ergo-a (a voz) até que o prepúcio me doa ou o coiso esteja à beira de uma coisinha má, o exagerado.

Contudo, também se escreve direito por pilas tortas e cá estou eu de novo com a carola no ar em busca de novos aspectos interessantes para partilhar convosco, querendo aproveitar o ensejo para vos enfiar pelos olhos uma verdade insofismável: este período de abstinência não permite associações fáceis de ideias tolas em matéria de inactividade da parte da piroca, de todo! Com esta piroca colossal ninguém morre à míngua.
A abstinência foi apenas verbal. E esse departamento é mais da língua...

(*) sim, daí aquela conotação fálica popular ao microfone. Tenho que vos explicar tudo...

10 agosto 2011

E que tal cada galho no seu macaco?

Como já devem ter percebido por alguns dos meus desabafos sou uma pila sensível e delicada, para além de hirta e firme quando toca a reunir.
Ora aqui há dias ouvi o coiso agarrado a mim a rir e tentei perceber do que falava, pois para além dos predicados acima também sou, como as melhores pilas, dotada de um refinado sentido de humor.
De resto, ainda ontem no urinol de um restaurante uma pila me contava que abraçou a carreira de palhaça porque sempre que as coisas agarradas às passarinhas a olhavam desatavam a rir e foi assim que a tal pila, nada curta de vistas, percebeu a sua verdadeira vocação e agora conta anedotas a todas as pilas que encontra. E eu, olhando para a minorca, percebi a piada toda da situação.
Por isso tentei perceber de que tratava a galhofa entre os coisos e com franqueza não lhes achei piada nenhuma, pois estavam alegremente a debater onde é que teria sido melhor nascer-lhes uma piroca, como se houvesse sítio melhor do que o real e, pior ainda, como se fossemos nós a nascer neles e não o contrário.
No meio da risota, a maioria defendia que na testa é que era bom, mas outros até se atreviam a sugerir as mãos ou os pés! As mãos ou os pés? Então e a pila andava aí a pisar tudo quanto é porcaria e (aí até dava jeito a algumas, coitadas) a ganhar calo? Ou a mexer em coisas sujas como o dinheiro e outras porcarias em que os coisos agarrados a nós chafurdam?
Às tantas chegou a vez do meu apêndice dar a sua opinião. E não é que o cabrão afirmou a pés juntos que bom era mesmo ter a piroca no queixo? Como se fosse uma barbicha badalo?
Como é possível que um coiso a quem tenho dado tantas alegrias onde estou possa achar que eu estaria melhor à vista de todos, ao pendurão como um chispe?

Pois eu acho é que o coiso agarrado a mim de cuja boca só saem disparates, essa verrugona, ficava melhor atarrachado aos tomates. Ou enfiado pela carola numa...

(Agora, com a fúria, varreu-se-me.)

29 julho 2011

A piroca pergunta

Será normal eu, pila, de vez em quando ter ciúmes da boca do coiso agarrado a mim? E será legítimo algum receio de um dia me ver substituída por ela na minha função principal?

25 julho 2011

Porque só os cravos murcham!


Descobri cedo, logo no embrião da minha entrada em (novas) funções, que a minha liberdade não está limitada apenas pelos constrangimentos anatómicos da minha condição de pila.
O coiso está agarrado a mim e desconfio que assim se manterá até ao fim dos meus dias, nada a fazer. Porém, esta relação de interdependência não é equilibrada. Sou um nadinha mais pequena do que ele (é tudo muito relativo em termos cósmicos) e ainda bem, ou sempre que eu me entusiasmasse acabávamos os dois no meio do chão.
Este desnível nas dimensões não explica mas ilustra a relação de poder que se estabelece entre o coiso e a sua pila, muito condicionada pela convicção dos coisos agarrados a nós de que não passamos de meros apêndices seus. Isso implica o autoritarismo presente na esmagadora maioria destas ligações complicadas, uma prepotência que impõe uma espécie de lei da selva na zona do matagal.
Ou seja, o coiso agarrado a mim tem a faca e o queijo na mão e acaba por ser tudo feito à maneira dele. Se o Benfica está a marcar uma grande penalidade quando vamos a caminho de uma mijinha lá tenho eu de me aguentar à bronca. Às vezes tenho perante mim uma passarinha completamente disponível para me acolher e o coiso lá em cima a complicar com os problemas e constrangimentos de coiso e acabo em doca seca sem necessidade. Isto tem algum jeito?
Claro que posso estar influenciado pelo último plenário das pilas em que participei, no wc de um centro comercial, e embora perceba que o drama vivido pelas minhas homólogas se reveste de contornos bem mais penosos sou uma piroca solidária e percebo a revolta contra esta espécie de escravatura que a abstinência forçada nos impõe.
Não votei a favor das medidas de luta mais radicais, admito, pois embora entenda a necessidade de nós pilas termos uma palavra a dizer (porque até os coisos sabem que pensamos pela própria cabeça) os meus hábitos de vida levaram-me a propor, em vez da recusa em nos apresentarmos operacionais no posto de trabalho, uma greve de zelo.
Seja como for, ando inquieta com os efeitos da crise nas pilas europeias em geral e nas portuguesas em particular e pelos quais pagamos o preço do tal abuso de poder por parte dos coisos que, de forma paradoxal, até podem menos do que antes.
Por isso nós pilas temos que lutar por uma maior autonomia antes que se perca de todo a fé nos amanhãs que levantam.
Eu sei que isto parece discurso grevista de comuna sindicalista e ateu, mas é só porque o tesão foi-se e essa é uma verdade sem ponta por onde um martelo pilão a possa pregar.

15 junho 2011

Braguilha indiscreta

Embora nunca tenhamos estado cara a cara, por vezes eu e o cu do coiso agarrado a mim trocamos umas impressões.
São conversas esporádicas, ao estilo vizinhos na penitenciária em celas contíguas, até porque o cu tem muito paleio de merda e não há piroca que aguente. Porém, acabamos por nos manter a par das novidades [mais ele, que só com um espelho à frente - pelas costas - consegue deitar um olho (esta foi sem querer, cu...)] ao que se vai passando nos meus momentos de acção.
O cu do coiso agarrado a mim é enfadonho, tem aquele discurso típico de porta de saída. Umas vezes é assim, outras vezes é assado, mas o que ele tem para contar nunca passam de intimidades bizarras com a louça sanitária e pouco mais. Ainda por cima tem um feitio do caraças e de vez em quando fica tão possesso que até bufa, mas na maior parte do tempo nem se dá por ele lá na traseira do coiso agarrado a mim.
Mas isto vinha a propósito das conversas entre nós e aqui há tempos, estávamos nós num daqueles momentos entediantes em que nem dele saía nem eu entrava, deu-nos para falar da crise.
Sim, esses assuntos de coisos agarrados a nós também podem interessar. Sobretudo quando lhes sentimos os efeitos e não julguem que somos imunes.
Dizia-me o cu que se sentia melindrado porque tinha ouvido alguém dizer que o coiso agarrado a mim andava com o cuzinho apertado por causa de uma aflição qualquer. Claro que eu lhe disse logo que isso é perfeitamente normal, que nem sempre o coiso era livre de aliviar as aflições e por isso apertava para adiar.
Mas não era disso que o cu estava a falar e fiquei preocupado quando ele me contou que ouviu dizer que o coiso ficava todo mijado de cada vez que lhe telefonavam de uns sítios quaisquer que tinham a ver com pilim. Ora, eu sabia que isso era uma calúnia, ninguém melhor do que a piroca para o confirmar. Aliás, retorqui de imediato que também ouvia dizer que quando o coiso agarrado a mim percebia que eu ia poder exibir-me naquilo que de melhor sou capaz, não desfazendo, até os pelos do cu batiam palmas. E claro que eu não acreditei.
Contudo, aquele papo levou-me às inevitáveis associações de ideias na óptica genital.
E foi aí que me lembrei de uma frase a que não dei a devida importância na altura porque sabia não corresponder de todo à realidade, mas uma piroca com o meu brio não pode negligenciar quaisquer sinais de alerta.
O coiso estava com a braguilha aberta e eu ouvi-o dizer que andava sem tusa para enfrentar cada novo dia, chateado e assim.
Juro que só não partilhei essa inconfidência com os meus acessórios porque o coiso também referiu que andava sem tomates para enfrentar tanto problema e eu bem sei quão sensíveis estes gémeos inseparáveis se podem revelar...

18 maio 2011

Sem alma pioneira

Gosto de me acreditar uma pila de bem, cumpridora da lei, atinada.
Porém, existe uma parte de mim que se deixa influenciar pelo coiso que trago agarrado e nem sempre o gajo é boa influência.
Sim, apesar de ser uma pila decente (excelente, segundo dizem) tenho no meu percurso a mácula de crimes que pratiquei de forma involuntária, apanhado de surpresa pela iniciativa do coiso agarrado a mim e sua natureza marginal.
Sei que não há duas passarinhas iguais, são como as impressões digitais e existe sempre um detalhe que as distingue do resto da passarada. Ouvi até contar que as há mais renitentes, inacessíveis, sem contacto conhecido com qualquer piroca!
Claro que julguei tratar-se de um mito urbano. Mas naquele dia o coiso agarrado a mim enfiou-me, desprevenido, numa dessas fortalezas com portão reforçado. Aquilo parecia um mostruário ambulante da Securitas. E eu percebi logo que estava metido onde não era chamado, aquela passarinha tinha o caminho barrado e cabia-me, só o percebi nessa altura, a tarefa de literalmente arrombar a porta e tomar de assalto o espaço que, estando assim vedado, era com certeza proibido e por isso ilegal.
Quase desfaleci quando me percebi metido na boca da loba (a boca em sentido figurado, claro) e sem hipótese de bater em retirada sem me comprometer enquanto cúmplice do coiso que me empurrava contra a muralha defensiva com menos aceleração, é certo, mas com o mesmo vigor a que me habituara.
Fiquei ali sem saber muito bem o que fazer, mas às tantas percebi que já estava mergulhado no esquema até às orelhas (em sentido figurado também, naturalmente) e mais valia tratar do assunto quanto antes, para evitar ao máximo ser apanhado com a boca na botija ou a coisa agarrada à passarinha desatar práli aos gritos como já me tinha acontecido tanta vez.

Bom, lá acabei por consumar o assalto à piroca armada e quebrei as defesas daquele bastião anti-piroca. Mas só eu sei o que me custou, aquela tensão permanente, o medo de ser apanhado por algum sistema electrónico de vigilância (uma piroca às escuras não consegue topar, por exemplo, uma webcam lá instalada) e aquela sensação desconfortável de não se saber se no meio de tanta cabeçada no portão não se deu cabo de alguma dobradiça. Uma nóia, digo-vos eu...

Claro que muitas pirocas não acreditam em mim quando lhes falo desta experiência (não digo que era eu, claro, digo que apenas ia a passar e testemunhei a ocorrência). Dizem que nunca entraram numa dessas passarinhas e acham que não passam de invenções de pilas com pouca rodagem ou com problemas no motor de arranque, desculpas de mau pagador.
Mas eu estive lá e vivi essa aventura marcante, esse momento traumatizante que algumas (muito poucas) pirocas mais batidas diziam ser pintado pelos coisos agarrados a nós como uma espécie de vitória, por serem os primeiros a desbravar esses territórios por explorar.

Mas a mim só apetecia chorar, de remorso.
Pelo menos até ao dia em que a coisa agarrada à tal passarinha telefonou ao meu apêndice a pedir para lá irmos outra vez...

25 abril 2011

Num referendo às partes, o sim tinha maioria absoluta


Ao contrário das coisas e dos coisos agarrados a nós, as passarinhas e as pirocas não tem qualquer dificuldade de comunicação. O segredo está na nossa sinceridade brutal, na nossa espontaneidade sem merdas. Uma passarinha jamais diria não quando lhe apetece dizer sim, pois ela melhor do que ninguém sabe quando é sim ou sopas. O mesmo se passa connosco, pirocas, que nunca diríamos não quando, é meu caso, por exemplo, até queremos sempre dizer sim.
No fundo connosco é pão, pão, queijo, queijo. Que é como quem diz se é para comer não vale a pena inventar fastio só para dar uma pala qualquer ou porque é assim que deve ser.
Mas deve ser porquê?
Se as coisas ou os coisos percebem, e não há como fazerem-se desentendidos nessas cenas, que as evidências reclamam determinada atitude não faz sentido optarem pela inversa.
Claro que a gente, lá em baixo, ouvimos as suas argumentações e as razões que julgam assistir-lhes e por isso estamos habilitadas, passarinhas e pirocas, a formular opiniões fundamentadas na lógica de ambas as partes interessadas. E não há grande volta a dar quando alhos e bugalhos entram num debate a sério em igualdade (forjada) de circunstâncias, às vezes com as questões teóricas a sobreporem-se ao que a prática tão bem releva.
Desabafava comigo há tempos uma passarinha velha conhecida que no fundo é um desperdício nós, equipamentos de série, sermos funcionais e prestáveis e depois termos a desdita de o destino nos agarrar coisas e coisos que pouco ou nada usam e/ou usam mal e porcamente estes utensílios ainda mais vocacionados para o prazer do que as bocas que usam tanto para disparatar e tão pouco para complementar o nosso trabalho e se constituírem as mais-valias que qualquer coisa ou coiso menos complicativos sabem bem avaliar.

20 abril 2011

Eu, piroca, também falo de temas da actualidade

Uma das vantagens de se ser pila é passarem-nos ao lado estas crises de que toda a gente fala agora. Claro que, como de costume, falo por mim que cada piroca terá a sua própria consciência e uma opinião acerca destas coisas tão importantes para os coisos agarrados a nós que até já ouvi dizer que alguns perdem o gosto pelas nossas mais imprescindíveis utilidades.
O meu não perdeu, apesar de tanto se chorar da conjuntura malvada que às vezes o deixa sem ponta por onde se lhe pegue. Excepto a minha, claro, que contra as más influências externas possuo uma inviolável couraça.
Se não fosse pelo efeito bumerangue atrever-me-ia a dizer que alguns coisos agarrados a nós são uns pilas moles, sempre cheios de pretextos para deixarem os seus membros viris pendurados numa situação sem jeito nenhum.
Por acaso uma piroca pode ajudar a resolver a crise? Não pode, mesmo que o faça com agá. Mesmo tendo em conta as regras do mercado, nomeadamente a lei da oferta e da procura que tanto nos favorece, as mais afoitas e funcionais, nestes dias marcados pela negra estatística de 500 mil pirocas com disfunção eréctil (nossa senhora dos penduricalhos me guarde e proteja), a crise é tão profunda que não vão lá nem com um novo Manel25 ou 26 na Assembleia da República.
Assim sendo, para quê envolver as pirocas nestes assuntos tão deprimentes senão como uns antídotos sempre à mão para combaterem os estados de alma mais murchos e assim?

13 abril 2011

Têm é fome de conversa

Nem que seja por uma questão de coerência gosto de tratar todos os assuntos com elevação.
Aqui há dias calhou ouvir, acho que num programa de televisão, várias pessoas a debaterem o problema de uma tal de homossexualidade que eu nem sabia de quem se tratava mas qualquer coisa na palavra prendeu a minha atenção.
Acabei por perceber que se referiam a coisos agarrados a pirocas que não gostavam só da sua. E parece que entre as pessoas o tema é muito controverso e gera imenso paleio embora não levante mais do que pó verbal.
Foi então que me lembrei que já tinha calhado em conversa com outra piroca esse assunto, o coiso agarrado a ela tinha esse gosto por outros coisos e pronto.
Para uma piroca a polémica não faz muito sentido pois não só não sabemos distinguir bem onde nos metem(os), na maioria das vezes nem temos tempo para ver nada, como no fim, pelo que me disseram, o resultado é o mesmo.
Bom, eu confesso que gosto das preferências do coiso agarrado a mim. Seria hipócrita se afirmasse o contrário e até o admiti à tal companheira de luta que trocou comigo uma impressões assim de corrida (que o assunto a nós diz pouco). Contudo, pasmo com a gritaria entre as pessoas por causa desse detalhe que, julgava eu, era igualmente irrelevante para toda a gente menos para o próprio e quando muito poderia haver uma piroca mais rebelde e que se recusasse a funcionar na presença de uma homóloga ou assim.
Honestamente não sei como reagiria, mas a menos que me transplantem não estou a ver que algum dia me veja perante essa situação e por isso deverei morrer na ignorância.

Acho é que, a avaliar pelo sururu a propósito da tal de homossexualidade (continuo até hoje sem saber quem seja) que tem a ver com os coisos que gostam de coisos (também disseram que as coisas podem gostar de outras coisas mas nisso recuso-me a acreditar e só pode ser porque não deram às suas passarinhas uma oportunidade de terem uma conversa franca comigo), em matéria de ignorância estamos equilibrados e ninguém me tira da cabeça que aqueles coisos mais valia pensarem com as das suas pirocas.
Não fariam pior figura...

24 março 2011

Uma moda com éfe maiúsculo

Uma coisa que me chateia é a falta de opções no guarda-roupa quando o gajo agarrado a mim me leva a sair. Ou a entrar, bem vistas as coisas.
É injusto que eu me veja oprimido por calças de todos os tipos e feitios, uma variedade imensa de peças de roupa, e quando toca a minha vez de poder usar uma roupita é sempre a mesma coisa. Enfia-me numa coisa horrível da cabeça aos pés (isto dos pés é em sentido figurado, claro), com um cheiro a borracha, ignorando o facto de eu ser um nadinha claustrofóbico e pronto. Acha o gajo que assim tá bem, veste-me (plastifica-me) com aquela fatiota e deve julgar que lá por haver daquilo com diversas texturas e sabores já é uma indumentária variada.
E tem a lata de lhe chamar camisa. Camisa? Onde estão as mangas? E os botões? E alguém tem a lata de chamar colarinho ao enrolamento na entrada daquela dedeira? Já nem falo de uma gravata ou assim, que pudesse dar um ar decente à farda que o gajo me impinge naquilo que deviam ser dias de festa...

Eu posso parecer um bocado rezingão, mas é que me falta a respiração enfiado naquilo e não há maneira de conseguir achar-me bonito com tal farpela.
E a porra é que dá ideia que a cena é quase um traje de cerimónia e há passarinhas que quando me apanham despido comportam-se como porteiros de discoteca...