14 março 2011

Pinguços São eles!

Um destes dias estava eu em repouso, que aproveito para meditar (para me deitar...), quando me ocorreu outra vez a falta de dignidade com que se tratam os assuntos com pila.
Nem mesmo os mais interessados, os coisos agarrados a nós, se revelam capazes de pugnarem pela dignificação do símbolo da sua masculinidade e alinham em paródias sem jeito nenhum.
Em causa está, por exemplo, a delicada questão da sacudidela depois de um chichi. Dizem eles que por mais que se sacuda, a última gota é sempre das cuecas.
Tá mal.

Das duas uma, ou assumem que não sabem sacudir em condições ou deixam-nos (as pilas) ganhar uma reputação de pinguços que é tão injusta quanto involuntária.
É uma questão prática: nós pilas não possuímos os meios para procedermos a uma sacudidela e isso deveria ser óbvio para os coisos agarrados a nós. Mas não é. E por isso nos deixam nesta figura ridícula, com a pinga a manchar-nos a reputação quando são eles, os coisos, que com a "pinga" nem conseguem apontar a mira para uma abertura de sanita onde até com um canhão de água seria difícil não acertar...

O ponto de vista de uma vagina

Monogamia

Nem sabes tu meu Amor... como repugno a ideia de conspurcar o sentimento que te tenho com apenas o toque de outra pele feminina no meu corpo. Jamais deixaria que outro peito - por via de umas quaisquer mãos - batesse por ignição ou mera sugestão minha. Seria definitivamente um irremediável sentimento de violação que não pretendo conhecer.
Conheço sim o toque do teu corpo, o bater do teu peito em uníssono com as palavras ternas que proferes a todas as ocasiões do dia. São perfeitas badaladas.
Conheço sim o eriçar da tua pele quando se junta aos meus dedos; aos meus lábios quando procuram o berço percorrendo cada centímetro numa cegueira de luz.
Conheço o som soluçado do teu êxtase e o esquecer momentâneo da respiração enquanto contorces o corpo em taquicardia de prazer.
É só o que preciso de conhecer. É só o que quero viver.

x - Évelyne Louvre-Blondeau



le blog d'Évelyne Louvre-Blondeau

13 março 2011

Sexo com narrativa?!

«Indecisão» - por Rui Felício


Não sei se me quero deixar levar por este desejo novo e inesperado que me surpreende, não sei se quero viver até sorver esta quimera que parece dizer-me: “venho questionar as tuas certezas demasiadamente ancoradas”.
Como recusá-lo? Negá-lo é demasiado fácil e demasiado difícil ao mesmo tempo...
Recusa-se um copo de champanhe? Sim, parece que às vezes devemos afastá-lo, com o argumento de que se quer evitar a dor de cabeça ou a indisposição que se lhe pode seguir. Se o recusar, resta-me o prazer de admirar a textura do vidro, a observação do liquido efervescente, a contemplação da sua cor subtil, a captação das exalações capitosas que dele emanam. Sem nunca tocar nem provar o divino néctar, terei roçado, apenas virtualmente, o suave deleite que me invade como um maléfico mas gostoso veneno. Mas, incompleto, sabe-me a frustração...
O meu lado cartesiano diz-me: São futilidades! Reage! Esquece!
O meu lado físico, carnal, incapaz de resistir à tentação, responde-lhe: Descartes, deixa que o corpo se entregue a este convite tão sedutor. Em plenitude!
Suspiro, sim suspiro. Suspiro de impaciência porque o recuso, mas suspiro também de esperança no meu ardente desejo de concretizá-lo.
Estranho esta vontade meio etérea, meio real, que emergiu de repente de nenhum lado, ou, melhor dito, de nenhum lugar preciso. E no entanto, eu já antes conheci este desejo muito físico, muito desconcertante, sem nunca o saciar.
Conheço a dor e o tormento da indecisão. É normal quando se é jovem. Na juventude, ela explica-se pela natural timidez, pela inexperiência e pelo receio da novidade. Nesse tempo, o desejo fica guardado como um segredo. A sete chaves...
São vontades originadas pela pura atracção, pela presença muito carnal, ou mesmo e unicamente, em resultado da sua simples existência.
Mas agora, com esta idade, é diferente. Parece que acedo a um desejo já de uma nova geração, aceso por partículas ou electrões, ou mesmo por um pensamento subliminar ou telepático, sendo eu, ainda para mais, precisamente de uma outra, mais antiga e mais conservadora geração.
Deste desejo, deste tempo forte, como em música, conheço-lhe a mecânica e o desenrolar, e sobretudo, o desânimo por não ser tangível a sua causa motivadora.
Para não sofrer, aceito a realidade com racionalismo, com uma capa de distanciamento e frieza, antes que a fraqueza se instale, como nas pausas da música que antecedem a apoteose.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

Maria Marioneta

No número trinta e seis fica a casa das janelas amarelas. A casa das janelas amarelas tem cortinas de um verde bonito, um verde todos os dias ferido pelos raios de Sol, todos os dias o banho da lua lhe serena o ardor. Através das cortinas de tecido grosso, vejo que espreitam os olhos do sono pesado e da marioneta. São azuis, os olhos e atiram aquele verde bonito, no corredor do olhar, para todos os cantos da rua. Sai de casa a marioneta e não sabe quanto do sono lá fica. Chama-se Maria e vai tomar café muito quente com adoçante à pastelaria do senhor Manuel, não quer engordar porque à noite quer continuar a tentar retirar amor do sexo com o amante, se engordar mais até se pode esquecer de continuar a gemer, pode começar a procurar o abraço que lhe tape o corpo dos olhos do homem em vez de procurar o que lhe disfarça o vazio. Paga com o dinheiro que lhe dão em troca de ter os dias todos iguais, chama-se horário de trabalho. Paga e só pensa no café; quando os dias são todos iguais, gostam de se distrair do tédio engolindo os pensamentos das cabeças; Maria não sabe se é feliz, muito poucas vezes pensou nisso, talvez só tenha pensado por alto e deduzido que a felicidade é uma espécie de história que se lê na escola. Maria mora no número trinta e seis, na casa das janelas amarelas com verdes cortinas sonhadas e compradas numa altura qualquer antes do sono lhe oferecer fios de marioneta.

Medicina alternativa

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12 março 2011

Um mau negócio


O Casimiro, homem pacato de origem humilde e tido por pessoa de bem na sua aldeia saloia do final do Séc. XIX, era casado com uma das mais belas mulheres da região.
Um dia, um forasteiro abastado oriundo de Espanha e proprietário de terras e de casas na zona, cruzou-se com o casal no adro da igreja e não lhe passou despercebido o encanto de Genoveva.
Ciente do seu poder sobre a população local e conhecedor da condição financeira do casal não hesitou em dirigir-se a Casimiro para lhe propor, com arrogância, a quantia de 20 reis em troca de uma noite com Genoveva.
Casimiro, lançou-se de imediato ao fulano e desancou-o sem piedade até o deixar prostrado no chão. Depois terá deitado a mão ao ancinho de Gusmão, um seu vizinho e amigo, encostando-o à garganta do mariola a quem exigiu que se retratasse sem demora.
O outro de imediato gritou o arrependimento e retirou a oferta, julgando assim obter o perdão.
Casimiro deixou tombar todo o peso do corpo sobre o ancinho e matou-o ali mesmo.
Quando o agarraram e o confrontaram com o facto de ter matado o ricalhaço apesar de este ter pedido desculpas em público pelo seu acto indigno, Casimiro esclareceu que a sua ira fora provocada não pela proposta em si, que entendia a cobiça de qualquer homem perante o encanto da sua mulher, mas pelo insultuoso valor da parca quantia oferecida...

Abençoado descuido!


Great Downblouse
Enviado por Tiresias11. - Assista mais vídeos picantes.

Aquece

Não deixes arrefecer,
aproveita a imaginação
no vento frio,
(que nos gela)
aquece comigo a noite.

Deixa que a madrugada
regresse a casa,
o calor se faça sentir
como a memória
-agora ausente-
do que fomos;
nas entranhas
os únicos sobreviventes.

Este poema é de 2009 e está num dos meus blogs onde já não escrevo... http://porticomosmeusolhos.blogspot.com/

Poesia de Paula Raposo

WC...


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11 março 2011

A Lavagem

– E agora, José?
O nomeado olhou desconfiado a mulher que o nomeara e, sem se mexer, replicou:
– Agora o quê?
– Nada – respondeu a mulher, arqueando ligeiramente as sobrancelhas. – Queres mais alguma coisa? – perguntou, servil.
José flectiu e esticou os braços como se fizesse uma flexão, olhou para as mãos abertas espalmadas no lençol e para os ombros nus da mulher. Apreciou-lhe o contorno do pescoço, estudou-lhe o rosto vistoso, fixou-se nos olhos amendoados, tanto na forma como na cor e respondeu: – Não, porquê?
– Não queres mais nada? – insistiu a mulher.
– Não – repetiu José, enfastiado com a insistência.
– É que se saísses de cima de mim eu ia-me lavar – disse a mulher, com o tom mais suave e cordial que conseguiu.
– Ah… – Surpreendido mas sem se mexer, José soltou uma gargalhada e continuou a rir. – É que eu estou tão habituado a foder e a não sair de cima que até me esqueço – confessou com inusitada franqueza.
A mulher sorriu, um sorriso forçado mas bem disfarçado, e não respondeu: não sabia o quê. José flectiu o braço esquerdo, rodou o tronco e as pernas e caiu de costas na cama, ainda a rir.
Em silêncio, a mulher levantou-se e foi-se lavar. “É pena que o país não se lave assim, com esta facilidade”, suspirou para si sentindo a água quente escorrendo-lhe purificadora por todo o corpo.
No quarto, o homem ainda lançava gargalhadas e “porreiros” como se tivesse dito alguma coisa com graça e a mulher, ouvindo-o enquanto se esfregava com exagerada energia, decidiu ir no dia 12 à manifestação. “Que te lixes, José!... Vou e vou ser mais uma gota para ver se te lavamos de vez.”