22 março 2011

Postalinho de Berlim (não das Bolas mas da Alemanha)

"Olá Cara São,
Queria dar-vos os parabéns pelo trabalho de tentar desmistificar a sexualidade em Portugal. Já há muito tempo que costumo seguir o vosso blogue.
Mas caso vos interesse, aqui está mais uma direcção para os turistas em Berlim. É normal haver várias lojas com artigos originais (seja em que âmbito for). Uma delas pode interessar às membranas (e a alguns membros) daí, pois pelas fotos parece que tem acessórios para alguns gostos.
As fotos não estao muito boas, foram tiradas de noite. O sítio chama-se Kaufhaus der Berliner (Loja dos Berlinenses), e está na zona de Friedrichshain, como diz o mapa.
Cumprimentos,
João Pais"


Brinquedo de Estranhos, Marioneta de Sonhos - um livro chamado Joana


Já está disponível a encomenda online no site da editora Apenas: Brinquedo de Estranhos, Marioneta de Sonhos. :)))

Vogal

Acentua a vogal
inesperada
do meu corpo
e concede-me
o benefício
de uma dúvida...

Poesia de Paula Raposo

Relógio «Charlot malandro»

Não sei se fizeram de propósito ou não mas comprei este relógio para a minha secção de «objectos que supostamente não foram feitos para serem eróticos».

21 março 2011

Só talvez morrendo novo ou assim...

Como vou conseguir não me transformar num velho baboso se os anos passam e eu cada vez gosto mais delas?

Assim dá gosto ver comer um gelado



Só por curiosidade, a menina chama-se Lyndsy Fonseca, é descendente de portugueses e é actriz.

se me dizes dos amores adormecidos...

porque é o Dia Mundial da Poesia, porque me foi inspirado o tema por um poema (Voz), aí mais abaixo, da Joana Well...

se me dizes dos amores adormecidos
no sombrio desencanto mais furtivo
de paixão destruída pelo crivo
dos olhares tanta vez desiludidos

eu sei mais dos silêncios escondidos
dos que gritam num acaso intempestivo
dos que mordem feitos sangue rubro vivo
num recesso mal amado dos sentidos

mas de olhar o amor sempre de frente
de sorver sempre o ar deliciado
e de si sempre ter um tempo urgente

mais amargo do que o fel mais perturbado
mas sabendo-nos a mel quase fervente
mais tremendo e afinal mais delicado.

Dois Corpos, Uma Casa

Um beijo na testa, um toque suave...
Uma festa nos lábios, proporcionada por um único dedo como quem impede as palavras de viverem, deixando apenas lugar à imaginação e fantasias de carinho libidinoso.

Os meus lábios tocam na tua face;
Os teus olhos cerram-se enquanto rodas o pescoço, desnudando-o, oferecendo outros oásis do teu corpo à língua comprometida pelo desejo de te tocar.

A minha mão percorre-te o peito que guarda as memórias onde um dia vais descansar feliz pelo mar de lembranças que valem a pena recordar. Dou-tas. São tuas desde o dia que me guardaste dentro de ti. Serão tuas até que a Natureza reclame o corpo que permitiu carregar, numa sinuosa viagem, todas as emoções que em momentos como este precipitam-se para o exterior.

O meu corpo toca no teu;
Despidos da roupa que apenas protege a pele do frio invernal, do vento que fala ruidosamente na janela, os nossos sentidos apuram cada vez mais a vontade, o ímpeto, e o expoente simbiótico dos nossos seres.
Os nossos corpos edificaram uma Casa para as nossas almas.

Anatomia da pistola

20 março 2011

As chinesas é que a sabem toda

Voz

Não sei se mais valem
as palavras que se dizem
ou as palavras que se escrevem
não lhes conheço uma medida
e em toda a minha vida
só lhes pedi que nunca se calem
quer me façam mal ou bem.
Meu amor, cada uma que de ti vem
é, por isso, ternamente recebida,
é, por isso, desembrulhada, agradecida,
e assim, cada uma que me dás tem
sonhos que já nunca morrem
sem coração
gritos que já nunca enlouquecem
na solidão
de uma qualquer palavra escondida,
má ou boa, é tua, não será perdida.

«Amor incestuoso» - por Rui Felício


Helena era a terceira filha de Almerindo Teodósio, e a primeira e única filha da Maria da Conceição, a quem o abastado agricultor seduzira ainda donzela, tornando-a numa mãe solteira. Por causa disso, filha e mãe sofreram a segregação do ambiente aldeão, para o resto dos seus dias, uma por ser filha do pecado a outra por ter dado aquele passo em falso.
O povo conjecturava, mas da boca da Maria da Conceição nunca ninguém soube quem era o pai da Helena. O Teodósio obrigara-a a jurar segredo sobre a campa rasa dos seus pais que, um a seguir ao outro, a tinham deixado órfã ainda ela era menina.
A labuta de sol a sol a que a Helena se sujeitava, já adolescente, na Quinta do Vale da Azenha, em troca da fraca jorna que entregava à mãe para o sustento das duas, tisnava-lhe a pele, endurecia-lhe os músculos, ensombrava-lhe o semblante.
Não havia rapaz na aldeia que não desejasse andar toda a vida perdido na escuridão dos olhos negros, profundos, plantados no rosto trigueiro da Helena, que não sonhasse em provar o doce dos favos de mel que eram os lábios nacarados daquela menina com corpo de mulher.
Mas ia desistindo, ano após ano. Toda a gente via que o Francisco Teodósio, capataz da Quinta e filho mais novo do velho Almerindo, andava de olho nela. Cercava-a, dava-lhe trabalhos mais leves, ia levá-la a casa montada na garupa do seu cavalo, enchia-a de mimos...
Ela nunca sorria para ninguém, mas quando o Francisco se aproximava, deixava timidamente aflorar duas filas de dentes brancos como neve a contrastar com a sua pele morena.
Até que um dia o Francisco foi falar com a Maria da Conceição. Ia pedir-lhe a filha em casamento.
Espantado, nem quis acreditar na terminante recusa que ouviu da boca da Maria da Conceição que, lavada em lágrimas, lhe disse que ele lhe estava a pedir uma coisa impossível.
Falou então com o seu pai e este, furioso, proibiu-o terminantemente de lhe voltar a tocar no assunto. Que o deserdava se ele persistisse nessa ideia!
O Francisco e a Helena, combinaram então, em segredo, esperar pela maioridade dela e, no dia seguinte ao do seu aniversário, fugiram da aldeia. Meteram os papéis em Coimbra e casaram-se na Igreja de Santa Cruz.
Foi só então, passados 21 anos, que a aldeia ficou a saber que o Almerindo era o pai da Helena e que tinha contratado um advogado para ser feita a anulação do casamento dos filhos...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações



«Pendency» da série «Impossible love» por Dorina Costras

Outra dimensão

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