26 março 2011
25 março 2011
O Chá
– E ele disse que achava que o frio era esclarecedor, seguiu a conversa sem dizer nada e acabou a proclamar “Viva o sol", como se, realmente, não quisesse esclarecer nada. – A mulher fez uma pausa, repetiu o “viva o sol” num murmúrio a olhar para o céu (o sol estava lá e via-se da janela mas não no sitio para onde ela olhou), e completou: – E eu perguntei-lhe: “O frio é esclarecedor porquê?”
A mulher, que falava enquanto lia um ofício numa folha de papel, calou-se e deixou-se perder na elaboração da resposta, teclando como se a pressão que fazia nas teclas e a rapidez com que digitava as palavras pudesse dar colorido e tom ao texto.
– Vocês estavam onde? – perguntou a outra mulher, depois de desesperar pela continuação da história.
– Num... – A mulher hesitou. – A beber café.
– E ele não respondeu?
– Quem?
– O Saraiva, quem é que havia de ser?!
– Não faço ideia – concluiu a mulher, sem parar de escrever.
– Não fazes ideia?! – Insistiu a falsa loura, de calças de ganga justas e uma cerimoniosa blusa de amplo e vistoso decote, batendo com uma caneta no tampo da mesa onde se empoleirara de perna traçada.
– Ó doutora… – gemeu a escrevinhadora, olhando desesperada para o monitor à sua frente. – O doutor Cristino quer que eu lhe envie esta resposta antes das cinco, para ele a enviar a seguir.
A doutora olhou para o relógio de pulso e encolheu os ombros:
– Acabas a história e eu vou-me logo embora.
A assessora do presidente do Conselho de Administração cerrou as pálpebras com força enquanto suspirava, abriu-as e capitulou com uma careta resignada:
– Aproveito e bebo um chá.
A doutora, vogal executiva do Conselho de Administração mas sem grandes atribuições, sorriu e recomeçou imediatamente a conversa:
– Estavam a tomar café e?
– A tomar café?! – Espantou-se a assessora que se levantara e rodeava a secretária, passando em frente à doutora que mudara igualmente de expressão: olhavam-se as duas com ar surpreendido.
– Tu é que disseste – esclareceu a vogal.
A mulher de pé riu:
– Só se fosse café com leite, ou melhor, com natas, mas sem café. – A assessora tocou na perna da doutora, um toque suave, junto ao joelho e piscou-lhe o olho antes de retirar a mão. – Quer chá?
Sem perceber porquê – sem sequer pensar nisso, na verdade –, a doutora ficou a olhar para o sítio onde a assessora lhe tocara, sentindo uma impressão estranha e longínqua que irradiava um calor ténue para o resto do corpo. Passou as mãos pelo cabelo, num gesto nervoso e excitado que a apanhou desprevenida quando se apercebeu de o ter feito e, de olhos fixos no cadenciado movimento das nádegas da outra mulher, demasiado perfeito para ser espontâneo, acabou por perguntar apenas:
– Chá de quê?
A mulher, que falava enquanto lia um ofício numa folha de papel, calou-se e deixou-se perder na elaboração da resposta, teclando como se a pressão que fazia nas teclas e a rapidez com que digitava as palavras pudesse dar colorido e tom ao texto.
– Vocês estavam onde? – perguntou a outra mulher, depois de desesperar pela continuação da história.
– Num... – A mulher hesitou. – A beber café.
– E ele não respondeu?
– Quem?
– O Saraiva, quem é que havia de ser?!
– Não faço ideia – concluiu a mulher, sem parar de escrever.
– Não fazes ideia?! – Insistiu a falsa loura, de calças de ganga justas e uma cerimoniosa blusa de amplo e vistoso decote, batendo com uma caneta no tampo da mesa onde se empoleirara de perna traçada.
– Ó doutora… – gemeu a escrevinhadora, olhando desesperada para o monitor à sua frente. – O doutor Cristino quer que eu lhe envie esta resposta antes das cinco, para ele a enviar a seguir.
A doutora olhou para o relógio de pulso e encolheu os ombros:
– Acabas a história e eu vou-me logo embora.
A assessora do presidente do Conselho de Administração cerrou as pálpebras com força enquanto suspirava, abriu-as e capitulou com uma careta resignada:
– Aproveito e bebo um chá.
A doutora, vogal executiva do Conselho de Administração mas sem grandes atribuições, sorriu e recomeçou imediatamente a conversa:
– Estavam a tomar café e?
– A tomar café?! – Espantou-se a assessora que se levantara e rodeava a secretária, passando em frente à doutora que mudara igualmente de expressão: olhavam-se as duas com ar surpreendido.
– Tu é que disseste – esclareceu a vogal.
A mulher de pé riu:
– Só se fosse café com leite, ou melhor, com natas, mas sem café. – A assessora tocou na perna da doutora, um toque suave, junto ao joelho e piscou-lhe o olho antes de retirar a mão. – Quer chá?
Sem perceber porquê – sem sequer pensar nisso, na verdade –, a doutora ficou a olhar para o sítio onde a assessora lhe tocara, sentindo uma impressão estranha e longínqua que irradiava um calor ténue para o resto do corpo. Passou as mãos pelo cabelo, num gesto nervoso e excitado que a apanhou desprevenida quando se apercebeu de o ter feito e, de olhos fixos no cadenciado movimento das nádegas da outra mulher, demasiado perfeito para ser espontâneo, acabou por perguntar apenas:
– Chá de quê?
D'escrever-te
Gosto de te escrever
quando digo que é literatura
tu pensas que é mentira
quando digo que é verdade
tu pensas que a fantasia arde
Percorres todo o poema
cada verso, palavra, rima
sem nunca me conseguires percorrer
lês cada riso, sonho, lágrima
sem nunca me conseguires ler
Eu gosto de te escrever
porque nas linhas, estou segura,
não saberás o tamanho da ternura
(sim, é mesmo verdade
mas eu sou tímida e sou cobarde)
que faz escrever uma mulher
quando digo que é literatura
tu pensas que é mentira
quando digo que é verdade
tu pensas que a fantasia arde
Percorres todo o poema
cada verso, palavra, rima
sem nunca me conseguires percorrer
lês cada riso, sonho, lágrima
sem nunca me conseguires ler
Eu gosto de te escrever
porque nas linhas, estou segura,
não saberás o tamanho da ternura
(sim, é mesmo verdade
mas eu sou tímida e sou cobarde)
que faz escrever uma mulher
Postalinho da Quinta
A São Patrício está sempre a mandar-me miminhos. Este é dedicado especialmente ao Nelo.
Mas em lado algum se pode estar seguro. Por exemplo, alguém pode ir à «Quinta do Sardanito de Trás»...
Mas em lado algum se pode estar seguro. Por exemplo, alguém pode ir à «Quinta do Sardanito de Trás»...
24 março 2011
Uma moda com éfe maiúsculo
Uma coisa que me chateia é a falta de opções no guarda-roupa quando o gajo agarrado a mim me leva a sair. Ou a entrar, bem vistas as coisas.
É injusto que eu me veja oprimido por calças de todos os tipos e feitios, uma variedade imensa de peças de roupa, e quando toca a minha vez de poder usar uma roupita é sempre a mesma coisa. Enfia-me numa coisa horrível da cabeça aos pés (isto dos pés é em sentido figurado, claro), com um cheiro a borracha, ignorando o facto de eu ser um nadinha claustrofóbico e pronto. Acha o gajo que assim tá bem, veste-me (plastifica-me) com aquela fatiota e deve julgar que lá por haver daquilo com diversas texturas e sabores já é uma indumentária variada.
E tem a lata de lhe chamar camisa. Camisa? Onde estão as mangas? E os botões? E alguém tem a lata de chamar colarinho ao enrolamento na entrada daquela dedeira? Já nem falo de uma gravata ou assim, que pudesse dar um ar decente à farda que o gajo me impinge naquilo que deviam ser dias de festa...
Eu posso parecer um bocado rezingão, mas é que me falta a respiração enfiado naquilo e não há maneira de conseguir achar-me bonito com tal farpela.
E a porra é que dá ideia que a cena é quase um traje de cerimónia e há passarinhas que quando me apanham despido comportam-se como porteiros de discoteca...
E saem mais duas imagens de porno para toda a família
«Black Magic Massage»
Depois do meu post (arrepiante) sobre a mutilação genital feminina, aqui fica uma homenagem às mulheres de África, às mulheres em geral e ao erotismo.
O Rui Luís mandou este outro video, a propósito e complementar (abre noutra janela):
O Rui Luís mandou este outro video, a propósito e complementar (abre noutra janela):
23 março 2011
As tuas calças de algodão
Deitei-me primeiro naquele longo sofá. De têxtil, azul muito escuro. Largo para dois, comprido para três, suficiente para nós, durante algum tempo. Entraste naquela sala quase sem ruído, num andar muito gracioso, leve, e marcou-me bastante o ondular tão elegante dessas tuas calças de algodão muito fino, cinzentas, de corte muito direito desde a anca até aos pés, que vinham descalços. Lançaste o teu joelho esquerdo à almofada do sofá e depois deixaste-te cair suavemente para o espaço interior, entre mim e as costas, onde te aninhaste. A tua cabeça estava sobre o meu ombro e a tua mão esquerda no meu peito, onde ias brincando com os pêlos, passando os dedos entre eles. Com o meu braço, ora te afagava o cabelo, ora te acariciava o braço, e, maroto, levei os dedos até ao elástico das tuas calças. Naquela altura não sabia, ainda, que não tinhas mais nada. Para além das calças, de um género desportivo, e de uma blusa de alças finas, branca e casual, não existia mais roupa em ti.
Fui transgredindo a fronteira elástica à espera da tua censura. De uma agitação, uma recusa. Talvez me dissesses para parar, talvez te levantasses ou mudasses de posição, assumindo-te sentada e austera ao fundo do sofá, aos meus pés. Parece-te estranho que pensasse assim? Nada estava planeado, nada era certo, nada era garantido. Não te mostraste preocupada. Pelo contrário, enrroscaste-te ainda mais em mim, estreitando os já escassos milímetros. E os meus dedos estavam agora a passear-se na tua anca e então exclamei “Não tens cuecas!”. O teu sorriso foi um misto de malandrice e vergonha. E com isso senti-me encorajado, e levei a mão mais longe, procurei activamente os teus pêlos púbicos. Para brincar com eles. Para te fazer cócegas, para te aquecer.
Rodaste ao dobrar a perna, subindo o teu joelho sobre o meu corpo e procurando o meu pescoço para beijar. A seguir içaste-te para me chegar à orelha, que ora lambias, ora trincavas. Arrepiava-se-me o corpo, contorcia-me numa espécie de sofrimento sem dôr, em espasmos contidos que a humidade da tua língua me causava. Lancei a minha mão direita à tua face, segurando a tua cabeça e olhando-te fixamente. Naquele instante os teus olhos estavam perfeitamente alinhados com os meus, e era deliciosamente bela a tua expressão. Sem desviar o olhar, lançaste a tua mão a mim, agarraste-me. E não me apetece dizer onde. Não é preciso. Tu sabes tão bem. E tens tanto talento nisso.
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