23 março 2011

As tuas calças de algodão


Deitei-me primeiro naquele longo sofá. De têxtil, azul muito escuro. Largo para dois, comprido para três, suficiente para nós, durante algum tempo. Entraste naquela sala quase sem ruído, num andar muito gracioso, leve, e marcou-me bastante o ondular tão elegante dessas tuas calças de algodão muito fino, cinzentas, de corte muito direito desde a anca até aos pés, que vinham descalços. Lançaste o teu joelho esquerdo à almofada do sofá e depois deixaste-te cair suavemente para o espaço interior, entre mim e as costas, onde te aninhaste. A tua cabeça estava sobre o meu ombro e a tua mão esquerda no meu peito, onde ias brincando com os pêlos, passando os dedos entre eles. Com o meu braço, ora te afagava o cabelo, ora te acariciava o braço, e, maroto, levei os dedos até ao elástico das tuas calças. Naquela altura não sabia, ainda, que não tinhas mais nada. Para além das calças, de um género desportivo, e de uma blusa de alças finas, branca e casual, não existia mais roupa em ti.
Fui transgredindo a fronteira elástica à espera da tua censura. De uma agitação, uma recusa. Talvez me dissesses para parar, talvez te levantasses ou mudasses de posição, assumindo-te sentada e austera ao fundo do sofá, aos meus pés. Parece-te estranho que pensasse assim? Nada estava planeado, nada era certo, nada era garantido. Não te mostraste preocupada. Pelo contrário, enrroscaste-te ainda mais em mim, estreitando os já escassos milímetros. E os meus dedos estavam agora a passear-se na tua anca e então exclamei “Não tens cuecas!”. O teu sorriso foi um misto de malandrice e vergonha. E com isso senti-me encorajado, e levei a mão mais longe, procurei activamente os teus pêlos púbicos. Para brincar com eles. Para te fazer cócegas, para te aquecer.
Rodaste ao dobrar a perna, subindo o teu joelho sobre o meu corpo e procurando o meu pescoço para beijar. A seguir içaste-te para me chegar à orelha, que ora lambias, ora trincavas. Arrepiava-se-me o corpo, contorcia-me numa espécie de sofrimento sem dôr, em espasmos contidos que a humidade da tua língua me causava. Lancei a minha mão direita à tua face, segurando a tua cabeça e olhando-te fixamente. Naquele instante os teus olhos estavam perfeitamente alinhados com os meus, e era deliciosamente bela a tua expressão. Sem desviar o olhar, lançaste a tua mão a mim, agarraste-me. E não me apetece dizer onde. Não é preciso. Tu sabes tão bem. E tens tanto talento nisso.

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