26 abril 2011

Intimidade

Como se nos conhecessemos
Desde sempre
Anos e anos de convivência
Desabafos
Confidências
Intimidade meiga
Crescente
Como a lua daquela noite
Palavras que não se procuram
Frases que fluem
Risos que vibram
Na aragem de final de tarde
Só nós dois
Num embalo de ternura
O sexo sem pressa
E eu presa em ti
Desatando-me
Docemente nas tuas pernas
Amor.


Poesia de Paula Raposo

O Continente também vende objectos que é suposto não serem eróticos




E já cá mora, na sexão de «peças que não era suposto serem eróticas».

25 abril 2011

O 25 de Abril visto pela Kikas

kikas http://fuckytales.blogspot.com/ mandou esta em 25/04/2011 às 17h:57m:
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O Rui também quis oder o 25 de Abril:

"Foi este desvario feminil
De tanto gostar de foder
Que em vinte e cinco de Abril
Nos pôs todos a gemer!
Passarinhas enrabadas...
Pilas em parada militar...
Tantas flores esmagadas
Por não se saber a quem dar!
Foi então que Abril fechou
Para mais uma época de saldos...
E a todos nos sentenciou
A muita broa e alguns caldos..."

Num referendo às partes, o sim tinha maioria absoluta


Ao contrário das coisas e dos coisos agarrados a nós, as passarinhas e as pirocas não tem qualquer dificuldade de comunicação. O segredo está na nossa sinceridade brutal, na nossa espontaneidade sem merdas. Uma passarinha jamais diria não quando lhe apetece dizer sim, pois ela melhor do que ninguém sabe quando é sim ou sopas. O mesmo se passa connosco, pirocas, que nunca diríamos não quando, é meu caso, por exemplo, até queremos sempre dizer sim.
No fundo connosco é pão, pão, queijo, queijo. Que é como quem diz se é para comer não vale a pena inventar fastio só para dar uma pala qualquer ou porque é assim que deve ser.
Mas deve ser porquê?
Se as coisas ou os coisos percebem, e não há como fazerem-se desentendidos nessas cenas, que as evidências reclamam determinada atitude não faz sentido optarem pela inversa.
Claro que a gente, lá em baixo, ouvimos as suas argumentações e as razões que julgam assistir-lhes e por isso estamos habilitadas, passarinhas e pirocas, a formular opiniões fundamentadas na lógica de ambas as partes interessadas. E não há grande volta a dar quando alhos e bugalhos entram num debate a sério em igualdade (forjada) de circunstâncias, às vezes com as questões teóricas a sobreporem-se ao que a prática tão bem releva.
Desabafava comigo há tempos uma passarinha velha conhecida que no fundo é um desperdício nós, equipamentos de série, sermos funcionais e prestáveis e depois termos a desdita de o destino nos agarrar coisas e coisos que pouco ou nada usam e/ou usam mal e porcamente estes utensílios ainda mais vocacionados para o prazer do que as bocas que usam tanto para disparatar e tão pouco para complementar o nosso trabalho e se constituírem as mais-valias que qualquer coisa ou coiso menos complicativos sabem bem avaliar.

Dia da Liberdade?! Dia da Liberdade seria poder fazer-se isto...

Viva o Dia da Liberdade!

Com Cravos... e São Rosas!

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O Rui ode-me... os flatos:


"Com um peido, anuncia a alvorada!
Com dois, uma inauguração...
Para fermento, come mais uma queijada
E peida-te, sem saberes quantos são!

Inebriante cu aureolado,
De flores frescas, rosas de cheiro...
De flato jovem e bem pasteurizado
Que perfuma a manhã com nevoeiro!

Oh! Que doces nádegas eu abraço,
Botão de rosa que nasce neste beijo!
Virgindade que possuo e desfaço
No amplexo viril de um desejo!"

«Lumix FT3 - Crash Test»

24 abril 2011

Dos rendidos

O combate dos rendidos nos olhos deles; olhos os meus, ao mesmo tempo, nos espelhos deste café, ansiosa, quase receosa, certifico-me de que os meus não estão assim, não estão iguais. Não estão. Respirar novamente. Dizem que não há como a água do tempo para apagar a fogueira da vida que arde na lenha das esperas; muito espera quem algo espera para começar a viver. O meu único e último combate dos rendidos escolhi-o eu; talvez seja por me render que o não perderei. Eu já não espero mais, não espero mais, não espero mais nada, vou-me a ti, entro-te por qualquer fresta, qualquer espaço entreaberto e, já no centro, entendo, no último olhar para trás, que até pela porta me deixarias passar. Volto ao espelho. Nos meus olhos, o peito rendido sem combate e as tuas mãos olhar adentro, o teu corpo guardado no meu ou o meu guardado no teu, não sei, confundem-se. Olho os teus, incerta, e neles está algo sem água, sem mais esperas.


«Sonho desfeito» - por Rui Felício


Tinha esperado aquela oportunidade, sem nunca revelar as suas intenções, planeara tudo em segredo, e agora que ela se lhe deparara, não a deixou escapar.
Olhou para ela e não resistiu. Enlaçou-a, cobriu-a, assumiu um ar triunfante, e pensou consigo mesmo que, finalmente, tinha alcançado os seus desejos dissimulados durante muito tempo.
Pertenciam ambos ao mesmo extracto, completavam-se, mas ela sempre se lhe tinha esgueirado, oculta, sem se mostrar, como enguia escorregadia.
Não que ele lhe fosse indiferente, bem pelo contrário! Achava-o sedutor, bonito, um cavalheiro. Mas receava que a víbora da madrasta, vinda de uma poderosa família que dominava por completo o seu pai, lhe cortasse o desejo que ela também secretamente tinha de se juntar a ele, desfazendo-lhes os planos.
E os seus medos não eram infundados! O idílio só demorou alguns instantes, porque a poderosa madrasta, a manilha de trunfo, desfez-lhes o sonho e apressou-se, com um murro na mesa, a cortar a vasa formada pela Dama de copas e coberta pelo Valete de copas, naquele jogo de sueca.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

"Vinde a mim as criancinhas"

crica para visitares a página John & John de d!o

23 abril 2011

4 CDs que comprei para a minha colecção

Por vezes, compro revistas só por causa de um artigo... ou mesmo de um anúncio.
Desta vez, comprei estes 4 CDs pelas suas embalagens. Mas também há por ali muitas músicas (e letras) bem interessantes:

Hecate - «The Magick Of Female Ejaculation»
Editora: Zhark International, 1992
As músicas fazem-me lembrar uma carroça sem óleos nas rodas numa calçada de paralelos, mas a capa, o livrinho e o próprio CD têm gravuras japonesas bem entesantes (sim, sim, eu disse interessantes):






Ordo Rosarius Equilibrio & Spiritual Front - »Satyriasis - Somewhere Between Equilibrium And Nihilism»
Editora: Cold Meat Industry, 2005
A capa é bem discreta mas reparem bem. Para quem não vê ali nada de especial, deixo uma das páginas interiores do livrinho que vem com o CD.
Tem músicas muito interessantes, numa parceria entre dois grupos. Por exemplo, «Your Sex Is The Scar», «Three Is An Orgy, Four Is Forever», «The Pleasure Of Pain»,...



Ordo Rosarius Equilibrio - «O N A N I - [Practice Makes Perfect]»
Editora: Cold Meat Industry, 2009
Esta é uma edição especial, numa caixa com fotos, um livro e um DVD com um video excelente do primeiro tema do CD: «Glory to Thee, My Beloved Masturbator» (não é preciso traduzir, pois não?). Também há outros temas bem curiosos, como «Let Me Show You, All The Secrets Of The Torture Garden», «Too Late For Innocence, Too Late For Regret (Four Hands Please Better Than Two)», «C U M, And Let Me Lead You Far Astray»,...



Spiritual Front - «Armageddon Gigolo'»
Editora: [Trisol] Music Group GmbH, 2006
Se a capa é um espanto, a contracapa do livrinho que vem com o CD é... fantástica!
Gosto especialmente das faixas «Love Through Vaseline» e «No Kisses On The Mouth».


Silêncio

Nada mais perturbador
Para os sentidos vivos
Que ainda sei sonhar
De que o silêncio,
Ao longo dos ponteiros
Dos relógios,
Nos calendários
Onde dias e noites
São cortados a fio
Sem remorso,
Com a caneta esfarrapada
De tanto uso insentido...

Nada de tão perturbador
Como o silêncio
Que compadece os sonhos
E os mata à nascença,
Deita-os no lixo
Sem remorso,
Em cobardia silenciosa.
Hoje,
QUERO QUE SE DANE O SILÊNCIO!


Poesia de Paula Raposo

Às vezes não me importava de ser saco de pancada...