16 junho 2011
15 junho 2011
Braguilha indiscreta
Embora nunca tenhamos estado cara a cara, por vezes eu e o cu do coiso agarrado a mim trocamos umas impressões.
São conversas esporádicas, ao estilo vizinhos na penitenciária em celas contíguas, até porque o cu tem muito paleio de merda e não há piroca que aguente. Porém, acabamos por nos manter a par das novidades [mais ele, que só com um espelho à frente - pelas costas - consegue deitar um olho (esta foi sem querer, cu...)] ao que se vai passando nos meus momentos de acção.
O cu do coiso agarrado a mim é enfadonho, tem aquele discurso típico de porta de saída. Umas vezes é assim, outras vezes é assado, mas o que ele tem para contar nunca passam de intimidades bizarras com a louça sanitária e pouco mais. Ainda por cima tem um feitio do caraças e de vez em quando fica tão possesso que até bufa, mas na maior parte do tempo nem se dá por ele lá na traseira do coiso agarrado a mim.
Mas isto vinha a propósito das conversas entre nós e aqui há tempos, estávamos nós num daqueles momentos entediantes em que nem dele saía nem eu entrava, deu-nos para falar da crise.
Sim, esses assuntos de coisos agarrados a nós também podem interessar. Sobretudo quando lhes sentimos os efeitos e não julguem que somos imunes.
Dizia-me o cu que se sentia melindrado porque tinha ouvido alguém dizer que o coiso agarrado a mim andava com o cuzinho apertado por causa de uma aflição qualquer. Claro que eu lhe disse logo que isso é perfeitamente normal, que nem sempre o coiso era livre de aliviar as aflições e por isso apertava para adiar.
Mas não era disso que o cu estava a falar e fiquei preocupado quando ele me contou que ouviu dizer que o coiso ficava todo mijado de cada vez que lhe telefonavam de uns sítios quaisquer que tinham a ver com pilim. Ora, eu sabia que isso era uma calúnia, ninguém melhor do que a piroca para o confirmar. Aliás, retorqui de imediato que também ouvia dizer que quando o coiso agarrado a mim percebia que eu ia poder exibir-me naquilo que de melhor sou capaz, não desfazendo, até os pelos do cu batiam palmas. E claro que eu não acreditei.
Contudo, aquele papo levou-me às inevitáveis associações de ideias na óptica genital.
E foi aí que me lembrei de uma frase a que não dei a devida importância na altura porque sabia não corresponder de todo à realidade, mas uma piroca com o meu brio não pode negligenciar quaisquer sinais de alerta.
O coiso estava com a braguilha aberta e eu ouvi-o dizer que andava sem tusa para enfrentar cada novo dia, chateado e assim.
Juro que só não partilhei essa inconfidência com os meus acessórios porque o coiso também referiu que andava sem tomates para enfrentar tanto problema e eu bem sei quão sensíveis estes gémeos inseparáveis se podem revelar...
Templo Sagrado
Não te esqueças de mim
quando os monstros latejarem
no teu reino de nostalgia
e as garras não te quiserem largar
Não te esqueças de mim
se as tuas noites jurarem
virar costas ao dia
e a escuridão te assustar
Não te esqueças de mim
porque os monstros vão gritar-te aos ouvidos
(chama-me, não te deixo ensurdecer)
porque as garras vão tentar vendar-te os olhos
(olha-me, não te deixo cegar)
porque a noite vai tentar enluvar-te os dedos
(agarra-me, não te deixo entorpecer)
para o escuro chegar ao coração
(guarda-me, não te deixo embotar).
Mas não te esqueças de mim
e guarda esta nossa estranha emoção
no berço dos teus lábios
(sempre tão vivos, tão vivos)
neles se escreveram diários
enciclopédias sem páginas, sem livros
com o meu nome, com a nossa história
lembra-te de nós e essa memória
poderá lembrar-te: há abrigo na paixão.
Não te esqueças de mim.
quando os monstros latejarem
no teu reino de nostalgia
e as garras não te quiserem largar
Não te esqueças de mim
se as tuas noites jurarem
virar costas ao dia
e a escuridão te assustar
Não te esqueças de mim
porque os monstros vão gritar-te aos ouvidos
(chama-me, não te deixo ensurdecer)
porque as garras vão tentar vendar-te os olhos
(olha-me, não te deixo cegar)
porque a noite vai tentar enluvar-te os dedos
(agarra-me, não te deixo entorpecer)
para o escuro chegar ao coração
(guarda-me, não te deixo embotar).
Mas não te esqueças de mim
e guarda esta nossa estranha emoção
no berço dos teus lábios
(sempre tão vivos, tão vivos)
neles se escreveram diários
enciclopédias sem páginas, sem livros
com o meu nome, com a nossa história
lembra-te de nós e essa memória
poderá lembrar-te: há abrigo na paixão.
Não te esqueças de mim.
«Ladies, Open!» - o ténis das meninas e o pénis (já explico) em Cantanhede
«Mulheres, abram!» é um pedido que tinha de me atrair ao Ladies Open de Cantanhede, torneio internacional de ténis feminino, edição de 2011.
Esta prova fez parte do «2011 ITF Women's Circuit»... e "circuito das mulheres" soa muito interessante (desde que não seja curto).
Para começar, adoro o cartaz do evento...
... que destaca todo o seu esplendor se o rodarmos -90º:
No dia em que eu fui lá, estava vento (Eros é amigo!) e aquelas saias curtinhas não paravam quietas. Se eu mandasse, as jogadoras que se apresentaram de calções compridíssimos (um palmo acima do joelho, o que é inadmissível) eram eliminadas logo que pusessem o primeiro pezinho no court.
Assistir a um jogo destes é uma experiência inolvidável (seja lá o que for que isto quer dizer). Se fecharmos os olhos, então, parece que estamos a assistir a uma novela radiofónica pornográfica lésbica, com som estereofónico:
[jogadora do nosso lado esquerdo] - Ohhhhhh!...
[jogadora do nosso lado direito] - Ahhhhhh!...
[jogadora do nosso lado esquerdo] - Uhhhh!...
[jogadora do nosso lado direito] - Ahhhhhhhhhhhhh!...
... e assim sucessivamente, até à primeira se cansar de ir às bolas.
Esperem... aquilo ali é o quê? «Head»?!
Ah! Abençoado Google, que me esclareceste: uma marca de artigos para ténis. Tem lógica. Gostei deste anúncio deles com Andy Murray. E até imagino uma campanha desta marca, para fomentar as prendas entre amigos (e amigas): "Give Head".
Mas... mas... o logótipo é o que parece?
Nitidamente! Uma bela de uma glande.
Sugeri que organizassem também uma prova de ténis feminino «Ladies Naked».
Ficaram de estudar o assunto...
Esta prova fez parte do «2011 ITF Women's Circuit»... e "circuito das mulheres" soa muito interessante (desde que não seja curto).
Para começar, adoro o cartaz do evento...
... que destaca todo o seu esplendor se o rodarmos -90º:
No dia em que eu fui lá, estava vento (Eros é amigo!) e aquelas saias curtinhas não paravam quietas. Se eu mandasse, as jogadoras que se apresentaram de calções compridíssimos (um palmo acima do joelho, o que é inadmissível) eram eliminadas logo que pusessem o primeiro pezinho no court.
Assistir a um jogo destes é uma experiência inolvidável (seja lá o que for que isto quer dizer). Se fecharmos os olhos, então, parece que estamos a assistir a uma novela radiofónica pornográfica lésbica, com som estereofónico:
[jogadora do nosso lado esquerdo] - Ohhhhhh!...
[jogadora do nosso lado direito] - Ahhhhhh!...
[jogadora do nosso lado esquerdo] - Uhhhh!...
[jogadora do nosso lado direito] - Ahhhhhhhhhhhhh!...
... e assim sucessivamente, até à primeira se cansar de ir às bolas.
Esperem... aquilo ali é o quê? «Head»?!
Ah! Abençoado Google, que me esclareceste: uma marca de artigos para ténis. Tem lógica. Gostei deste anúncio deles com Andy Murray. E até imagino uma campanha desta marca, para fomentar as prendas entre amigos (e amigas): "Give Head".
Mas... mas... o logótipo é o que parece?
Nitidamente! Uma bela de uma glande.
Sugeri que organizassem também uma prova de ténis feminino «Ladies Naked».
Ficaram de estudar o assunto...
14 junho 2011
Síntese de uma nova relação amorosa em 30 dias
Síntese de uma nova relação amorosa em 30 dias.
De desconhecidos a namorados em apenas 1 mês.
Dia 1 - Apresentações (Pelo Facebook)
Ele: Olá!
Ela: Olá.
Ele: Eu sou o Alberto.
Ela: Eu sou a Albertina.
Dia 2 - Segunda Conversa (No Facebook)
Ele: Olá!
Ela: Oi!
Ele: Como estás?
Ela: Bem, e tu?
Ele: Também.
Ela: Fixe...
Dia 3 - Primeira Conversa à Volta de Um Tema (Ainda No Facebook)
Ele: Olá, tudo bem?
Ela: Olá, sim, e contigo?
Ele: Também. Hoje vi-te na escola.
Ela: A sério? Não te vi. Onde foi isso?
Ele: No bar.
Ela: Mas eu nem lá fui hoje!
Dia 4 - Primeira Conversa à Volta de Um Tema Que Até Corre Bem (Sempre no Facebook)
Ele: Andas-me a evitar?
Ela: Eu não, porque haveria de fazer isso?
Ele: Passaste por mim hoje e nem me disseste nada...
Ela: Desculpa, não te vi!
Ele: Pois... A tua amiga cumprimentou-me e tu estavas com ela...
Ela: Ah, então eras tu...
Dia 5 - Primeiro Contacto Visual (Na Escola)
Ele: Olá!
Ela: Olá!
Dia 6 - Segundo Contacto Visual (À Porta da Escola)
Ele: Olá!
Ela: Olá!
Dia 7 - Primeiro Cumprimento Pessoalmente (No Bar da Escola)
Ele: Oi!
Ela: Hey!
(Dois beijinhos)
Ele: Estás boa?
Ela: Sim, e tu?
Ele: Também!
Dia 8 - Primeira Conversa Cara-a-Cara (No Bar da Escola)
Ele: Hey!
Ela: Oi!
Ele: Tudo bem?
Ela: Sim, e contigo?
Ele: Estou óptimo, agora que te vi! O que estás aqui a fazer?
Ela: Vim comer?
Ele: Ah, pois, realmente faz sentido...
Ela: Pois!
Dia 9 - Conversa Casual Online (No Facebook)
Ele: Olá!
Ela: Então, tudo bem?
Ele: Sim. Olha, não gosto do Chat do Facebook, podemos falar por MSN?
Ela: Sim, pode ser.
Ele: Adiciona-me: gaijito_fixe123@hotmail.com
Ela: Uau... A sério?
Ele: O que foi?
Ela: Nada. Já está.
Ele: Obrigado!
Dia 10 - Conversa No MSN
Ele: Estás aqui, nem te vi!
Ela: Pois, acontece!
Ele: Então, tudo bem?
Ela: Sim, e contigo?
Ele: Também. Estavas muito gira, hoje!
Ela: Obrigada.
Ele: De nada!
Dia 11 - Na Escola
Ele: Olá.
Ela: Olá.
(Dois beijinhos)
Dia 12 - Segunda Conversa No MSN
Ele: Olá, tudo bem?
Ela: Sim, mas estou um bocado ocupada.
Ele: Pois, já reparei pelo teu estado. Então depois quando acabares, diz.
(Ele não obtém resposta)
Dia 13 - No MSN
Ele: Não me disseste mais nada ontem.
Ela: Desculpa, distraí-me com as horas.
Ele: Pois, eu percebo.
Ela: E depois ficaste offline.
Ele: Bem, quando assim for, mandas SMS: 912345678
Ela: Ok.
Dia 14 - Sábado
(Ele espera por uma SMS a qualquer momento. Procura-a na Internet mas não a encontra online a hora nenhuma.)
Dia 15 - Domingo
(Continua sem receber nenhuma mensagem dela. Ela continua sem dar sinais de vida.)
Dia 16 - Dia de Escola
Ele: Olá. Não me disseste nada o fim-de-semana todo...
Ela: Oh, estive ocupada a estudar para testes...
Ele: Ah, pronto, não faz mal. Então, está tudo bem?
Ela: Sim, cá vou andando, e contigo?
Ele: Também, mas tive saudades tuas.
Ela: Pois...
Dia 17 - Na Escola
(O rapaz passa por ela na escola e não lhe diz nada.)
Dia 18 - No MSN
Ela: Oi, tudo bem?
Ele: Ya, e contigo?
Ela: Também. Hoje passaste por mim e não me disseste nada...
Ele: Pois, não te vi.
Ela: Oh, mas passaste tão pertinho. O teu amigo começou logo com coisas a fazer comentários para mim e tudo!
Ele: Ah, então eras tu...
Dia 19 - Por SMS
Ela: Olá.
Ele: oi
Ela: Estás bom?
Ele: ya, mas estou ocupado
Ela: Ok.
Dia 20 - Sexta Feira à Tarde (Na Escola)
Ela: Olá, tens tarde livre?
Ele: Olá. Sim, tenho. E tu?
Ela: Também. Não tens nada para fazer?
Ele: Por acaso até tenho, mas se tiveres alguma coisa em mente, posso arranjar tempinho para ti.
Ela: Não, deixa lá, não te quero estragar os planos.
Ele: (merda) Não estragas nada!
Ela: Oh, não sei.
Ele: Estás a brincar? Então vieste perguntar se eu estava disponível e agora não queres?
Ela: Oh, não é isso.
Ele: Então? Decide-te...
Ela: Oh, olha, bom fim de semana.
Dia 21 - Por SMS
Ele: Olá. Desculpa aquilo ontem, fui um bocado bruto...
Ela: Pois.
Ele: Não leves a mal, mas estava magoado contigo.
Ela: Porquê?
Ele: Ora, tu sabes... Foste um bocado antipática comigo, admite lá.
Ela: Sim, tens razão, desculpa.
Ele: Queres sair amanhã?
Ela: Amanhã é Domingo, tenho que ir à missa.
Dia 22 - No MSN
Ele: Então, como correu a missa?
Ela: Bem. O padre era todo bom.
Ele: A sério?
Ela: Achas mesmo que eu vou à missa?!
Ele: Não sei, podias ir, e respeito isso.
Ela: Credo!
Ele: Também não gosto disso.
Ela: E de mim, gostas?
Ele: Sim.
Ela: Também gosto muito de ti.
Ele: (Náicee!)
Dia 23 - Na Escola
Ele: Olá, Albertina!
Ela: Olá, Alberto!
(Dois beijinhos)
Ele: O que fazes hoje depois das aulas?
Ela: Nada, ia para casa, mas porquê?
Ele: Queres ir dar uma volta?
Ela: Sim, pode ser. Espera por mim no portão quando tocar.
Ele: Ok! (É assim que se combina um encontro, pá, vês? Não percebem nada, estas miúdas...)
Dia 24 - No MSN
Ela: Estavas muito giro, hoje!
Ele: Obrigado.
Ela: De nada!
Dia 25 - Segundo Encontro (Parque Público)
Ele: Ainda bem que vieste.
Ela: Igualmente. Não sabia o que havia de trazer vestido.
Ele: Qualquer coisa te fica bem.
Ela: Oh, não é nada...
Ele: Estou-te a dizer!
Ela: Pronto, obrigada.
Dia 26 - Por SMS
Ele: Olá, queres ir ao cinema este fim-de-semana?
Ela: Sim, pode ser. Que filme queres ir ver?
Ele: O que gostares mais!
Ela: Oh, temos que gostar os dois.
Ele: Eu não sou esquisito, vejo de tudo. (mentira)
Ela: Então vamos ver aquele romance que estreou na Segunda.
Ele: Por mim, está óptimo. Eu pago os bilhetes.
Ela: Oh, não, é muito caro.
Ele: A tua companhia não tem preço.
Dia 27 - Sexta Feira
Ela: Estou ansiosa por amanhã!
Ele: Tem calma contigo.
Dia 28 - Sábado (Dia de Cinema)
(Filme, pipocas e o primeiro beijo.)
Dia 29 - Por SMS
Ele: Adorei estar contigo.
Ela: Eu também. Beijas bem!
Ele: Dei o meu melhor. Tu também.
Ela: Acho que estou apaixonada.
Ele: E dois! Não páro de pensar em ti!
Ela: E eu em ti! Achas que devíamos assumir uma relação?
Ele: Eu acho que sim! Afinal de contas, já nos conhecemos há quase um mês!
Ela: Mais dia, menos dia...
Dia 30 - Um Mês Feito de Conversa
(Passeiam de mão dada pela escola. Beijam-se publicamente. A relação está assumida.)
Escrito por Ricardo Esteves.
À distância
Leio o teu olhar
à distância
permitida pela instituição.
Mas mesmo assim o leio
diminuindo a distância
conforme
a minha ousadia te arrepia.
Eu leio-te o olhar
à distância
incompreendida
de um beijo escapado.
A distância
de um lugar afastado
onde a luz se esconde
atrás da cortina.
Poesia de Paula Raposo
Estatueta em pedra-sabão com cordel e mecanismo... das Caldas
Estatueta em pedra-sabão feita a navalha por José Mendes Afonso, de Bragança.
Comprada na feira do artesanato de Coimbra.
Comprada na feira do artesanato de Coimbra.
13 junho 2011
O povo é soberano! É pintelho!
O povo foi sondado (e mal pago) e pronunciou-se:
De 231 pessoas que não tinham nada mais interessante para fazer por estes dias, entre "pentelho" e "pintelho" 56 (24%) preferem tudo rapadinho. Há 6 (2%) que se armam aos cágados e chamam àquilo pêlos do púbis.
O que é evidente é o peso muito superior de malta que usa o termo "pintelho" (138 pessoas), mais do quádruplo que aqueles que escrevem e dizem "pentelho" (31).
Agora venham cá dizer conão é uma maioria absoluta!
Pintelho! Pintelheira!
OK, OK, pintelhices...
Estradas do leito
Deixámos as cortinas abertas, a luz acesa;
lá fora, uma escuridão opaca e suave como a meia negra de uma mulher, rendada pelo algodão doce das nuvens, desenrola-se no céu, - o frio tem os dedos húmidos de uma viuvez mansa, resignada na ternura quente das memórias, faz demasiado tempo que o Verão partiu -
invejosa, espreita-nos o amor,
olha-nos os corpos sem poder tocar
É um amor suado que nos vê, suado em gotas, intenso como lágrimas da pele, como se a própria epiderme, comovida, pudesse chorar; o amor traz-lhe saudades da chuva que, como ele, lava e aquece o céu.
(Isto não é o silêncio, meu amor, é a música do sossego, é um som de madeira, vem dos passos da serenidade sobre o lago que estão cada vez mais próximos, vão entrar pela varanda; olha-a, afinal já se sentou na cadeira, está a conversar com um luar muito ténue, uma lua de sussurro de amantes)
Os ramos das árvores esticam o corpo, lançam-se direitos e nus, abraçam-se ao ar e atravessam-no; o frio envolve-os, em gancho, parece ter coxas femininas. Cá dentro, mistura-se o cheiro do amor deles com o cheiro do nosso amor; cresce uma cidade nas estradas do leito desenhadas pelo rio Paixão. Nós, aqui, abraçados nas margens, tão pequenos para um Mundo tão grande e um amor do tamanho do Mundo.
lá fora, uma escuridão opaca e suave como a meia negra de uma mulher, rendada pelo algodão doce das nuvens, desenrola-se no céu, - o frio tem os dedos húmidos de uma viuvez mansa, resignada na ternura quente das memórias, faz demasiado tempo que o Verão partiu -
invejosa, espreita-nos o amor,
olha-nos os corpos sem poder tocar
É um amor suado que nos vê, suado em gotas, intenso como lágrimas da pele, como se a própria epiderme, comovida, pudesse chorar; o amor traz-lhe saudades da chuva que, como ele, lava e aquece o céu.
(Isto não é o silêncio, meu amor, é a música do sossego, é um som de madeira, vem dos passos da serenidade sobre o lago que estão cada vez mais próximos, vão entrar pela varanda; olha-a, afinal já se sentou na cadeira, está a conversar com um luar muito ténue, uma lua de sussurro de amantes)
Os ramos das árvores esticam o corpo, lançam-se direitos e nus, abraçam-se ao ar e atravessam-no; o frio envolve-os, em gancho, parece ter coxas femininas. Cá dentro, mistura-se o cheiro do amor deles com o cheiro do nosso amor; cresce uma cidade nas estradas do leito desenhadas pelo rio Paixão. Nós, aqui, abraçados nas margens, tão pequenos para um Mundo tão grande e um amor do tamanho do Mundo.
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