Embora nunca tenhamos estado cara a cara, por vezes eu e o cu do coiso agarrado a mim trocamos umas impressões.
São conversas esporádicas, ao estilo vizinhos na penitenciária em celas contíguas, até porque o cu tem muito paleio de merda e não há piroca que aguente. Porém, acabamos por nos manter a par das novidades [mais ele, que só com um espelho à frente - pelas costas - consegue deitar um olho (esta foi sem querer, cu...)] ao que se vai passando nos meus momentos de acção.
O cu do coiso agarrado a mim é enfadonho, tem aquele discurso típico de porta de saída. Umas vezes é assim, outras vezes é assado, mas o que ele tem para contar nunca passam de intimidades bizarras com a louça sanitária e pouco mais. Ainda por cima tem um feitio do caraças e de vez em quando fica tão possesso que até bufa, mas na maior parte do tempo nem se dá por ele lá na traseira do coiso agarrado a mim.
Mas isto vinha a propósito das conversas entre nós e aqui há tempos, estávamos nós num daqueles momentos entediantes em que nem dele saía nem eu entrava, deu-nos para falar da crise.
Sim, esses assuntos de coisos agarrados a nós também podem interessar. Sobretudo quando lhes sentimos os efeitos e não julguem que somos imunes.
Dizia-me o cu que se sentia melindrado porque tinha ouvido alguém dizer que o coiso agarrado a mim andava com o cuzinho apertado por causa de uma aflição qualquer. Claro que eu lhe disse logo que isso é perfeitamente normal, que nem sempre o coiso era livre de aliviar as aflições e por isso apertava para adiar.
Mas não era disso que o cu estava a falar e fiquei preocupado quando ele me contou que ouviu dizer que o coiso ficava todo mijado de cada vez que lhe telefonavam de uns sítios quaisquer que tinham a ver com pilim. Ora, eu sabia que isso era uma calúnia, ninguém melhor do que a piroca para o confirmar. Aliás, retorqui de imediato que também ouvia dizer que quando o coiso agarrado a mim percebia que eu ia poder exibir-me naquilo que de melhor sou capaz, não desfazendo, até os pelos do cu batiam palmas. E claro que eu não acreditei.
Contudo, aquele papo levou-me às inevitáveis associações de ideias na óptica genital.
E foi aí que me lembrei de uma frase a que não dei a devida importância na altura porque sabia não corresponder de todo à realidade, mas uma piroca com o meu brio não pode negligenciar quaisquer sinais de alerta.
O coiso estava com a braguilha aberta e eu ouvi-o dizer que andava sem tusa para enfrentar cada novo dia, chateado e assim.
Juro que só não partilhei essa inconfidência com os meus acessórios porque o coiso também referiu que andava sem tomates para enfrentar tanto problema e eu bem sei quão sensíveis estes gémeos inseparáveis se podem revelar...