Há sempre uma história. Não gosto de lhe chamar história, estou convencida de que tudo a que se possa chamar história tem algo de diferente, algo a relatar por si, algo a acrescentar às linhas dos outros e do mundo que a minha vida não tem. Talvez por isso, talvez por timidez, reserva, cada vez que me pedem que conte a minha história, eu digo que não existe uma, vim aqui parar, muito simples, ponto. A minha história é redundante, eu sou uma redundância, apenas, um conteúdo que caberia numa pequena linha não deve querer esticar-se por várias páginas. É o que estou a fazer, agora, não é? Desculpa-me. Vou ter que te contar? Estás aí?
(Era uma vez eu, um eu que eu era, não sei dizer quem. Desde essa altura, costumo chamar-me Joana, antes tinha outro nome que também é meu mas viveu muito menos. Há muito tempo, muito, muito tempo, não digo quanto porque nunca se diz quanto quando o quanto é demasiado quanto, procurava emprego a tempo parcial e comprei um jornal. Foi assim que tudo começou.)
Devagarinho, devagarinho, aos pedacinhos, talvez, talvez.
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Uma por dia tira a azia