25 junho 2011

Madrugada

Por entre os teus dedos
nasce a mais bela
história de amor.
No palco adivinhado
despem-se pudores
e as palavras
são livres
para serem amadas.
Passa célere a madrugada
quando os beijos
te despertam a sensualidade
entre as minhas coxas abertas
em silêncio.

Poesia de Paula Raposo

Injustiça

A perspectiva da atracção actual é muito desigual.




Prefiro comer feito um hipopótamo e pouco me lixar ao que você acha de mim.

Capinaremos.com

24 junho 2011

A linguagem universal

Desde muito pequeno, embora a expressão muito pequeno seja sempre relativa quando aplicada a um bisonte nascido com perto de cinco quilos, dediquei particular atenção às questões da língua.
A língua, que até à Pátria interessa sobremaneira, é de facto um instrumento fabuloso ao ponto de facultar por si mesma, pelo manancial do sentido duplo, motivo para algumas interessantes dissertações que tanto incidem no papel do escalope enquanto dotado de papilas como no de substituta ou de complemento de outros órgãos de um corpo humano.
Mas a língua, a portuguesa, que tantos afirmam traiçoeira acaba por ser a que me traz aqui para vos maçar com estas palavrinhas de puro jornalismo (só para entreter a malta).
Isto a propósito do tal duplo sentido que parece marcar a língua na sua utilização prática e até pode ilustrar uma característica lusitana mais comum do que gostamos de assumi-la.
Senão, vejamos: se tivermos duas pessoas a encararem uma outra mal encarada podemos obter em simultâneo duas verbalizações distintas e aparentemente contraditórias. Enquanto uma dessas pessoas pode optar por um esta gaja tem um mau feitio do caraças, é mesmo fodida! à outra pode sair-lhe, de forma espontânea, um esta vaca de merda tem mesmo tromba de mal fodida.
Com a mesma palavra a língua consegue transmitir a convicção de que a pessoa é mal e de que é mesmo, embora o seu papel possa ser de maior protagonismo do que se julga se tivermos em conta a tradução literal da palavra que também é fodida pela sua ambivalência.
Contudo, este fenómeno pode estender-se aos termos habitualmente associados à língua, nem que apenas por questões fonéticas. Por exemplo, e enfatizando a duplicidade intrínseca, se nos referirmos a um linguado podemos estar a recorrer a um atributo pouco explorado da língua que é a sua função GPS: é que basta o cheiro do peixe para podermos localizar o paradeiro recente de uma língua, se cheirar a bacalhau, um peixe do norte, sabemos de imediato que em termos cardeais a língua andou mais pelo sul.
Este excepcional sentido de orientação portuga pode no entanto depender não do olfacto mas da entoação e até do centro das atenções de quem verbaliza.
É o caso da expressão lambia-te todo, que encaminha de imediato e numa perspectiva apriorística a ideia da pessoa para um todo muito distinto do selo dos correios que possa estar em causa.
Muito mais haveria a dizer acerca deste tema fascinante, até porque a língua não é parca em recursos.
Todavia, às línguas como às postas compridas a maioria das pessoas associa uma carga pejorativa que é a de se falar demais e as línguas de trapos nunca estiveram na moda.
E eu, que sempre fiz a apologia do cliché do tamanho que não é documento, mesmo não sendo dessa forma juiz em causa própria, tenho que contrariar o meu impulso para o uso excessivo da língua pois, à semelhança de outros apêndices que a anatomia ou o Diciordinário Ilustarado nos possam sugerir, não é a sua dimensão que conta mas aquilo que efectivamente se consegue fazer com ela.

Depila uma celebridade


«Shave a Star»


Via blog da Bárbara

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Superpoderes


Alexandre Affonso - nadaver.com

23 junho 2011

O Casamento

As coisas não corriam bem. Aliás, se quiser ser mais preciso e correcto, tenho de dizer que as coisas entre eles corriam mal. Quase todas as coisas que os envolvessem a ambos enquanto casal corriam quase sempre mal, ainda que, a cada um individualmente as coisas até corressem bem; mesmo as que ao casal corriam mal. Era estranho e eles sabiam isso. Naquele momento, nem eles, nem ninguém, percebia a insistência no casamento. Eu, pelo menos, não percebia mas eu sou um mero narrador – a história não é minha e as minhas opiniões não são importantes. Tudo era mau e as conversas entre ambos nunca chegavam ao fim.
– Mas houve um momento em que fomos felizes – declarou o marido.
– Foi?! – espantou-se a mulher.
– Foi – confirmou o marido, deixando a cabeça pender ligeiramente e mantendo esse movimento mais do que o necessário.
– Os dois ao mesmo tempo? – perguntou a mulher, depois de desesperar pela imobilização da cabeça dele.
– Sim – respondeu ele, convicto.
– Houve um momento em que fomos os dois felizes ao mesmo tempo?! – insistiu ela, arqueando as sobrancelhas.
– Houve – respondeu ele, seguro.
– Quando?
O homem olhou para a mulher e ela devolveu-lhe o olhar. Ele fez uma careta enquanto erguia e baixava os ombros. Ela sorriu só com a boca e gracejou, ácida:
– Bem me parecia.
O homem baixou a cabeça.
– Mas houve – retomou o marido depois de um longo silêncio. – E não foi um momento…
– Foi uma época – gracejou ela.
Ele olhou-a fixamente semi-cerrando as pálpebras e mordendo o lábio inferior.
– Estás a gozar – disse o homem em tom pausado, com ar até um pouco melancólico – mas foi mesmo uma época.
– Uma longa época de verão – troçou a mulher, com o sorriso fino de displicente superioridade que o irritava.
E ele enterrava-se mais no sofá, cerrava os punhos que arrumava debaixo dos sovacos num movimento infantil e voltava-se para a televisão, com ar compenetrado como se fosse ver alguma coisa, a ruminar recriminações, até que, ao fim de um bocado, normalmente sentenciava:
– É sempre a mesma coisa. É impossível falar contigo – e seguia disparado em passo trôpego mas decidido para a sala de refeições do lar. – Velha de merda!
Ah!... Mas havia dias que era ao contrário e era ela que perdia e saía de supetão, ainda que devagar que o andarilho não lhe permitia grandes velocidades.

Guelezeimas, melhéres, guelezeimas....



Melhéres, cagora éi queu nam me tiru du conçultoiru dele, melhéres!!!
Nam çei çe istão a veri...ò pra mim: Ò piste, Ò pisti.. Sotore Baldei, melhér, andu açim cum uns porblemas com o méu Lalito, eçe namurado queu arrangei e que éi uma melhér traidora e açim, e çei cu Sotore ei melhér pra rizolver porblemas bicudos, ( ai cala-te boca)..hihihihi hihihihiiii ....
Nham, nham nham, guelezeimas, melhéres, guelezeimas....

Sexo - quem se fode é o gato

Duelos de tesão


Como fazer férias de sonho de bolsos vazios



HenriCartoon

22 junho 2011

Imagina tu


Imagina um amor tão forte que consegue eliminar o segredo, não deixando à mercê da sorte, do ciúme que não passa de um medo, o futuro talhado agora pela determinação com que bate o teu coração agitado pela energia de mil beijos já dados e outros tantos ainda por dar.
Tenta ao menos acreditar que é viável essa entrega incondicional, que é possível renegar o mal expurgando dessa ligação a indecência de julgares excluída a cedência como um elemento fulcral para o amor que pretendas imortal, ignorante daquilo que só quem experimentou saberá explicar.
Talvez consigas apanhar melhor a ideia se eliminares em ti a barreira de pressupostos, se deixares cair os preconceitos que te levam a desdenhar a emoção que não consegues sentir como a descrevem os que sabem de que é feito afinal o amor de que falas porque ouviste contá-lo assim.
Talvez não comeces pelo fim os amores que matas à nascença por impores a desconfiança ou o silêncio comprometedor que inquina, o segredo, transformando cada passo numa mina potencial. Concentra-te no essencial, no objectivo comum em que dois não são a soma de uns mas antes o resultado de um amor que é moldado em função das características que não podes querer anular no outro que tratas como teu.
Procura o caminho para o céu garantido como contrapartida por abraçares um amor para toda a vida, mesmo que receies e tentes proteger a tua resistência contra a agressão como sentes cada desilusão que às tantas podia ser evitada se tivesses essa barreira construída por forma a não impedir esse amor de atingir a fasquia que acreditas ser a ideal.
Desiste de fingir, não é bom, não é normal, uma vontade que não consegues reunir de tão armadilhada pela tua tendência arriscada para o faz de conta, a suspeita que se levanta quando entras em contradição porque não ofereces o coração sem a tutela da cabeça.
Não deixes que isso te impeça de correres o risco que vale a pena, a paixão prolongada pela confiança depositada em quem corresponda ao teu esforço, ao teu empenho, numa relação alheia ao engano que a possa trair.
Alia a esse amor a amizade que pode unir as pontas soltas que vais deixando no coração, a dada desgosto, a cada traição como encaras todas as vezes em que te deparas com algo que pretendeste abafar, a verdade que acaba por ficar à superfície da pessoa que quiseste mudar em função das tuas exigências, sem admitires quaisquer cedências ou compromissos reais que fazem parte do respeito que também entra na equação na hora de acertar as agulhas a dois.

Imagina um amor tão forte que não possa jamais ficar exposto à mentira que o corrói, à cobardia que tanto dói quando revelada pela indiscrição de um simples lapso ou de um nome muitas vezes repetido durante um sonho que partilhas, sem querer, com o amante acordado a quem tentaste esconder essa tua hesitação que um amor a sério, eterno, encaixaria no perdão ou na sua persistência, na sua infinita resistência contra as pequenas fissuras que urge reparar com a frontalidade que te possa poupar à imagem que tanto rejeitas mas acabas por assumir.

Decide de uma vez para onde queres partir em cada viagem, reúne toda a coragem necessária para poderes mudar a história triste que insistes em reescrever sempre igual enquanto sentes o tempo a passar rumo ao final das hipóteses de viveres uma experiência que poderá um dia deitar-se ao teu lado sem que o percebas e siga o seu caminho.

Até ao dia em que pouses o olhar envelhecido nesse tempo mal perdido e te reste imaginar aquilo que podia ter sido se te imaginasses, nessa altura, agora, num dia de sorte, um amor tão forte, tão bom de sentir, que nem a tua alma esquiva consiga desmentir.

How to learn English in ten simple steps



Kika's lyrics version:

One, two, Kikas's coming for you

Three, four, better lock your door

Five, six, grab a crucifix

Seven, eight, gonna stay up too late

Nine, ten, you’ll never sleep again