Ora aqui há dias ouvi o coiso agarrado a mim a rir e tentei perceber do que falava, pois para além dos predicados acima também sou, como as melhores pilas, dotada de um refinado sentido de humor.
De resto, ainda ontem no urinol de um restaurante uma pila me contava que abraçou a carreira de palhaça porque sempre que as coisas agarradas às passarinhas a olhavam desatavam a rir e foi assim que a tal pila, nada curta de vistas, percebeu a sua verdadeira vocação e agora conta anedotas a todas as pilas que encontra. E eu, olhando para a minorca, percebi a piada toda da situação.
Por isso tentei perceber de que tratava a galhofa entre os coisos e com franqueza não lhes achei piada nenhuma, pois estavam alegremente a debater onde é que teria sido melhor nascer-lhes uma piroca, como se houvesse sítio melhor do que o real e, pior ainda, como se fossemos nós a nascer neles e não o contrário.
No meio da risota, a maioria defendia que na testa é que era bom, mas outros até se atreviam a sugerir as mãos ou os pés! As mãos ou os pés? Então e a pila andava aí a pisar tudo quanto é porcaria e (aí até dava jeito a algumas, coitadas) a ganhar calo? Ou a mexer em coisas sujas como o dinheiro e outras porcarias em que os coisos agarrados a nós chafurdam?
Às tantas chegou a vez do meu apêndice dar a sua opinião. E não é que o cabrão afirmou a pés juntos que bom era mesmo ter a piroca no queixo? Como se fosse uma barbicha badalo?
Como é possível que um coiso a quem tenho dado tantas alegrias onde estou possa achar que eu estaria melhor à vista de todos, ao pendurão como um chispe?
Pois eu acho é que o coiso agarrado a mim de cuja boca só saem disparates, essa verrugona, ficava melhor atarrachado aos tomates. Ou enfiado pela carola numa...
(Agora, com a fúria, varreu-se-me.)