23 novembro 2011

Claude Nicholas Ledoux, um arquitecto visionário e sem pudor

Nota: Este artigo contém um elevado teor cultural, sendo constituído por referências turísticas e arquitectónicas cujos efeitos secundários se poderão traduzir em bocejos e sonolência, pese embora a sua conclusão numa clara alusão à temática do sexo.


Claude Nicholas Ledoux foi um arquitecto utopista e visionário que viveu em França na transição do século XVIII para o século XIX, sendo considerado um dos primeiros expoentes do neoclassicismo por terras gaulesas.

Verdadeiramente revolucionário e claramente à frente do seu tempo, é possível encontrar trabalhos de Ledoux em vários locais desse país, embora muitos deles não tenham chegado a ser construídos.

Nas minhas viagens por França, tive ocasião de visitar várias vezes aquela que é a obra mais emblemática de Ledoux: as Salinas Reais de Arc-et-Senans (clicar aqui para saber mais) que hoje, classificadas como Património da Humanidade pela UNESCO, funcionam como centro cultural, sendo palco de espectáculos musicais, exposições permanentes e temporárias, festivais temáticos, entre outros.

Acabei até por encontrar obras deste arquitecto em locais verdadeiramente inesperados, na forma de reconstruções numa área de serviço de uma auto-estrada (ver aqui), onde também estão patentes exposições temporárias. É verdadeiramente estranha esta ideia de uma área de serviço que não se limita a vender sandes de panado e café junto a instalações sanitárias e a um posto de abastecimento de combustível mas, verdade seja dita, quem consegue compreender o que vai na cabeça dos franceses?

Eis por exemplo o Pavilhão dos Círculos na dita área de serviço, contendo na altura uma exposição dedicada à Volta à França:


Ledoux era também apologista da ideia de que a estética dos edifícios deveria também traduzir a natureza da sua utilização. Na exposição permanente dedicada a Ledoux nas Salinas Reais, encontrei alguns exemplos disso mesmo.

Entre maquetes várias, descobri o projecto do OIKEMA, a "Casa do Prazer". Este projecto (nunca passou disso, vá-se lá saber porquê) propunha uma solução para a construção de um bordel, tendo sido desenhado por volta do ano de 1800.

Se a fachada principal só por si dá uma ideia de imponência...


...o que dizer da propria planta do edifício?


Se o Ledoux fosse hoje vivo, para além de ser um grande amigo do nosso Cutileiro, seria sem sombra de dúvida um adepto fervoroso d'A Funda São!

Fruta 40 - ego para que te quero

Photobucket

[Foto: Petrus, 2010, Ego]

Peixaralhos

Pobre Juca

Será uma experiência única.





Isso será considerado estupro ou masturbação?

Capinaremos.com

22 novembro 2011

16º Encontra-a-Funda - Santa Bebiana em Caria


São 8 anos de blog «a funda São» e é o momento do 16º Encontra-a-Funda.
Desta vez, vamos às Festas da Santa Bebiana, em Caria. Na página do Encontro explico o que é este testemunho etnográfico das antigas festas báquicas pagãs, que celebra a devoção por Santa Bebiana, a padroeira dos bêbedos. Depois de ter sido proibida pela igreja católica durante séculos, com o 25 de Abril a tradição foi recuperada. Por entre procissões, chocalhos, sermões irónicos e archotes de palha, ouvem-se as rezas da festa…

O Credo dos Ébrios
“Creio no álcool a 36 graus, Todo-Poderoso e criador de formidáveis carraspanas. Creio na aguardente, sua filha, e minha esposa predilecta, a qual foi concebida por obra e graça do alambique, nasceu da puríssima cana e padeceu sob o pisão dos moinhos. Foi derramada e sepultada num casco, ao terceiro dia surgiu da garrafa e subiu graciosa e triunfante à caixa dos pirolitos. Escoou o fundo da caldeira e está no tonel bem rolhada, estando à mão direita das barbas do bagaço, de onde há-de vir alegrar uma grande pândega sem fim; dar vistas aos grandes e pequenos, ricos e pobres, doutores e burgueses, santos e diabos. Portanto creio na repetição da pinga, na santa vindima anual, na comunicação dos irmãos do esgota, na renovação das pipas vazias, na bebedeira eterna. Ámen”

O Pai Nosso do Vinho
“Santa uva que estais na parreira, purificada sejais, sem enxofre e sem sulfato. Venha a nós o vosso líquido, para ser bebido à nossa vontade, tanto na taverna como na nossa casa, livrai-nos de quebrar a cabeça. Ámen!”

Fonte: cyberjornal.net

Eva portuguesa - «Procuro»

"Procuro uma forma de ser feliz... não é o que todos procuramos?
Preciso de dinheiro, porque sem ele não se vive... sobrevive-se!
E a idade de amor e uma cabana já lá vai...
Gosto de viver bem. Não preciso de demasiado; apenas o suficiente para não ter que me preocupar com isso... se bem que, em momentos de maior demência, sonho em ter um ferrari meu à porta de minha casa; que seria um palacete brutal quiçá em Sintra... Ir a Paris às lojas dos grandes estilistas comprar a colecção da próxima estação... Ah, e ter um enorme, perfeitamente indecente walking closet! Eu sei... influência do Sexo e a Cidade! Mas que hei-de fazer?! Sou mulher, sou bonitinha, posso ser vaidosa...
E eis que toca o telefone e regresso à terra: "É sobre o anúncio... pode-me dizer as condições?"
Não é fácil,apesar do que dizem...
Corpos que passam pelo meu corpo, vozes que abafam a minha, gemidos muitas vezes apenas largados...
Gordos, magros, altos, baixos, peludos, rapados, feios, bonitos, novos, velhos... todos traduzidos numa nota... uma necessidade que vem de fora para dentro, urgente, secreta; uma necessidade (minha),que vem de dentro para fora, traduzida no sorriso do meu filho quando lhe ofereço o que ele tanto quer...
... nas noites bem dormidas abraçada àquele ser pequenino e indefeso, com a consciência tranquila de não ter feito mal a ninguém, e a leveza de não ter que me preocupar onde arranjar dinheiro para pagar a casa...
Já passei mal, sabem... e por falso pudor nunca tirei partido do meu corpo... deixei que o usassem e deitassem fora, em nome de algo intitulado amor... Parva,eu! Agora uso e sou usada; dou e tenho prazer; por vezes também choro e desespero... em nome desse tal amor! Mas este real, verdadeiro, único, incomparável, sentido, incondicional... o amor de Mãe!
Por ele mato; por ele morro...
Por e para ele abdico de mim...
E torno-me na Eva... a Eva, que me alimenta, suja, envergonha, orgulha, limita, faz crescer... a Eva... a outra metade de mim mesma..."
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Roda

Posso tocar-te a pele
- a distância é pouca -
com a ponta dos meus dedos
e beijar-te a boca
húmida e apetecível,
num rasgo infantil
de desejo.
Voltas sempre sobre mim
saudando o meu corpo
como se o mundo acabasse
no momento;
é bom sorrir-te
e saber-te presente:
a roda gira...

Poesia de Paula Raposo