Costumava ver-me ao espelho antes de pensar em matar-me. E digo costumava porque o fazia todos os dias, ver-me ao espelho e pensar em matar-me. Também desistia todos os dias da segunda acção. Acho que o fazia porque era confortável não me matar sabendo que o podia fazer. Acabar, duma vez por todas, com aquilo que via ao espelho.
É que não havia muito mais para além disso, uma mulher que nunca se tinha achado bonita, nunca tinha Amado ninguém nem sequer tinha vontade o fazer. Pior, não sei se algum homem alguma vez na vida tinha tido vontade de me Amar a mim. Um dia troquei tudo por cigarros uns atrás dos outros, que é como quem diz, troquei uma morte rápida por uma lenta mas com algum prazer.
A minha mãe costuma dizer-me que eu nunca devia ter deixado o Bruno. Que ele era bom partido e até já tinha casa paga. E eu lembro-me sempre dele sair da minha cama com o pénis ainda erecto e sujo de esperma, a correr para a sala para tentar ver o final dum jogo de futebol qualquer. Não conseguiu e voltou frustrado. Para a próxima temos que ser mais rápidos, disse. Eu calei-me e fumei um cigarro, destes que ainda fumo agora, com uma vontade enorme que ele saísse dali.
Depois desse dia aprendi que a solidão e a fome são irmãs chegadas, que ambas precisam de ser saciadas rapidamente. O problema é que, numa e noutra, quando se come depressa demais há o risco duma mulher se engasgar. Engasguei-me com ele da mesma forma que já me engasguei com batatas fritas. Sei que todos os homens que vieram a seguir ao Bruno me pareceram iguais. Alguns bons à vista mas todos sem sabor. Nunca comi nenhum.
À minha mãe comecei a inventar casos amorosos, só para ela ficar descansada. Fui criando homens que se mostravam interessados por mim mas que, por um acaso qualquer da vida, acabavam por se afastar. Depois comecei a inventá-los também para mim, principalmente nas noites em que não conseguia dormir. Acreditei em todos, pelo menos até hoje. Cruzei-me com o Bruno numa avenida qualquer da cidade e ele abraçou-me. Os abraços são como as batatas fritas. Saciam. Já me tinha esquecido disso.
Vejo-me ao espelho agora sem pensar em mais nada. Sabe-me bem não querer matar aquilo que está do outro lado, mesmo que não consiga responder ao meu sorriso forçado. Ele perguntou-me se eu estava bem e respondi que sim. Trocámos os novos números de telemóvel e prometeu que me telefonava hoje. Estou à espera. Dum abraço.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
03 fevereiro 2012
02 fevereiro 2012
«Eu dou-te a zona de conforto» - Patife
A semana passada, só para variar, marquei consulta com uma psicóloga nova. Por vezes faço isto, como quem marca visitas a casas para venda quando não estão a pensar mudar de casa. É uma espécie de hobbie. Eu faço isso com psicólogos. Volta e meia marco uma consulta de terapia. Normalmente até escolho psicólogas. E invariavelmente são giras. Ou boas. Ninguém costuma marcar visitas a casas feias e a cair de velhas, pois não? Então não me critiquem. Já que é para estar 50 minutos a olhar para uma pessoa ao menos que tenha capacidades para me arrebitar o salpicão. Divirto-me muito com as novas psicólogas cheias de chavões e clichés, que me olham como se fosse um caso de fácil resolução. Esta teve falta de criatividade suficiente para me dizer que eu preciso de sair da minha zona de conforto. Eu dou-te a zona de conforto. Não percebo a obsessão de sair da zona de conforto. É como estar um gajo esparramado ao sol das caraíbas, rodeado de mulheres em bikinis reduzidos e mandarem-nos para o mar alto nadar com os tubarões. Não percebo a lógica: “Estás aí bem, é? É confortável? Então sai lá daí, seu hedonista, e toca a ir para uma zona de agressão andar ao papel para veres o que é bom para a tosse”. É francamente estúpido. É abertamente imbecil. Por isso, assim que ouvi a expressão zona de conforto levantei-me e saí para ir a uma festa. Não sei se já vos disse mas gosto muito de festas de ânus. Sobretudo quando me deixam partir o bolo. Todo.
Patife
Blog «fode, fode, patife»
Patife
Blog «fode, fode, patife»
01 fevereiro 2012
«conversa 1869» - bagaço amarelo
(ao telefone)
Eu - Temos que beber um copo um dia destes.
Ela - Dizes sempre isso mas depois nunca convidas.
Eu - Por acaso tens razão, admito que sim...
Ela - Se não me telefonares para sair neste fim de semana, nunca mais falo contigo.
Eu - Não me digas que eras capaz de deixar de falar comigo só por eu não te telefonar este fim de semana.
Ela - Está bem.
Eu - Está bem o quê?
Ela - Não digo.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Eu - Temos que beber um copo um dia destes.
Ela - Dizes sempre isso mas depois nunca convidas.
Eu - Por acaso tens razão, admito que sim...
Ela - Se não me telefonares para sair neste fim de semana, nunca mais falo contigo.
Eu - Não me digas que eras capaz de deixar de falar comigo só por eu não te telefonar este fim de semana.
Ela - Está bem.
Eu - Está bem o quê?
Ela - Não digo.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Frases do Ricardo Esteves - tenho os pés tão frios...
O Ricardo Esteves está no Facebook, no YouTube, no blog Quotidiano Hoje e no Tumblr
31 janeiro 2012
Eva portuguesa - «A segunda fase da vida da Eva»
Decidi rapidamente que aquela casa não era para mim! Proxeneta, falta de higiene, falta de condições, clientes do mais baixo extracto social e afins, levaram-me a procurar algo melhor.
E assim fui parar a uma casa mesmo de luxo (tipo palacete), com empregada, quartos com jacuzzi, toalhas, lençóis e roupões realmente lavados para cada cliente e cuja dona era um amor de senhora que, desde que não se prejudicasse, olhava bem pelas "suas" meninas. Até segurança tínhamos!
Mas também aqui era metade/metade, se bem que os valores praticados eram o dobro.Aqui sim, conheci clientes de luxo...
Mas, para além do metade/metade, éramos 15 meninas, tínhamos que desfilar em frente a cada homem que chegava e ele escolhia quem queria, qual vacas na feira do Cartaxo...
Era demasiada exposição, rebaixávamo-nos com este "desfile" (só faltava mostrar os dentes!) e, com tanta menina, era difícil ganhar bem...
Mas foi nesse palacete,onde só estive um mês, que ganhei confiança, coragem e os conhecimentos que me faltavam para iniciar-me por minha conta.
Foi também aí que conheci uma colega (e amiga) que me indicou site onde anunciar, como fazê-lo, o tipo de resposta a dar ao telefone, valores, melhores horários, etc.
Inclusivamente ainda hoje partilhamos um apartamento de trabalho.
Confesso que estava ansiosa por este começo "a solo"...e com bastante receio. Estaria eu a um nível suficiente para isso?
Seria tão bonita como as fotos das outras que via nos sites (ainda não conhecia o photoshop)? Seria suficientemente apetecível? Seria assim tão boa f*da?...
Sim, hoje parece-me um pouco ridículo alguma vez ter posto estas questões... se bem que ainda haja momentos menos bons em que algumas delas me venham "visitar"...
Mas vocês têm que perceber uma coisa: o meu pai passou a minha pré puberdade a chamar-me gorda, feia e que nunca ninguém ia gostar de mim.Ora, isto ouvido repetidamente, sobretudo de alguém que se ama e se admira e que também nos ama, mata qualquer tipo de auto-estima! Para além disso, eu nunca fui uma menina popular no Colégio onde estudei. Não dava liberdade aos rapazes, não andava vestida na última moda, não tinha autorização para sair e era muito boa aluna...
Já mais tarde, vem um casamento com traições, um divórcio...
Tudo isto somado serviu para que a minha auto-confiança nunca fosse muito saudável... ou praticamente inexistente.
Apesar de ir ao ginásio, ter cuidado com a alimentação, ter um bom corpo e bem cuidado, e ter uma cara bonita (sobretudo os meus olhos verdes e o meu sorriso maroto), foi preciso tornar-me Acompanhante de Luxo para ganhar confiança em mim como mulher e para me desinibir na cama... Engraçado, não?!
Pois é, como eu já vos disse anteriormente, parece que tudo na minha vida começou ao contrário... até isto: primeiro torno-me acompanhante e isso é que me dá auto-estima!...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
E assim fui parar a uma casa mesmo de luxo (tipo palacete), com empregada, quartos com jacuzzi, toalhas, lençóis e roupões realmente lavados para cada cliente e cuja dona era um amor de senhora que, desde que não se prejudicasse, olhava bem pelas "suas" meninas. Até segurança tínhamos!
Mas também aqui era metade/metade, se bem que os valores praticados eram o dobro.Aqui sim, conheci clientes de luxo...
Mas, para além do metade/metade, éramos 15 meninas, tínhamos que desfilar em frente a cada homem que chegava e ele escolhia quem queria, qual vacas na feira do Cartaxo...
Era demasiada exposição, rebaixávamo-nos com este "desfile" (só faltava mostrar os dentes!) e, com tanta menina, era difícil ganhar bem...
Mas foi nesse palacete,onde só estive um mês, que ganhei confiança, coragem e os conhecimentos que me faltavam para iniciar-me por minha conta.
Foi também aí que conheci uma colega (e amiga) que me indicou site onde anunciar, como fazê-lo, o tipo de resposta a dar ao telefone, valores, melhores horários, etc.
Inclusivamente ainda hoje partilhamos um apartamento de trabalho.
Confesso que estava ansiosa por este começo "a solo"...e com bastante receio. Estaria eu a um nível suficiente para isso?
Seria tão bonita como as fotos das outras que via nos sites (ainda não conhecia o photoshop)? Seria suficientemente apetecível? Seria assim tão boa f*da?...
Sim, hoje parece-me um pouco ridículo alguma vez ter posto estas questões... se bem que ainda haja momentos menos bons em que algumas delas me venham "visitar"...
Mas vocês têm que perceber uma coisa: o meu pai passou a minha pré puberdade a chamar-me gorda, feia e que nunca ninguém ia gostar de mim.Ora, isto ouvido repetidamente, sobretudo de alguém que se ama e se admira e que também nos ama, mata qualquer tipo de auto-estima! Para além disso, eu nunca fui uma menina popular no Colégio onde estudei. Não dava liberdade aos rapazes, não andava vestida na última moda, não tinha autorização para sair e era muito boa aluna...
Já mais tarde, vem um casamento com traições, um divórcio...
Tudo isto somado serviu para que a minha auto-confiança nunca fosse muito saudável... ou praticamente inexistente.
Apesar de ir ao ginásio, ter cuidado com a alimentação, ter um bom corpo e bem cuidado, e ter uma cara bonita (sobretudo os meus olhos verdes e o meu sorriso maroto), foi preciso tornar-me Acompanhante de Luxo para ganhar confiança em mim como mulher e para me desinibir na cama... Engraçado, não?!
Pois é, como eu já vos disse anteriormente, parece que tudo na minha vida começou ao contrário... até isto: primeiro torno-me acompanhante e isso é que me dá auto-estima!...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
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