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21 março 2012
"Há mazonas", as setas, claro...
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20 março 2012
A posta num picoito interrompido
Volta e meia os moralistas do costume decidem reagir por antecipação, aproveitando o ensejo para adicionar as guerras perdidas no passado e que acabam por relacionar umas com as outras porque acham que faz tudo parte do mesmo esquema medonho, da gigantesca conspiração das minorias para conspurcarem o sistema perfeitinho e maneirinho que vêm moldando desde os tempos da santa inquisição.
Parece ser o caso, pois o Picoito não é o primeiro a (ab)usar (d)o microfone e (d)o teclado para influenciar mentalidades a tempo de estarem prontas para enfrentarem eventuais referendos no futuro, inclusive na estratégia estafada de relembrar derrotas do passado, como a da IVG, para tornarem ainda mais terrífico o papão libertário.
Julgo que a esquerda actual tem mais em mãos para ficar entretida do que trazer para a berlinda o melindre da adopção por casais não compostos pelo ancestral binómio macho/fêmea. Não, nem lhes chamo casais homossexuais pois se a lei lhes reconhece o estatuto de casais é isso que são e nem mesmo a ILGA deveria destacá-los dos restantes como se fossem uma espécie ameaçada.
É impossível dar conversa e entender a motivação de alguém que se veste paladino de uma causa que consiste em desacreditar cidadãs e cidadãos da sua capacidade de criarem filhos por via da sua orientação sexual não padronizada nos cânones da maioria. Contudo, é igualmente impossível aceitar que transmitam o contágio conservador por todos os meios ao seu dispor sem tentar equilibrar a parada da argumentação. Sobretudo quando o impulso é prematuro e, por inerência, a motivação se torna um tudo nada missionária.
A questão dos princípios parece-me ser a que está em causa em ambos os lados desta divergência. Se para os Picoitos deste mundo a cena do amor e do casamento e da família só é como deve ser se nela intervierem sempre cidadãos de géneros diferentes (ou será que se comprovadamente não forem homossexuais já podem ser do mesmo?), para muitas outras pessoassem acesso a microfones o princípio é outro e diz que toda a gente é livre de se assumir nas suas diferenças, ainda que se trate de grupos minoritários, e não merece por isso um tratamento distinto por parte de quem as não tolera.
A coisa vista deste lado soa a medieval porque qualquer fundamento para a discriminação tem que recuar a esses dias em que os costumes eram impostos à bruta, ou pelo menos aos tempos mais recentes em que a diferença era tida como uma ameaça a exterminar, se tivermos em conta a necessidade de inferiorizar grupos de cidadãos na sua capacidade plena por via da cor da pele, da orientação sexual ou do diabo que carregue os tais cruzados com sede repressora.
A coisa vista deste lado soa a desprezo não por quem é portador de uma diferença incómoda mas por quem ousa assumi-la e reclamar esse direito às claras. Não faltam os escândalos de alcova, os segredos escapados a bastiões, mesmo sagrados, alegadamente insuspeitos, dessa moral tradicional para o evidenciar.
Por tudo isto estamos perante mais uma falsa questão, mais um erguer do eterno papão antes que a Democracia, algum referendo maluko ou assim, faça das suas e desminta pela maioria expressa em votos a ilusão alimentada por uns quantos de que ainda é a sua a versão correcta e generalizada de um mundo como se quer.
É esse o medo que agita os Picoitos nas catacumbas da sua sociedade perfeita na uniformidade, sem mácula à superfície, perdoada em segredo pelos seus desvarios nos bastidores, incapazes de aceitarem a mudança que não se pode proibir como dantes se podia e de reconhecerem aos outros o mesmo estatuto se não o souberem merecer com, pelo menos, o sigilo, o encobrimento dessas tentações demoníacas que só podem entender como doenças ou, num patamar superior de alucinação, como maldições que desejariam banidas mas, no mínimo, pretendem impedir de usufruírem de uma cidadania plena se for desajustada da realidade que os Picoitos pretendem, de facto, impor.
Eu não subscrevo essa irritante mania.
Eva portuguesa - «Taras II»
Continuando com as histórias mais... diferentes que me aconteceram desde que me tornei Acompanhante:
Uma vez um senhor ligou-me e perguntou-me se realizava fantasias. Eu disse que à partida sim, mas perguntei o que queria exactamente. O senhor perguntou-me se podia trazer o cão! O cão?! Mas não tem onde o deixar, perguntei eu burrinha de todo. Ao que me responde do outro lado que o cão era para entrar na brincadeira connosco!... Nem consegui responder!
Tive um cliente que me visitou ainda algumas vezes e que fazia questão de vestir lingerie minha (dava-lhe a mais velha, pois alargava-a e estragava-a toda), calçava umas meias com cinto de ligas que ficavam todas rasgadas e, como eu tenho o pé pequeno, usava umas socas minhas de salto alto que lhe deixavam meio pé de fora... E era assim, vestido à mulher com lingerie fio dental, saltos altos e cinto de ligas, que um homem extremamente peludo me comia... e gozava... Travesti? Não parece. Gay? Certamente que não, pois ele comia-me como um homem e atingia o orgasmo assim...Será que Freud explicaria esta?....
Tive um outro cliente que a única coisa que queria era "comer-me" os pés. Ligava-me sempre de véspera a marcar, pois eu tinha que ter as unhas dos pés pintadas cor leitoso, porque lhe fazia lembrar o sémen, segundo ele.
Não se despia. Punha a pila de fora. Eu estava em lingerie e descalça. Lambia, chupava, mordiscava, devorava os meus dedinhos dos pés. Depois, lambia minuciosamente todo o pé. Enquanto isso batia uma e era assim que chegava ao orgasmo. Limpava-se, pagava, dois beijinhos de despedida e ia todo sorridente...
Estas são aquelas que me lembro mais "anormais".
Depois há os fetiches. Mais vulgares, não menos escabrosos, alguns até violentos...
Mas desses falaremos noutro dia...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Uma vez um senhor ligou-me e perguntou-me se realizava fantasias. Eu disse que à partida sim, mas perguntei o que queria exactamente. O senhor perguntou-me se podia trazer o cão! O cão?! Mas não tem onde o deixar, perguntei eu burrinha de todo. Ao que me responde do outro lado que o cão era para entrar na brincadeira connosco!... Nem consegui responder!
Tive um cliente que me visitou ainda algumas vezes e que fazia questão de vestir lingerie minha (dava-lhe a mais velha, pois alargava-a e estragava-a toda), calçava umas meias com cinto de ligas que ficavam todas rasgadas e, como eu tenho o pé pequeno, usava umas socas minhas de salto alto que lhe deixavam meio pé de fora... E era assim, vestido à mulher com lingerie fio dental, saltos altos e cinto de ligas, que um homem extremamente peludo me comia... e gozava... Travesti? Não parece. Gay? Certamente que não, pois ele comia-me como um homem e atingia o orgasmo assim...Será que Freud explicaria esta?....
Tive um outro cliente que a única coisa que queria era "comer-me" os pés. Ligava-me sempre de véspera a marcar, pois eu tinha que ter as unhas dos pés pintadas cor leitoso, porque lhe fazia lembrar o sémen, segundo ele.
Não se despia. Punha a pila de fora. Eu estava em lingerie e descalça. Lambia, chupava, mordiscava, devorava os meus dedinhos dos pés. Depois, lambia minuciosamente todo o pé. Enquanto isso batia uma e era assim que chegava ao orgasmo. Limpava-se, pagava, dois beijinhos de despedida e ia todo sorridente...
Estas são aquelas que me lembro mais "anormais".
Depois há os fetiches. Mais vulgares, não menos escabrosos, alguns até violentos...
Mas desses falaremos noutro dia...
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Manuais sexuais do Tibete
Adoro estes livros do Tibete, com capa de madeira e todos os conteúdos escritos e pintados à mão, com imagens de posições sexuais e instruções para os recém-casados, a quem é tradição oferecerem-se estes livrinhos de cabeceira.
Adoro tanto que na minha colecção tenho quatro.
Adoro tanto que na minha colecção tenho quatro.
19 março 2012
«As (não eróticas) glórias da nudez» - de Zanthe Taylor (excertos)
Tradução minha de um texto encontrado aqui (em inglês):
"Nos últimos dois anos tenho vindo a entregar-me a comportamentos de nudismo. Com as minhas filhas. Em público. E tem sido maravilhoso. Tudo começou há dois anos, quando eu e a minha filha mais velha, então com seis anos, fomos convidadas para a festa de aniversário mais inusitada: um dia num spa coreano em College Point, Queens. A dona da casa alertou-me de antemão que, na primeira parte do dia, seria necessária alguma nudez. Por isso eu não fiquei totalmente surpreendida quando, depois do check-in, fomos encaminhadas para uma sala enorme com armários separados para os nossos sapatos e roupas. Foi um desafio para remover tudo sem me sentir totalmente exposta, mas não querendo mostrar à minha filha que estava perturbada, despi-me e fechei a porta à minha roupa.
Em minutos, nós encontrámo-nos a andar, nuas, na direcção de um espaço vasto, preenchido com uma série de piscinas rasas. Cada conjunto é aquecido a uma temperatura diferente, a partir de uns 16º que arrefecem os ossos até uns escaldantes 42º, muitos deles com jactos que atacam várias partes do seu corpo. Mas tão impressionante como essa demonstração de distribuição de água, foi muito mais marcante vir a ser inteiramente rodeada por mulheres nuas. Montes de mulheres nuas. Após esta área, as outras partes do spa são para ambos os sexos e, portanto, necessitam de roupas (calções e t-shirts tipo uniforme, usado por todos). E as outras áreas estavam muito divertidas: uma piscina aquecida ao ar livre que caiu nas boas graças, apesar das temperaturas geladas de Janeiro; uma colecção de saunas forradas com ouro, jade e gelo; uma praça de alimentação coreana... mas era o "quarto nu", como nós rapidamente apelidámos, que se revelou o mais extravagante de todos.
Eu regressei lá várias vezes, com amigas adultas, bem como com as minhas filhas (aqui só rapazes muito jovens são permitidos na área das mulheres). Há algo incrivelmente doce em ver mães, filhas e avós, todas compartilhando a experiência e, enquanto eu não me sentiria confortável ter um amiga a esfregar-me toda com uma luva esfoliante, como vejo outras mulheres a fazer, sinto-me um pouco subversiva por fazer parte desta grande exposição de nudismo. Não é muito diferente da sensação que tive como estudante do segundo ano da faculdade, ao ter participado nos chamados «Jogos Olímpicos nus» que marcam a primeira queda de neve em cada ano. Vestidos apenas de botas e talvez um lenço, os alunos do segundo ano mais audazes entravam no pátio mais bonito do campus universitário à meia-noite. Escusado será dizer, o evento atraiu multidões impressionantes e alguns maus comportamentos, mas a minha própria experiência foi simultaneamente casta e totalmente emocionante.
Mas quando regressei a este spa, com as minhas filhas numa fase mais próxima das alterações pré-púberes do corpo, o meu prazer tornou-se menos sobre o frisson subversivo de estar nua e mais sobre a experiência que eu lhes estou a proporcionar. É possível que eu seja incrivelmente ingénua, mas eu estou chocada - realmente, realmente chocada - pela grande variedade dos corpos das mulheres que eu lá vejo. Existem mulheres de todos - e eu realmente quero dizer todos - os tamanhos e formas. É impossível não nos maravilharmos com a enorme variedade de formas com que nos deparamos, bem como com quanto é revelado quando as roupas são arrancadas. É muito mais íntimo do que até a praia, onde até mesmo trajes de banho pequenos podem disfarçar e orientar a carne em várias direcções estéticas.
As revelações trazidas por esta surpreendente variedade de tipos de corpo são muitos. Primeiro, nem uma mulher que eu já vi aqui se parece em algo com as mulheres que vemos todos os dias nas revistas, na TV e em filmes. Há mulheres com boas figuras, mas nenhuma com a barriga lisa, quadris finos e seios grandes que você pensaria que eram equipamentos de série a partir das imagens dos media. Realmente: Nem um. Não posso exagerar como é inestimável para as crianças crescerem vendo as mulheres reais. As minhas filhas são jovens demais para entender isso, mas eu tenho muita esperança de que, à medida que envelhecerem, elas vão entender: verdadeiras mulheres reais têm solavancos e protuberâncias, celulite em lugares em que tu nem sabias que podiam ter celulite, cicatrizes, tatuagens, peitos e aréolas de formatos estranhos. Meninas magras podem ter barrigas flácidas e as mulheres gordas podem ser lindas. Eu diria que a nudez é o grande equalizador, excepto que é precisamente o oposto: a nudez revela como imensamente variados somos. E como terrivelmente manipulados somos quando se trata de vermos os nossos próprios corpos.
O outro grupo que beneficiaria em assistir a esta cena, embora isso nunca poderia acontecer, por razões óbvias, são meninos e homens. Eu tive que reprimir uma gargalhada quando comecei a imaginar como esse grupo, exposto a partir de uma idade cada vez mais jovem a imagens de mulheres que se parecem (ou realmente são) estrelas porno, reagiria à exibição do corpo feminino no quarto nu. Claro que imagino que uma grande festa erótica, mas eu pergunto-me como eles se sentiriam quando se deparassem com a forma feminina em toda sua glória, real e variada. Por vezes desejava que houvesse algum tipo de «contraprogramação» para os meninos: como podemos ensiná-los que as mulheres reais não são os objectos amaciados, lusuriosos e sem pêlos que eles imaginam nas suas fantasias? Claro, não precisas de cavar muito fundo para descobrires que, para a maioria dos homens, uma mulher de qualquer forma pode ser um objecto de desejo mas, hoje em dia, pode demorar um pouco para os homens superarem a sua preferência para os tipos de mulher totalmente irreais, forma para a qual eles também foram treinados para acreditar. É por isso que eu gostaria de substituir todos os posters das revistas para homens e modelos em biquini por uma apresentação das mulheres que eu vi, ao vivo, no quarto nu.
Eu tenho amigos que hesitam em juntar-se a mim neste spa. E eu sei, despirmo-nos para lá da nossa roupa interior pode ser uma perspectiva assustadora. Mas, além de prometer não olhar abaixo do teu pescoço, eu posso oferecer um outro estímulo: este é o que realmente as mulheres se parecem, e tu deves a ti mesma e, se tiveres filhas, para dares testemunho."
Zanthe Taylor
"Nos últimos dois anos tenho vindo a entregar-me a comportamentos de nudismo. Com as minhas filhas. Em público. E tem sido maravilhoso. Tudo começou há dois anos, quando eu e a minha filha mais velha, então com seis anos, fomos convidadas para a festa de aniversário mais inusitada: um dia num spa coreano em College Point, Queens. A dona da casa alertou-me de antemão que, na primeira parte do dia, seria necessária alguma nudez. Por isso eu não fiquei totalmente surpreendida quando, depois do check-in, fomos encaminhadas para uma sala enorme com armários separados para os nossos sapatos e roupas. Foi um desafio para remover tudo sem me sentir totalmente exposta, mas não querendo mostrar à minha filha que estava perturbada, despi-me e fechei a porta à minha roupa.
Em minutos, nós encontrámo-nos a andar, nuas, na direcção de um espaço vasto, preenchido com uma série de piscinas rasas. Cada conjunto é aquecido a uma temperatura diferente, a partir de uns 16º que arrefecem os ossos até uns escaldantes 42º, muitos deles com jactos que atacam várias partes do seu corpo. Mas tão impressionante como essa demonstração de distribuição de água, foi muito mais marcante vir a ser inteiramente rodeada por mulheres nuas. Montes de mulheres nuas. Após esta área, as outras partes do spa são para ambos os sexos e, portanto, necessitam de roupas (calções e t-shirts tipo uniforme, usado por todos). E as outras áreas estavam muito divertidas: uma piscina aquecida ao ar livre que caiu nas boas graças, apesar das temperaturas geladas de Janeiro; uma colecção de saunas forradas com ouro, jade e gelo; uma praça de alimentação coreana... mas era o "quarto nu", como nós rapidamente apelidámos, que se revelou o mais extravagante de todos.
Eu regressei lá várias vezes, com amigas adultas, bem como com as minhas filhas (aqui só rapazes muito jovens são permitidos na área das mulheres). Há algo incrivelmente doce em ver mães, filhas e avós, todas compartilhando a experiência e, enquanto eu não me sentiria confortável ter um amiga a esfregar-me toda com uma luva esfoliante, como vejo outras mulheres a fazer, sinto-me um pouco subversiva por fazer parte desta grande exposição de nudismo. Não é muito diferente da sensação que tive como estudante do segundo ano da faculdade, ao ter participado nos chamados «Jogos Olímpicos nus» que marcam a primeira queda de neve em cada ano. Vestidos apenas de botas e talvez um lenço, os alunos do segundo ano mais audazes entravam no pátio mais bonito do campus universitário à meia-noite. Escusado será dizer, o evento atraiu multidões impressionantes e alguns maus comportamentos, mas a minha própria experiência foi simultaneamente casta e totalmente emocionante.
Mas quando regressei a este spa, com as minhas filhas numa fase mais próxima das alterações pré-púberes do corpo, o meu prazer tornou-se menos sobre o frisson subversivo de estar nua e mais sobre a experiência que eu lhes estou a proporcionar. É possível que eu seja incrivelmente ingénua, mas eu estou chocada - realmente, realmente chocada - pela grande variedade dos corpos das mulheres que eu lá vejo. Existem mulheres de todos - e eu realmente quero dizer todos - os tamanhos e formas. É impossível não nos maravilharmos com a enorme variedade de formas com que nos deparamos, bem como com quanto é revelado quando as roupas são arrancadas. É muito mais íntimo do que até a praia, onde até mesmo trajes de banho pequenos podem disfarçar e orientar a carne em várias direcções estéticas.
As revelações trazidas por esta surpreendente variedade de tipos de corpo são muitos. Primeiro, nem uma mulher que eu já vi aqui se parece em algo com as mulheres que vemos todos os dias nas revistas, na TV e em filmes. Há mulheres com boas figuras, mas nenhuma com a barriga lisa, quadris finos e seios grandes que você pensaria que eram equipamentos de série a partir das imagens dos media. Realmente: Nem um. Não posso exagerar como é inestimável para as crianças crescerem vendo as mulheres reais. As minhas filhas são jovens demais para entender isso, mas eu tenho muita esperança de que, à medida que envelhecerem, elas vão entender: verdadeiras mulheres reais têm solavancos e protuberâncias, celulite em lugares em que tu nem sabias que podiam ter celulite, cicatrizes, tatuagens, peitos e aréolas de formatos estranhos. Meninas magras podem ter barrigas flácidas e as mulheres gordas podem ser lindas. Eu diria que a nudez é o grande equalizador, excepto que é precisamente o oposto: a nudez revela como imensamente variados somos. E como terrivelmente manipulados somos quando se trata de vermos os nossos próprios corpos.
O outro grupo que beneficiaria em assistir a esta cena, embora isso nunca poderia acontecer, por razões óbvias, são meninos e homens. Eu tive que reprimir uma gargalhada quando comecei a imaginar como esse grupo, exposto a partir de uma idade cada vez mais jovem a imagens de mulheres que se parecem (ou realmente são) estrelas porno, reagiria à exibição do corpo feminino no quarto nu. Claro que imagino que uma grande festa erótica, mas eu pergunto-me como eles se sentiriam quando se deparassem com a forma feminina em toda sua glória, real e variada. Por vezes desejava que houvesse algum tipo de «contraprogramação» para os meninos: como podemos ensiná-los que as mulheres reais não são os objectos amaciados, lusuriosos e sem pêlos que eles imaginam nas suas fantasias? Claro, não precisas de cavar muito fundo para descobrires que, para a maioria dos homens, uma mulher de qualquer forma pode ser um objecto de desejo mas, hoje em dia, pode demorar um pouco para os homens superarem a sua preferência para os tipos de mulher totalmente irreais, forma para a qual eles também foram treinados para acreditar. É por isso que eu gostaria de substituir todos os posters das revistas para homens e modelos em biquini por uma apresentação das mulheres que eu vi, ao vivo, no quarto nu.
Eu tenho amigos que hesitam em juntar-se a mim neste spa. E eu sei, despirmo-nos para lá da nossa roupa interior pode ser uma perspectiva assustadora. Mas, além de prometer não olhar abaixo do teu pescoço, eu posso oferecer um outro estímulo: este é o que realmente as mulheres se parecem, e tu deves a ti mesma e, se tiveres filhas, para dares testemunho."
Zanthe Taylor
«oi! tudo bem?» - bagaço amarelo
Estação de Campanhã na cidade do Porto. Entro no metro em direcção à estação das Sete Bicas. Escolho uma das cadeiras junto à janela porque, como estou estou cansado, assim posso encostar a cabeça ao vidro e dormitar durante os dezassete minutos que dura a viagem.
No Bolhão senta-se à minha frente uma mulher, aparentemente com a minha idade (mais coisa, menos coisa), cabelos loiros e calças justas ao corpo. Vejo-a pelo canto dum olho que abro preguiçosamente. É bonita. "Oi! Tudo bem?", pergunta ela num doce sotaque brasileiro. Olho apressadamente para o lado, a tentar perceber se ela está a cumprimentar alguém para além de mim. Não, não está. Só me pode estar a cumprimentar a mim. "Sim, está tudo. E contigo?", respondo tentando disfarçar a surpresa.
Três ou quatro segundos de silêncio e ela torna a falar. "Você me espera na estação, viu? Se ficar no carro não tem jeito de o encontrar não. Uns vinte minutos e estou aí!". Ela estava a falar ao telemóvel, com um auricular qualquer que os seus longos cabelos não me permitiam ver. Juro que se tivesse um buraco para me enfiar, enfiava.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
No Bolhão senta-se à minha frente uma mulher, aparentemente com a minha idade (mais coisa, menos coisa), cabelos loiros e calças justas ao corpo. Vejo-a pelo canto dum olho que abro preguiçosamente. É bonita. "Oi! Tudo bem?", pergunta ela num doce sotaque brasileiro. Olho apressadamente para o lado, a tentar perceber se ela está a cumprimentar alguém para além de mim. Não, não está. Só me pode estar a cumprimentar a mim. "Sim, está tudo. E contigo?", respondo tentando disfarçar a surpresa.
Três ou quatro segundos de silêncio e ela torna a falar. "Você me espera na estação, viu? Se ficar no carro não tem jeito de o encontrar não. Uns vinte minutos e estou aí!". Ela estava a falar ao telemóvel, com um auricular qualquer que os seus longos cabelos não me permitiam ver. Juro que se tivesse um buraco para me enfiar, enfiava.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
A mesma roupa, grandes diferenças
Homens nunca podem se apresentar a outras pessoas dessa forma.
Esse bráulio aparecendo, que horror.
Capinaremos.com
Esse bráulio aparecendo, que horror.
Capinaremos.com
18 março 2012
Osso Vaidoso - «Animal»
de te comer no quintal,
de uivar à luz da lanterna,
de dar ao rabo e à perna
mas tenho um vício acrobata,
de te ferrar a omoplata,
vinda por baixo da coxa,
até ficar toda roxa (...)"
Como engatar um gajo
A primeira coisa a considerar quando se quer engatar um gajo heterossexual é aceitar a tradição que vigora há séculos de que os homens preferem as mamas maiores. E hoje em dia é fácil torná-las nutridas através do uso de um soutien de silicone que as arvora em monumento dando-lhes a aparência de maior firmeza e maior volume ou, através de uma cirurgia que as encha do milagroso produto. Qualquer que seja a opção este investimento é básico.
A segunda, é mostrar um modelo de comportamento e de diálogo que permita aos homens efabular sobre a sua abertura para o erotismo mas equilibrada de modo a não lhes aumentar as inseguranças, isto é, nunca os convencendo que sabe mais do que eles sobre a matéria. O melhor exemplo é assumir a postura de uma Scarlett Johansson, sensual na imagem e contudo vestindo sempre cores claras e neutras, ou até só branco para sugerir a virgindade primitiva que os homens anseiam conquistar. Inebriados pela imagem pouco ouvirão do que diz o que só lhe facilita a sua estratégia. De qualquer modo convém não esquecer que deve mostrar naturalidade numa conversa picante e exibir incómodo por palavras e expressões como caralho, cona da mãe ou foda-se já que a esmagadora maioria das mentes masculinas só concebe que tal linguagem tenha uso feminino na cama.
Apenas com duas minorias se torna absolutamente necessária a conversação: os intelectuais e os pais compulsivos. Para o primeiro grupo, caso não se sinta preparada para o embate, recomendamos a leitura prévia de alguns blogues da moda - aqueles com uma média diária de cerca de mil visitas porque abaixo disso é arriscado aceitar sugestões como consensuais -, para se inteirar dos livros, filmes, discos e comportamentos que estão in. Para o segundo conjunto basta contar todas as gracinhas dos seus filhos ou na ausência destes, recordar todas as histórias das suas amigas mães ou rebuscar as memórias dos seus sobrinhos, dos filhos dos vizinhos ou das criancinhas que viu na praia no último verão.
Por último, é fundamental dar-lhe a noção que foi seduzida por ele e que não foi você que o engatou. Lembre-se também que é feminino depilar-se nas pernas e axilas e ostentar a pele limpa de pêlos como se isso fosse natural porque eles precisam de acreditar que a conquistaram tanto quanto é de geração espontânea a sua falta de pêlos.
A segunda, é mostrar um modelo de comportamento e de diálogo que permita aos homens efabular sobre a sua abertura para o erotismo mas equilibrada de modo a não lhes aumentar as inseguranças, isto é, nunca os convencendo que sabe mais do que eles sobre a matéria. O melhor exemplo é assumir a postura de uma Scarlett Johansson, sensual na imagem e contudo vestindo sempre cores claras e neutras, ou até só branco para sugerir a virgindade primitiva que os homens anseiam conquistar. Inebriados pela imagem pouco ouvirão do que diz o que só lhe facilita a sua estratégia. De qualquer modo convém não esquecer que deve mostrar naturalidade numa conversa picante e exibir incómodo por palavras e expressões como caralho, cona da mãe ou foda-se já que a esmagadora maioria das mentes masculinas só concebe que tal linguagem tenha uso feminino na cama.
Apenas com duas minorias se torna absolutamente necessária a conversação: os intelectuais e os pais compulsivos. Para o primeiro grupo, caso não se sinta preparada para o embate, recomendamos a leitura prévia de alguns blogues da moda - aqueles com uma média diária de cerca de mil visitas porque abaixo disso é arriscado aceitar sugestões como consensuais -, para se inteirar dos livros, filmes, discos e comportamentos que estão in. Para o segundo conjunto basta contar todas as gracinhas dos seus filhos ou na ausência destes, recordar todas as histórias das suas amigas mães ou rebuscar as memórias dos seus sobrinhos, dos filhos dos vizinhos ou das criancinhas que viu na praia no último verão.
Por último, é fundamental dar-lhe a noção que foi seduzida por ele e que não foi você que o engatou. Lembre-se também que é feminino depilar-se nas pernas e axilas e ostentar a pele limpa de pêlos como se isso fosse natural porque eles precisam de acreditar que a conquistaram tanto quanto é de geração espontânea a sua falta de pêlos.
Queima de arquivo
Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
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