
No Bolhão senta-se à minha frente uma mulher, aparentemente com a minha idade (mais coisa, menos coisa), cabelos loiros e calças justas ao corpo. Vejo-a pelo canto dum olho que abro preguiçosamente. É bonita. "Oi! Tudo bem?", pergunta ela num doce sotaque brasileiro. Olho apressadamente para o lado, a tentar perceber se ela está a cumprimentar alguém para além de mim. Não, não está. Só me pode estar a cumprimentar a mim. "Sim, está tudo. E contigo?", respondo tentando disfarçar a surpresa.
Três ou quatro segundos de silêncio e ela torna a falar. "Você me espera na estação, viu? Se ficar no carro não tem jeito de o encontrar não. Uns vinte minutos e estou aí!". Ela estava a falar ao telemóvel, com um auricular qualquer que os seus longos cabelos não me permitiam ver. Juro que se tivesse um buraco para me enfiar, enfiava.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»


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