28 março 2012

A Minha Primeira Vez


Sempre soube que seria apenas uma questão de tempo. Já tinha estado algumas vezes com casais, mas a oportunidade de estar a sós com uma mulher nunca se tinha verdadeiramente apresentado. Ou se calhar até já tinha, mas eu retraí-me – não havia atracção suficiente, ou predisposição, ou fosse o que fosse.
Naquela noite as coisas passaram-se de uma forma bem diferente. Eu estava com amigos, quando ela entrou pelo restaurante, puxou de uma cadeira e pôs-se a conversar com uma das minhas amigas. Não consegui tirar os olhos dela; a sua presença era impossível de ignorar – deve ter perto de 1,80m de altura, com uma pele luzidia, da cor dos grãos de café torrados. Apesar daquela altura, consegue ser feminina e tudo nela respira sensualidade: os olhos de felino, os lábios cheios e bem desenhados, as maçãs do rosto esculpidas, a testa alta com sobrancelhas definidas, o cabelo espesso e ondulado, a cair-lhe nos ombros. Pareceu-me exalar um aroma quente de madeiras exóticas. Eu estava hipnotizada.
Quando ela se levantou para se ir embora, eu não resisti e comentei em voz alta, em tom de brincadeira “Eu não gosto de mulheres, mas se gostasse, ia atrás dela!”. Eu sei; Um piropo foleiro, mas ela olhou-me por cima do ombro, sorriu um sorriso largo, revelando uns dentes magníficos e, pegando na cadeira onde estava sentada, levou-a para outra mesa com um outro grupo de pessoas, e sentou-se nela, virada para mim. Passámos as duas horas seguintes a avaliarmo-nos mutuamente.
Senti-me responsável por ter atirado os dados daquela forma. Às vezes meto-me em situações e depois não sei como sair delas, mas naquela noite, a trocar olhares e sorrisos cúmplices com aquela mulher, eu não queria sair daquela situação. Queria enterrar-me mais. O grupo com que eu estava a jantar deixou de existir, enquanto eu me imaginava a acariciar aquele corpo com seios generosos, a beijar aqueles lábios carnudos, imaginava aquele cheiro a sândalo a impregnar-se na minha pele, o meu suor a misturar-se com o dela.
Quando algumas horas mais tarde nos encontrámos a sós, no meu apartamento, tudo se passou de uma forma mais intensa do que eu tinha imaginado. Sentia-me uma menina, inexperiente, insegura, complexada…é verdade que nós, mulheres, gostamos de nos comparar com outras. O que iria ela achar do meu corpo? Será que ia gostar dos meus seios, do meu rabo, do meu cheiro?
Começou por despir-me devagar enquanto estávamos de pé no hall de entrada com as luzes acesas. Tirou-me os brincos e beijou-me as orelhas. Depois tirou-me o colar e beijou-me o pescoço, muitas vezes, sempre devagar, uns beijos quentes e generosos com um pouco de roçar de dentes. “Cheiras bem”, disse-me. Eu estava de pé, imóvel, sentia a cabeça a andar à roda, os ouvidos ainda a zumbir da música ensurdecedora do clube onde tínhamos estado. Ela parecia estar perfeitamente calma, controlada. Sabia exactamente o que estava a fazer. Beijou-me o colo até o fim do decote, sempre a inspirar profundamente para me cheirar. Encontrou o fecho lateral do vestido e levantou o meu braço para poder abri-lo mas deteve-se primeiro a beijar-me o sovaco, a parte interior do braço, tirou-me uma pulseira e beijou-me o pulso e os dedos das mãos, chupando neles levemente. Virou então a atenção para o fecho do meu vestido e abriu-o devagar, beijando a pele que ia expondo. Depois baixou-se à minha frente e pôs as mãos debaixo do meu vestido. Tirou-me as meias presas às coxas, uma de cada vez, com muito cuidado e quando a pele ficou nua e exposta, beijou-me as pernas, dedicando mais tempo à parte de trás dos joelhos. Eu sentia já o meu mel a escorrer de dentro de mim. Ambas tremíamos levemente de antecipação. Assim, agachada aos meus pés, olhou para mim e sorriu aquele sorriso magnífico e disse-me “Agora tens de me ajudar”. Foi como se me despertasse de um transe, e descalcei então os meus sapatos, as meias e tudo o resto. Despi-me completamente à sua frente enquanto ela me observava; deixei de ter medo do que ela pudesse pensar dos meus seios ou do meu rabo. Depois peguei-lhe pela mão e levei-a até ao meu quarto, onde a despi devagar, enquanto a ia beijando, tendo o cuidado de lhe prestar tanta atenção quanto ela me tinha prestado a mim. Não sabia onde estava nem para onde ia mas sabia que não havia forma de voltar atrás.
Nunca tinha feito amor daquela forma. A sua pele era firme e macia ao mesmo tempo, sem quaisquer pêlos; o corpo musculado mas extremamente feminino, com uns seios redondos de mamilos duros a apontar para cima. O sexo dela, muito diferente do meu, tinha mais carne e abria-se para mim como uma anémona e libertava um aroma a especiarias e mar, um misto de doce e salgado que me baralhava os sentidos.
O que foi feito, dito e sentido naquela noite, ficará para sempre gravado na minha memória. É demasiado íntimo e especial para o descrever em pormenor. Fizemos amor incessantemente até o sol estar já bem alto no dia seguinte. Finalmente adormecemos entrelaçadas uma na outra e eu sonhei. Sonhei com paisagens de desertos com intermináveis dunas ondulantes que se transformavam em corpos ofegantes de prazer; sonhei com praias cujas ondas rebentavam e desapareciam numa enorme fenda que parecia um sexo de mulher; sonhei com florestas de árvores de troncos escuros e polidos, como o corpo desta mulher. Quando acordei, ela já se tinha ido embora e deixara-me um recado escrito num guardanapo que dizia numa caligrafia solta: “Vou a pensar em ti”, e um número de telefone.

«conversa 1882» - bagaço amarelo

Ela - Tens que me ensinar como é que se engata um homem.
Eu - Eu?!
Ela - Sim. És homem, por isso sabes o que eles gostam mais de ver numa mulher.
Eu - Mas os homens não são todos iguais. Uns gostam mais dumas coisas, outros doutras...
Ela - Os homens não são todos iguais?!
Eu - Não, claro que não.
Ela - Oh! não. Nesse caso estou lixada.
Eu - Lixada porquê?
Ela - Não me apetece andar a investigar homem a homem.
Eu - Só tens que investigar aquele de que gostas.
Ela - Eu não gosto de nenhum.
Eu - Não gostas de nenhum?! Então queres engatar quem?
Ela - Um qualquer que não seja muito feio, só para quebrar a monotonia de viver sozinha.
Eu - Um qualquer que não seja muito feio?! Se é assim só tens é que ser bonita e consegues o que quiseres.
Ela - E sou?
Eu - És.
Ela - Lá está, acabaste por admitir o que eu queria.
Eu - O quê?
Ela - Os homens são todos iguais.
Eu - Ok... mas há uns mais iguais que outros.
Ela - Sim, sim... há mas é uns com mais testosterona, outros com menos...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Fruta 79 - Encosta-te a mim...

Táticas de Sedução


Alexandre Affonso - nadaver.com

27 março 2012

A posta que é deixá-los ir

Multiplicam-se no meu leque de conhecimentos os casos de homens portugueses que se atracam a brasileiras, deixando para trás família, emprego e o que mais houver como se o mundo fosse acabar amanhã.
Claro que a primeira reacção das pessoas à proliferação destas relações transatlânticas é a de rotularem as brasileiras de predadoras, acabando a coisa num crescendo que quase as remete à condição de feiticeiras daquelas que as mulheres traídas da geração anterior à minha afirmavam meterem qualquer coisa na sopa dos seus homens agora roubados pela bruxaria tropical.

Sempre achei as portuguesas as melhores mulheres do Mundo e arredores e disso tenho dado conta aqui. Essa minha crença não me cegou, contudo, aos detalhes de somenos importância que vão aos poucos estigmatizando (dito assim até parece que acredito na cena) as brasileiras com a associação de ideias mais óbvia: bundinha e fio dental.
Sim, tal como as muitas alegadas vítimas dessas desfazedoras de lares com sotaque prestei a esses pormenores a atenção suficiente para que a simples alusão a esse grupo específico de fêmeas me cole um sorriso no rosto de forma espontânea.
Contudo, isso nunca me pareceu tão ameaçador quanto isso porque qualquer observador mais atento conclui que as portuguesas só não se batem de igual para igual na exposição solar dos glúteos.
É portanto apenas uma questão de dimensão dos tecidos.

Assim sendo, esta diáspora de cônjuges fascinados pela paixão ao ritmo do samba permanece para mim envolta em mistério e vejo-me forçado a pensar a coisa mais além do que um fio dental possa representar. É aqui que entram em cena os mecanismos mais elementares da masculinidade lusitana, de entre os quais se destaca o descomplicómetro instalado junto aos disjuntores da complexa maquinaria de controlo do desejo que partilhamos com as nossas moças. Esse extraordinário equipamento de série no macho comum português está na origem de muitos indicadores que são erradamente confundidos com insensibilidade mas na verdade não passam de naturais divergências entre nós, que temos o aparelho, e elas que desejam tanto ou mais mas estão antes equipadas com uma espécie de retardador de abertura como os dos cofres nos bancos.

Maço-vos com esta breve abordagem à engenharia dos sistemas porque só aí consigo encontrar a fonte do tal fascínio que enlouquece tantos bons maridos e pais com desvarios tropicais que se consta serem doença sem cura conhecida.
As brasileiras, sem dúvida montes de femininas, parecem possuir um equipamento idêntico ao nosso e o que isso implica de diferente no estabelecimento de sólidas e tórridas relações diplomáticas está à vista.
As portuguesas, de caras as melhores do Mundo e arredores, são tesouros de valor incalculável e sabem-no e mantêm essa fortuna fora do alcance dos piratas em que nos tornamos quando o tal descomplicómetro dispara.
Já as brasucas, sem dúvida montes de uma data de coisas, são muito mais despachadas e generosas na entrega do ouro ao bandido que, quase por imperativo moral, privilegia o lucro fácil e regressa sempre ao local do crime o que, toda a gente sabe, é receita garantida para se deixar apanhar.

Perante este problema como o pintam é possível teorizar o que se queira e inventar pretextos ou desculpas mais ou menos elaboradas na maquilhagem da sua pretensa validade factual, nem que seja para armar ao pingarelho do alto da cátedra que deitou o olhar de esguelha às imagens do Carnaval do Rio mas nunca ousaria sequer sambar.
Porém, isso para mim é complicado demais quando o assunto envolve esses eternos alvos da cobiça (e da inveja, e do despeito, e da censura) e o meu equipamento de série prova funcionar na perfeição quando encaminha o raciocínio para uma simples questão aritmética: por cada patrício que se deixa embeiçar por uma irmã de além-mar há uma portuguesa desamparada, até mesmo revoltada, e isso pode ser o mote para anular perante as brasileiras a tal aparente desvantagem.
Nessas circunstâncias, juro pela minha perna de pau, fica muito mais permeável à abordagem.

Um pedido de casamento pouco habitual...


Numa cena pouco habitual pelo género dos seus intervenientes, uma das pausas do jogo de hóquei sobre gelo da NHL entre os Ottawa Senators e os Toronto Maple Leafs, de 17 de Março último, foi aproveitada por uma espectadora para pedir em casamento a sua namorada. Sim, leram bem!

Pela indicação dada pela mascote, Christina aceitou o pedido de Alicia, e nem o facto de uma ser adepta dos Senators e a outra dos Leafs foi obstáculo.

Ao ver este vídeo e a fantástica reacção do público ao perceber que se trata de um pedido de casamento, eu pergunto: onde estão a imoralidade e a degradação desta cena? Peço desculpa aos mais sensíveis mas, ao ver este vídeo, só consigo ver dois seres humanos naquele que será seguramente um dos momentos mais felizes das suas vidas.

Eva portuguesa - «Coisas da Eva»

O negócio está mau, acompanhando a economia do país. Cada vez há mais oferta e a preços mais baixos...
Os clientes semanais tornam-se mensais e os mensais trimestrais...
Não sou mulher de me render. Aliás, nem posso!
Penso em como dar a volta a esta situação. Porque acredito que é possível...
Sei que os clientes gostam mais de me ver loura; aproveito um feriado e vou fazer madeixas loirinhas... gosto, fica-me bem. Acredito que "os meus homens" também vão gostar... Não foi barato, mas é mais um investimento...
As fotos que tenho no ar já estão muito vistas... contacto um fotógrafo que me foi recomendado e, mediante mais um investimento, faço um book novo. Está neste momento a ser tratado e, assim que me for entregue, vou dá-las a conhecer... talvez assim consiga "espicaçar" os indecisos a virem visitar-me e, os que já vieram, a voltar...
O meu corpo está muito melhor: barriga mais lisinha, mais magra, mais definida... fruto da ida diária ao ginásio e treino com PT (outro investimento!...) e "fechar a boca". Este sacrifício já deu os seus frutos e sei que estou com um corpo muito mais apetecível. Prometi aos meus clientes que o iria fazer e, passados quatro meses, os resultados são bem visíveis. E é para continuar...
Limpeza de pele e massagens remodeladoras uma vez por mês e por semana, respectivamente... mais dinheiro investido...
Apostei noutro site; teoricamente, quanto mais divulgação, mais hipótese de ter clientes. Mais uma mensalidade...
Compro livros para "estudar": como dar prazer a um homem; o que mais atrai um homem numa mulher; como deixá-lo louco na cama; e relatos de Acompanhantes. Mais um gasto, que vos pode parecer ridículo mas que é importante para uma mulher que precisa de seduzir homens...
Velas... muitas. Acho essencial para se namorar... seja aqui ou numa situação dita "normal". Chocolatinhos e café, porque os clientes merecem o melhor... posso não conseguir mas pelo menos tento...
E aquele que será o meu grande investimento se e quando tiver possibilidades para o concretizar: fazer uma cirurgia às mamas. Eu explico: tenho um peito médio, ligeiramente descaído devido à maternidade (nada que assuste!) mas com uns mamilos deliciosos, grandes, espetados, como que a pedirem para serem chupados... Desculpem a imodéstia mas, assim como sei ver o que posso melhorar, também sei valorizar as minhas melhores características... E acredito que, com uns mamilos destes e as maminhas corrigidas, iria ficar com o peito perfeito... Só que são 4 mil € e um mês sem trabalhar... Mas está prometido! Assim que puder, melhoro isso! Assim tenha trabalho e clientes para conseguir juntar o dinheiro...
Mas se for como hoje... uma marcação que não apareceu e nem sequer avisou (esquecem-se que brincam com a vida das pessoas!); outra marcação desmarcada à última da hora (pelo menos avisou!); e uma mensagem no telemóvel com uma única palavra: Puta!...
Enfim...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

"Eu quero ter o meu Falo Sempre em Pé"...

... soa bem, não soa?
Recebi uma mensagem da Confraria do Príapo em que informam que o ceramista Paulo Óscar, autor do troféu «Falo sempre em pé», fez uma pequena série desse troféu, em tamanho mais pequeno, a versão gift. "Esta versão destina-se a ser comercializada, podendo assim contribuir para a divulgação da Confraria do Príapo e, muito naturalmente, para o financiamento das suas actividades. A primeira série do gift «Falo sempre em pé» tem particularidades que a tornam exclusiva, é uma espécie de edição «0» que no futuro irá ter um valor especial. É uma autêntica peça de colecção que, certamente, cada confrade não deixará de querer ter".
Adivinhem quem já fez uma encomendinha deste «Falo sempre em pé», que considero uma ideia genial, para a colecção...


26 março 2012

PayPal restringe uso para compra de literatura erótica

A PayPal, plataforma de pagamentos de compras pela internet, fez um ultimato a sites de publicação independentes: para certas categorias de literatura erótica publicadas, se os livros não fossem removidos, a PayPal iria parar de fazer negócios com esses sites.
Ora, sendo a PayPal uma ferramenta muito popular internacionalmente, isso cria problemas, por falta de alternativas viáveis.
Mas a questão é: com que direito a PayPal pode fazer esta censura? O pretexto são preocupações morais mas, segundo alguns analistas, é uma questão de dinheiro: há serviços com um alto risco de cobranças, onde se incluem o erotismo e pornografia.
E as categorias de literatura erótica a serem removidas são tão amplas que podem pôr em risco muita da ficção erótica actualmente disponível. Por exemplo, envolvem incesto e "pseudo-incesto" (relações entre padrastos e crianças), e "bestialidade" (tão amplamente definida que inclui romances paranormais em que os personagens sejam criaturas que assumem uma forma humana!).
Na Amazon, já houve casos em que houve necessidade de remover ou censurar uma série de ilustrações eróticas para um autor conseguir pôr à venda os seus trabalhos.
Várias entidades norte-americanas estão a tentar pressionar a PayPal para inverter esta sua exigência, dado o potencial que a política da PayPal tem para suprimir importantes obras literárias. "Estupro, incesto e bestialidade foram descritos na literatura mundial desde Édipo de Sófocles e Metamorfoses de Ovídio," argumentam. "Também não se pode afirmar que esta política só afecta erotismo e pornografia de baixo valor, porque as avaliações literárias mudam ao longo do tempo. «Ulisses» e «O Amante de Lady Chatterley» foram proibidos como obscenos nos Estados Unidos", observam.
A questão é que a PayPal está a ser pressionada pelos seus próprios fornecedores, as empresas de cartões de crédito, pelo que há quem defenda que se deve colocar pressão directamente sobre essas entidades para deixarem de ditar o que os livreiros podem e não podem vender.
A PayPal, entretanto, veio defender e justificar a sua posição... com argumentos muito criticáveis.
E, pessoalmente, a forma como as organizações financeiras lidam com o "mundo real" deixa-me muito pessimista sobre o resultado que se pode esperar.

Fonte - TeleRead:
«PayPal cracks down on erotica e-book sales»
«National Coalition Against Censorship, American Booksellers Foundation for Free Expression scold PayPal for erotica decision»
«PayPal defends, NCAC condemns erotica publishing restriction»

«a marca salazar» - bagaço amarelo

Parecia-me que as mulheres davam muita importância a elas mesmas. Enquanto género, quero eu dizer. Não pessoalmente, que isso era lá com cada uma delas. Passei a minha infância e a minha juventude a ouvir que o que eu precisava era arranjar uma boa mulher. Era assim que eu podia expulsar da minha vida todos os males. Foram sempre mulheres a dizê-lo, nunca homens. A minha avó, que já não está entre nós, a minha mãe, uma das minhas tias e as amigas da minha mãe. Até aquela caladinha, que passava os dias a fazer carapins coloridos, um dia me desejou essa sorte. "Talvez um dia encontre uma boa mulher", disse. A minha mãe concordou abanando afirmativamente a cabeça.
Não percebia porque é que os homens, que eram supostamente quem precisava delas, nunca me aconselhavam o mesmo. Nem o meu pai, nem o meu avô, nem o meu tio, nem os amigos do meu pai. Nunca nenhum me disse que o que eu precisava era duma boa mulher. Um dos meus tios perguntava-me, às vezes, como é que eu estava de gajas, mas eu abanava sempre os ombros para lhe demonstrar que o tema nem sequer me interessava. Mais nada, nunca me deu nenhum conselho.
Precisei de crescer para perceber o que era uma boa mulher para as gerações anteriores à minha. Era uma mulher que soubesse cozinhar, lavar a roupa, passar a ferro e limpar/arrumar a casa. Já tinha desconfiado, na verdade, mas só com a idade é que tirei tudo a limpo. O Amor era uma mera formalidade entre as famílias portuguesas, para que cada homem pudesse arranjar uma boa mulher, ou seja, era pobre. Não o chegava a ser.
Dali, dum tempo que não era o meu, era o que vinha. Um país onde o Amor era todos os dias atirado para a valeta em nome da união entre um homem qualquer e uma boa mulher. E antes de qualquer outra formação política, passou a ser essa a minha marca Salazar.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Padre Paulo Ricardo: "Feminismo, o maior inimigo das mulheres"



Comentário da Libélula Purpurina:
"«Desculpem-me a franqueza» mas eu não tenho tanta paciência para o politicamente correcto. Quem é este tipo para tentar definir o que seja uma mulher se, dentro da sua perspectiva, ele próprio não chega a uma amostra do que seja um «Homem»? Para ser mais sintética, só recorrendo ao vernáculo... Em vez disso, vou citar:
«A cada um que passava dizia o Cristo de pedra: "Em vez de ter morrido numa cruz, por ti, antes tivesse pegado na lança que me abriu o peito, para com ela te rasgar os olhos da cara, para deixar entrar claridade para dentro de ti pelos buracos dos teus olhos rasgados.
Tudo quanto eu te disse ficou escrito e é tudo quanto ainda hoje tenho para te dizer.
Se me fiz crucificar para to dizer porque não te deixas crucificar para saberes como eu to disse?
Não posso, por mais que tente, livrar uma das mãos, pregaram-mas bem, como se prega um crucificado; não posso, por mais que tente, livrar uma das mãos, para te sacudir a cabeça quando vieres ajoelhar-te aqui aos pés da minha cruz.
Se fosse o teu orgulho de joelhos, ainda era o teu orgulho, mas são as tuas pernas dobradas com o peso do ar.
Não tenho uma das mãos livres para te empurrar daqui da minha cruz até ao teu lugar lá em baixo na terra.
LEVANTA-TE, HOMEM! No dia em que tu nasceste, nasceu no mesmo dia um lugar para ti, lá em baixo na terra. Esse lugar é o teu! O teu lugar é a tua fortuna! O teu lugar é a tua glória. Não deixes o teu lugar vazio, nem te deixes p'raí sem lugar.»
Almada Negreiros, A Invenção do Dia Claro
(as maiúsculas são minhas... quem conta um conto...)
... e porque a malta é muito paciente... vou também citar um bocadinho de Fernando Pessoa, na voz do ilustre mestre Caeiro:
«Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.

Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério
E de vez em quando de se tornar outra vez homem
E subir para a cruz, e estar sempre a morrer
Com uma coroa toda à roda de espinhos
E os pés espetados por um prego com cabeça,
E até um trapo à roda da cintura
Como os pretos nas ilustrações.
Nem sequer o deixavam ter pai e mãe
Como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas -
Um velho chamado José, que era carpinteiro,
E que não era pai dele;
E o outro pai era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo
Porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
Não era mulher: era uma mala
Em que ele tinha vindo do céu.»
De resto... que raio de discurso o daquele senhor de saias... Já nem me lembrava de ouvir coisa tão cretina. Que doença esta, a deste monoteísmo mórbido, que põe os homens a atentar tanto contra a própria vida crendo que a defendem..."

Mensagem recebida do João:
"São Rosas,
Tinha pensado escrever o comentário abaixo no post sobre o feminismo, mas depois pensei para mim que é fútil. Quem quer ir embora, vai, e não faz disso publicidade. Faz publicidade quem espera que insistam "não vás". Não procuro isso. Mas também não me parece bem desaparecer sem uma satisfação, considerando a educação, simpatia e disponibilidade com que sempre fui tratado por vós.
Assim, embora disso não faça publicidade, entendo reproduzir abaixo o que seria o texto do comentário, sendo ele explicativo acerca da razão que me leva a não ter vontade de continuar a ser um membro d'A Fundi São.
Agradeço-te o convite, foi para mim um gosto muito grande poder estar convosco, vou-vos lendo, selectivamente, como sempre.
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É óbvio que escrevo, e penso, coisas que não são inteiramente concordantes com a doutrina da Igreja Católica. A vivência da sexualidade é o aspecto que considero mais difícil viver em concordância com essa doutrina, embora o entenda como limitação pessoal e não como imposição da fé. Dito isto, sou católico. Enquanto católico, é minha prerrogativa não estar onde não estou bem. Não imponho a minha fé, e não posso limitar a liberdade dos outros se exprimirem como entendem, já que não são obrigados a acreditar nas coisas em que eu acredito nem em manter reserva sobre as mesmas coisas acerca das quais eu me reservo. É muito frequente ler neste blog coisas que me agridem como católico. Não pode dizer-se que seja surpresa, porque ao chegar aqui rapidamente se percebe onde se está. Há gente muito divertida, é certo, o sexo é aqui discutido com uma naturalidade interessante, mas ainda assim em alguns momentos há comentários ou conteúdos sobre aspectos de fé em tom jocoso, apologia de "lifestyles" que não aprecio, ou mesmo ridicularização de símbolos ou valores em que acredito. Sois naturalmente livres de o fazer. Tanto quanto eu sou livre de não o fazer. Sem prejuízo para o muito que aqui me diverti, e sem prejuízo para o grato que sou por me terem, um dia, convidado a participar, o facto é que com o passar do tempo me fui questionando sobre se estava aqui bem. E hoje concluo que não estou. Em coerência, faço cessar a minha participação neste espaço. Não era já muita, convenhamos, pelo que a vós nada prejudica. Não excluo visitar o blog aqui e ali, mas não me apetece manter-me colaborador num espaço onde de quando em vez tropeço em insulto ou deliberada gozação com coisas com as quais me identifico. Sim, mesmo escrevendo e pensando o que escrevo e penso. É uma idiossincrasia, sim, mas é a minha idiossincrasia, eu me preocuparei com ela. A vós, tudo de bom, e obrigado pelo que de bom aqui tive.
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Obrigado,
João"

Nós é que te agradecemos, João. Serás sempre bem vindo aqui.
São Rosas