13 abril 2012

Intimidade sexual

A intimidade sexual é uma espécie de escada de muitos degraus que só se pode subir a dois, de preferência de mãos dadas. Isto porque é impossível subir mais que dois ou três degraus sem que o outro suba também, o que faz com que a distância máxima possível entre ambos nunca vá longe do comprimento possível dos braços. Suponho que não haja regra para a escalada. Não tem que ser devagar se ambos tiverem fôlego para o fazer em corrida, e também pode suceder que uma vida inteira seja insuficiente para vencer sequer o primeiro patamar. O que me parece imprescindível é a confiança. A intimidade é mesmo isto: o exercício da confiança. O que não significa que a confiança tenha obrigatoriamente que ser fundamentada, isto é, que se tenha que “conhecer muito bem” a pessoa e há muito tempo, etc., nem significa que deva ser absoluta, como em tudo o mais, há casos em que se tem confiança numa pessoa para umas coisas e não se tem para outras… No sexo, confiança é, de parte a parte: liberdade física e psíquica para se dar e receber o que se quiser, ou então, liberdade física e psíquica para fruir do corpo do outro como se fosse nosso, ou ainda, liberdade para se fazer tudo quanto der na telha no intuito de se dar ou de se receber prazer. E aqui chegamos ao ponto G da coisa: os limites. Sem que haja sintonia na definição do que sejam os limites possíveis para o “tudo” não pode haver confiança nem intimidade. E o ideal é que esta sintonia seja natural, porque se for regulada por opção… lá se vai a plenitude da liberdade… Há pessoas, por exemplo, que se excitam com a dor, para estas os limites possíveis são uns…para as que perdem o tesão com a dor, como é evidente, são outros… E também há aspectos psíquicos sensíveis… o caso das massagens à próstata, por exemplo, para muitos homens é um autêntico “nó mental”, qualquer coisa de muito esquisito entre o prazer físico e a repulsa psíquica. E pronto. Era mais ou menos aqui que eu queria chegar… Sempre que existe sintonia dos limites naturais possíveis, isto é, quando, de parte a parte, os limites do outro permitirem o “tudo” sem ultrapassar os nossos próprios limites… a intimidade é apenas uma questão de prática… de onde a tal escadaria de muitos degraus ao longo da qual se vão aferindo os limites possíveis. Quer demore dias, quer demore anos, enquanto nenhum se deparar com uma parede… ou algum se recusar a dar sequer mais um passo … é sempre a subir…

(…) em amena cavaqueira do lado de lá…
shark
Perante a agonia de um não vejo como pode acontecer o prazer de outro. Na minha versão fundamentalista tem mesmo que ser a desbunda de todas as partes envolvidas (refiro-me aos todos e não às partes propriamente ditas...) :)
Libélula Purpurina
Ainda bem que não vês... Porque isto não são coisas bonitas de se ver... :) Mas que as há por aí, há. É o que acontece, por exemplo, em casos em que a tara do outro implica algo que para nós seja repulsivo. Não é o meu caso (só para que ninguém fique para aí com ideias) mas imagina que encontras uma mulher que se excita com pancada. Se a ti te agradar bater-lhe, maravilha! Mas imagina que ao bater-lhe com força perdes o tesão... é uma chatice... Lá está: o prazer dela seria a tua agonia. Estou a lembrar-me de casos variados... mas não me vou esticar... podemos é um dia falar sobre isto à hora do chá... :) O caso das cedências: (dou agora um exemplo pessoal) eu que sou fêmea, gosto genericamente de ser dominada, mas também tenho os meus momentos de dominação, e esses são muito importantes para a relação que estabeleço com o outro. Um homem que não aceite ser dominado, para mim não serve. Não é só uma questão de vontade. Rapidamente, ao fazer-me perder a liberdade, me faria perder o tesão em todos os momentos… Bom... etc... É que nestas coisas não se trata apenas de "decidir" com a vontade... porque, embora desse muito jeito, o corpo muitas vezes não obedece...
São Rosas
Bem... desculpem intro... meter-me (na conversa! Na conversa!), ainda para mais quando o título do post é "intimidade sexual", mas este último comentário da Libelita mereceria passar para o post. Libelita, tu explicas estas coisas da sexualidade de uma forma que até parece fácil.
Libélula Purpurina
Olha que giro! Isto é um pleonasmo, não é? "intro... meter"! Tu intromete-te à vontade que a gente gosta... mesmo em situações destas em que andamos aqui metidos na "intimidade sexual"... És uma querida! Mas se calhar se parece fácil é porque é mesmo fácil... ainda que muitas vezes possa não ser tão fácil como parece... :) No comentário dou uns toques, mas julgo que já se começa a sair um pouco do tema da "intimidade" propriamente... pode é valer a pena escrever um post sobre isto das "cedências", dos "limites" e das "limitações", e tal... Mesmo assim, se achares que vale a pena, "caça-o" e encaixa-o lá como achares que pode ser encaixado...
São Rosas
Libelita, isto tem que ficar com a tua autoria. Põe no nosso blog tudo o que quiseres, como achares melhor.
Libélula Purpurina
... não te estiques... que me excitas!! Sabes como fico maluca quando me dizem que posso fazer "tudo"... :) Nesse caso, como eu também não percebo muito bem como poderia encaixar a coisa, lá mais para a frente escreverei um post dedicado só a este assunto... Parece-te bem?
São Rosas
Tudo :O) parece bem.
Libélula Purpurina
... ok. Sabes que não gosto que te falte nada... :O)


«respostas a perguntas inexistentes (196)» - bagaço amarelo

Adoro chegar a casa depois de um dia de trabalho e ter a cozinha por arrumar, as camas por fazer e alguns casacos espalhados pelas cadeiras e sofás da sala. Não é que goste de muito de tarefas domésticas, claro. O que eu gosto mesmo é de ter a opção de não fazer aquilo que é suposto, pelo menos uma vez por outra. Além disso há a alargada questão da felicidade e, consequentemente, do Amor.
Nunca acreditei que me fosse possível Amar uma mulher excêntrica no que se refere à arrumação. Lembro-me, por exemplo, da Maria Augusta, com quem marquei um blind date depois de uma breve troca de emails pela internet. A primeira impressão que tive quando a vi foi que tinha alinhado todos os seus longos e milhares de cabelos um a um. Era tão bonita e simpática que, quando uns dias depois me convidou para ir a casa dela, desejei em segredo encontrar um lar que não correspondesse a essa imagem. Enganei-me, correspondeu sim. Servi-me de um uísque por sugestão dela, no mini-bar da sala, e quando pousei a garrafa no mesmo sítio de onde a tinha tirado ela foi lá realinhá-la ao milímetro com o restante vasilhame. Percebi nesse preciso momento que o melhor era não me apaixonar por ela, caso contrário ia passar o resto da minha vida a sentir a minha descontracção desarrumada reprimida.
Acho que é assim em tudo. Preciso da higiene mas desprezo a arrumação excessiva. Por exemplo nas cidades, gosto delas limpas mas desarrumadas, com esplanadas vivas e mexidas, com gente a mudar imprevisivelmente de direcção, alguns automóveis mal estacionados e transeuntes a atravessar a passadeira no vermelho. São cidades com mais Amor e mais felizes, apesar do caos. As cidades demasiado arrumadas são cidades tristes, mesmo que ordenadas.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Homens, aprendam que não (está) duro sempre!


12 abril 2012

As minhas sardinhas favoritas das Festas de Lisboa 2012

O Green Frog enviou-me hoje um postalinho com uma das sardinhas a concurso na iniciativa das Festas de Lisboa 2012. Além dessa sardinha freira (de Tiago Moura), encontrei também uma sardinha dominadora (não sei quem é o autor).
A organização já escolheu as três sardinhas vencedoras. Mas estas são «a funda Selecção»:


Pornografia é a única maneira de as mulheres ganharem mais do que os homens?

Sasha Grey reformou-se aos 23 anos de idade, depois de uma bela carreira na indústria porno. Recentemente, Sasha fez um vídeo a explicar a sua decisão de entrar na indústria pornográfica.

«Passar da teta torta» - Patife

Não percebo muito bem a maneira de dividir as pessoas entre as que gostam de gatos e as que gostam de cães. Na verdade não aprecio muito nem cães nem gatos. Mas aprecio mulheres felinas em posições caninas. E foi com esta disposição que acordei no fim-de-semana passado. Saí decidido à rua pronto a encontrar uma mulher que preenchesse estes requisitos. Passeei pelo Chiado e desci ao Cais do Sodré atento às unhas das moças que passavam. As unhas mais felinas, sem serem de gel, seriam as escolhidas para me arranharem as costas. É um critério um pouco largo, bem sei. Mas o Pacheco também é e elas não se queixam, por isso achei um bom critério de engate. Continuando, encontrei uma vadia com umas unhas de pantera mas tinha a teta torta. Como defini como critério as unhas não podia armar-me em esquisito. Além disso já passei da cepa torta por isso não me importei de passar com o nabo pela teta torta. Mal sabia eu que no final da noite o Pacheco iria passar por uma greta torta. É que a minha consciência é tramada e tenho de me manter fiel aos critérios que escolho antes de sair de casa para não ter de lhe prestar contas. Até porque sou mais versado em prestar conas. Por isso avancei para a gaja felina numa discoteca do Cais do Sodré, das que estão abertas a noite toda. Tal como estiveram as pernas dela.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Nem à chapada!


Eixo



11 abril 2012

Mulheres desfilam em lingerie pelas ruas de Londres...

... para promover a abertura de uma loja da Ann Summers na Oxford Street...

«uma mentira de Amor vale mais que uma noite só» - bagaço amarelo

A Cláudia acusava-me de só estar interessado nela por causa do sexo. Acho que só me queres porque gostas de mim na cama, dizia ela. E eu sorria. Durante meses entendi isso sempre como um elogio, até à noite em que ela me fechou a porta na cara e eu voltei para casa a carregar o peso excessivo do seu olhar triste. O sexo é a segunda melhor coisa do mundo, pensava eu sem perceber a sua recusa instantânea às noites em que desafiávamos com o corpo a falta de Amor entre nós.
Pelo caminho entrei num bar tão abandonado quanto eu. Um homem gordo de bigode que nem olhou para mim apoiava o queixo na palma da mão enquanto via o resumo dos jogos de futebol desse fim de semana. Não percebi se estava bêbado ou se a vida deixara de passar por ele há já muito tempo, mas acabei por concluir que eram as duas coisas. Atrás do balcão onde me sentei, uma mulher que fumava um cigarro cansado apressou-se a dar-me uma carta enegrecida com todas as bebidas disponíveis. Nem olhei para ela. Um Bushmills sem gelo, pedi. Algumas lâmpadas fundidas davam ao sítio um ambiente pós-holocausto, o que me fazia sentir em causa. E de resto, o vazio.
Acho que foi essa a primeira noite, depois do meu divórcio, em que chorei para uma audiência digna das minhas lágrimas. Falhara-me o Amor e agora falhava-me o sexo. Já só me restavam uns euros para beber uísque e a voz duma mulher esquelética a pedir-me que o pagasse. Bebi o primeiro num só gole e pedi outro. Parei de chorar e fiquei a observar a quietude do homem que via futebol na televisão, com a perfeita noção de que a mulher do balcão me observava a mim. Era uma espécie de cadeia alimentar da solidão, ali, com a dona de um bar no topo, a observar um homem inesperadamente só que, por sua vez, observava outro que já nem só se sentia. Não me parecia que sentisse fosse o que fosse, aliás. E por um momento desejei ser como ele.
A Cláudia telefonou-me para que eu lhe explicasse como é que eu gostava dela. Percebi que as mulheres não entendem normalmente o sexo. Não percebem o melhor que ele tem, que é a enorme capacidade de transformar por momentos uma vida de merda numa vida boa. Só querem sexo com uma declaração de Amor, ou seja, quando ele é uma consequência e não uma causa dessa vida boa. Afoguei esta certeza no que restava do meu segundo uísque e bebi-a diluída nele. Amo-te muito, disse-lhe. Podes voltar, respondeu-me ela. Uma mentira de Amor vale mais que uma noite só.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Tentem fazer isto em casa e depois digam-me


Mitos brasileiros


Alexandre Affonso - nadaver.com

10 abril 2012

Liberdade nua

Ouço com prazer tudo o que ela me diz enquanto lembro o seu corpo desembestado como um povo libertado à solta pelas ruas de um mundo feliz.