A intimidade sexual é uma espécie de escada de muitos degraus que só se pode subir a dois, de preferência de mãos dadas. Isto porque é impossível subir mais que dois ou três degraus sem que o outro suba também, o que faz com que a distância máxima possível entre ambos nunca vá longe do comprimento possível dos braços. Suponho que não haja regra para a escalada. Não tem que ser devagar se ambos tiverem fôlego para o fazer em corrida, e também pode suceder que uma vida inteira seja insuficiente para vencer sequer o primeiro patamar. O que me parece imprescindível é a confiança. A intimidade é mesmo isto: o exercício da confiança. O que não significa que a confiança tenha obrigatoriamente que ser fundamentada, isto é, que se tenha que “conhecer muito bem” a pessoa e há muito tempo, etc., nem significa que deva ser absoluta, como em tudo o mais, há casos em que se tem confiança numa pessoa para umas coisas e não se tem para outras… No sexo, confiança é, de parte a parte: liberdade física e psíquica para se dar e receber o que se quiser, ou então, liberdade física e psíquica para fruir do corpo do outro como se fosse nosso, ou ainda, liberdade para se fazer tudo quanto der na telha no intuito de se dar ou de se receber prazer. E aqui chegamos ao ponto G da coisa: os limites. Sem que haja sintonia na definição do que sejam os limites possíveis para o “tudo” não pode haver confiança nem intimidade. E o ideal é que esta sintonia seja natural, porque se for regulada por opção… lá se vai a plenitude da liberdade… Há pessoas, por exemplo, que se excitam com a dor, para estas os limites possíveis são uns…para as que perdem o tesão com a dor, como é evidente, são outros… E também há aspectos psíquicos sensíveis… o caso das massagens à próstata, por exemplo, para muitos homens é um autêntico “nó mental”, qualquer coisa de muito esquisito entre o prazer físico e a repulsa psíquica. E pronto. Era mais ou menos aqui que eu queria chegar… Sempre que existe sintonia dos limites naturais possíveis, isto é, quando, de parte a parte, os limites do outro permitirem o “tudo” sem ultrapassar os nossos próprios limites… a intimidade é apenas uma questão de prática… de onde a tal escadaria de muitos degraus ao longo da qual se vão aferindo os limites possíveis. Quer demore dias, quer demore anos, enquanto nenhum se deparar com uma parede… ou algum se recusar a dar sequer mais um passo … é sempre a subir…
(…) em amena cavaqueira do lado de lá…
shark
Perante a agonia de um não vejo como pode acontecer o prazer de outro. Na minha versão fundamentalista tem mesmo que ser a desbunda de todas as partes envolvidas (refiro-me aos todos e não às partes propriamente ditas...) :)
Libélula Purpurina
Ainda bem que não vês... Porque isto não são coisas bonitas de se ver... :) Mas que as há por aí, há. É o que acontece, por exemplo, em casos em que a tara do outro implica algo que para nós seja repulsivo. Não é o meu caso (só para que ninguém fique para aí com ideias) mas imagina que encontras uma mulher que se excita com pancada. Se a ti te agradar bater-lhe, maravilha! Mas imagina que ao bater-lhe com força perdes o tesão... é uma chatice... Lá está: o prazer dela seria a tua agonia. Estou a lembrar-me de casos variados... mas não me vou esticar... podemos é um dia falar sobre isto à hora do chá... :) O caso das cedências: (dou agora um exemplo pessoal) eu que sou fêmea, gosto genericamente de ser dominada, mas também tenho os meus momentos de dominação, e esses são muito importantes para a relação que estabeleço com o outro. Um homem que não aceite ser dominado, para mim não serve. Não é só uma questão de vontade. Rapidamente, ao fazer-me perder a liberdade, me faria perder o tesão em todos os momentos… Bom... etc... É que nestas coisas não se trata apenas de "decidir" com a vontade... porque, embora desse muito jeito, o corpo muitas vezes não obedece...
São Rosas
Bem... desculpem intro... meter-me (na conversa! Na conversa!), ainda para mais quando o título do post é "intimidade sexual", mas este último comentário da Libelita mereceria passar para o post. Libelita, tu explicas estas coisas da sexualidade de uma forma que até parece fácil.
Libélula Purpurina
Olha que giro! Isto é um pleonasmo, não é? "intro... meter"! Tu intromete-te à vontade que a gente gosta... mesmo em situações destas em que andamos aqui metidos na "intimidade sexual"... És uma querida! Mas se calhar se parece fácil é porque é mesmo fácil... ainda que muitas vezes possa não ser tão fácil como parece... :) No comentário dou uns toques, mas julgo que já se começa a sair um pouco do tema da "intimidade" propriamente... pode é valer a pena escrever um post sobre isto das "cedências", dos "limites" e das "limitações", e tal... Mesmo assim, se achares que vale a pena, "caça-o" e encaixa-o lá como achares que pode ser encaixado...
São Rosas
Libelita, isto tem que ficar com a tua autoria. Põe no nosso blog tudo o que quiseres, como achares melhor.
Libélula Purpurina
... não te estiques... que me excitas!! Sabes como fico maluca quando me dizem que posso fazer "tudo"... :) Nesse caso, como eu também não percebo muito bem como poderia encaixar a coisa, lá mais para a frente escreverei um post dedicado só a este assunto... Parece-te bem?