25 abril 2012

«por uma vida melhor» - bagaço amarelo

Há muitos tipos de ditadura. Tantos, que às vezes se veste com o nosso dia-a-dia e é fácil perder a noção de que se vive sob uma. Todas as ditaduras têm duas coisas em comum. Primeira: o poder executivo confunde-se com o poder legislativo, isto é, quem faz as leis é também quem executa. Segunda: as ditaduras surgem sempre em nome dum valor qualquer que se supõe ser mais importante que todos os outros. É por isso que na política, no Amor, assim como em tudo na vida, é fácil cair em tentação ditadura.
Por exemplo, até ao dia 25 de Abril de 1974 vivemos, em Portugal, na ditadura dum pequeno-fascista. Uma ditadura da direita social, portanto. Matou-se, prendeu-se e torturou-se, tudo em nome de valores tão falaciosos como Deus, Pátria e uma família sem pensadores e sem vontades. Nem Deus, se existisse, nem nenhuma pátria ou família, dependeriam uma vez que fosse dum regime que pode, quer e manda.
Actualmente vivemos uma Ditadura diferente. A dos Mercados e do capitalismo selvagem. Uma ditadura da Direita Económica, portanto. Leva-se pessoas à fome, à miséria e ao desespero, tudo em nome duma suposta Democracia. As pessoas votam e pensam que controlam tudo. Só que não controlam nada. Zero. O voto está sempre viciado à partida, principalmente através duma Educação que não o é, e também do contexto mediático.
As ditaduras de Estado, neste aspecto, são muito parecidas com as ditaduras no Amor. Aquelas em que, por exemplo, nasce a violência doméstica. Agride-se e tortura-se uma pessoa durante anos a fio, tudo em nome do Amor. Uma mulher pensa que é Amada, mas de facto não o é. Zero. O Amor está viciado à partida por uma relação de posse, de propriedade da pessoa como se ela fosse uma coisa. E sim, eu sei que também pode acontecer com um homem.
O Amor não existe em nenhuma ditadura. Nem o Amor, nem mais nada. Todos os dias luto, com as limitações que tenho, para que se faça um 25 de Abril nesta nova ditadura em que vivemos, ou melhor, em que sofremos. São os recibos verdes, é a falta de acessibilidade à saúde, à educação, à mobilidade e aos recursos naturais. É a fome e o desemprego propositado. Olho para este país e só vejo ditadura e o consentimento de quem é agredido todos os dias.
Pode haver quem não perceba isso, mas o 25 de Abril que eu quero ver neste país é o mesmo 25 de Abril que eu vejo no meu Amor. É justo, sem violência e sem propriedade privada. É igual em ambos os sentidos. É Amor. Por uma vida melhor.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Eu, falo de esquerda


Como se aproximam as comemorações de mais um aniversário sobre a Revolução de Abril e porque nem as pirocas podem alhear-se dos benefícios que a efeméride representa vou nesta ocasião explicar exactamente isso: o que representam para uma pila os valores de Abril.
Bom, desde pequenina (que nunca fui) tenho uma inclinação para a esquerda que não me deixa mentir. Mas nem vou por esse caminho fácil da predestinação, pois é óbvio o meu apego à liberdade. É em liberdade que atinjo o meu apogeu! Livre de roupas, livre de constrangimentos, livre para exibir a melhor pila que sou.
Mas a essa liberdade estão associadas outras não menos relevantes (relevo é o meu apelido do meio), como é o caso da liberdade de expressão. Sim, a expressão do meu potencial deve ser livre e não constituir um embaraço na praia para o coiso agarrado a mim e que me enterra na areia para dissimular essa manifestação de apego à vida que ofereço ao mundo com toda a naturalidade de que vos falo. E sei sempre do que falo, por inerência.
Existe ainda a liberdade de escolha, tão reprimida no passado e que mergulhava as pilas na falta de alternativas ou as forçava à clandestinidade promíscua no interior de serviços públicos de satisfação, sempre em busca de uma variação que o Regime conservador proibia com a veemência que murchava a vontade a qualquer cravito mais arrebitado. Agora a oferta ainda abunda e a procura não cessa de evoluir, pois até a economia do país conheceu os inúmeros benefícios da maior abertura aos mercados! Isto, claro, até ao dia em que os malabaristas da finança  foderam o poder de compra ao pessoal.
Mas nem só em tempo de vacas gordas nós pilas apreciamos a liberdade que a Revolução nos ofereceu de forma directa (nudismo nas praias antes do 25 de Abril? Filmes porno em exibição nos cinemas antes do 25 de Abril? e por aí fora...) ou indirecta, pelo quanto influencia o estado de espírito dos coisos agarrados a nós.
Também eles funcionam melhor quanto mais livres se sentem para dar voz à felicidade como gostam de a experimentar que, falo por mim, é à fartazana.
Por isso voltarei a erguer a minha voz quando a juntar à do coiso agarrado a mim, enquanto ecoar pela vizinhança o Grândola Vila Morena bem alto, com a afirmação inequívoca da força na verga para lutar contra os que ameaçam, castradores, a liberdade de que nem as pilas algum dia abdicarão.

24 abril 2012

A Kona está a dar que falar....

No sábado 21 de Abril de 2012, deu mais um episódio da série «Encantador de cães» de que gosto muito! Apanhando já o fim do episódio, apercebo-me que a cadela que andava a pular a cerca se chamava Kona! Claro que tive logo de aparvalhar no facebook comentando o que tinha visto. A conversa foi longa e gostaria de a partilhar convosco, porque sei bem que o vosso desejo secreto é terem uma Kona para passear!!! :D


Eva portuguesa - «Luto»

Luto diariamente.
Luto comigo, sobretudo.
Há dias em que me orgulho de mim por, perante tantos obstáculos que surgiram na minha vida, ter seguido sempre em frente.
Há outros dias em que me sinto a pior das mulheres...
E esta é uma luta entre a Eva e a...; duas que são uma só; e com um objectivo em comum: sustentar da melhor forma possível um menino que é um sol...
Luto quando encontro afortunadamente um cliente/amigo que mexe mais comigo, para não me deixar envolver demasiado nem baixar a guarda...
Luto para ser melhor. Melhor pessoa, melhor amiga, melhor mãe, melhor Acompanhante...
Luto para ser e me sentir atractiva e apetecível para "os meus homens"; aqueles que são a minha companhia diária, o meu sustento e a minha fonte de saciedade sexual...
Luto para não desanimar quando o dia não corre bem.
Luto para não lutar e simplesmente aceitar. Aceitar a vida.
Luto contra o preconceito, a mediocridade, a maldade, a intolerância...
Luto contra o medo... medo de me perder na busca do dinheiro; medo de não ser aceite; medo de perder o meu filho...
Luto para poder ser eu sempre, mesmo quando sou a Eva.
Luto para tentar agradar e ser agradada.
Luto para dar e ter prazer.
Luto contra a idade, os quilos a mais, as imperfeições físicas, as falhas de comportamento.
Sobretudo luto para ser feliz, fazendo o meu raio de sol feliz...
E vou continuar a lutar...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«Entrechoque» - prato em porcelana com desenho de Didier Moreau

Não foi propriamente um pratinho barato mas... tinha que vir para a minha colecção.
O desenho (aplicado em decalque) é de Didier Moreau - «Galerie Jacques Casanova - Paris - manufacture Ch. Field Haviland - Limoges» - - edição limitada (exemplar nº 7 de um total de 100).



Gravidade WTF

Bom, essa é a mais nova Menina WTF: a Zuleide Watafat. Comilona, bem humorada mas que facilmente usa qualquer carapuça, Zuleide, dona desse tesudo nome, é uma das mais calóricas (do verbo “dar calor”) WTF’s.




Meninas WTF

23 abril 2012

Bebe - «Siempre Me Quedará (cocaine baby)»



"Cómo decir que me parte en mil
Las esquinitas de mis huesos,
Que han caído los esquemas de mi vida
Ahora que todo era perfecto.
Y algo más que eso,
Me sorbiste el seso y me decían del peso
De este cuerpecito mío
Que se ha convertido en río.

Me cuesta abrir los ojos
Y lo hago poco a poco,
No sea que aún te encuentre cerca.
Me guardo tu recuerdo
Como el mejor secreto,
Que dulce fue tenerte dentro.

Hay un trozo de luz
En esta oscuridad
Para prestarme calma.
El tiempo todo calma,
La tempestad y la calma.

Siempre me quedará
La voz suave del mar,
Volver a respirar la lluvia que caerá
Sobre este cuerpo y mojará
La flor que crece en mi,
Y volver a reír
Y cada día un instante
Volver a pensar en ti.
En la voz suave del mar,
En volver a respirar la lluvia que caerá
Sobre este cuerpo y mojará
La flor que crece en mi,
Y volver a reír
Y cada día un instante
Volver a pensar en ti."

«Nada. Ou quase nada» - bagaço amarelo

Pasmo-me com a facilidade com que duas pessoas que se Amam são capazes de pôr fim a esse Amor por causa de nada. Ou quase nada, vá lá. Às vezes por causa duma gota de vinho que suja uma toalha, outras vezes por causa de um pequeno atraso num encontro ou umas cuecas usadas que ficaram esquecidas num escaninho da casa de banho. Depois pergunto-me se um Amor é sempre grande só porque parece grande, e a resposta que encontro é que não.
É como se o Amor fosse uma coisa maior do que aquilo que o sustenta, ou melhor, do que aqueles que o sustentam. Talvez por isso acabe sempre em derrocada. Não é que as pessoas em geral não queiram Amar e ser Amadas. Apenas não o sabem fazer nem são capazes. É uma pena quando não percebemos que o Amor também exige algum esforço, alguma coisa de nós.
As caricas, para quem não sabe, eram uma espécie de Playstation 3 para os rapazes da minha geração. Escolhíamos aquelas cuja abertura da garrafa não tinha danificado assim tanto, alisávamo-las durante largos minutos na pedra da calçada, e fazíamos corridas com elas em pistas desenhadas no cimento com os restos de tijolos das obras que iam ampliando o bairro. Quando o fim da tarde chegava, eu guardava as minhas melhores caricas no armário com o mesmo cuidado que o meu pai punha o carro na garagem.
Houve uma manhã qualquer da minha infância em que fui mais feliz que o normal por causa de nada. Ou quase nada. O Seabra, dono de uma taverna junta à Fonte dos Amores, tinha-me dado um saco de caricas de cerveja que tinha acabado de varrer do chão e eu, atónito pela enorme dádiva de quase nada, pulei o muro dum terraço onde sabia que as podia alisar melhor, aquele onde aos sábados à tarde eu e os meus amigos da rua fazíamos corridas perante o olhar amigo da mulher que lá vivia.
Ouvi um grito, depois uma espécie de choro que não consegui descortinar se era de tristeza ou de raiva, e percebi que todo aquele emaranhado de sons caminhava na minha direcção. Vi o puxador da porta rodar e saltei para debaixo do tanque mal ela começou a abrir. A mulher estava no meio da nossa pista tentando conter algumas lágrimas. O homem, que até então eu nunca tinha visto, gesticulava nervoso e empurrava-lhe a cabeça na direcção do chão. O problema era nada. Ou quase nada. Ele ralhava com ela por nos deixar riscar o seu próprio terraço quando ele ia de fim de semana.
Nunca percebi para onde é que ele ia de fim de semana, mas quando contei o que tinha visto aos meus pais, eles convenceram-me a não ir mais para lá brincar. A partir daí, convenci também os meus amigos a nunca mais saltar aquele muro que guardava horas e horas da minha infância e vim a saber, umas semanas depois, que ele tinha ido "de fim de semana" e nunca mais tinha voltado.
Hoje de manhã lembrei-me deste episódio da minha infância porque os vi aos dois, perto da estação de comboios, a caminhar lado a lado no que me pareceu serem os últimos passos duma vida inteira. Lentos, silenciosos, e acima de tudo contemplativos. Não sei a história da vida deles, mas sei que o terraço onde eu desenhava pistas de corridas de caricas, e que deu origem a tanta discussão entre eles, já nem sequer existe. Destruíram-no para fazer um condomínio privado. Talvez eles tenham feito o mesmo da vida deles. Destruíram-na e construíram outra. Por causa de nada. Ou quase nada.
Olhei para eles pelo canto do olho mas ela não me reconheceu. Curvados, como se o Amor das suas vida os tivesse esmagado durante demasiado tempo por não saberem lidar com ele. É verdade que o Amor acaba sempre por nada. Ou quase nada. O que a mim me custou a perceber, nesta vida, é que também é assim que ele começa. Por nada. Ou quase nada.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Varizes?



Je t'aime... moi non plus




HenriCartoon

O amor é lindo




Malditos hormônios.

Capinaremos.com

22 abril 2012

Porta-Curtas - «Mens Sana in Corpore Sano»

Diretor: Juliano Dornelles
Elenco: Flávio Danilo
Duração: 22 min
Ano: 2011
País: Brasil
Sinopse: Garra, disciplina, tenacidade, força física e obediência; Estes são os tesouros guardados para que tenhamos uma vida mais plena e saudável. O seu corpo agradece!

Suicida



Não cortara os pulsos que nunca conseguira matar sequer um coelho e enfiar uma faca pela sua carne adentro devia doer como o caraças. Tentou os comprimidos mas a meio da caixa engasgou-se e vomitou tudo de uma assentada. Era um fracasso como suicida mas se três é a conta que Deus fez e o número da Santíssima Trindade e da virgindade e dos copos de tinto das tascas ainda lhe restava uma tentativa.

Congeminou uma ideia prazenteira a terminar numa congestão. O óbice é que se os gajos podem encontrar com facilidade uma puta num mapa de esquinas conhecido para fazer o que tem de ser feito já uma gaja tem de procurar nos anúncios aqueles gajos que publicitam uma amizade com descrição ou tem uma agenda com números de telefones para encomendar quecas prontas a servir. Podia tentar engatar um gajo num bar ou discoteca mas com o azar que a caracterizava o fuso horário desses sítios ainda lhe fornecia a queca só passadas as três horas da digestão e perdia-se todo o fulcro da coisa.

Lembrou-se então de vestir um soutien-macaco para içar as mamas, uma mini saia mais berrante que um colete reflector e esticar pelas pernas acima umas daquelas meias de rede putérrimas e findo o jantar abalou para as esquinas do topo da Rua da Castilho que é sabido funcionarem 24 horas por dia. As que lá estavam puxaram dos galões de antiguidade e quiseram saber ao que vinha mas ela lá se desembrulhou a provar que não era concorrência desleal mas apenas um motivo de força maior, uma reportagem que tinha de concluir e até anotou os nomes de todas prometendo publicá-los em letra impressa o que lhe valeu o almejado sexto de esquina.

Às tantas, um dos engravatados pululantes lá veio apreçar a mercadoria e com a segurança das notas e cartões de crédito na carteira regateou que até pagava mais sem preservativo. Como isso até era para o lado que as intenções dela dormiam melhor descaiu-se na honestidade de que nem tinha de pagar mais e o energúmeno desatou num berreiro a atirar-lhe com nomes que considerava feios como puta, filha de outra e até sidosa que isso é que foi vergonhoso e lhe espantou toda a freguesia.


(Foto © Salvador Pozo, 2007, Robotica & cinturones)