05 maio 2012

«A malta quer é chicha!» - Ricardo Araújo Pereira e a Rita Pereira na Playboy Portugal

Homens, aprendam a fazer «french toast»

«uma mulher por trás de qualquer história» - bagaço amarelo

Comecei a habituar-me às histórias do Afonso, aquelas que ele me contava durante todos os almoços, de segunda a sexta, entre uma garfada de arroz à portuguesa ou massa com carne. As histórias dele não variavam muito, os pratos do dia daquele restaurante improvisado numa pastelaria venezuelana também não. Ele sentava-se e falava de mulheres imaginadas, eu sentava-me a ouvi-lo e a almoçar. Às vezes sorria, outras vezes não.
Uma vez chegou a arfar. Sentou-se na cadeira à minha frente com o impacto dum tijolo e disse-me que eu não ia acreditar no que lhe tinha acontecido. Pois não, não ia. Mas mesmo assim queria ouvir. Uma tal de Ana tinha-se sentado ao lado dele no autocarro, no regresso a casa, e adormecido no seu ombro. Ele, para não a acordar, deixou-se ir algumas paragens para além da dele. Quando ela acordou e ele lhe contou isso mesmo, convidou-o para passar a noite em casa dela. E ele a olhar para mim fixamente, à espera dum sinal qualquer que indicasse que eu acreditava naquilo tudo. E eu a responder que ele era um homem cheio de sorte. Ele sorria quase sempre. Às vezes não.
Sempre soube que o Afonso era um homem solitário, principalmente porque eu também o era. A diferença é que ele vivia sozinho, sem mais ninguém em casa. Eu vivia sozinho, com a minha mulher de há mais de vinte anos em casa. Éramos os dois uns solitários, mas ele tinha espaço para imaginar todos o tipo de engates e romances. Eu não. Invejava-o.
Outra coisa que nos unia era uma enorme incapacidade de sedução. Todos os sábados à noite saíamos juntos e íamos aos mais concorridos bares da baixa da cidade. Íamos bebendo e desejando que uma mulher qualquer se sentasse na nossa mesa, por qualquer motivo que fosse. Mas nunca nenhuma se sentou, e eu ficava a ouvir as histórias dele ou, ainda pior, a falar de futebol. Depois voltávamos para casa, silenciados perante a terrível evidência de que a nossa vida era uma monotonia, e com o céu estrelado a rir-se de nós.
Foi numa dessas noites, já depois de umas cinco ou seis cervejas cada um, que ele deu um salto na cadeira. Estava uma mulher sozinha no balcão, de um moreno doce e cabelos suaves. Era bonita, e se já de si parecia inatingível, o facto de estar a beber um cocktail colorido de que eu nem o nome sabia ainda a tornava mais impossível. É a Ana, disse o Afonso mostrando um nervoso miudinho na sua voz acanhada.

- Aquela que te convidou para dormir em casa dela?! A do autocarro?! - Perguntei incrédulo.
- Chiuuuu... fala baixo! - e vi que uma dor qualquer se apoderara da cara dele.

Voltámos para casa como sempre, sozinhos e com um profundo e amargo sentimento de abandono. A Ana existia mesmo. De facto, tinha adormecido no ombro dele numa viagem de autocarro, e ele tinha mesmo saído algumas paragens depois para não a acordar e aproveitar aquela sensação única de ter um anjo a dormir ao lado. Confessou-me nessa noite que tinha voltado a pé, debaixo duma chuva forte e fria, aquecido sempre pela sensação do toque do sono dela. O resto é que tinha sido inventado por ele...
Estou habituado às histórias do Afonso. Aquelas que ele me conta todos os dias, de segunda a sexta, entre uma garfada de arroz à portuguesa ou massa com carne. Quando ele não vem eu fico apreensivo. Gosto das histórias dele. Sei que, por trás de cada mentira que diz, há sempre uma mulher verdadeira. Às vezes é uma que lhe pediu ajuda no supermercado para tirar uma lata de conserva da prateleira mais alta, outras vezes é uma que lhe pediu para apagar o cigarro num restaurante qualquer. Hoje, por exemplo, foi uma estrangeira que lhe perguntou uma indicação na zona histórica da cidade.
Sei que, como eu, o Afonso é um solitário e um incapaz de Amar. É por isso que cada mulher que passa por ele se transforma numa qualquer história de Amor. Invejo-o por isso. Admiro-o por isso. Até porque isso também é Amar. E não há melhor forma de dizer uma verdade do que inventando-a.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Grandes tímbalos.


Um sábado qualquer... - «Dúvidas»






Um sábado qualquer...

04 maio 2012

Português oral

O Português oral é muito traiçoeiro!
Há frases que ditas depressa podem ser mal entendidas! Queres um exemplo?

Compenetração profunda.
Com penetração profunda.

Há tristeza.
Actriz tesa.

Se há mulheres no asfalto…
Se há mulheres nuas, falto…

Ele vence sempre.
Ele vem-se sempre.

Prefiro pôr no gráfico.
Prefiro pornográfico.

Ar de bruxa.
Arde bruxa.

Se metes o pé nisto, lá sabes.
Se metes o pénis, tu lá sabes.

Bem, já sei que só eu para me divertir com parvoíces destas, nunca mais ganho juízo… A não ser que também tu aches piada. Então nesse caso compra o livro da Ana Goês, «Aliás voltas sempre/Ali às voltas sempre», da Editora Replicação, que está recheado de frases destas…
Quem sabe na Feira do Livro?

O animal de hábitos em mim

Já estranho quase tanto não encontrar folhetos dos hipermercados na caixa do correio como não encontrar na caixa de entrada do email alguma receita milagrosa do tipo enlarge your penis.

"É preciso ela ter um grande par de ovários!"


Vocês na Internet

Gemmmmt, OLIA que coisa BEAUTIFUL!





Meninas WTF

03 maio 2012

Alex & Anny - Quadro Russo «Le Plus Grand Cabaret Du Monde»

«Ai se eu te espeto» - Patife

Sou um grandessíssimo parvo. Não há problema nenhum nisso, desde que se saiba conviver com o facto. Eu sei. O mundo é que subestima a parvoíce. É por isso com elevada consternação quando leio aqui que consideram que a parvoíce é apenas uma máscara social do Patife. Desenganem-se todos. Sou profundamente parvo, como posso provar pelas palavras que se seguem. Este fim de semana estava num bar de música ao vivo e numa das pausas, na mesa ao lado, começaram a cantar os parabéns a uma tal de Felícia. A parvoíce não se fez rogada e eu não resisti ao apelo. Começou então a formar-se uma ideia que ardeu na minha mente como uma chama inextinguível. Bebi o conhaque de um trago, levantei-me, peguei na guitarra acústica e improvisei a letra de uma música, certamente, por vós conhecida. E foi assim, mais cona menos cona:

Grossa, grossa
Assim papo-te a rata
Ai se eu te espeto
Ai ai se eu te espeto

Felícia, Felícia
Assim papo-te a rata
Ai se eu te espeto
Ai ai se eu te espeto

Sábado pela calada
A galera começou a cantar
Eram os anos da menina mais linda
Tomei coragem e comecei a improvisar

Grossa, grossa
Assim papo-te a rata
Ai se eu te espeto
Ai ai se eu te espeto

Felícia, Felícia
Assim papo-te a rata
Ai se eu te espeto
Ai ai se eu te espeto

Para quem ficou curioso a pensar na expressão “mais cona menos cona”, posso dizer que a seguir a esta música, e por incrível que pareça, foi mais cona.


Patife
Blog «fode, fode, patife»