25 maio 2012

Quinteto de cordas


Five touch themselves por duddler2

Guerra dos sexos? Quero mesmo é que se foda!


Aqui há dias estive um bocado na palheta com uma passarinha que por acaso estava num dia difícil e por isso deixámo-nos entreter assim.
Percebi nesse diálogo que as passarinhas também podem ser feministas, o que só lhes fica bem, mas como sempre acontece nas convicções mais firmes por vezes exagera-se na dose e a causa murcha.
Não terá sido o caso, pois a passarinha em apreço não tolera a flacidez nas certezas.
Dizia ela que se sente muitas vezes discriminada por tabela, por causa da coisa agarrada a ela que afirma ser uma vítima de um sistema profundamente machista e que, alegadamente, priva as fêmeas de direitos que nos são reconhecidos. A nós pénis, bem entendido.
Confesso que nunca me apercebi desse fenómeno, embora ela tenha chamado a minha atenção para uma outra discriminação que até acontece entre as pilas (algumas ainda trazem agarrados coisos sem alma de coisas), nomeadamente as pilas pretas. Eu reagi de imediato, invocando a clara preferência de milhões de passarinhas por uma pila escura, mas ela contrapôs com o argumento de que residia aí o preconceito: pila preta tem que ser um pilão. E isso deixa logo à partida as pilas pretas mais pequenas num embaraço que nem consigo imaginar (fácil de perceberem porquê...).
Num momento mais acalorado da nossa troca de impressões ela até recorreu ao vernáculo de taberna para chamar a minha atenção para o facto de as coisas e os coisos se mandarem para o caralho, ponto, e em contrapartida mandarem-se sempre para a cona de alguém, seja da prima, da tia ou da mãe, mas invariavelmente para uma cona específica, apenas aquela, enquanto para o caralho pode ser qualquer um a vestir a pele de destinatário daquela encomenda.
Claro que eu tentei logo puxar a brasa ao meu sardão e argumentei, nessa altura já completamente fora de mim – estes desafios intelectuais arrebitam-me imenso, que isso só provava o apreço dedicado às passarinhas ao ponto de as associar sempre a uma cona da família, enquanto o caralho surge como um estranho, uma incógnita sem qualquer particularidade que a defina. Pode até ser para o caralho que te foda, um grau mais elevado do insulto, que mantém-se na mesma a indefinição, a identidade e paradeiro desconhecidos e por isso com boa hipótese de nunca se encontrar esse caralho em concreto e extraviar-se uma retumbante asneirada.
Mas a passarinha nem vacilou, apesar de eu ter chamado a atenção dela até para o calibre dos piropos dedicados às fêmeas da genitália, que lindo papo de cona, por exemplo, enquanto a nós o melhor que se pode ouvir é que somos grandes. Nem inteligentes nem bonitos, apenas grandes ou em alternativa o drama de um silêncio ou a tragédia de uma gargalhada.
Nem assim ficou convencida, o que até me serviu de pretexto para combinar na hora o segundo round daquele estimulante combate de ideias.
Se possível para um dia mais propício para aprofundá-las...

«Trocadalho do carrilho» - por Ferro

"Eu gosto de quem pode
De quem gosta de  poder
De quem  pode sempre que  pode
E não se cansa de  poder

Eu gosto muito de  poder
Poder a todas as horas
De  poder até querer
Sem entremeios nem demoras

Gostava de conhecer alguém
Que fosse assim como eu
E que só quisesse também
Poder até chegar ao céu"

Ferro
Blog «arte do Ferro»
[artista digital de arte erótica]

Depois do sexo





Meninas WTF

24 maio 2012

Postalinho de Coimbra, em verso

"Coimbra toda procura, quem à noite se vem dar
Entre o amor e a ternura, há sexos por saciar
Por ti vagueiam corpos, volteiam, cruzam-se e chocam
E há mil desejos à solta, mal eles enfim se tocam

Coimbra toda volteia, sobe e desce, sem parar
Toda ela serpenteia entre a noite e o luar
Há pressa de lua cheia e vontades de madrugada
Quando o talvez é sempre sim e o não é sempre nada

Coimbra toda respira, esse amor por entregar
Quando um olhar de safira penetra noutro olhar
Coimbra toda transpira, entre os lençóis da noite
E as marcas do amor marcam mais que um açoite

Coimbra tem à noite, janelas abertas à dor
E toda ela parece um cacto em forma de flor
Quando há desencontros e promessas por cumprir
É como um jardim de rosas, todas elas por florir

Coimbra tem à noite, cortinados de solidão
Quando a timidez prende a voz do coração
Coimbra então parece um labirinto sem fim
Onde de amor se padece, entre rosas e jasmim

Coimbra passa então a noite, em quarto minguante
Se uma guitarra toca, haja sempre alguém que cante
Guitarra toca baixinho, a dor que no peito trago
Em Coimbra à noitinha, fecho os olhos, vivo o fado."

António Ferrolho
Galeria Virtual


«Esboço 7» - António Ferrolho

«Se Jean-Jacques Rousseau...» - Patife

Devo dizer que se chamava Verónica. Era joalheira e diziam que fazia os melhores broches do mercado. Broches elegantes e vistosos, coroados com pérolas e bordados a ouro, daqueles capazes de fazer as outras mulheres roerem-se de inveja. Foi com relativa facilidade e estonteante rapidez que na minha mente se instalou a pertinente dúvida: Será que os seus fellatiozinhos são autênticas jóias do abocanhamento fálico? Por certo que a Verónica gosta de meter a boca na harmónica. Só para não ficar na dúvida, no mesmo dia passei pela sua joalharia. Lá estava ela, a falar com uma velhota que ostentava um belíssimo broche. Por acaso o broche estava um pouco descaído, na verdade em perfeita sintonia com o seu rabo. Mas isso agora são coisas do rabo da velha. Voltando aos broches: Entrei decidido e quando a velhota saiu começámos a falar de broches como quem fala, enfim… de broches. Entre duas ou três referências elogiosas aos seus broches referi que para fazer um bom broche é preciso ser-se boa joalheira. Mas por outro lado também é preciso ter umas boas joelheiras. Ela, sem saber como reagir, mais parecia uma barata tonta. Mas o Pacheco deu logo conta que ela também parecia uma pachacha tonta. Por isso puxei-a para mim pela anca e apelei à sua arte brochista, correndo o risco de meter a pata na poça. Risco que nunca me importo de correr desde que ela depois meta a rata na tola. A coisa acabou bem com o meu nabo a roçar-se sofregamente nos lábios da brochista. E não me julguem por ter roçado o nabo na moça. Se o Jean-Jacques Rousseau…

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Fruta 85 - O anel de curso

Tensão

23 maio 2012

«A prova oral do Brent»

Compliments of RocketTube

«respostas a perguntas inexistentes (199)» - bagaço amarelo

os olhos do sexo

É tudo por causa do sexo. Ela levantou-se logo pela fresca, passeou-se pelo quarto nua depois de tomar banho e experimentou três vestidos antes de se decidir por um azul, com a saia a ficar por cima dos joelhos. Foi assim que ele foi acordando devagar, a espreitá-la pelo canto do primeiro olho que conseguiu abrir. Está ainda ali, de barriga para baixo e com o pénis a espreguiçar-se na escassa energia matinal. Sente-se tão cansado quanto apaixonado, como se todos o seu vigor se tivesse concentrado apenas no membro sexual. Está tudo ali.
E é tudo por causa do sexo. Ela traz-lhe um café à cama e diz-lhe que se despache, que está um dia de Sol e que quer ir passear para o jardim da cidade. Ele responde que não quer ir a parque nenhum. É este "não" que a mulher não percebe. O que ele não quer, de facto, é sair da cama sem fazer Amor com ela, distribuir de novo por todo o corpo essa força que está concentrada num único membro. Nem para ir ao jardim, nem para ir a lado nenhum.
E ela fica a olhá-lo da porta. Despacha-te, insiste. E estranhamente sorri. Foi pelos olhos que ele se apaixonou por ela. O corpo veio depois. Aliás, o corpo vem sempre depois do olhar, como se fosse o paraíso depois da grande e resplandecente porta do Amor. No primeiro encontro, ele levantou-se para ir buscar duas cervejas ao balcão, e quando voltou ela tinha o queixo pousado nas suas mãos em forma de taça, tapando-lhe a boca e parcialmente o nariz. Só se viam os olhos entre uma nascente viva de cabelos negros. Eram doces, tão doces que ele perdeu a fala.
E é tudo por causa do sexo. Ela acabou de se afastar. Talvez esteja na sala a ler um livro, talvez esteja na cozinha a fazer a lista de compras para a semana, talvez esteja a vestir o casaco para sair sozinha. E ele levanta-se, de pénis erguido e cabeça baixa, lavando a cara com água fria para amolecer esse estado de ansiedade. Vai sair com ela. Na verdade iria atrás dela fosse ela para onde fosse. O sexo, talvez logo à noite. É só isso.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Orelhas quentes


Àquela hora da manhã não sei que raio de impulso de nossa senhora dos aflitos me deu para largar a bica e me levantar a interpor-me entre o murro certeiro do grandalhão e a cara dele. Talvez a quase certeza de que os homens não batem a uma mulher a não ser no recato doméstico sem audiências mas adiante.

Ele agradeceu-me polidamente com um novo café e fiz das tripas coração para não lhe berrar que a mim gajo nenhum paga coisa alguma. E ele lá foi abrindo as suas asas de deputado desterrado para a capital e circundado de gente por todos os lados, com propostas de acção, de negócio e de troca de favores a abarrotar-lhe os dias. Nem lhe faltava sexo mesmo que depois lhe pedissem um emprego melhor para si ou alguém da família ou um jeitinho para despachar uma licença na câmara daquele gajo que ele até conhecia. Tanto mais que choviam gajas a colarem-se com o corpinho todo pelo prazer de depois passearem o seu estatuto pelo braço. Às vezes até gastava umas notas valentes com meninas de preço tabelado só para escolher à sua maneira o que pagava.

Recolhi os instintos de o despir e de lhe apaziguar as mágoas com muita transpiração numa confusão de sexos na boca e mãos cravadas em nádegas e até da magia de fazer crescer uma pila dentro de mim em toques sincronizados e espasmódicos de vagina porque ele não precisava de uma foda mas de um par de orelhas amorosas que lhe espantasse a solidão dos dias.



Pinto man!

Tenham medo, ladrões pelo mundo!




Não quero nem saber o super poder desse cara.

Capinaremos.com

22 maio 2012

A posta na adopção generalizada da sensatez


Uma pessoa pensa depressa e conclui que a Democracia é uma receita fabulosa para travar a tendência para os abusos por parte dos mais fortes, para impedir que se instale nas nossas vidas uma versão moderna, mais ou menos camuflada, de lei da selva.
Portanto a pessoa pressupõe que a Democracia se basta a si própria para garantir os direitos de toda uma população.
Toda? Não. Um pouco por toda a parte brotam grupos de irredutíveis diferentes da maioria cujo estatuto deixa à mercê da vontade alheia muitas decisões que até deveriam estar tomadas à partida, por inerência. E esses podem questionar a mais-valia que a Democracia representa, subordinados que ficam, na prática, ao poder dos mais numerosos mesmo quando estes se equivocam.

Esta introdução poderá induzir interpretações erradas. Não, não estou a vergar ao peso da crise ao ponto de me converter ao fascismo. Mesmo quando a Democracia parece incapaz de servir os legítimos interesses de algumas minorias eis que entra em cena a Liberdade a ela associada e que permite, a quem não possa ou não queira porque não tem que querer aceitar injustiças de que se sintam vítimas, contestar até uma maioria, nem que seja por maioria de razão.
Isto a propósito de um daqueles assuntos que a crise torna proibidos nas agendas partidárias por serem desconfortáveis e por se tornarem facilmente catalogados como supérfluos por não serem oportunos.
O problema é que alguns desses assuntos dizem respeito à felicidade de cidadãs e de cidadãos e, se virmos as coisas como elas são, à dignidade da sua condição de seres humanos e a frase não é bombástica, como de seguida deverão entender.

O assunto que me move, disparatado nesta conjuntura, blábláblá, é o da adopção por parte de todos os cidadãos e cidadãs comprovadamente capazes de criarem um filho de acordo com os critérios em vigor, independentemente da sua raça, cor ou opção sexual.
Porque me move tal assunto numa altura destas?
Boa pergunta, pois permite-me enfatizar o que o assunto tem de mais significativo, muito acima dos nojos e das renitências de uma hipotética maioria na qual se incluirão muitas pessoas incapazes de tolerarem restrições tão repugnantes como, por exemplo, ao número de filhos que podem conceber. E o factor mais relevante do assunto é o facto de estar em causa a distinção entre pessoas com base nas suas preferências sexuais, nomeadamente na sua capacidade de criarem um filho nas devidas condições.
Ou seja, a maioria(?) não aceita a felicidade de uma minoria porque os moldes diferentes dessa felicidade podem perturbar os preconceituosos mais sensíveis.

Para além de tresandar a fascista, pela segregação que impõe com base num pretexto absurdo, qualquer restrição tão radical aplicada a um ser humano apenas por fazer parte de um grupo mais fraco porque minoritário é uma violência e um atentado a princípios tão fundamentais que a própria Democracia a eles se deve subordinar. Sim, existem excepções a qualquer regra e situações cuja indignidade obriga a corrigir sem demoras, sob pena de tornarmos a Democracia num simples instrumento de poder com inspiração estatística.
O que está em causa é a interferência ilegítima na felicidade de pessoas, muitas ou poucas, sem qualquer justificação plausível ou argumento inteligente que a possa justificar.

E por isso pretendo deixar aqui a minha opinião retratada, na esperança de colaborar no lançamento de um debate que, em boa verdade, nem deveria acontecer porque ninguém tem o direito de decidir acerca dos contornos da felicidade dos outros quando estão em causa apenas as suas diferenças e quando estas não impliquem algum tipo de ameaça aos seus iguais, ponto.
Mas a vida é um permanente viveiro de absurdos e para não ficarmos um dia perdidos no meio do matagal temos que ir arrancando alguns males pela raiz.

É que mesmo a Democracia, confiada ao livre arbítrio do plebiscito e sem um pensamento crítico acerca das suas incongruências, embriagada pelas multidões, pode constituir terreno fértil para más sementeiras. E para a posterior colheita de um cesto de contra-sensos tão corrosivos, tão fomentadores do descrédito, que pode explodir um dia na cara da Democracia com o fragor de um imenso temporal.