Dois pares de chávenas da minha colecção: «Adam and Eve» e «Talk about love».
26 maio 2012
25 maio 2012
Guerra dos sexos? Quero mesmo é que se foda!
Aqui há dias estive um bocado na
palheta com uma passarinha que por acaso estava num dia difícil e
por isso deixámo-nos entreter assim.
Percebi nesse diálogo que as
passarinhas também podem ser feministas, o que só lhes fica bem,
mas como sempre acontece nas convicções mais firmes por vezes
exagera-se na dose e a causa murcha.
Não terá sido o caso, pois a
passarinha em apreço não tolera a flacidez nas certezas.
Dizia ela que se sente muitas vezes
discriminada por tabela, por causa da coisa agarrada a ela que afirma
ser uma vítima de um sistema profundamente machista e que,
alegadamente, priva as fêmeas de direitos que nos são reconhecidos.
A nós pénis, bem entendido.
Confesso que nunca me apercebi desse
fenómeno, embora ela tenha chamado a minha atenção para uma outra
discriminação que até acontece entre as pilas (algumas ainda
trazem agarrados coisos sem alma de coisas), nomeadamente as pilas
pretas. Eu reagi de imediato, invocando a clara preferência de
milhões de passarinhas por uma pila escura, mas ela contrapôs com o
argumento de que residia aí o preconceito: pila preta tem que ser um
pilão. E isso deixa logo à partida as pilas pretas mais pequenas
num embaraço que nem consigo imaginar (fácil de perceberem
porquê...).
Num momento mais acalorado da nossa
troca de impressões ela até recorreu ao vernáculo de taberna para
chamar a minha atenção para o facto de as coisas e os coisos se
mandarem para o caralho, ponto, e em contrapartida mandarem-se sempre
para a cona de alguém, seja da prima, da tia ou da mãe, mas
invariavelmente para uma cona específica, apenas aquela, enquanto para o
caralho pode ser qualquer um a vestir a pele de destinatário daquela
encomenda.
Claro que eu tentei logo puxar a brasa
ao meu sardão e argumentei, nessa altura já completamente fora de
mim – estes desafios intelectuais arrebitam-me imenso, que isso só
provava o apreço dedicado às passarinhas ao ponto de as associar
sempre a uma cona da família, enquanto o caralho surge como um
estranho, uma incógnita sem qualquer particularidade que a defina.
Pode até ser para o caralho que te foda, um grau mais elevado do
insulto, que mantém-se na mesma a indefinição, a identidade e
paradeiro desconhecidos e por isso com boa hipótese de nunca se
encontrar esse caralho em concreto e extraviar-se uma retumbante
asneirada.
Mas a passarinha nem vacilou, apesar de
eu ter chamado a atenção dela até para o calibre dos piropos
dedicados às fêmeas da genitália, que lindo papo de cona, por
exemplo, enquanto a nós o melhor que se pode ouvir é que somos
grandes. Nem inteligentes nem bonitos, apenas grandes ou em
alternativa o drama de um silêncio ou a tragédia de uma gargalhada.
Nem assim ficou convencida, o que até
me serviu de pretexto para combinar na hora o segundo round daquele
estimulante combate de ideias.
Se possível para um dia mais propício
para aprofundá-las...
«Trocadalho do carrilho» - por Ferro
"Eu gosto de quem pode
De quem gosta de poder
De quem pode sempre que pode
E não se cansa de poder
Eu gosto muito de poder
Poder a todas as horas
De poder até querer
Sem entremeios nem demoras
Gostava de conhecer alguém
Que fosse assim como eu
E que só quisesse também
Poder até chegar ao céu"
Ferro
Blog «arte do Ferro»
[artista digital de arte erótica]
24 maio 2012
Postalinho de Coimbra, em verso
Entre o amor e a ternura, há sexos por saciar
Por ti vagueiam corpos, volteiam, cruzam-se e chocam
E há mil desejos à solta, mal eles enfim se tocam
Coimbra toda volteia, sobe e desce, sem parar
Toda ela serpenteia entre a noite e o luar
Há pressa de lua cheia e vontades de madrugada
Quando o talvez é sempre sim e o não é sempre nada
Coimbra toda respira, esse amor por entregar
Quando um olhar de safira penetra noutro olhar
Coimbra toda transpira, entre os lençóis da noite
E as marcas do amor marcam mais que um açoite
Coimbra tem à noite, janelas abertas à dor
E toda ela parece um cacto em forma de flor
Quando há desencontros e promessas por cumprir
É como um jardim de rosas, todas elas por florir
Coimbra tem à noite, cortinados de solidão
Quando a timidez prende a voz do coração
Coimbra então parece um labirinto sem fim
Onde de amor se padece, entre rosas e jasmim
Coimbra passa então a noite, em quarto minguante
Se uma guitarra toca, haja sempre alguém que cante
Guitarra toca baixinho, a dor que no peito trago
Em Coimbra à noitinha, fecho os olhos, vivo o fado."
António Ferrolho
Galeria Virtual
«Esboço 7» - António Ferrolho
«Se Jean-Jacques Rousseau...» - Patife
Patife
Blog «fode, fode, patife»
23 maio 2012
«respostas a perguntas inexistentes (199)» - bagaço amarelo
É tudo por causa do sexo. Ela levantou-se logo pela fresca, passeou-se pelo quarto nua depois de tomar banho e experimentou três vestidos antes de se decidir por um azul, com a saia a ficar por cima dos joelhos. Foi assim que ele foi acordando devagar, a espreitá-la pelo canto do primeiro olho que conseguiu abrir. Está ainda ali, de barriga para baixo e com o pénis a espreguiçar-se na escassa energia matinal. Sente-se tão cansado quanto apaixonado, como se todos o seu vigor se tivesse concentrado apenas no membro sexual. Está tudo ali.
E é tudo por causa do sexo. Ela traz-lhe um café à cama e diz-lhe que se despache, que está um dia de Sol e que quer ir passear para o jardim da cidade. Ele responde que não quer ir a parque nenhum. É este "não" que a mulher não percebe. O que ele não quer, de facto, é sair da cama sem fazer Amor com ela, distribuir de novo por todo o corpo essa força que está concentrada num único membro. Nem para ir ao jardim, nem para ir a lado nenhum.
E ela fica a olhá-lo da porta. Despacha-te, insiste. E estranhamente sorri. Foi pelos olhos que ele se apaixonou por ela. O corpo veio depois. Aliás, o corpo vem sempre depois do olhar, como se fosse o paraíso depois da grande e resplandecente porta do Amor. No primeiro encontro, ele levantou-se para ir buscar duas cervejas ao balcão, e quando voltou ela tinha o queixo pousado nas suas mãos em forma de taça, tapando-lhe a boca e parcialmente o nariz. Só se viam os olhos entre uma nascente viva de cabelos negros. Eram doces, tão doces que ele perdeu a fala.
E é tudo por causa do sexo. Ela acabou de se afastar. Talvez esteja na sala a ler um livro, talvez esteja na cozinha a fazer a lista de compras para a semana, talvez esteja a vestir o casaco para sair sozinha. E ele levanta-se, de pénis erguido e cabeça baixa, lavando a cara com água fria para amolecer esse estado de ansiedade. Vai sair com ela. Na verdade iria atrás dela fosse ela para onde fosse. O sexo, talvez logo à noite. É só isso.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Orelhas quentes
Àquela hora da manhã não sei que raio de impulso de nossa senhora dos aflitos me deu para largar a bica e me levantar a interpor-me entre o murro certeiro do grandalhão e a cara dele. Talvez a quase certeza de que os homens não batem a uma mulher a não ser no recato doméstico sem audiências mas adiante.
Ele agradeceu-me polidamente com um novo café e fiz das tripas coração para não lhe berrar que a mim gajo nenhum paga coisa alguma. E ele lá foi abrindo as suas asas de deputado desterrado para a capital e circundado de gente por todos os lados, com propostas de acção, de negócio e de troca de favores a abarrotar-lhe os dias. Nem lhe faltava sexo mesmo que depois lhe pedissem um emprego melhor para si ou alguém da família ou um jeitinho para despachar uma licença na câmara daquele gajo que ele até conhecia. Tanto mais que choviam gajas a colarem-se com o corpinho todo pelo prazer de depois passearem o seu estatuto pelo braço. Às vezes até gastava umas notas valentes com meninas de preço tabelado só para escolher à sua maneira o que pagava.
Recolhi os instintos de o despir e de lhe apaziguar as mágoas com muita transpiração numa confusão de sexos na boca e mãos cravadas em nádegas e até da magia de fazer crescer uma pila dentro de mim em toques sincronizados e espasmódicos de vagina porque ele não precisava de uma foda mas de um par de orelhas amorosas que lhe espantasse a solidão dos dias.
Ele agradeceu-me polidamente com um novo café e fiz das tripas coração para não lhe berrar que a mim gajo nenhum paga coisa alguma. E ele lá foi abrindo as suas asas de deputado desterrado para a capital e circundado de gente por todos os lados, com propostas de acção, de negócio e de troca de favores a abarrotar-lhe os dias. Nem lhe faltava sexo mesmo que depois lhe pedissem um emprego melhor para si ou alguém da família ou um jeitinho para despachar uma licença na câmara daquele gajo que ele até conhecia. Tanto mais que choviam gajas a colarem-se com o corpinho todo pelo prazer de depois passearem o seu estatuto pelo braço. Às vezes até gastava umas notas valentes com meninas de preço tabelado só para escolher à sua maneira o que pagava.
Recolhi os instintos de o despir e de lhe apaziguar as mágoas com muita transpiração numa confusão de sexos na boca e mãos cravadas em nádegas e até da magia de fazer crescer uma pila dentro de mim em toques sincronizados e espasmódicos de vagina porque ele não precisava de uma foda mas de um par de orelhas amorosas que lhe espantasse a solidão dos dias.
Subscrever:
Mensagens (Atom)