09 junho 2012

Homens, aprendam a ver luz infra-vermelha

«respostas a perguntas inexistentes (201)» - bagaço amarelo

gostava de te ver de novo

Uma vez sentei-me contigo num banco de jardim e o mundo fechou-se. Deixou de se fazer ouvir e até de se fazer ver. Lembro-me que, muito de vez em quando, uma leve brisa fazia mexer as folhas das árvores, que nesse movimento agitavam a já fraca luz do Sol. Era o vento a segredar-me que ainda havia vida para além de nós. E eu sorria-lhe a pensar que não.
Talvez tenha sido a primeira vez que me senti apaixonado por ti, porque foi de certeza a primeira que o meu corpo começou a desobedecer à vontade de abraçar alguém. Eu queria abraçar-te mesmo, mas o meu braço nunca me obedeceu. Com a vida, aprendi que é assim que o Amor se faz notar, com o corpo a estancar de forma violenta toda a vontade de quem Ama.
Eu e tu nunca falámos de Amor. Nem do nosso, que não chegou a sê-lo, nem do de qualquer outra pessoa. Falámos, muito provavelmente, de todos os temas possíveis menos desse, o que não terá sido uma coincidência. Assim como, aliás, nunca foi uma coincidência passarmo-nos a sentar um ao lado do outro todos os fins de tarde a partir desse dia. Só hoje, com quarenta anos, é que percebo isso.
De todos os temas abordados entre nós, perdi a conta às vezes que te menti, sempre para te impressionar. Uma vez perguntaste-me se eu já tinha andado de avião e eu contei-te todas as viagens que consegui imaginar. À Noruega, ao Brasil, à Itália e ao Canadá. Contei-te histórias que não eram minhas, mas que tinha ouvido algures em conversas de outros. Acho que acreditaste sempre. Não sei...
Sei que houve uma tarde em que adormeceste no meu ombro e eu petrifiquei durante mais de duas horas, tanto para não te acordar como para prolongar essa rara sensação de te ter para além do verbo. Fechaste o olhos e eu fiquei a ouvir-te respirar. Só isso.
Já não te vejo há mais de vinte anos, nem sequer sei se te lembras de mim. Sei que hoje à tarde, entre a multidão agitada na estação de comboios, pareceu-me ver-te a passar por mim, depois de saíres exactamente do mesmo comboio que eu ia apanhar. Parei por uns breves momentos e virei-me para trás, esbracejei entre uma interminável maré de pessoas para conseguir chegar até ti e, quando finalmente te alcancei, vi que não eras tu.
Foi assim que fiquei a saber que gostava de te ver de novo.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Ratos de computador

Par de ratos de computador com mulheres em lingerie vermelha cujos seios são os botões do rato. Um dos ratos tem uma camisola amarela em tecido, amovível, com a bandeira e a palavra Brasil.


Um sábado qualquer... - «Ser superior»




Um sábado qualquer...

08 junho 2012

New World - «o dia seguinte»

Sorriso com sardas

As palavras queimavam-lhe a garganta, tal como as lágrimas lhe faziam arder os olhos. Calou-se. Primeiro engoliu tudo o que tinha para lhe dizer e calou-se. Depois, secou as lágrimas com as costas das mãos. Enfrentou a dor e a vergonha de tanto lhe doer e cerrou os dentes e os lábios. Engoliu em seco. Tornou a engolir em seco. Mordeu o lábio inferior e suspirou profundamente. A infelicidade de ser quem era naquele momento infiltrava-se por todos os poros e contaminava-lhe corpo e alma. Doía-lhe. Doía-lhe fisicamente. Sentia arrepios de frio e tremores por todo o corpo. Sorriu. Fez um esforço e sorriu. Enfrentou a pena que sentia de si, o seu corpo que vacilava e parecia quer desmoronar-se e o seu ser mais profundo que queria abandonar-se à dor, à inacção, ao desalento e sorriu. Um sorriso forçado, que não passava dos lábios, mas um sorriso.
– Sabe, bem – disse ela, com o sotaque meloso que o derretia desde o primeiro momento em que a conhecera, mostrando-lhe um sorriso complacente, quase maternal, que lhe iluminava o rosto, os olhos, as sardas. – As coisas quando não acontecem é porque não têm de acontecer.
Ele, o bem, esqueceu-se do sorriso, que desapareceu sem deixar rasto, e mostrou em todo o seu esplendor o desgosto que o dominava.
– Eu não acredito no destino – declarou António, que dissera chamar-se Luís. – O destino somos nós que o fazemos, Luísa.
– Heloísa – emendou a mulher, ainda com sotaque mas já sem mel. Não costumava enganar-se nos clientes que abordava mas, naquele caso, parecia-lhe, enganara-se redondamente e perdera vinte minutos como figurante numa encenação manhosa de uma peça muito vista.
– E podemos ser felizes, Heloísa – insistiu Luís enquanto António. – De certeza que podemos chegar a um entendimento, afinal estamos a falar de vinte euros de diferença. Podemos rachar…
– Você assim não racha nada, cara.
– Eu subo dez e você baixa dez e…
– Somos felizes? – A mulher levantou-se.
– Sim – disse o António que falava pelo Luís. – Adoro o teu sorriso com sardas, já te disse?
– Eu só sou feliz quando me pagam o meu preço e sim, já me tinhas dito, há vinte minutos atrás.
Tanto o Luís como o António ficaram embasbacados a olhar para a mulher que, de repente, em pé, perdera o sotaque e seguira sem um adeus embrenhando-se na pequena multidão de homens e mulheres que deambulavam pela sala, eles com cervejas ou copos de whisky na mão, caçadores prestes a ser caçados, e elas com sorrisos e gestos encantadores ou sexualmente explícitos dando ar de presas submissas ou rebeldes, mas todas com ar de quem tem mais do que fazer do que andar por ali a patinhar.

Nenhum dos dois





Meninas WTF

07 junho 2012

As mulheres nunca se esquecem de uma data importante para elas!

«Do meu ponto de picha» - Patife

Confesso que não sou grande fã de mulheres atléticas. Para tonificado já basta o Pacheco. Curvas com a dose certa de flacidez e uma barriguinha ligeiramente proeminente fazem as delícias dos meus sentidos. Além de que a apoteose da essência feminina não anda de mãos dadas com músculos vigorosos e qualidades técnicas superiores em desportos colectivos. Nada de mais turn off que uma mulher que sabe jogar à bola, por exemplo. Foi por isso que alguma dose de enfado quando soube que aquela ganda mamalhuda que me apresentaram na festa era jogadora da bola. Estávamos a conversar amenamente quando, sem pré-aviso, disse de peito cheio, para quem a quisesse ouvir, que era jogadora de futebol. Estremeci mas consegui conter-me. O pior foi quando ela disse que era atacante. Aí não consegui conter-me. É pena… se fosses defesa central, eu estaria sempre à mama. Ela riu-se num ronco meio grunho, pouco sedutor. Bebi de um trago o conhaque que tinha na mão e apressei-me a meter outro na mão. A conversa continuou, não que eu estivesse a prestar grande atenção, até porque estava completamente concentrado naquele par de chuchas a imaginar o Pacheco a mergulhar naquele vasto mamaçal. Mas o facto de ser jogadora de futebol estava a travar-me o ímpeto da fodilhenguice. Do meu ponto de vista talvez fosse mais sensato estar quieto. Mas da minha ponta de picha já não havia volta a dar. Havia apenas foda a dar.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Fruta 87 - Galão claro ou escuro?

Ser gato