07 novembro 2012

«Carta a uma Jovem Portuguesa» - relembrada por Rui Felício


Em Abril de 1961 é publicada na Via Latina a “Carta A Uma Jovem Portuguesa”, do estudante Artur Marinha de Campos.
Foi uma pedrada no charco putrefacto da falsa moral e dos apregoados bons costumes que Salazar impunha para defesa de um puritanismo ultrapassado e balofo.
A carta denunciava a diferença abissal entre os direitos e comportamentos dos rapazes, em contraponto à passividade das raparigas, educadas para viverem no fingimento e na mentira, proibidas de expressarem livremente os seus sentimentos.
Aquela carta tornou-se uma bandeira, um verdadeiro manifesto que despertou as consciências e libertou as amarras e os preconceitos da juventude mais instruida.
O regime sentiu-se atingido numa das suas principais carateristicas basilares de amordaçar as liberdades.
E a reacção não se fez esperar.
As autoridades fizeram circular os boatos mais ordinários e insultuosos, através dos quais se acusavam as raparigas estudantes de se prostituirem, de fazerem sexo indiscriminadamente com o primeiro rapaz que se lhe deparasse e que o faziam nas matas do Jardim Botânico, ofendendo, com os seus comportamentos, os sãos principios das “pessoas de bem” das senhoras, e das crianças que passeavam naquele Jardim.
A seguir, mandaram fechar os portões do Jardim Botânico todos os dias depois do pôr do sol.
Antes disso, o Jardim estava aberto 24 horas por dia. Não sei se a restrição ainda se mantém nos tempos actuais.
Aquela carta foi um importante marco na libertação mental das mulheres portuguesas. Que ultrapassou as fronteiras de Coimbra e pouco tempo depois atingiu as Universidades de Lisboa e do Porto.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

Reprodução integral da «Carta a uma Jovem Portuguesa» no «Via Latina» nº 130, de 19 de Abril de 1961 aqui.


Excerto da «Carta»:
"«A minha liberdade não é igual à tua. Separa-nos um muro, que nem eu nem tu construímos. A nós, rapazes, de viver do lado de cá, onde temos uma ordem social que em relação a vós favorece. Para vós, raparigas, o lado de lá desse muro; o mundo inquietante da sombra e da repressão mental. (…) Beijas-me e sofres. Dizes, não o devia ter feito, porque julgas que o deverias ter pensado.»"

Excerto de uma abordagem interessante em Esquerda.net: "É neste ambiente que, em Abril, rebenta o escândalo da publicação do texto “Carta a Uma Jovem Portuguesa”, do estudante Marinha de Campos, no Via Latina, semanário da Associação Académica de Coimbra. O texto torna-se um manifesto contra o moralismo serôdio do salazarismo(...) Sucedem-se as acusações e, nas hostes associativas, o embaraço é grande. Mesmo para as estudantes mais emancipadas, como as do Conselho Feminino da AAC, não é fácil tomar partido pelo texto. No Encontro, jornal da Juventude Universidade Católica, é denunciada a «apologia descarada do amor livre e a negação de toda a espiritualidade do matrimónio». A direção associativa remete-se ao silêncio e o jovem Marinha de Campos aceita dar explicações em Assembleia Magna, onde se defende timidamente, tentando evitar o encerramento da AAC, temido por muitos. O Via Latina publica uma edição aberta às críticas à Carta, sem a valorizar, em nome da liberdade de expressão."

E recomendo também a leitura deste «Resumo d´A reidentificação do feminino e a polémica sobre a “Carta a uma Jovem Portuguesa”, de Rui Bebiano e Alexandra Silva, publicação do nº 25 da Revista de História das Ideias (2004)» no blog «Mátria Lusitana».

«conversa 1925» - bagaço amarelo

(no café, ela a tirar um cigarro da carteira)

Ela - Vou lá fora fumar.
Eu - O.k.
Ela - Não vens comigo?
Eu - Não, estou a ler o jornal.
Ela - Eu e o maldito vício do tabaco. Já venho.
Eu - Quando eu te conheci tu não fumavas, pois não?
Ela - Não. Vê lá tu, comecei a fumar com vinte e nove anos. Já tinha idade para ter juízo...
Eu - Pois, isso já não é idade para começar a fumar. Normalmente, ou se começa quando se é adolescente ou então já não se começa...
Ela - Dispenso é a tua moral. Obrigado, não preciso.
Eu - Não é moral nenhuma. É uma constatação. Tu própria disseste que já tinhas idade para ter juízo...
Ela - Eu posso dizer o que eu quiser sobre mim, mas dispenso o julgamento dos outros. Vou fumar sozinha e ainda bem.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

06 novembro 2012

«Amor» - Susana Duarte




a mulher desnuda a alma luzente,
semeadora de luzes
onde a luz poente
se detém...abismo
...
de onde se levantam as luzes do ventre,
e se vislumbram transparências
na lucidez
das águas; nela, crescem e se afundam mágoas,
e as esguias margens de um rio.
a mulher desnuda-se nos braços amados,
plantadores de sementes
onde as névoas se dissipam
e as quedas acontecem no seio dos abraços
devolutos à sua eterna condição
de Ser em outrém,
na bravura das ondas que são corpos,
movimentos sincopados
de um oceano vivo
dentro dos olhos,
ágape dos cristalinos,
melopeia coralina
das imagens dos amantes.

amar acontece no espaço do corpo
onde tempo e distância se tornam
universo inexistente.
primavera de giestas vivas
onde a lava incandescente
são folhadas caídas da pele,
escamas vivas de sermos Um,
na imensa amálgama do universo.

(foto: Google)

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Eva portuguesa - «Obrigada a ti»

Obrigada a ti, que estás desse lado e me ouves e entendes.
Obrigada por me olhares com olhos de ver, por me escutares com atenção, por tentares entender o desabafo que me sai da alma.
Obrigada a ti, que me visitas e me permites, assim, sobreviver.Obrigada por me dares um pouco de ti, por quereres muito de mim, por te entregares um pouco e deixares que eu faça o mesmo. 

Obrigada pela tua generosidade, pois é com ela que pago as minhas contas.
Obrigada por me tratares como o ser humano que sou, por respeitares a mulher que me dá vida, por perceberes que estou tão só, assustada e necessitada como tu.

Obrigada por não me julgares nem pores em causa os meus valores, permitindo que te dê prazer com orgulho e honestidade.
Obrigada a ti, que me mandas mensagens no meu aniversário, fazendo-me sentir que sou importante.
Obrigada a ti pela prenda generosa que me ofereceste, sabendo que eu tanto a queria.
Obrigada a ti pelo carinho que me tens, apesar de ser apenas uma prostituta.
Obrigada a ti pela rosa linda que me ofereceste.
Obrigada a ti pela conversa agradável e por tudo o que me ensinaste.
Obrigada a ti pelo excelente vinho que comigo tiveste a amabilidade de partilhar.
Obrigada pela intimidade, obrigada pelos orgasmos, obrigada pelo calor do teu corpo, obrigada por me ligares, por vires ter comigo e assim me fazeres feliz....


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

O sexo é muito melhor depois dos quarenta

O corpo reage como há vinte anos atrás no entusiasmo e acrescenta os estímulos e as sensações de quem sabe o que procura e como o alcançar.

O YouTube censurou este video de uma peça da minha colecção!

"Notificação de vídeo YouTube
Relativa à sua conta: São Rosas
A Comunidade YouTube marcou um ou mais de seus vídeos como impróprio. Depois de um vídeo ser sinalizado, é revisto pela equipa do YouTube, tendo em conta as Directrizes da Comunidade. Após análise, foi determinado que o(s) vídeo(s) seguinte(s) tem(êm) conteúdos que violam essas directrizes e foram desactivados:
• Ginástica no carrinho de mão (loiça com cordelinho das Caldas da Rainha)
A sua conta recebeu uma advertência das Directrizes da Comunidade, que expira dentro de seis meses. Violações adicionais podem resultar na desactivação temporária da sua capacidade de publicar conteúdo no YouTube e/ou a cessação definitiva da sua conta.
Para mais informações sobre Directrizes da comunidade do YouTube e como elas são aplicadas, visite o centro de ajuda.
Atenciosamente,
Equipa do YouTube"
(tradução minha, que o e-mail vinha em inglês)

O video em causa, agora disponível no Vimeo:


É obsceno, isto?!

05 novembro 2012

Como surpreender uma mulher no ginásio

«coisas que fascinam (153)» - bagaço amarelo

Que linda!
Nunca sei muito bem como reagir quando uma mulher bonita se senta à minha frente num transporte público, como ainda hoje me aconteceu no metro do Porto. Finjo que nem reparei nela ou aproveito o momento para encher a vista? Sei lá. Não lhe adivinho o pensamento. Penso nesta expressão: "encher a vista" e lembro-me de estar na The National Gallery, em Londres, com a Raquel em frente a um Van Gogh. "Deixa-me olhar para este quadro mais um minuto, para encher a vista", dizia ela, e eu assentia acenando afirmativamente a cabeça. Os girassóis ali mesmo à minha frente e eu só olhava para ela, que era ela a minha paisagem.
Comecei por lhe ver os dedos dos pés, com as unhas pintadas de vermelho e umas sandálias coloridas que pareciam vindas daí, dum campo florido qualquer. Levantei a cabeça e os nossos olhares cruzaram-se por um instante, para se transformarem num voo errante e fugidio logo a seguir. Os olhos dela pousaram nas páginas silenciosas dum livro, os meus continuaram esvoaçantes como se fossem uma borboleta tonta. Às vezes no tecto, outras vezes na paisagem que corria lá fora, raramente nela.
Que linda!


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Não sendo monárquico, é realista

Qualquer homem que se oponha hoje às quotas mínimas para mulheres vai provavelmente evitar que no futuro estas lhe sejam aplicadas.

Dinheiro salva vidas

A falta dele causa a solidão.



Bom, pelo menos elas não cobraram adiantado.

Capinaremos.com

04 novembro 2012

Nude Workshop 2009

Flores fálicas

"Postalinho do Jardim Botânico de Coimbra"
Paulo M.

Com direito a uma ode do OrCa:

"floresço
floresces
sou abelha se te mexes
titilo as pétalas frescas
rejuvenesço
se cresces
e em tu crescendo
eu cresço
eu encrespo-me
e inscrevo
na brisa o teu cheiro a cio
balbucio
um zumbido
de arrepio em que te bebo
que te devo
quase a medo
ó flor do meu enredo..."


Teóricas e práticas



Ele era inexcedível quando se atracava a mim e subia uma mão por dentro da camisola até fazer saltar um seio do soutien para os dedos titilarem o mamilo enquanto a outra se metia desvairadamente pelo cós das calças ou da saia, na ansiedade de um bando de pássaros migradores a bicarem cada milímetro das zonas húmidas.

A gaita, Senhor Doutor, era quando naquele período do aquecimento se empenhava em fazer do meio das minhas pernas o seu prato de leite que era uma pressa de schlep, schlep, tal e qual os gatos fazem com a língua. Eu bem sei que os filmes pornográficos são um fraco material de apoio para esta questão já que a maior parte das vezes são gajas com gajas e nenhum mânfio as vai copiar, não vá perder virilidade por isso e, quando são gajos na função, aquilo é mais estética para o plano que outra coisa qualquer.

O facto é que a falta de comunicação emitida em gemidos da minha parte o fez repensar a questão e a solução que encontrou foi pegar no popular passar o corredor a pano e, literalmente, fazer de mim chão de esfregona. Oh Senhor Doutor, eu nem queria acreditar, dada a sua idade cronológica que o sexo oral fosse para ele matéria virgem mas em boa verdade, ainda me irritava mais a sua contínua falta de espírito de investigação.

E assim, fartinha do trivial que era o que a minha avozinha chamava às refeições dos dias de semana, resolvi fazer-lhe um desenho e pespeguei uma imagem de um pénis e de um clítoris nas minhas nádegas que era o expositor que tinha ali mais à mão e paulatinamente, pedi-lhe que observasse bem as semelhanças que permitiam que as técnicas de sucção aplicadas num pudessem ser igualmente aplicadas no outro, tal como o contorno da língua no topo da elevação e que, de igual modo, as mãos colocadas na base permitiam a aceleração do estado de erupção. Só não lhe disse mesmo que me parecia que o pénis era uma evolução natural da espécie clitoriana para não lhe criar um crise de identidade e consequente demissão de quaisquer funções.