20 dezembro 2012

«Amo-te» - Patife

Amo-te! Ousou soltar ela a meia foda, deixando-me o nabo à beira de um enfarte do miocárdio fálico. A pausa originada por esta transgressão verbal, seguida da minha cara de enfado, fê-la entrar em justificações atabalhoadas enquanto corava: Não estou a dizer por dizer... amo-te mesmo. Foi o que aquela alminha conseguiu dizer para tentar salvar a face. Aí, serenei. Adoro brincar com pachachinhas, bicos tesos e pandeiretas arrebitadas, mas se há coisa com a qual não gosto de brincar é com sentimentos. E se uma coisa é saborear a ilusão, conhecendo os limites da realidade, outra profundamente diferente na sua essência é viver na ilusão. Por isso, expliquei-lhe que eu não estava ali para o amor, da mesma forma que o amor não estava no mundo para mim. Disse-lhe ainda que o primor dos seus contornos pachachais totalmente rapadinhos me faz arrebitar o pirilau e que o seu rabo empinado me dá vontade de lhe dar tau-tau. Mas que só lhe queria foder a chona e não o coração. Ela, meio assustada, como quem ousa virar a cara à realidade, riu-se e disse: Tu também tens sentimentos. Isso é o medo a falar. Mas não era. Era apenas a sinceridade do meu nabo a falar.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Luís Gaspar lê «Os amantes com casa» de Joaquim Pessoa

"Andavam pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Respiravam exaustos como se tivessem
nascido da terra
de dentro das sementeiras.
Beijavam-se magoados
até se magoarem mais.
Um no outro eram prisioneiros um do outro
e livres libertavam-se
para a vida e para o amor.
Vivendo a própria morte
voltavam a andar pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Então era a música, como se
cada corpo atravessasse o outro corpo
e recebesse dele nova presença, agora
serena e mais pobre mas avidamente rica
por essa pobreza.
A nudez corria-lhes pelas mãos
e chegava aonde tudo é branco e firme.
Aquele fogo de carne
era a carne do amor,
era o fogo do amor,
o fogo de arder amando-se e por toda a casa,
contra as paredes, no chão.
Se mais não pressentissem bastaria
aquela linguagem de falar tocando-se
como dormem as aves.
E os olhos gastos
por amor de olhar,
por olhar o amor.
E no chão
contra as paredes se amaram e
pela casa andavam como
se dentro das sementeiras respirassem.
Prisioneiros libertados, um
no outro eram livres
e para a vida e para o amor se beijaram
magoando-se mais, até ficarem magoados.
E uma presença rica,
agora nova e mais serena,
avidamente recebeu a música que atravessou de
um corpo a outro corpo
chegando às mãos
onde toda a nudez é branca e firme.
Com uma carne de fogo,
incarnando o amor,
incarnando o fogo,
contra o chão das paredes se amaram
pressentindo que
andando pela casa bastaria tocarem-se
para ficarem dormindo
como acordam as aves.

(in ‘Inéditos’)"

Joaquim Pessoa

Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«Monstruación» - por Luis Quiles


"Este dibujo trata sobre la menstruación. Cuando la naturaleza anuncia el cambio de niña a mujer. He utilizado el muñeco como metáfora de que durante ese cambio las chicas dejan de jugar con muñecos para empezar a jugar con hombres reales en la vida real."

Luis Quiles

19 dezembro 2012

Bordas e bordados

Na minha página no Facebook (que tem já 465 gostos), foi publicada esta imagem:


Uma amiga minha relembrou-se de uma história real deliciosa, que me enviou:
"Eu e a minha irmã, trabalhávamos no escritório de uma pequena empresa de confecções.Havia em Coimbra uma fábrica que produzia em exclusivo para nós e, quando as peças eram feitas, as mocinhas da nossa firma serviam de modelos...
Um dia, estávamos todos a apreciar um macacão de malha com bordados, quando um dos sócios achou que o preço saía demasiado elevado.A senhora argumentou que tinha de contratar bordadeiras, que elas levavam caro, etc...quando um outro sócio diz, com a cara mais séria do mundo:
-É verdade é, que eu tenho uma prima que, quando era nova, com essa coisa das bordas fartou-se de ganhar dinheiro!
Ficamos todos sem saber o que fazer, quando, atrás de mim e da minha irmã, um dos rapazes que não dizia os 'q', nos sussurra:
-Ó 'um 'aralho! Olha se fosse 'om a 'ona toda!"
Teresa B.

«carro de gaja» - bagaço amarelo

Talvez eu seja um dos poucos homens à Face da Terra que não gosta de conduzir. Aliás, abomino o automóvel como produto tecnológico e como solução de mobilidade. Acho que é um dos grande erros da humanidade, com consequências desastrosas a nível social, ambiental e económico, centrar a mobilidade de oitenta quilos de gente numa máquina de duas toneladas.
Infelizmente, e porque o nosso modelo político não deixa grandes alternativas a quem precisa e gosta de se deslocar frequentemente, também tenho um carrito. Está quase sempre parado e, em média, só o uso aí uma vez de quinze em quinze dias. De resto ando de bicicleta, a pé e nos transportes públicos que ainda existem.
Para além de ser um erro, esta utilização massiva do automóvel por tudo e por nada, é também uma demonstração das diferenças de género. Os homens, na generalidade, adoram carros. As mulheres nem adoram nem deixam de adorar. Estão-se nas tintas para eles e só os usam quando precisam. Nesse aspecto sou mesmo muito parecido com elas e, para confirmar esta minha tese, a última vez que peguei no meu pequeno Fiat houve um gajo que me mandou ir para casa com o meu "carro de gaja".
O que mais me confunde e entristece nesta ligação do género masculino ao automóvel, é o exibicionismo. Eu disse que não gosto de conduzir, não disse que conduzir é difícil. Conduzir é, aliás, uma coisa tão banal e fácil que não tem piada absolutamente nenhuma, e quem se exibe demonstrando as suas capacidades ao volante, é tão atado que parece que ainda não se deu conta que há milhões e milhões de pessoas a fazer exactamente o mesmo ao lado dele.
É claro que este gajo que me disse que eu tenho "carro de gaja", logo a seguir carregou no acelerador a fundo e desapareceu na estrada. A exibição dele foi essa, carregar num pedal. Puff! Eu, que estava a estacionar junto à estação de Aveiro, e que o tinha enervado por causa disso, desliguei o motor e pus-me a pensar naquela frase. O mundo era melhor se não existissem "carros de gajo", ou seja, montes de palermas a fazer asneiras na estrada porque descobriram um dia que sabem conduzir.
Aliás, talvez um dos problemas deste mundo seja as mulheres não mandarem mais. O modelo de desenvolvimento que seguimos, e que nos levou a esta coisa tão estúpida que é termos que gastar uma pipa de massa num automóvel para nos podermos deslocar, é capitalista mas também é masculino. Se as mulheres mandassem mais, talvez a mobilidade em transportes públicos fosse um direito de todos. Aí, teríamos todos "carros de gaja", só para andar de vez em quando.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

O blog Obscenatório foi eliminado pelo Wordpress...

... por "violação das condições de serviço".
Nada erótico!


Força, Vinni. Estamos contigo. O blog «a funda São» já passou várias vezes por isso.
Hás-de conseguir reconstruir o blog.

Terapia de casal



Via Testosterona

18 dezembro 2012

«Tempo desfolhado» - Susana Duarte

______o tempo traz as flores acomodadas no peito_________

desfolha-as, no impulso firme de ser vento,

desacomoda-as de si, do caule, da voz das águias,
no movimento forte de ser vento,

e volta a deixá-las ser flores,
...
apenas por um segundo,
quando os olhos se movem ao encontro das mãos

e o tempo volta a ser tempo

e o tempo acomoda o peito

e as flores

e o vento

e os caules
de ser ave
levada nas ondas sonoras

do dia em que as mãos partiram

e deixaram as flores desfolhadas no peito
do imenso desalento

da tua ausência

_________até que o Tempo volte a ser tempo

de me desfolhares o peito______________

e de escreveres as pétalas das flores

____________________________________________em mim.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Eva portuguesa - «Tarde»

É tarde... 
Tarde para começar a ganhar dinheiro num dia de trabalho que já começou há muito...
Tarde para tentar outra profissão que não esta...
Tarde para iniciar uma carreira...
É tarde, demasiado tarde, para conseguir continuar a sonhar, para acreditar na inocência, para viver outra vida... até para viver esta...
É tarde para começar, para recomeçar, para fugir e para desistir...

É tarde até para amar...
Fugi do que não queria, indo ao encontro do que não devia.
Subi vários degraus, apenas para escorregar por eles abaixo.
Ri apenas para não chorar, nadei para me salvar sem que isso me permitisse evitar a corrente.
Sigo, como todos os outros, rio abaixo, levada por uma corrente que não me permite lutar ou resistir...

Resta-me a rendição a esse caminho que não escolhi tentando manter-me à tona, tentando manter-me viva...
E, quando quis tudo isto contrariar, quando quis o meu destino mudar... já era tarde... tarde para mudar, tarde para me rebelar, tarde para lutar... tarde para viver, tarde para morrer...
É tarde... muito tarde...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Querem lá ver...

... que agora as palmeiras...


... vão começar...


... a dar caralhos?!


O tarot mais recente da minha colecção

Recebido de fresco dos E.U.A., «Le Tarot des Femmes Erotiques» (o tarot das mulheres eróticas), que se junta agora aos mais de 10 tarots que já estavam na minha colecção de arte erótica.







17 dezembro 2012

Ragga Magazine - «Cuida do teu» e «Cuida da tua»

Videos com imagens usadas no calão do Brasil para os órgãos sexuais masculino e feminino, respectivamente:



«pensamentos catatónicos (280)» - bagaço amarelo

abraços

Numa das primeiras noites em que saí com a Cláudia, abracei-a enquanto olhávamos para a montra duma loja de chocolates. Ela pediu-me que eu tirasse o braço. Que não se sentia ainda à vontade comigo, disse. Eu tirei, e continuei caminho tentando perceber porque é que uma mulher com quem eu já tinha dormido não se sentia à vontade com o meu abraço.
Entrámos num bar onde ela escolheu a mesa do canto. Fez questão de ficar virada para o centro e eu, de costas, só a via a ela e à parede. Estive calado a noite toda enquanto ela me falava dos clientes atrás de mim. Dois deles, que eu não cheguei a ver, estavam aos beijos enquanto as suas cervejas aqueciam, e ela tinha a mão entre as pernas dele. Não percebi, no seu tom de voz, se havia crítica, inveja ou admiração.
Naqueles primeiros dias, percebi que a Cláudia nunca falava dela própria, apesar de nunca estar em silêncio. Eu sabia que ela era divorciada e que tinha um filho que eu nunca tinha visto. Mais nada. Tinha-a conhecido naquele mesmo bar algum tempo antes e, desde então, dormido com ela algumas vezes, sempre na casa dela. Ela acordava antes de mim para ir trabalhar. Eu limitava-me a lavar a loiça, fazer a cama, e bater com a porta antes de sair. À hora do jantar, mais coisa menos coisa, ela telefonava-me para marcar um encontro e a história repetia-se. Saíamos, conversávamos, dormíamos juntos e eu nunca a podia abraçar.
Estávamos a olhar para a mesma montra da loja de chocolates quando eu lhe perguntei se o podia fazer. Para mim já era demasiado esquisito ter que lhe pedir licença para tal mas, ainda assim, foi o que fiz.

- Preferia que não. Eu não gosto nada de abraços, principalmente em público.

Nessa noite bebi mais do que o habitual. Estávamos sentados no mesmo canto do mesmo bar quando ela me disse que estava uma mulher a olhar para mim há muito tempo. Virei-me e o meu olhar cruzou-se com o de uma amiga que eu já não via há muito tempo. Estava de férias em Aveiro, depois de ter emigrado para a Alemanha. Levantámo-nos e demos um abraço longo. Perdi a noção do tempo nos braços dela. Quando tornei a olhar para a mesa do canto, a Cláudia já não lá estava. Ainda pensei que tinha ido à casa de banho ou coisa parecida, mas não. Nunca mais apareceu. Nunca mais a vi.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»