22 dezembro 2012
«conversa 1935» - bagaço amarelo
Eu - Nem sei. A altura não é determinante, na minha opinião.
Ela - É que eu estou um bocado farta de ser tão alta.
Eu - Tens o quê? Um metro e oitenta?
Ela - Um metro e setenta e seis.
Eu - Nunca te tinha ouvido a dizer que não gostavas de ser alta...
Ela - Sim, comprei uns sapatos com quinze centímetros de salto e não os consigo usar. Desequilibro-me toda!
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Bonequinhas com vestido que se destaca
Saquetas de plástico que julgo serem dos anos 70 e que me parece serem, pelas instruções, ambientadores para carros.
A bolsa exterior tem o vestido impresso. Destacando o interior da bolsa, a mulher fica nua.
Oferta do Lourencinho para a minha colecção de arte erótica.
A bolsa exterior tem o vestido impresso. Destacando o interior da bolsa, a mulher fica nua.
Oferta do Lourencinho para a minha colecção de arte erótica.
21 dezembro 2012
O fim do mundo foi hoje (está aí alguém a ler isto?)
Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)
"Nas tuas mãos"
Quando
o viu aproximar lembrou-se de Florentino Ariza. Do Florentino Ariza que
imaginou enquanto lia “O Amor nos Tempos de Cólera”. Faltava-lhe o chapéu mas
de resto parecia-se com a imagem que fez da personagem enquanto a meio da vida
adulta aquele se embriagava em sexo clandestino. Imaginara-o mais novo e mais
alto. Mais descontraído e – via-o caminhar na sua direcção abrindo um sorriso
tímido, incerto – mais leve. Até o ver nunca tinha pensado em Florentino Ariza
mas agora, sabia-o com a certeza dos factos demonstráveis cientificamente,
nunca os conseguiria dissociar. Nunca vira o filme mas tinha a certeza que o
homem que parara à sua frente era muito mais aquele que o Bardem.
–
Olá – cumprimentou-a o homem, abrindo um sorriso radiante que se espalhava pela
face e pelos olhos.
–
Olá – respondeu ela, aceitando os beijos que ele lhe deu.
–
Acho que nem precisava do livro – gracejou ele.
–
Para me reconheceres? – Perguntou ela, atabalhoadamente, sem conseguir decidir
se lhe falava na parecença que lhe achava com a personagem literária. Havia
muitas conotações e variáveis. Havia muitas ou nenhumas explicações para dar.
Havia ideias e juízos que ele podia ou não fazer. Calou-se.
–
Sim, claro – respondeu ele, sorrindo, enquanto esticava o braço, apontando para
a esplanada onde se iriam sentar. – Vamos?
–
Sim – disse ela, começando a caminhar. Ele parou para lhe dar passagem. Ela deu
dois passos e voltou-se para trás. Não era Fermina Daza. Não era Fermina Daza e
não ia ser mais ninguém. Esticou o braço e deu-lhe o livro que lhes servira da
senha: – É para ti.
Universidade proíbe alunos do sexo masculino de se vestirem de ‘drag queen’
Matéria reproduzida de O Dia
Usar roupas femininas é tradição nas fraternidades da Bélgica; aluno que voltava para alojamento vestido de mulher é espancado e estuprado
Bélgica - Alunos do sexo masculino do Instituto Superior de Ensino da Universidade de Bruxelas foram proibidos de se vestir com roupas de mulher. A prática, que era comum nos rituais de iniciação, foi proibida depois que um estudante foi espancado e estuprado por uma gangue na capital belga.
Estudantes de fraternidades belgas (espécie de repúblicas) têm uma longa tradição de rituais de iniciação para novos membros, alguns dos quais incluem vestir o calouro com roupas de drag queen.
No mês passado, um estudante voltava para a fraternidade, no início da noite, vestido de mulher, quando foi atacado por um grupo de jovens. O rapaz foi levado para um estacionamento e, depois, roubado e estuprado pela gangue.
Um segundo estupro envolvendo um estudante do sexo masculino também está sendo investigado pelas autoridades da Bélgica.
A universidade emitiu uma nota informando a proibição dos rituais de iniciação, com um aviso controverso de que "certos grupos percebem o aluno vestido como drag queen como algo provocativo".
Bruno De Lille, ministro regional para a igualdade de oportunidades, criticou os chefes da faculdade por obrigar os alunos a abandonar seus rituais. "Eu sinto que a HUB fazendo tudo errado ao agir dessa maneira", ressaltou o ministro.
"E o que dizer de homens transexuais e mulheres, então? Eles também terão que se 'adapatar'? Como sociedade, devemos deixar claro para as vítimas que eles têm nosso apoio e dizer aos autores que seu comportamento é inaceitável e que eles serão severamente punidos", disse o ministro belga. As informações são do Sun.
Obscenatório
http://obscenatorio.wordpress.com/
Regresso ao mar
Nesta lama escura,
mergulho a pele cansada
que me veste a alma
como se fosse um fantasma,
de olhos turvos, cerrados,
ombros descaídos,
carregando o peso invisível da gravidade,
e as pernas trémulas, ajoelhando-se,
a cada passo mais lento e fúnebre,
como se não aguentasse mais a respiração da vida...
Mas antes que a terra líquida me engula a cintura e o peito,
agarras-me as mãos e salto para o teu dorso fresco de maresia...
Vens do mar, das ondas azuis de espuma branca,
da areia fina e clara, do horizonte torrado de violeta...
Assim que regresso ao meu castelo de água volto a ser sereia.
Lua Cósmica
http://luacosmica.blogspot.pt/
20 dezembro 2012
Decameron - Os Enganos da Noite
(...) Ainda há pouco tempo, havia no campo arrabáldico do Mugnone um homenzinho em cuja casa os viajantes encontravam de comer e de beber por algum dinheiro. Era um homem pobre e a sua casa pequena. Apesar disso, sendo a necessidade grande, arranjava-se para nela acomodar não direi qualquer pessoa, mas, pelo menos, um cliente conhecido. Tinha uma bonita mulher e dois filhos: uma rapariga de quinze ou dezasseis anos, já boa para casar e muito atraente, e outro muito pequenino, de menos de um ano, ainda de mama.
A rapariga tinha chamado sobre si a atenção de um gracioso e simpático fidalgo da cidade, que, no entusiasmo do seu desejo, ia com frequência ao Mugnone. Orgulhosa por inspirar uma paixão assim a um tal homem, a jovem esforçava-se por o reter na sua rede com olhares langorosos. A verdade, porém, é que ela própria se deixou prender. Em suma, um mútuo consentimento teria já várias vezes coroado esse amor se Pinuccio - era esse o nome do rapaz - não receasse para ambos a reprovação geral. No entanto, o amor era cada dia maior, e ele desejou vê-la de novo. Mas como conseguir hospedar-se em casa do pai? Pinuccio conhecia a disposição da casa e, uma vez lá dentro, gozaria, apesar da proximidade dos outros, a presença tão desejada da jovem. Logo que arquitectou o seu plano, quis experimentá-lo imediatamente.
Para esse efeito fez-se acompanhar de um tal Adriano, seu amigo fiel e confidente dos seus amores. Um belo dia, já tarde, os jovens montaram em dois cavalos de tiro, carregaram-nos com duas malas, talvez cheias de palha, e saíram de Florença, seguindo o caminho dos estudantes. Já era noite quando as montadas chegaram ao Mugnone. Então, deram de rédeas aos cavalos, como se viessem da Romagna, dirigiram-se para as casas e bateram à porta do homenzinho. Muito amável com a clientela, este apressou-se a abrir. - Como vês, tens de nos dar dormida esta noite - disse-lhe Pinuccio. Pensávamos chegar a tempo a Florença, mas calculámos mal as horas e só conseguimos chegar até tua casa.
- Bem sabes, Pinuccio - disse-lhe o homem -, que mau alojamento eu tenho para pessoas da vossa qualidade. Mas a verdade é que estão aqui e não têm tempo de ir para outro sítio. Alojo-os pois de boa vontade e como for possível.
Os dois rapazes apearam-se, entraram no albergue, começaram por cuidar dos cavalos e depois cearam com o hospedeiro, das provisões de que se haviam cuidadosamente munido. O dono da casa só dispunha de um quarto exíguo e de três camas pequenas, que arrumara o melhor que pudera. Mas como estavam encostadas a uma das paredes e a terceira fora colocada ao longo da parede oposta, não havia muito espaço para andar à vontade.
O homem fez a cama menos má para os dois companheiros e estes deitaram-se. Pouco depois, julgando-os adormecidos, deu uma das camas restantes à filha e deitou-se na outra com a mulher. Esta colocou, junto ao lugar onde ia dormir, o berço da criança.
Passado um momento, Pinuccio, que tinha observado tudo, levantou-se, pé ante pé, foi direito à cama onde a sua bela repousava e deitou-se a seu lado. Apesar do receio que sentia, esta fez-lhe um bom acolhimento e ambos ficaram a saborear o prazer que era o seu maior desejo.
Enquanto Pinuccio estava nos braços da sua amada, uma gata fez cair, por acaso, um objecto qualquer. A mãe ouviu o ruído e receando qualquer outra coisa, levantou-se e, às escuras, dirigiu-se à casa de onde lhe parecia ter vindo o som. Inocentemente, Adriano, que uma necessidade natural obrigara precisamente a levantar-se, saiu, tropeçou no berço que a dona da casa ali colocara e, como não podia passar sem o afastar, pegou-lhe, mudou-o de lugar e colocou-o junto à sua cama. Satisfeita a sua necessidade, voltou, e meteu-se na cama sem pensar mais no berço.
Após algumas investigações a mulher achou que o objecto caído não tinha grande importância. Não se preocupou com acender a luz para ver melhor, ralhou à gata, voltou ao quarto e dirigiu-se, tacteando, para a cama onde o marido dormia. Mas nada de berço. "Pobre de mim, que bonita coisa eu ia fazer! Deus do céu, ia direita à cama dos hóspedes!" Avançou alguns passos, encontrou o berço e, encontrando a cama que estava junta dele, deitou-se ao lado de Adriano que tomou pelo marido. Adriano, que ainda não voltara a ter sono, foi sensível à sua chegada. Sem dizer palavra, e com grande prazer da dona da casa, soube por mais de uma vez, provar-lhe o seu ardor.
Assim iam as coisas, quando Pinuccio receou que o sono o surpreendesse ao lado da amante. Como já tinha tido o prazer que tão avidamente desejava, soltou-se dos braços da jovem para voltar à sua cama. Chegou lá, mas, encontrando o berço, julgou tratar-se da cama do dono da casa. Avançou pois alguns passos e deitou-se ao lado do homem que acordou nesse momento. Pinuccio, que se julgava ao lado de Adriano, disse-lhe:
- Juro-te que nunca tive nos braços nada tão bom como a Niccolosa. Por Deus! Deu-me o maior prazer que um homem jamais teve de uma mulher. E sabes, desde que te deixei, estive mais de seis vezes no paraíso!
Ao ouvir tais palavras, tão pouco a seu gosto, o dono do albergue pensou: "Que diabo veio aqui fazer este imbecil?" Depois, a emoção fê-lo perder toda a prudência.
- Pinuccio - disse - o que me fizeste não tem classificação. E nem quero saber por que razão assim me ridicularizaste. Mas, com seiscentos diabos, hás-de pagar-mas!
Pinuccio não era um modelo de paciência. Ao reparar no engano, em vez de procurar remediar as coisas com elegância, respondeu:
- Que queres tu fazer-me pagar? Que poderias tu fazer-me?
Entretanto, a senhora, que se julgava ao lado do marido, disse a Adriano:
- Deus do céu! Ouve os viajantes, estão ambos a discutir. Adriano pôs-se a rir:
- Deixa lá. Diabos os levem. Beberam demais ontem à noite.
A mulher, que esperava ouvir os clamores do marido, reconheceu a voz de Adriano. Compreendeu imediatamente o que lhe acontecera e com quem estava. Prudentemente e sem dizer palavra, levantou-se logo, pegou no berço da criança, e, apesar da profunda escuridão que reinava no quarto, teve o sangue frio suficiente de o levar para junto da cama da filha, onde se deitou. Então, como se o barulho que o marido fazia tivesse acabado de a acordar, interpelou-o e perguntou-lhe qual a razão da sua disputa com Pinuccio. Respondeu o homem:
- Não ouves o que ele pretende ter feito com a Niccolosa?
- Mente, juro-te - disse a mulher. - Ele não esteve deitado com a Niccolosa. Eu é que me deitei aqui e não tenho podido pregar olho. E tu és parvo, acreditando no que esse diz. Beberam tanto antes de se deitar que sonham a noite inteira com coisas dessas. Andam por todo o lado, perdem o controlo de si próprios e julgam ter realizado proezas. É pena que não tenham quebrado o pescoço. Mas o que está aí a fazer o Pinuccio? Porque não está na cama dele?
Adriano compreendeu que a mulher tinha a sabedoria de dissimular a sua vergonha e a da filha.
- Pinuccio - disse-lhe ele então - tenho-te dito centenas de vezes que não corras de cá para lá. Esse maldito costume de te levantares enquanto sonhas, depois de contar como se fossem verdadeiras todas as patranhas com que sonhaste, ainda acaba um dia por te sair caro. Volta para aqui. E que Deus não te dê uma boa noite!
Ao ouvir o que a mulher e Adriano diziam, o dono do albergue começou a acreditar que Pinuccio era na verdade sonâmbulo. Pegou-lhe então pelos ombros, sacudiu-o e gritou-lhe:
- Acorda, Pinuccio, volta para a tua cama. Mas Pinuccio, que compreendera o jogo de Adriano e da mãe de Niccolasa, pôs-se a fazer de sonâmbulo e a dizer parvoíces, que faziam o homem rir à gargalhada. Por fim, fingiu acordar e dirigiu-se a Adriano:
- Já é dia, para me estares a acordar?
Representando sempre, Pinuccio abriu os olhos pesados de sono, mas acabou por sair da cama e ir deitar-se junto de Adriano.
Quando amanheceu, o homem levantou-se e começou a rir de Pinuccio, troçando dele e dos seus sonhos. Brincadeira para aqui, brincadeira para ali, os dois jovens arranjaram-se assim como às suas montadas. Carregaram as bagagens, beberam com o dono do albergue, e a cavalo!
Voltaram a Florença tão divertidos com as peripécias da aventura como alegres com o seu desfecho. Daí a algum tempo, Pinuccio descobriu melhor maneira de se encontrar com Niccolosa. Esta última jurara à mãe, por todos os seus deuses, que Pinuccio tinha sonhado. E a boa senhora, ao recordar as suas justas com Adriano, acabava por pensar que fora ela a única pessoa a estar acordada.
"Decameron" (Oitava Jornada - Quarta Novela)"- tradução de Urbano Tavares Rodrigues
"Decameron" (Oitava Jornada - Quarta Novela)"- tradução de Urbano Tavares Rodrigues
«Amo-te» - Patife
Patife
Blog «fode, fode, patife»
Luís Gaspar lê «Os amantes com casa» de Joaquim Pessoa
"Andavam pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Respiravam exaustos como se tivessem
nascido da terra
de dentro das sementeiras.
Beijavam-se magoados
até se magoarem mais.
Um no outro eram prisioneiros um do outro
e livres libertavam-se
para a vida e para o amor.
Vivendo a própria morte
voltavam a andar pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Então era a música, como se
cada corpo atravessasse o outro corpo
e recebesse dele nova presença, agora
serena e mais pobre mas avidamente rica
por essa pobreza.
A nudez corria-lhes pelas mãos
e chegava aonde tudo é branco e firme.
Aquele fogo de carne
era a carne do amor,
era o fogo do amor,
o fogo de arder amando-se e por toda a casa,
contra as paredes, no chão.
Se mais não pressentissem bastaria
aquela linguagem de falar tocando-se
como dormem as aves.
E os olhos gastos
por amor de olhar,
por olhar o amor.
E no chão
contra as paredes se amaram e
pela casa andavam como
se dentro das sementeiras respirassem.
Prisioneiros libertados, um
no outro eram livres
e para a vida e para o amor se beijaram
magoando-se mais, até ficarem magoados.
E uma presença rica,
agora nova e mais serena,
avidamente recebeu a música que atravessou de
um corpo a outro corpo
chegando às mãos
onde toda a nudez é branca e firme.
Com uma carne de fogo,
incarnando o amor,
incarnando o fogo,
contra o chão das paredes se amaram
pressentindo que
andando pela casa bastaria tocarem-se
para ficarem dormindo
como acordam as aves.
(in ‘Inéditos’)"
Joaquim Pessoa
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
no chão e contra as paredes.
Respiravam exaustos como se tivessem
nascido da terra
de dentro das sementeiras.
Beijavam-se magoados
até se magoarem mais.
Um no outro eram prisioneiros um do outro
e livres libertavam-se
para a vida e para o amor.
Vivendo a própria morte
voltavam a andar pela casa amando-se
no chão e contra as paredes.
Então era a música, como se
cada corpo atravessasse o outro corpo
e recebesse dele nova presença, agora
serena e mais pobre mas avidamente rica
por essa pobreza.
A nudez corria-lhes pelas mãos
e chegava aonde tudo é branco e firme.
Aquele fogo de carne
era a carne do amor,
era o fogo do amor,
o fogo de arder amando-se e por toda a casa,
contra as paredes, no chão.
Se mais não pressentissem bastaria
aquela linguagem de falar tocando-se
como dormem as aves.
E os olhos gastos
por amor de olhar,
por olhar o amor.
E no chão
contra as paredes se amaram e
pela casa andavam como
se dentro das sementeiras respirassem.
Prisioneiros libertados, um
no outro eram livres
e para a vida e para o amor se beijaram
magoando-se mais, até ficarem magoados.
E uma presença rica,
agora nova e mais serena,
avidamente recebeu a música que atravessou de
um corpo a outro corpo
chegando às mãos
onde toda a nudez é branca e firme.
Com uma carne de fogo,
incarnando o amor,
incarnando o fogo,
contra o chão das paredes se amaram
pressentindo que
andando pela casa bastaria tocarem-se
para ficarem dormindo
como acordam as aves.
(in ‘Inéditos’)"
Joaquim Pessoa
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
«Monstruación» - por Luis Quiles
"Este dibujo trata sobre la menstruación. Cuando la naturaleza anuncia el cambio de niña a mujer. He utilizado el muñeco como metáfora de que durante ese cambio las chicas dejan de jugar con muñecos para empezar a jugar con hombres reales en la vida real."
Luis Quiles
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