04 janeiro 2013

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Um sorriso enorme. Alberto quando saiu da casa de banho, de banho tomado, trazia um sorriso enorme. Um sorriso proporcional ao desejo que sentia, ainda que, naquele momento, só o sorriso sinalizasse o desejo, pois, o membro continuava flácido, molemente a apontar para o chão a imitar teca do quarto do casal.
Deitada na cama, Arlete desviou a custo os olhos da televisão quando ouviu o marido tossir e repetir a tosse enquanto permanecia imóvel em pé junto à cama. – Não te vestes? – perguntou, voltando o olhar para a televisão antes mesmo de acabar a frase.
Alberto respirou fundo e informou-a: – Estava a pensar foder.
Arlete sentiu um arrepio, os palavrões excitavam-na. Excitavam-na sempre, ainda que o marido não soubesse. – Alberto! – censurou. – Que modos são esses?! Sabes muito que eu não gosto de palavrões.
O marido permaneceu de pé, imóvel. – Não o estava a dizer como um palavrão. Foder, neste caso, era apenas um verbo. Uma coisa que eu queria fazer contigo.
– Há outros termos – replicou Arlete. – Não é preciso seres ordinário!
– Mas se eu te quero foder – justificou-se Alberto, em tom quase infantil.
– Alberto!
– Queres que eu diga o quê? Que quero fazer amor?
– É uma hipótese mais correcta.
– Eu não quero fazer o amor. – Alberto encheu a boca com o “o” e a mulher olhou-o espantada. Ele continuou como se cada palavra fosse o “o” da frase anterior: – Estou farto de fazer amor contigo, foda-se, hoje quero foder-te. Fo-der-te. Fodermos mesmo. – Alberto recuperou o sorriso com que saíra da casa de banho e até o membro ganhou alento e alegria com a assertividade com que ele falara.
– Já não temos idade para isso, Alberto – destrunfou-o a mulher com matreira meiguice, erguendo suave e compreensivamente as sobrancelhas. – Agora ou fazemos amor ou uma espécie de sexo pré-terceira idade. Foder já não é para nós. – Arlete não conseguiu evitar o embaraçado sorriso lascivo que dizer a palavra lhe causou.
– Que raio… – Alberto hesitou, engoliu em seco e pensou na resposta. O tema da idade fodia-o e ela sabia-o bem. Ainda estava a ultrapassar o trauma de fazer os cinquenta e já tinha cinquenta e um. “Foda-se”. O membro encarquilhou e tornou a apontar para o chão. A mulher manteve um propositado olhar terno e indiferente mas esperava, esperava mesmo, que ele se rebelasse, que insistisse. Que a quisesse.
Alberto olhou para a porta da casa de banho e para a porta do quarto, ambos abertos. Haviam esperado tantos anos por privacidade na própria casa e agora que a tinham faziam um amor modorrento, quase assexuado por vezes, num silêncio envergonhado, como se os filhos continuassem em casa.
– Foda-se – exclamou o homem. A mulher e o membro redobraram a atenção; tudo se decidia ali. – Quero-te comer, Arlete. Quero ser comido. Que se foda a idade. Vamos mostrar-lhe que não somos só fodidos por ela, que também fodemos com ela. Quero foder-te, Arlete. Foder-te. Agora. Aproveitar a casa. Aproveitar estarmos sozinhos. Aproveitar querermo-nos. Termo-nos! Que se foda a idade. Vamos foder como se tivéssemos 20 anos outra vez!
Arlete sorrindo aproximou-se do marido e estendeu a mão para o membro que também sorria ainda que não se visse. – Queres voltar a foder no carro, é?
– Foda-se…

Vive l'orgasme!

Há quem diga que o orgasmo é como andar de montanha russa.




Obscenatório
http://obscenatorio.wordpress.com/ - e o blog Obscenatório também vai sobreviver à censura!


Vestido azul



foto tirada em Almograve


Em cada dobra desse azul de cetim
fervilham-te os dedos miúdos,
enrolados na linha branca que baloiça
na bainha do teu vestido mágico,
onde céu e mar se fundem no dourado da tarde,
na frescura inocente da tua pele clara.

A sandália branca enterrada na areia
é a espuma das ondas que beijam a terra…
E assim caminhas, sonhando,
enquanto mimas o vento endiabrado
que salta, voa, empurra,
puxando-te para a frente e para trás
como se fossem bailarinos
de uma dança sem coreografia!

Corri e fui ter com as rochas do paredão…
Rugidos de água salgada explodiam,
uma orquestra infernal em rodopio:
trombones e contrabaixos,
bombos e fagotes abafavam qualquer violino.
Enquanto o mar engolia aquele pedaço de pedra
que um dia se transformaria em areia fina,
em bicos de pés e com o vestido molhado
estendi-me ao sol na inclinação a Sul,
já o granito se tornara mais loiro e macio.
Parecia um escorrega, mas os tentáculos dos moluscos
eram autênticas ventosas que me permitiam
percorrer as zonas mais perigosas
como se fosse uma menina do mar!

Lua Cósmica
http://luacosmica.blogspot.pt

O amor pode picar

Crica para veres toda a história
As aventuras da verdadeira cabra


1 página

oglaf.com

03 janeiro 2013

To Fuck With Love

Dois poemas retirados de The Love Book, de Lenore Kandel.



TO FUCK WITH LOVE PHASE III

to fuck with love
to love with all the heat and wild of fuck
the fever of your mouth devouring all my secrets and my alibis
leaving me pure burned into oblivion
the sweetness UNENDURABLE
mouth barely touching mouth

nipple to nipple we touched
and were transfixed
by a flow of energy
beyond anything I have ever known

we TOUCHED!

and two days later
my hand embracing your semen-dripping cock
AGAIN!

the energy
indescribable
almost unendurable

the barrier of noumenon-phenomenon
transcended
the circle momentarily complete
the balance of forces
perfect
lying together, our bodies slipping into love
that never have slipped out
I kiss your shoulder and it reeks of lust
the lust of erotic angels fucking the stars
and shouting their insatiable joy over heaven
the lust of comets colliding in celestial hysteria
the lust of hermaphroditic deities doing
inconceivable things to each other and
SCREAMING DELIGHT over the entire universe
and beyond

and we lie together, our bodies wet and burning, and
we WEEP we WEEP we WEEP the incredible tears
that saints and holy men shed in the presence
of their own incandescent gods

I have whispered love into every orifice of your body
As you have done
to me

my whole body is turning into a cuntmouth
my toes my hands my belly my breast my shoulder my eyes
you fuck me continually with your tongue you look
with your words with your presence

we are transmuting
we are as soft and warm and trembling
as a new gold butterfly

the energy
indescribable
almost unendurable

at night sometimes I see our bodies glow

Claude Fauville, Os Amantes


GOD/LOVE POEM


there are no ways of love but / beautiful /
I love you all of them

I love you / your cock in my hands
stirs like a bird
in my fingers
as you swell and grow hard in my hand
forcing my fingers open
with your rigid strength
you are beautiful / you are beautiful
you are a hundred times beautiful
I stroke you with my loving hands
pink-nailed long fingers
I caress you
I adore you
my finger-tips… my palms…
your cock rises and throbs in my hands
a revelation / as Aphrodite knew it

there was a time when gods were purer
/ I can recall nights among the honeysuckle
our juices sweeter than honey
/ we were the temple and the god entire/

I am naked against you
and I put my mouth on you slowly
I have longing to kiss you
and my tongue makes worship on you
you are beautiful

your body moves to me
flesh to flesh
skin sliding over golden skin
as mine to yours
my mouth my tongue my hands
my belly and my legs
against your mouth your love
sliding…sliding…
our bodies move and join
unbearably

your face above me
is the face of all the gods
and beautiful demons
your eyes…

love touches love
the temple and the god
are one´

blog A Pérola

«De quatros na mão» - Patife

Já devo ter confessado que gosto muito de jogar poker. Mas não é cá online. É ali, à antiga, com fichas palpáveis, olhos titubeantes e o prazer do controlo ou, pelo menos, da sua ilusão. Mas há algo que confere ainda mais magia ao jogo de poker: Mulheres a jogar. Aí, o domínio exerce-se primeiro sobre a mesa de jogo e depois sobre a cama do Patife. É uma equação simples e se forem bons a jogar poker, experimentem e logo me dirão se não tenho razão. Este fim de semana fui passear à Madeira e arranjei por lá um jogo de poker onde estava uma gaja podre de boa. Eu já cheguei ao jogo meio turvo porque assim que desembarquei emborquei logo seis ponchas de enfiada. Acontece-me sempre isto assim que chego à Madeira. Meto logo a pata na poncha. Mas adiante. Estão seis jogadores em jogo e quatro fazem um fold à mariquinhas, deixando-me sozinho com a boazona naquela mão. Assim que penso isto, só imaginava era mão daquela safardana no meu sardão. Por isso tive de me concentrar. Ela estava de peito cheio, coisa que me distraía as retinas das cartas, mas mesmo assim consegui ver o reflexo de uma confiança sólida no seu olhar. A questão é que eu também tenho uma boa mão, à custa de anos a domar o Pacheco, e sou temerário. Ou isso ou estava bêbado. Por isso faço all in. A sua cara rasgou-se num sorriso confiante, de quem me tinha acabado de enganar e acompanha o all in, mostrando a suas cartas. Um poker de quatros. Quando lhe mostrei o meu jogo superior, ela ficou com um olhar vago, de quatros na mão. Nem se deve ter apercebido da ironia da questão quando no momento seguinte ficou de quatro na minha cama.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Luís Gaspar lê «Amo-te» de Ricardo Vercesi

"Acordo para mais um dia. Custa a respirar.

O sol já não brilha como dantes. O horizonte marca-se a cinza.

Já nada faz sentido. Os segundos arrastam-se no relógio. Até o tempo marca passo.

Não te vejo. Somos uma sombra do que fomos. Outrora…

Sempre fomos tão errados um para o outro. Água e azeite.

Mas fazes parte de mim. Como o Sol e a Lua, jogando às escondidas.

Talvez por isso, já não falamos. Já mal olhamos um para o outro

Como o Sol e a Lua somos eclipse. E mesmo assim…

És o meu mundo. Sem ti, nada funciona.

Os dias arrastam-se. Não vejo, Não ouço. Não sinto o gosto da vida.

Falta-me o equilibrio. Falta-me o ar. Faltam-me as palavras.

Falta-me a coragem para te abraçar, com medo que me rejeites.

E mesmo assim…amo-te."
Ricardo Vercesi

Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«Hypocrisy between sexuality and violence» - por Luis Quiles


"Este es el segundo dibujo que me han eliminado en la página web DeviantART, en este caso porque el esperma o cualquier cosa que lo simule o lo parezca es considerado pornografía, sin importar el sentido del dibujo.
Lo gracioso es que si en este mismo dibujo cambio el color del fluido por rojo simulando sangre, no habría ningún problema, es decir, no puedo cubrirla de esperma pero puedo cubrirla de sangre, como si fuera lo mas normal del mundo.
Lo de siempre, la aceptación de toda clase de violencia sin sentido y la represión total de la sexualidad de la gente."


Luis Quiles

02 janeiro 2013

Um amor que é

Um amor que sufoca quando as palavras se amontoam e atropelam na boca com pressa de sair, travadas por um beijo que parece não ter fim.

«outra pessoa acampada na nossa cabeça» - bagaço amarelo

O jornal Público traz hoje uma dissecação do Amor, feita pela antropóloga Helen Fischer. O Amor é uma intrusão, diz ela, explicando que "um grupo de neurónios localizados no mesencéfalo começa a produzir dopamina que se espalha a muitas partes do cérebro e nos dá aquela focalização, energia, possessividade, desejo, obsessão e motivação para ir ter com a pessoa". A intrusão dá-se porque, a a partir do momento que isto acontece, a outra pessoa está acampada na nossa cabeça.
Talvez a maior parte das pessoas não simpatize muita com esta fria interpretação científica do que é o calor do Amor, mas a própria Helen passa da sua observação cientifica para uma sua interpretação pessoal, pois também ela sabe o que é estar apaixonada. Dos processos químicos resulta que a outra pessoa acampa na nossa cabeça. Pois é.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A prática do canibalismo sexual

Alguns animais comem, no sentido denotativo da palavra, ou seja, mastigam e engolem, alimentam-se, ingerem, seu parceiro após o ato sexual.
O canibalismo não é uma prática bem vista entre os seres humanos, sendo considerado crime na maior parte da sociedade. Mas para os animais não existe moral. O que permite, por exemplo, uma fêmea de louva-a-deus, esse bicho gracioso de aspecto tão divino e santo, arrancar a cabeça do macho após a trepada. Uma fêmea humana poderia fazer este ato duas vezes durante o sexo. Isso é que é uma mulher faminta. E é o que a louva-a-deus sente durante o sexo, fome. Sendo assim, por não controlar seus instintos, e precisando se alimentar para repor suas proteínas, ela come, “novamente”, o macho. Nos poucos minutos que restam a ele após ter a cabeça decepada, a penetração ainda continua para finalizar a fecundação, mesmo sem a cabeça. E então morre de amor. Mas a estratégia da fêmea é justamente se nutrir para poder cumprir com a fertilização, e mantendo-se escondida nos “braços” do amante para evitar virar presa de algum predador.
Mas, se pararmos para pensar um pouco, há um pouco deste ato entre nós humanos. O sexo oral é canibalismo. Chupar um pênis ou uma vagina é quase engolir a carne do(a) parceiro(a), em que se extrai o sêmen ou o fluido vaginal, que muitas vezes é ingerido. Também o beijo não deixa de ser uma prática de semicanibalismo, há lábios que dá vontade de morder e arrancar. A cinturinha e os biquinhos dos seios mordiscar. E na bundinha cravar os dentes deixando marca.
Hummmm, deu fome!
Veja um vídeo (em inglês) do programa Wild Sex sobre o canibalismo entre os louva deus e outras espécies:



Obscenatório
http://obscenatorio.wordpress.com/ - blog censurado mas vai renascer das cinzas, como a Fódix!

Smiley




Via Blatino

01 janeiro 2013

«canto as flores» - Susana Duarte





canto as flores que te crescem nas asas, meu amor
no amor, canto as flores que te enrubescem o rosto, meu amor
em todas as línguas do mundo, canto as tuas flores
e, no ventre, escondo os sonhos e os olhares trocados
nas noites seculares dos nossos amores. janela.
janela na minha alma. alma entronada pelo teu rosto.

Susana Duarte, ouvindo Périplus de AMélia MUge e Michales Loukovikas
Blog Terra de Encanto