25 janeiro 2013

Lei da Moral e dos Bons Costumes é aprovada no Rio de Janeiro


Que diabos vem a ser essa Lei da moral e dos bons costumes? Será que agora seremos obrigados a casarmos virgens, namoro na rua apenas de mãos dadas, nada de fio dental e topless nas praias e prisão em casa de beijo homossexual?

O nosso queridíssimo governador da Guanabara, Sergio Cabral, sancionou uma bizarra Lei que pretende ser um "Programa de resgate de valores morais, sociais, éticos e espirituais" (o que viria a ser isso?), segundo consta na notícia de hoje do jornal O Globo.

E de quem foi essa ideia nefasta? Da também queridíssima e ex-atriz Myrian Rios, do PSD (Partido Social Democrático). Para a ilustríssima deputada, a sociedade perdeu o conceito de bom e ruim, pois hoje tudo é permitido, sendo necessários resgatar os valores tradicinais. Pois é, Myrian Rios, aquela que em um vídeo teceu comentários preconceituosos contra homossexuais, igualando à pedofilia, e afirmando que não queria ter um funcionário homossexual, assim como não queria ver seus filhos agindo "dessa forma", pois a educação que ela dá é para que eles cresçam e continuem propalando a espécie humana. Também é a mesma que em 1978 fez dois ensaios sensuais para a Revista Ele Ela (e agora posa de defensora da TFP - Tradição, Família e Propriedade), da então antiga Block Editores, comprada pela Editora Manchete. Confira alguns desses ensaios (aproveitem, pois pode ser por pouco tempo, pois o Rei Roberto Carlos, então noivo de Myrian Rios na época, constrangido, comprou o direito pelas fotos):








Noite de Outono



O lento despertar de uma clara luz de Outono
sussurrou-me o líquido marulhar de um riacho
que despontara das raízes grossas
de um rochedo velho e imponente…
A geada beijou-me as pálpebras semi-abertas,
perfumando-me o rosto com as tulipas e rosas
que nessa madrugada tinha pintado de rosa e violeta.
Cada pedaço de nuvem que me cobre os pés nus
é um tapete ambulante e voador
que eterniza o sonho já acordado
e que agora viaja para outros destinos,
onde as estrelas e a Lua brilham solitárias
na densa escuridão de um firmamento desconhecido.
Esgueiro-me numa das cinco pontas cruzadas,
tão brilhantes quanto um cristal dourado
e observo a luz refletida nesse véu cinza
com que me deito todas as noites!

Lua Cósmica
http://luacosmica.blogspot.pt

Viva a banda desenhada

Crica para veres toda a história
As aventuras da verdadeira cabra


1 página

oglaf.com

Maltinha, uma por dia tira a azia...

«a funda São» está em 3º lugar na categoria «Erotismo».
Votar não é nada erótico mas... pode-se votar uma vez por dia, por IP, até sábado.

24 janeiro 2013

Torna a Surriento

« As brasas do seu prazer apagaram-se, quando, sufocado o riso, viu a mulher abandonar a indiferença de estátua com que tinha recebido no dia anterior as carícias do engenheiro e tomar iniciativa. Abraçava-o, obrigava-o a deitar-se ao lado dela, por cima dela, debaixo dela, enredava as pernas nas pernas dele, procurava-lhe a boca, mergulhava-lhe a língua e - «ai, ai», rebelou-se Dom Rigoberto - acocorava-se com amorosa disposição, pescava entre os seus afilados dedos o sobressaltado membro e, depois de passar-lhe a mão pelo lombo e pela cabeça, levava-o aos lábios e beijava-o antes de o fazer na boca. Nessa altura, a plenos pulmões, ressaltando na fofa cama, o engenheiro começou a cantar - a rugir, a uivar - Torna a Surriento.
- Começou a cantar Torna a Surriento? - pôs-se violentamente de pé Dom Rigoberto. - Nesse instante?
- Isso mesmo - Dona Lucrecia voltou a soltar uma gargalhada, a conter-se e a pedir desculpa. - Deixas-me pasmada, Pluto. Cantas porque gostas ou porque não gostas?
- Canto para gostar - explicou ele, trémulo e carmesim, entre fífias e arpejos.
- Queres que pare?
- Quero que continues, Lucre - implorou Modesto, eufórico. - Ri-te, não faz mal. Para que a minha felicidade seja completa, canto. Tapa os ouvidos se te distrai ou te dá vontade de rir. Mas, pela tua rica saúde, não pares.
- E continuou a cantar? - exclamou, ébrio, louco de satisfação, Dom Rigoberto.
- Sem parar um segundo - afirmou Dona Lucrecia, entre soluços. - Enquanto o beijava, me sentava em cima dele e ele em cima de mim, enquanto fazíamos amor ortodoxo e heteredoxo. Cantava, tinha de cantar. Porque, se não cantava, fiasco.
- Sempre o Torna a Surriento? - deleitou-se no doce prazer da vingança Dom Rigoberto.
- Qualquer canção da minha juvenude - cantarolou o engenheiro, saltando, com toda a força dos seus pulmões, da Itália para o México. - Voy a cantarles un corrido muy mentadooo...
- Um pot pourri de piroseiras dos anos 50 - precisou Dona Lucrecia. - O Sole mio, Caminito,Juan Charrasqueado, Allá en el rancho grande, e até Madrid, de Agustín Lara. Ai, que vontade de rir!
- E sem essas vulgaridades musicais, fiasco? - pedia confirmação Dom Rigoberto, hóspede do sétimo céu. - É o melhor da noite, meu amor.
- O melhor ainda tu não ouviste, o melhor foi o final, o auge da fantochada - enxugava as lágrimas Dona Lucrecia. - Os vizinhos começaram a bater nas paredes, telefonaram para a recepção, que baixássemos a televisão, o gira-discos, ninguém conseguia dormir no hotel.»

"Os cadernos de Dom Rigoberto ", de Mario Vargas Llosa, Trad. J. Teixeira de Aguilar




blog A Pérola

«Abrir os olhos» - Patife

Não percebo as mulheres que dizem que gostam muito de ler porque as relaxa. A mim a leitura exalta-me. Bem, se eu conseguisse ler Pedro Paixão ou José Luís Peixoto mais de cinco minutos seguidos, aí sim, talvez relaxasse. Estou certo que adormeceria de tédio. Dada a sua escrita estou certo que ambos são capazes de fazer sincronizar o período de todas as suas leitoras. E ontem lá encontrei uma a profanar a minha esplanada do Chiado com a leitura de um José Luís Peixoto. Além do mais eu já estava há mais de quinze minutos na mesa ao lado e aquela magana ainda não se tinha vindo meter comigo, o que roça a má educação. Se nem sequer tivesse olhado, isso sim, seria um verdadeiro desaforo. Como me considero uma pessoa nada egoísta e sempre pronta a ajudar a próxima, senti que era um chamamento para prestar uma boa acção. Naquele instante apercebi-me que tinha de lhe abrir os olhos. Por isso, foi com um ar de santo catedrático que me acheguei da sua mesa para lhe dar uma lição rápida de literatura. Da estupefacção inicial, passou cerca de meia hora a ouvir-me explicar a razão pela qual frases que constavam do seu livro como “No amor é preciso que duas pessoas sejam uma” ou “Quando damos as mãos, somos um barco feito de oceano a agitar-se sobre as ondas” são potenciais causadoras de derrames cerebrais e verdadeiros hinos de lamechice vulgar. Quando lhe dei em troca pérolas do Verlaine, do Paul Éluard e do António Maria Lisboa, estou certo que terá ficado possessa da pachacha. É que do abrir dos olhos ao abrir dos folhos foi apenas uma letrinha de distância.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Janelas de oportunidade

O tal efeito da crise sobre os apetites masculinos somado ao meio milhão com disfunção eréctil faz prever um ano atarefado para alguns.

«Primer plano» - por Luis Quiles






"Siempre que puedo utilizo primeros planos para expresar algo. Especialmente con manos y pies. Cuando le pillas el truco puedes expresar casi lo mismo con manos y pies que con la expresión de una cara, sobre todo con las manos."

Luis Quiles

23 janeiro 2013

Rabiscos

Caso venhas, não me digas,
Perguntarei ao tempo que nada me dirá.
O tempo sabe que prefiro não esperar.

Caso chegues, não me digas...
Em todas as vezes, prefiro sentir-te chegar.
Porque assim saberei se ainda és tu quando chegas.

Caso não venhas nunca mais, não me digas...
Perguntarei à saudade que nada me dirá.
A saudade entende que prefiro não saber.
Porque assim descobrirei: já não sou eu nunca mais
no dia em que não existir saudade a quem perguntar por ti.

Agora que já te disse, já sabes.
Agora que já sabes, já podes tudo o que não digas.
Eu já posso escutar os mudos traços que não digas
às gavetas do meu corpo emprestados.
Gavetas destas nunca estão cheias, estão abertas e antes
espalham-se pelas casas intermináveis, de cheiros intermináveis.

Caso me toques, não me digas.
Perguntarei ao peito que nada me dirá
que o peito sabe que prefiro sentir-te tocar
cara a cara, olharei o meu corpo
se estiver nu, eu despi.

Caso me olhes, não me digas.
Olhar-te-ei sem nada perguntar.

«ginásio» - bagaço amarelo

Ontem fui, pela primeira vez na minha vida, a um ginásio. Nada de mais, não fosse esta sensação de que o tempo passou por mim mais depressa do que era suposto. E não estou a falar da minha forma física. Essa, apesar da Raquel me ter quase partido os dois joelhos em exercícios de elasticidade, ainda está mais ou menos. Estou a falar de, no balneário, ter visto quase todos os homens a usarem secador para o cabelo e pente logo a seguir ao banho e, ao sair, ver as suas respectivas esposas à espera com um enorme ar de seca. No meu tempo não era nada disto.
Pensem lá o que quiserem, digam que sou preconceituoso ou o diabo a sete. Mas eu cá é que fiquei à espera da Raquel. Melhor ainda: eu esperei por ela e ela por mim, porque como homem com "H" grande que sou, não ouvi bem onde é que era o ponto de encontro à saída do ginásio. Uns bons quinze minutos depois de me ter sentado lá fora, sublinhe-se que totalmente despenteado, lá vi a Raquel surgir com ar de poucos amigos.

- Não tínhamos combinado esperar à porta dos balneários? - perguntou.
- Tínhamos?!?!?! Não ouvi...

Não foi vingança do que se tinha passado lá dentro, a sério que não. Mas podia ter sido. Para além de quase me ter partido os joelhos numa tortura medieval a que decidiu chamar exercício de elasticidade, a Raquel empurrou-me ainda para dentro duma sauna. Numa de descontrair, disse ela. Estive lá a aguentar pelo menos uns... vinte segundos. Depois verifiquei que num sítio com tanto calor não se pode comprar uma cervejinha gelada nem nada e fugi. Mas que raio é que o pessoal vai para ali fazer?! Experimentar a sensação de ser um frango assado?! Não, muito obrigado.
Resta a sensação de liberdade que senti ao sair. Fui comer uma feijoada e beber uma cerveja para me voltar a sentir um homem normal. Com a Raquel.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A origem da expressão «perder os três vinténs»

Já tinha lido algo sobre este assunto mas este artigo do jornal «Nova Aliança» de 16/9/2011, que me enviaram por e-mail, está muito interessante. Cruzando este artigo com outras abordagens na internet, fiquei a saber que no Minho, "(...) pelo S. João, (...) a mãe colocava, também, ao pescoço da filha, o amuleto da moeda de três vinténs ou um conjunto de três moedas, furada(s), pelo orifício da qual se passava um fio de linho, de pontas unidas com três nós sobrepostos. Na noite de S. João e antes da sua “iniciação” às fogueiras ou ao arrincar dos linhares, a filha tinha que jurar à mãe não mostrar o amuleto fosse a quem fosse e só o tiraria quem o colocou. Daí, a tradição da mãe tirar os três vinténs do pescoço da noiva, precisamente, na hora de sair de casa para a Igreja. E o povo não deixou de referir este acontecimento na seguinte quadra: com um homem de certa idade / casou a minha vizinha / ele tinha os três vinténs / mas ela nem isso tinha." [O Ouro do Minho – O Ouro de Viana in Folclore de Portugal]. Segundo Filipe Nortadas, no tal artigo, "as mães parturientes usavam pô-la ao pescoço das filhas, logo que nascidas, suspensa dum fio, como amuleto. Daí a razão do furo", que era feito "na extremidade superior do eixo vertical, junto do bordo".
No Forum de Numismática explicam ainda os "Furos em moedas de prata de 3 vinténs: Amuleto de protecção à virgindade das raparigas novas, andava ao pescoço das mesmas num fio preto ou então eram cosidas à roupa interior. No dia do casamento supostamente eram entregues ao marido. Caso o amuleto não funcionasse e a moça se antecipasse, era descartado". E mostram uma foto com vários exemplares:


Para quem não sabe do que estamos a falar, Pedro Coimbra explica no blog «Devaneios a Oriente»: "Na minha adolescência, quando a virgindade feminina era um atributo quase indispensável para o casamento, era corrente a expressão que fazia equivaler a existência da ainda virgindade à expressão "Ter os três vintens" ou, não sendo já virgem, se dizia da menina que já "perdeu os três vintens" ou ainda, se a virgindade lhe era oferecida, diria o felizardo que "já lhe tirei os três"! Tenho que confessar que nunca percebi qual era a origem dessas expressões até que, recentemente, o jornal católico Nova Aliança, lá da minha terra, me surpreendeu com a explicação, que admito os meus contemporâneos também desconheçam. A expressão, como eu a recordo, era altamente pejorativa, ao sabor da época, marcada pelos resquícios da cultura da mulher-objecto então ainda prevalecentes na nossa sociedade. Não creio que algum adolescente actual sequer a conheça (...)".

Hitler tentou reerguer o império


Hitler tentou reerguer o império.
Via Humor Político


Obscenatório

22 janeiro 2013

«Distância» - Susana Duarte




a distância
na pele do poema

... subjugada ao egoísmo de desejar
e à eterna demanda da paixão

condensada

em rios de palavras

onde a vida se preenche de nós

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto