Estatueta de África em madeira, com 44,5 cm de altura.
Representa um homem em cima de umas grandes pernas. O seu pénis é articulado. Sobe e desce... cumprimentando quem visita a minha colecção.
05 março 2013
04 março 2013
Luís Gaspar lê «Era bom…» de Carlos Drummond de Andrade
"Era bom alisar seu traseiro marmóreo
e nele soletrar meu destino completo:
paixão, volúpia, dor, vida e morte beijando-se
em alvos esponsais numa curva infinita.
Era amargo sentir em seu frio traseiro
a cor do outro final, a esférica renúncia
a toda aspiração de amá-la de outra forma.
Só a bunda existia, o resto era miragem."
Carlos Drummond de Andrade
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
e nele soletrar meu destino completo:
paixão, volúpia, dor, vida e morte beijando-se
em alvos esponsais numa curva infinita.
Era amargo sentir em seu frio traseiro
a cor do outro final, a esférica renúncia
a toda aspiração de amá-la de outra forma.
Só a bunda existia, o resto era miragem."
Carlos Drummond de Andrade
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
«coisas que fascinam (154)» - bagaço amarelo

Este não é um mundo de Amor.
Hoje sentei-me, logo de manhã, numa mesa do café onde habitualmente ingiro a minha única dose diária de cafeína. A empregada, sempre com aquele avental vermelho que lhe desenha as formas, veio trazer-ma a sorrir. É simpática e bonita, e foi com ela que me apercebi que já não vejo ninguém a sorrir há algum tempo. Foi um estalo na forma como eu próprio me tenho olhado ao espelho todas as manhãs quando lavo a cara. Sem sorrir. Sei que são sempre mulheres a dar-me estaladas destas.
À minha frente, à distância de uma mesa vazia, uma outra mulher mais velha aninhara a sua cabeça na palma da mão. A sua quietude assemelhava-se em tudo a uma estátua que olhava para o horizonte, e eu acompanhei instintivamente o percurso desse olhar. Ia dar a uma máquina de tabaco com um autocolante a avisar que fumar mata prematuramente. A vida também, pensei.
O avental vermelho, com dois seios comprimidos e um doce cheiro a perfume de mulher bonita, debruçou-se sobre a minha mesa para a limpar. Vi uma mão fina passar um pano húmido sobre a superfície negra e depois a chávena de café pousar delicadamente como se fosse uma nave extraterrestre. Por um dia que seja, às vezes apetece-me Amar uma mulher eternamente.
- Oh dona Laura! Que olhar tão triste é esse? Vá para casa ter com o seu homem, que está à sua espera... - disse enquanto se virava para a mulher-estátua, ficando de costas para mim.
- O meu marido?! - respondeu - Este mundo não é um mundo de Amor...
Um rabo pode ser uma escultura perfeita. E eu sorri. Tem piada, há muitos dias que não me vejo a sorrir ao espelho, mas hoje sorri-me a um rabo, de mãos nas ancas como quem manda no mundo. Peguei na chávena de café e abracei-a com uma das mãos, para as aquecer.
- Pois não! - Tornou a dizer o avental - Não é um mundo de Amor. Por isso é que nos temos que apaixonar, para fazer o nosso próprio mundo.
E eu, por dois minutos, apaixonei-me para sempre.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Quem disse que não existe mais homofobia?
No passado dia 12 de Janeiro, duas mulheres sofreram um grande constrangimento no restaurante Victor, no bairro da Lapa, Rio de Janeiro. As duas foram expulsas por um homem que segurou no ombro de uma delas e mandou que elas saíssem, dizendo que aqui não era permitido. Não se sabe ainda se o homem é cliente ou funcionário do estabelecimento.
Confira a notícia no Jornal O Globo.
Há quem diga que homofobia é coisa do passado, que hoje em dia não há mais nada disso. Engana-se completamente quem pensa assim. Casos assim acontecem com bastante frequência. Há ainda casos mais graves, em que o uso da violência contra homossexuais é praticado sem a menor pena.
O GGB (Grupo Gay da Bahia) divulgou um relatório com os dados de crimes de assassinato contra gays. O relatório, intitulado Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais, registrou 338 assassinatos no Brasil no ano de 2012. Segundo a organização, em 2011 o número de crimes foi menor, resultando em 266 mortes. Percebe-se um aumento considerável de um ano a outro. Com estes índices o Brasil está ocupando a primeira colocação no ranking mundial de assassinatos homofóbicos e transfóbicos. Maiores detalhes sobre o relatório poderão ser obtidos no site do GGB.
Obscenatório
http://obscenatorio.blogspot.com.br/
Obscenatório
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03 março 2013
Umbigo de quebrar proibições
O Rossio era o centro de Lisboa e os nossos catorze anos o umbigo de quebrar proibições. Éramos oito, tudo aos pares como convinha para uma correcta iniciação no mundo do adultos, dispostos a avançar pelos Restauradores para entrar de peito feito no Condes aproveitando a classificação abaixo dos dezoito daquele filme que entrava na categoria dos que os nossos pais tinham corrido a ver após o 25 de Abril.
Previamente acordámos uma distribuição dos lugares na fila, um macho e uma fêmea alternadamente, calhando-me do lado esquerdo o meu louro e ainda a sala não tinha escurecido completamente já a sua mão me desabotoava o botão da camisa para estender os seus dedos sobre as minhas mamas e catapultá-las para fora dos elásticos do soutien a fim de lhe encher a palma com cócegas de mamilo a espevitar-se. E aproveitando o tempo dos anúncios que enchiam ainda o grande ecrã virámos as caras um para o outro para um encontrão de bocas húmidas e línguas feitas esfregonas do céu da boca e zonas adjacentes.
Nos primeiros minutos colámos os olhos à película ansiosos pela descoberta das imagens animadas que as revistas não proporcionavam mantendo as mãos numa rotina automática de elevador no sexo do outro e vimos gajas, gajas e mamas, gajas emplumadas e em reduzidos trajes brilhantes, mamas às bolinhas ou aos losangos pelo efeito das luzes, gajas rodopiando em varões aos quais encostavam as mamas e gajos completamente vestidos nos bastidores a controlar os apetrechos técnicos do espectáculo. E cientes que o Crazy Horse de Paris não era o almejado corpo a corpo contentámos-nos com os nossos em beijos e amassos protegidos pelo escurinho do cinema.
Prostituição - A minha história (III)
Verão de 1997... (...) Estava um fim de tarde quente, fui para casa e jantei desligada do Mundo, acho que só acordei passadas horas, sentada na mesa de um bar, quando me apanhei a olhar os homens de forma diferente, a cabeça a tentar imaginar como seria deitar-me com cada um que passava... Antes desta visita tinha algumas ideias criadas pelo meu imaginário cor-de-rosa de quem seriam as tais acompanhantes/prostitutas de luxo e nada tinham a ver com as normais rapariguinhas fechadas na sala de um escritório, entre desfiles; imaginava-as mulheres impecavelmente arranjadas, com um porte intimidante, conhecidíssimas e respeitadas nos locais mais distintos que quisessem frequentar, imaginavas-as deslumbrantes e capazes de dobrar um homem, à sua passagem, apenas com um olhar. O que eu vi foram raparigas jovens, bonitas, sim, mas com um aspecto absolutamente normal. Durante três dias a minha cabeça moeu o "e se...", durante três dias a minha cabeça imaginou o "e se...", nesses três dias o "e se..." juntou-se a contas de Matemática: x clientes num dia dá um valor y, valor y em sete dias soma um valor z, z valor em quatro semanas perfaz w. W era um valor impensável, durante três dias o "e se" foi-se tornando menos distante. Pensava nas raparigas, tão iguais a mim, com um ar tão normal no que estavam a fazer, e se elas o conseguiam, raparigas assim como eu, se calhar também eu o conseguiria... Na Segunda-Feira, às 11h da manhã, estava a tocar à campainha duas vezes, como me tinham explicado na entrevista. Este "e se..." que não consegui deixar de moer na minha cabeça foi o prólogo do livro da história da minha vida, as contas de Matemática foram a assinatura do contracto. Com o conforto de, a qualquer momento, ser possível mudar de ideias, abriram-me a porta e entrei...
Um empurrãozinho na bunda
O Metrô Rio te dá um empurrãozinho, na bunda, para fazer a sua viagem tranquilamente. Topa?
E aí, é obsceno pra você?
Obscenatório
http://obscenatorio.blogspot.com.br/
02 março 2013
«conversa 1950» - bagaço amarelo

Ela - Não tenho saído muito. À noite apetece-me mais ficar em casa, no quentinho, a beber qualquer coisa e a ver televisão.
Eu - Eu também tenho saído cada vez menos. Ando com menos vontade e também com menos dinheiro.
Ela - Quando eu digo que saio menos, quero dizer que já não saio há uns três ou quatro meses.
Eu - Ah! Eu quero dizer que já não saio há uma semana...
Ela - Pois, eu sabia que não podíamos ser assim tão próximos um do outro.
Eu - Porque é que dizes isso assim? Até parece que...
Ela - Porque a última vez que saí contigo tivemos uma discussão que deixou bem claro porque é que não podemos ser assim tão amigos.
Eu - Tivemos?!
Ela - Tivemos. Já nem te lembras, não é?
Eu - Para ser sincero... não, não me lembro. Se calhar não lhe dei a mesma importância que tu.
Ela - Ou então sais muito e tens muitas discussões. Eu não tenho assim tantas.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
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