O Rossio era o centro de Lisboa e os nossos catorze anos o umbigo de quebrar proibições. Éramos oito, tudo aos pares como convinha para uma correcta iniciação no mundo do adultos, dispostos a avançar pelos Restauradores para entrar de peito feito no Condes aproveitando a classificação abaixo dos dezoito daquele filme que entrava na categoria dos que os nossos pais tinham corrido a ver após o 25 de Abril.
Previamente acordámos uma distribuição dos lugares na fila, um macho e uma fêmea alternadamente, calhando-me do lado esquerdo o meu louro e ainda a sala não tinha escurecido completamente já a sua mão me desabotoava o botão da camisa para estender os seus dedos sobre as minhas mamas e catapultá-las para fora dos elásticos do soutien a fim de lhe encher a palma com cócegas de mamilo a espevitar-se. E aproveitando o tempo dos anúncios que enchiam ainda o grande ecrã virámos as caras um para o outro para um encontrão de bocas húmidas e línguas feitas esfregonas do céu da boca e zonas adjacentes.
Nos primeiros minutos colámos os olhos à película ansiosos pela descoberta das imagens animadas que as revistas não proporcionavam mantendo as mãos numa rotina automática de elevador no sexo do outro e vimos gajas, gajas e mamas, gajas emplumadas e em reduzidos trajes brilhantes, mamas às bolinhas ou aos losangos pelo efeito das luzes, gajas rodopiando em varões aos quais encostavam as mamas e gajos completamente vestidos nos bastidores a controlar os apetrechos técnicos do espectáculo. E cientes que o Crazy Horse de Paris não era o almejado corpo a corpo contentámos-nos com os nossos em beijos e amassos protegidos pelo escurinho do cinema.