27 maio 2013

Luís Gaspar lê «Requiem a um sentimento”» de Gigi Manzarra

Jogo através do vento, as dúvidas secretas do meu destino e como sombra sorrateira, procuro nelas a sina escrita do meu amor. Atravesso a ilusão da eternidade e descubro que a labareda ardente que nos consumia, não me queima mais.
 Metamorfose lenta e imperceptível de um sentimento quente embalado nos braços de uma amizade morna, que o reduziu a uma pequena brasa que agora agoniza chorando dentro do meu peito.
 Sopro com força a brasa incolor que ruboriza tímida, sem ter a certeza se quer acender.
 No espelho da alma, a saudade me culpa o coração inconstante de vontade rebelde que não sabe amar. 
Olhando o teu rosto, mergulho neste sentimento tépido e questiono o porquê da minha quente paixão ter-se esvaecido no balanço monótono do tempo.
 Sobressalto o meu coração para acordá-lo, mas é tarde demais e me rendo sem luta a esse sono profundo de um sentimento morno a que o condenei!

Gigi Manzarra

Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Cuidado com a bebida alcóolica

Ela pode fazer você desenhar linhas tortas.



Moral da história: transaram.

Capinaremos.com

26 maio 2013

Antigamente, as fitas eram más mas as cenas eram boas

Stripper masculino com uma toalha de praia da Marylin Monroe



Via Pornography as art

Gustavo







A inundação começou com o seu sorriso de olhos cúmplices, avolumou-se com os gostos comuns por letras e imagens e as suas histórias cheias de descobertas nas rotinas citadinas a impregnar a minha alma de mata-borrão e foi às apalpadelas na cheia que me pareceu natural como a minha sede que após diversas tentativas de localização ele me sentasse na rocha do aparador da entrada e então ao mesmo nível, fizesse canoagem nos meus rápidos vaginais que nunca fui moça de ficar quieta.

Mas adiante que além das diárias mãos dadas também recordo os primeiros raios de sol a enfeitarem o quarto como serpentinas em cada manhã que me arrebitavam para a festa de lhe beijar cada milímetro desde as ramelas ao Everest privativo. E os finais da tarde na banheira onde largávamos as canseiras do dia para emergirmos na comunicação dos corpos, no morse de tocar os pontos de cada vértebra do pescoço e coluna em escala descendente fazendo a electricidade estática que torna urgente entrar no sistema. E a moleza do final da digestão do jantar que nos aninhava no sofá numa sôfrega sobremesa de sucção mútua que me encavalitava nas suas ancas, mãos esborrachadas nas suas nádegas, num trote seguro até ao galope final emitido em onomatopeias.

Nem me incomodava a tampa da sanita sempre levantada, um pormenor de somenos perante a sua perfeição a bailar a casa de aspirador na mão e gostava que tivesse durado o resto dos dias da minha vida.

Traição



Dançando sem César

25 maio 2013

Cena de «Gia» com Angelina Jolie e Elizabeth Mitchell nuas


Angelina Jolie + Elizabeth Mitchell Nude... por n00db1tch3s

«pensamentos catatónicos (290)» - bagaço amarelo

preguiça

Sempre imaginei que as tardes de preguiça são o melhor para quem está apaixonado. Passar o tempo todo a deambular pela casa, acumulando louça suja na banca da cozinha, vendo filmes de histórias fáceis, lendo livros aos bocados e espreguiçando-me de tempos a tempos, ora na cama ora no sofá. A preguiça é excelente, mas regada com beijos espaçados é ainda melhor.
Assim, quando me apaixonei pela Cristina esperei ansiosamente pela primeira tarde de preguiça a dois. Lembro-me que acordei por volta do meio-dia com uma vontade enorme de sentir o aroma dum café quente. Ela já não estava na cama. Deambulava pela sala com ar de poucos amigos e, mal me viu entrar na cozinha, perguntou-me se eu ia passar o dia naquela ronha. Estava impaciente.
Uma semana depois já não estávamos juntos. Não se pode Amar quem não partilha a preguiça.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

69 lésbico

Caixa em resina pintada, tendo na tampa duas meninas a divertirem-se reciprocamente.
Esta peça veio dos Estados Unidos da América, já há alguns anos, para a minha colecção.


Um sábado qualquer... - «Adão continua em depressão»



Um sábado qualquer...

24 maio 2013

«Fertilizantes Papagaio» (Tailândia?) - dão tusa às plantas

Prostituição - a minha história (XIV)

Outono de 1999... A rua estava praticamente deserta e as poucas personagens que passavam pareciam tão perdidas quanto eu. Muitas vezes os meus turnos no call center terminavam a meio da noite, tinha que esperar na rua pelo primeiro transporte da manhã para voltar a casa, dinheiro para gasolina ou táxi não chegava, o cansaço abundava, aceitava vários turnos seguidos para ganhar o suficiente para estudar. Não sei se a falta de dinheiro, por si só, me traria as memórias de um tempo em que a carteira estava sempre cheia, mas, certamente, o enorme cansaço e aquelas longas esperas no escuro pelo primeiro transporte matinal, faziam-me ruminar o desconforto, ruminar todas as coisas pequenas que não tinha e que se tornavam maiores no silêncio, ruminar até à revolta, ruminar a imbecilidade de um esforço diário que não me permitia mais do que sobreviver. Ruminar um somatório de instantes não mostra o resultado do somatório, o caminho que se constrói. O processo de percorrer as memórias de dias cheios das liberdades do dinheiro estava a ser lento, tinha começado fazia poucos meses, mas as memórias pareciam-me cada vez mais agradáveis, os detalhes menos agradáveis começavam a entrar na penumbra do pouco importante. Quando se pondera algo que se quer fazer e já se fez, a memória é mesmo assim, tem os seus caprichos, sublinha o bom e empurra o mau para um canto mais escuro e os passeios a esse canto mais escuro que sabemos bem existir tornam-se cada vez mais raros e mais curtos. Ali, sentada, à espera, pensava e pensava e pensava, tanto pensamento leva fazer o impensável! Nessa noite perguntei-me se estaria louca e não estaria a ver que o que considerava fazer era uma loucura. Como avaliar? Resolvi que, no dia seguinte, se tivesse coragem, falaria com uma grande amiga que trabalhava comigo e passava pelas mesmas dificuldades, confessar-lhe-ia o que tinha feito em tempos e o que me passava pela cabeça fazer. Se eu estivesse louca, pensava, ela havia de me dizer. (Continua)

Faz de conta que um dia

Faz de conta que um dia sentiste na pele o toque dos dedos que te escrevem agora uma prosa ficcionada, uma história construída sobre os alicerces de memórias como peças de lego num puzzle que alinhamos a dois em quartos separados, tira e põe, põe e tira, pedaços de fantasia encaixados em retalhos de vida conversada como ela também se faz.
Imagina um enredo e transforma-o num segredo que tencionas soprar, palavras confiadas ao vento que as carregue para só eu as ouvir, murmuradas lá fora na dança das folhas que se sonham páginas de um livro ainda por escrever, para só eu as ouvir e assim quase me poder sentir especial, quase protagonista.

Faz de conta, numa espécie de fogo de vista capaz de me incendiar ilusões, que um dia te despertei emoções proibidas, sensações vividas numa assoalhada clandestina da tua imaginação, como se alguém abrisse um alçapão no tecto dessa casa assombrada por fantasmas a fingir, o som distante de pessoas a rir das palavras oferecidas apenas porque sim, num dia em que fizeste de conta que pretendias ouvir contar uma história com sentimentos de brincar, beijos de encantar num guião improvisado sem um príncipe encantado que te pudesse fazer sentir na pele, faz de conta, o sopro quente da brisa de uma respiração carregada de palavras doces, clandestinas, levadas até ti pelo vento suão.