Jogo através do vento, as dúvidas secretas do meu destino e como sombra sorrateira, procuro nelas a sina escrita do meu amor. Atravesso a ilusão da eternidade e descubro que a labareda ardente que nos consumia, não me queima mais.
Metamorfose lenta e imperceptível de um sentimento quente embalado nos braços de uma amizade morna, que o reduziu a uma pequena brasa que agora agoniza chorando dentro do meu peito.
Sopro com força a brasa incolor que ruboriza tímida, sem ter a certeza se quer acender.
No espelho da alma, a saudade me culpa o coração inconstante de vontade rebelde que não sabe amar.
Olhando o teu rosto, mergulho neste sentimento tépido e questiono o porquê da minha quente paixão ter-se esvaecido no balanço monótono do tempo.
Sobressalto o meu coração para acordá-lo, mas é tarde demais e me rendo sem luta a esse sono profundo de um sentimento morno a que o condenei!
Gigi Manzarra
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa