Sou estrangeiro.
Sou luz e nevoeiro em noites de som,
maravilhosa quimera onde a lua se perdeu
e eu… eu fui Canção, e a Canção foi, em mim,
luz e tom das notas de um piano.
Sou estrangeiro.
Caminho por ruas onde me penetro nas flores da Alma
e me encontro, nos corpo de uma onda calma. Mulher-
ave, Mulher-Alma e Mulher-Vida, em cujo corpo entro
na noite… e na vida.
Na cama, a lua.
Na noite, a rua.
Na vida, a chama.
Sou estrangeiro.
Pernoito nas noites.
Pernoito nas veias de uma alma nua,
de uma cidade e de uma rua, onde se diz que Jesus amou
uma mulher. Mulher-Alma, Mulher-Luz, Vida e Ser.
É nela que me deito.
É nela que me canto.
E se, nela, me aceito,
será nela que respiro e vivo
a Vida… e o espanto.
Sou estrangeiro.
Na Balada, escondi noites em que fui só
e, na estrada, encetei caminhos em si bemol.
No Norte, sou do Sul e, no Sul,
sou de onde cantam Guitarras e o céu azul
enfeitiça as margens dos meus olhos.
Não são negros, os meus olhos. Não….
são da cor do dia incerto e do mar liberto
onde ondas de vida me encontram na Paixão.
Sou estrangeiro.
Maçã de voz que se agita ante a imagem da vida.
Viajante em terras onde sou Casa e onde sou Sangue.
Labareda de um andamento lento que me traz
… e me refaz as lágrimas e me transforma em
Saudade!
Sou estrangeiro.
E, sendo estrangeiro, posso viver a minha verdade.
Ser aqui e Ser além, onde a vida, porém, me seduz
e encanta na etérea e rósea Luz de me saber Alguém.
Porque sou estrangeiro….
e a vida espera-me aqui.
Candelabro que me segura, cotovia que me canta e mão que me desfaz em brilho nas margens de um rio seguro.
2 de Setembro de 11 (àCapella)
Susana Duarte
(poema e foto)
"Pescadores de Fosforescências"
ISBN: 978-989-8590-02-2
Edição: dezembro 2012
Editora: Alphabetum - Edições Literárias
Autora: Susana Duarte
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